Coluna enviada a "www.litoralmania.com.br" - 29/10/2018.
http://www.tudoporemail.com.br/video.aspx?emailid=12614
“Por
mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.
PÓS-LEIÇÕES
– 29/10/2018
Luís Roberto Barroso, ministro do STF (Zero Hora - 24/10) já
afirmara: “Quem ganha tem o direito de governar, mas também tem o dever de
respeitar as regras do jogo. No país tem espaço para todos os projetos
políticos, sejam eles liberais progressistas ou conservadores. Só não tem
lugar para projetos desonestos e autoritários”.
Palavras sábias que, infelizmente, nas últimas décadas não foram
observadas pelos governos que antecederam o que está prestes a iniciar. E não
me atenho aos últimos, os problemas se sucedem desde muito tempo. Muito. Os
resultados desastrosos também, como numa escalada de queda de peças de dominó,
uma derrubando a seguinte até não restar nenhuma em pé.
CUMPRE DAR UM BASTA
ENQUANTO PODEMOS. É VIÁVEL, SIM.
Cláudio Lamacchia, presidente da OAB (Correio do Povo - 25/10): “O
segundo turno está registrado pela disputa da rejeição em que o medo e o ódio
pautaram e quem primeiro perece é a moderação, sem a qual o diálogo, peça
indispensável para a conciliação entre as partes aconteça. O Brasil precisa
vencer os extremismos de esquerda e de direita para encontrar um novo consenso,
capaz de reunificar a sociedade. Está em debate neste momento a vida das
pessoas. Nossa democracia precisa de menos confronto e mais encontro”. Flávio
Tavares, jornalista - ex-exilado político - (Zero Hora – 27/10): “A pergunta
que mais ouço sobre a eleição presidencial é inquietante e aterradora – qual o
mal menor? Já não buscamos o melhor caminho. Contentamo-nos em optar por quem
menos machuque. Ou por quem odeie menos. E que seja sereno, respeite os
direitos e a dignidade pessoal. E que assegure as liberdades, a começar pela
liberdade de divergir e apontar erros”.
No decorrer da História a sucessão de conflitos perpassa gerações
e é uma constante. Árabes e judeus se digladiam há milênios e não vislumbramos
PAZ. Esse exemplo não pode ser seguido se quisermos que os nossos filhos e os
filhos dos nossos filhos possam viver sem constantes sobressaltos.
Utopia? Nelson Mandela (1918-2013) foi líder do movimento contra o
apartheid na África do Sul que segrega os negros do país. Condenado em 1964 à
prisão perpétua com trabalhos forçados, foi libertado em 1990, depois de grande
pressão internacional.
Após longas negociações conseguiu a realização de eleições
multirraciais em abril de 1994. Seu partido saiu vitorioso e Mandela foi eleito
presidente da África do Sul.
Qual a probabilidade de alguém que fora preso, torturado e
submetido a trabalhos forçados durante 26 anos, ao alcançar o poder, em vez de
retaliar empreender uma campanha de pacificação, desarmamento de espíritos, cooperação
com os antigos algozes?
Mandela o fez, elegeu seu sucessor e transformou a África do Sul
num país onde a convivência interracial se estabeleceu e vive num ambiente com
um mínimo de conflitos.
Um exemplo edificante. Ao sair da prisão, velho, doente e
alquebrado, pronunciou um discurso chamando o país para a reconciliação: “Eu
lutei contra a dominação branca e lutei contra a dominação negra. Eu tenho
prezado pelo ideal de uma sociedade democrática e livre na qual todas as
pessoas possam viver juntas em harmonia e com iguais oportunidades. É um ideal
pelo qual eu espero viver e que eu espero alcançar. Mas caso seja necessário é
o ideal pelo qual eu estou pronto para morrer”.
Em 1993 Nelson Mandela e Frederik de Klerk eram agraciados com o
Prêmio Nobel da Paz pelos seus esforços para acabar com o apartheid na África
do Sul.
O sul-africano Frederik Willem de Klerk foi presidente da África
do Sul (1989-1994) e responsável por tirar Mandela da prisão. Em 1994 Nelson
Mandela se tornaria presidente da África do Sul com de Klerk como vice.
Pensem com isenção: por que no Brasil não poderemos fumar o
“cachimbo da paz” como fizeram na África do Sul? Serão nossas divergências mais
graves que as dos líderes que, se não esqueceram, impossível, deram início a
uma era que beneficiou o país inteiro?
Jayme José
de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado