Coluna publicada em "www.litoralmania.com.br" - 20/10/2018
http://www.litoralmania.com.br/nem-nazistas-nem-bandidos-por-jayme-jose-de-oliveira/
“Por
mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.
NEM NAZISTAS,
NEM BANDIDOS – 19/10/2018
Estamos às portas do segundo turno e o
ambiente tenso que paira sobre nós é perturbador. Amizades se rompem, amores se
desfazem, e até nas famílias – o reduto mais sagrado da convivência -, os
diálogos são substituídos por amuos e, quando as discussões não ocorrem o
silêncio é constrangedor.
O Papa Francisco, um dos homens mais
lúcidos da terra e possuidor de um extraordinário poder de entender e analisar
fenômenos do relacionamento humano, desolado com o que vislumbra declarou numa
homilia: “Diante do tribunal de Deus, o ódio contra o irmão também é uma forma
de assassinato, também o insulto e o desprezo. E nós estamos acostumados a
insultar. Para aniquilar um homem basta ignorá-lo. A indiferença também mata”.
Para conhecer o sofrimento do teu
próximo, há que adentrar no inferno. E o inferno já está ao nosso redor. O
clima de ódio se alastrou como fogo em vegetação seca. A vegetação por falta de
chuva, a coabitação fraterna por falta de amor, de solidariedade, de
compreensão e por excesso de ódio, de cobiça, de orgulho – por que não dizer:
de obtusidade -, por admitir apenas o próprio pensar e considerar fake todo o
resto.
Nem nazistas, nem bandidos. O
destempero generalizado a que se entregaram os brasileiros alcançou seu
paroxismo nas qualificações de nazistas para os eleitores de Bolsonaro e
bandidos para os de Haddad. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra. A violência
contra adversários – não são inimigos, brasileiros é o que são – subtrai um dos
esteios da democracia: a liberdade de expressão e de opinião.
Tentar impor “na marra” uma opinião é
contraproducente, apenas agrada os já convictos e afasta ainda mais os que
realmente se deseja convencer. Não agrega um voto sequer a candidato nenhum, ao
contrário, enoja, entristece e provoca repúdio. Quem quiser trazer o outro para
o seu lado pode começar respeitando suas opções atuais, procurar entender suas
motivações e dialogar com argumentos lógicos, não com vociferações. O resto não
passa de algaravia inconsequente.
Não podemos desdenhar o fato de que a
população – até por autodefesa ante a avassaladora avalanche de crimes, roubos,
malfeitos, etc. – é essencialmente conservadora e só num ambiente em que a
força da lei suplanta a lei da força pode viver tranquila. Isso para os que
trabalham honestamente a fim de prover os recursos que necessitam. Isso não
aparece nas pesquisas porque a massa não tem voz, ela só aparece tonitruante nas
urnas. Analisemos com frieza e serenidade propostas, por vezes antagônicas, e
optemos pela qual estamos mais inclinados. O voto da razão deverá se sobrepor
ao do sectarismo no segundo turno da eleição. Quem votar compelido pelo ódio
poderá colher tempestades no futuro. E naufragar.
A HISTÓRIA nos dá exemplos de como não
agir em coletividade:
Abraão foi o pai espiritual de três
religiões monoteístas: judaísmo islamismo e cristianismo. Não foi apenas o pai
espiritual de hebreus e árabes, carnal também. Em Gênesis 16: Abraão não podia
ter filhos com a esposa Sara e esta pede que tenha um com sua escrava Agar.
Nasce Ismael. Mais tarde Sara concebe Isaac e Abrão é forçado a expulsar Agar e
Ismael que se refugiam no deserto e dão origem ao povo muçulmano. (Gênesis
21,18)
Iniciou a desavença que, no século
passado, com a criação do Estado de Israel exacerbou. E uma luta milenar que deveria servir de
parâmetro a ser evitado iniciou e nunca teve fim.
Luta entre irmãos sempre é encarniçada
e de difícil resolução. Oremos para que haja pacificação no Brasil em curto
prazo. Se não...
Jayme José
de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado
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