terça-feira, 15 de outubro de 2019

JUSTIÇA QUE BUSCAMOS





PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.


A JUSTIÇA QUE BUSCAMOS

Num canto do ringue o “Garantista” incondicional, defensor do cumprimento rigoroso dos ritos processuais; no canto oposto o “Lava-jatista” aflito com a onda de esmorecimento da justiça ante a corrupção. Soa o gongo e o combate inicia. O Lava-jatista ataca com uma série de golpes usando inclusive alguns que são reclamados pelo oponente por considera-los ilícitos. O Garantista revida atingindo as “práticas ilícitas” que o oponente tenta defender por todos os meios com outras, também ilícitas.                                                                                                                                 A luta prossegue por várias instâncias para delírio dos espectadores que se posicionam aplaudindo seu favorito. Soa o gongo e mais um round termina sem resultado definido...
                                                                                                                                                                    Esta paródia desnuda cruelmente o que passa nos altos escalões da justiça brasileira. A população ansiosa por presenciar a punição dos corruptos e esses recorrendo por todos os meios no sentido de defender seus “direitos constitucionais de ampla defesa” e para tanto dispõem de fartos recursos para contratar as melhores e mais caras bancas de advogados. Recursos esses muitas vezes havidos de maneira pouco decorosa.

Winston Churchill certa vez afirmou: “o pior combate é aquele em que ambas as partes estão certas e erradas”. Ninguém propugna por um Estado policialesco – já os tivemos e não deixaram saudades – no qual o direito de defesa de defesa do cidadão seja negado. Por outro lado, ninguém suporta mais a enxurrada de acusações - comprovadas e impunes – desnudando a corrupção e outros “malfeitos” que pululam pelos meandros das altas camadas. Políticos oportunistas, intermediários “convenientes”, empresas inescrupulosas vêm, despudoradamente achacando a nação e direcionando recursos limitados para rechear bolsas sem fundo em poder dos corruptos-corruptores. E pior, vezes sem conta contratos são financiados para obras executadas em países estrangeiros com financiamento do BNDES a juros subsidiados, sem garantias de retorno.

Ponte sobre o rio Orinoco executada, sobre o Rio Guaíba...; porto de Mariel, um primor, porto de Santos...; obras viárias na África, dignas do primeiro mundo concluídas, nossas estradas...; metrô de Caracas, metrô de Porto Alegre... BASTA!
Basta de conchavos, basta de arranjos, basta de acomodações e impunidade que tem lastro financeiro no BNDES e amparo, por vezes explícito, nas nossas lideranças.
Não é recente o descalabro, Machado de Assis já deplorava: “o povo é bom em sua índole. Nossas elites são torpes e burlescas”.

O mundo não se apresenta em preto e branco, os tons cinza predominam e cabe a nós escolher a tonalidade que ainda podemos suportar. O nosso futuro e o das futuras gerações está sendo decidido agora, infelizmente num ambiente conspurcado. Decida a quem apoiar, sempre lembrando: OS INDIFERENTES SÃO ALIADOS DAQUELES QUE ABOMINAM.






Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

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