segunda-feira, 29 de outubro de 2018

PÓS-ELEIÇÕES




Coluna enviada a "www.litoralmania.com.br" - 29/10/2018.

http://www.tudoporemail.com.br/video.aspx?emailid=12614



PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

PÓS-LEIÇÕES – 29/10/2018

Bolsonaro venceu, poderia ser Haddad, os problemas a enfrentar seriam os mesmos, pois como disse certa vez Marco Maciel: “As consequências vem depois”.                      Tudo indica que vai ter terceiro turno. A esquerda não vai desaparecer. Pouco provável que o capitão e seus seguidores aceitassem pacificamente o PT, mais uma vez no poder. O terceiro turno já desponta na fímbria do horizonte, difícil saber quando e, principalmente, como vai terminar.
Luís Roberto Barroso, ministro do STF (Zero Hora - 24/10) já afirmara: “Quem ganha tem o direito de governar, mas também tem o dever de respeitar as regras do jogo. No país tem espaço para todos os projetos políticos, sejam eles liberais progressistas ou conservadores. Só não tem lugar para projetos desonestos e autoritários”.
Palavras sábias que, infelizmente, nas últimas décadas não foram observadas pelos governos que antecederam o que está prestes a iniciar. E não me atenho aos últimos, os problemas se sucedem desde muito tempo. Muito. Os resultados desastrosos também, como numa escalada de queda de peças de dominó, uma derrubando a seguinte até não restar nenhuma em pé.                                                                                                                                      CUMPRE DAR UM BASTA ENQUANTO PODEMOS. É VIÁVEL, SIM.
Cláudio Lamacchia, presidente da OAB (Correio do Povo - 25/10): “O segundo turno está registrado pela disputa da rejeição em que o medo e o ódio pautaram e quem primeiro perece é a moderação, sem a qual o diálogo, peça indispensável para a conciliação entre as partes aconteça. O Brasil precisa vencer os extremismos de esquerda e de direita para encontrar um novo consenso, capaz de reunificar a sociedade. Está em debate neste momento a vida das pessoas. Nossa democracia precisa de menos confronto e mais encontro”.                                                                                                                                                        Flávio Tavares, jornalista - ex-exilado político - (Zero Hora – 27/10): “A pergunta que mais ouço sobre a eleição presidencial é inquietante e aterradora – qual o mal menor? Já não buscamos o melhor caminho. Contentamo-nos em optar por quem menos machuque. Ou por quem odeie menos. E que seja sereno, respeite os direitos e a dignidade pessoal. E que assegure as liberdades, a começar pela liberdade de divergir e apontar erros”.


No decorrer da História a sucessão de conflitos perpassa gerações e é uma constante. Árabes e judeus se digladiam há milênios e não vislumbramos PAZ. Esse exemplo não pode ser seguido se quisermos que os nossos filhos e os filhos dos nossos filhos possam viver sem constantes sobressaltos.

Utopia? Nelson Mandela (1918-2013) foi líder do movimento contra o apartheid na África do Sul que segrega os negros do país. Condenado em 1964 à prisão perpétua com trabalhos forçados, foi libertado em 1990, depois de grande pressão internacional.
Após longas negociações conseguiu a realização de eleições multirraciais em abril de 1994. Seu partido saiu vitorioso e Mandela foi eleito presidente da África do Sul.
Qual a probabilidade de alguém que fora preso, torturado e submetido a trabalhos forçados durante 26 anos, ao alcançar o poder, em vez de retaliar empreender uma campanha de pacificação, desarmamento de espíritos, cooperação com os antigos algozes?
Mandela o fez, elegeu seu sucessor e transformou a África do Sul num país onde a convivência interracial se estabeleceu e vive num ambiente com um mínimo de conflitos.
Um exemplo edificante. Ao sair da prisão, velho, doente e alquebrado, pronunciou um discurso chamando o país para a reconciliação: “Eu lutei contra a dominação branca e lutei contra a dominação negra. Eu tenho prezado pelo ideal de uma sociedade democrática e livre na qual todas as pessoas possam viver juntas em harmonia e com iguais oportunidades. É um ideal pelo qual eu espero viver e que eu espero alcançar. Mas caso seja necessário é o ideal pelo qual eu estou pronto para morrer”.
Em 1993 Nelson Mandela e Frederik de Klerk eram agraciados com o Prêmio Nobel da Paz pelos seus esforços para acabar com o apartheid na África do Sul.
O sul-africano Frederik Willem de Klerk foi presidente da África do Sul (1989-1994) e responsável por tirar Mandela da prisão. Em 1994 Nelson Mandela se tornaria presidente da África do Sul com de Klerk como vice.

Pensem com isenção: por que no Brasil não poderemos fumar o “cachimbo da paz” como fizeram na África do Sul? Serão nossas divergências mais graves que as dos líderes que, se não esqueceram, impossível, deram início a uma era que beneficiou o país inteiro?

Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado


sexta-feira, 26 de outubro de 2018

REPRODUÇÃO DA VIDA 2







PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.


REPRODUÇÃO DA VIDA - 1

A reprodução consiste numa das funções do ser vivo, talvez a mais importante. É responsável pela continuação da vida no planeta. Como os seres vivos não são iguais, os tipos de reprodução se diferenciam também. Alguns meios de reprodução são mais simples e até “rápidos”, outros são mais complexos e demorados. De protozoários e bactérias ao ser humano, todos se reproduzem, mas de que forma? Foram descobertas recentemente formas fora do padrão, que admite apenas a existência de dois sexos. O verme “ananema rhodensis” pode apresentar três e o protozoário “tetrahymena thermophila” exagera: pode chegar a sete. Iniciaremos descrevendo os mais correntes, dois sexos isentos de excentricidade, os demais merecerão coluna especial.

A ESSÊNCIA DOS SERES VIVOS

Em todos os seres vivos, o DNA é formado por uma fita dupla composta por 4 bases nitrogenadas: adenina, timina, citosina e guanina que se unem duas a duas e estabelecem a variabilidade dos seres vivos.                                                                                                     Assim como as 26 letras do alfabeto são suficientes para escrever todos os livros do mundo – que usam o alfabeto latino – as bases constituem a essência e TODOS OS SERES VIVOS. Sim, somos construídos TODOS pelo mesmo “barro” citado no Gênesis. Entre o ser humano, um animal, uma árvore e um vírus, a única diferença é o número e disposição das bases que formam o genoma, este sim diferente em cada ser vivo.                            
Em biologia, o genoma é toda a informação hereditária de um organismo que está codificada em seu DNA. Isto inclui os genes. Podemos compará-lo a uma fita cassete que tem gravada toda uma sequência de imagens, um filme.                                                                                    
gene é um segmento de uma molécula de DNA responsável pelas características herdadas geneticamente e contém um código para produzir uma proteína que desempenha uma função específica no corpo.
Sequências de DNA formam os cromossomos. Cada organismo tem um número peculiar de cromossomos. O ser humano tem 46 (23 da mãe e outros 23 do pai).

 

TIPOS DE REPRODUÇÃO DA VIDA:

A principal divisão entre os tipos de reprodução é entre a reprodução assexuada e a reprodução sexuada.
Na reprodução assexuada os seres vivos possuem a capacidade de se reproduzirem sem a ajuda de outro da mesma espécie. Não há combinação gênica, já que não há contato entre dois da mesma espécie.
Na reprodução sexuada existe a combinação gênica, esta reprodução abrange a fecundação que permite a variabilidade dos seres vivos. É o meio de reprodução do ser humano, por isso somos uma raça extremamente diversificada. Pressupõe a existência de dois sexos.
Existem apenas dois tipos de reprodução dos seres vivos, porém existem seres (briófitas, pteridófitos e celenterados) que se reproduzem por um meio curioso chamado de metagênese ou alternância de gerações. Esta reprodução possui duas fases, a fase assexuada e a fase sexuada. Ou seja, estas espécies unem os dois tipos de reprodução.

REPRODUÇÃO ASSEXUADA

Divisão binária ou cissiparidade: nesta divisão, o organismo se divide meio a meio e cada metade dele se regenera, formando assim dois descendentes. É o processo utilizado por bactérias, protozoários e leveduras.


Gemulação, gemiparidade ou brotamento: quando aparecem brotos ou gêmulas no organismo (na superfície mesmo) que virão a formar novos organismos, desprendendo-se ou não daquele que o originou. Esse tipo de reprodução é observado em algumas espécies de animais e plantas.
Esporulação: os esporos (que são células reprodutoras assexuadas) são os responsáveis por originar novos organismos, a reprodução se concretiza por meio de esporos, célula especializada que é liberada, e um novo indivíduo se desenvolve quando as condições ambientais são favoráveis. Exemplos: briófitas e fungos.

Partenogênese: quando um óvulo não é fecundado e a partir dele ainda existe um desenvolvimento embrionário que posteriormente irá originar um novo indivíduo.  Alguns tipos de vermes, de insetos e uns poucos animais vertebrados, como certas espécies de peixes, de anfíbios, e de répteis, se reproduzem por partenogênese.

REPRODUÇÃO SEXUADA

reprodução sexuada é uma forma de reprodução que se realiza por meio da fusão de dois tipos de células reprodutoras especializadas chamadas gametas. Nos animais essas células especializadas são o óvulo e o espermatozoide.
Fecundação ou fertilização, é a forma mais comum de reprodução sexuada, consiste na fusão do gameta masculino com o feminino, formando o zigoto.  A fecundação pode ser externa, quando ocorre fora do corpo, no meio ambiente, ou interna, quando ocorre no corpo do indivíduo que produz os óvulos.

Fecundação Externa

Nesse tipo de fecundação os gametas se fundem fora do corpo da fêmea, no ambiente. Na fecundação externa é preciso que haja água para que os gametas masculinos consigam se deslocar até o feminino. Além disso, é preciso que os machos eliminem grande quantidade de gametas para garantir que eles alcancem os óvulos.
A fertilização externa ou fecundação externa é o processo de fecundação através do qual lança os gametas em um ambiente externo. A fertilização externa é típica de peixes e anfíbios.

Fecundação interna é qualquer forma de fertilização em que os gametas se encontram dentro do corpo de um animal. Nos mamíferos e alguns outros vertebrados envolve copulação, onde o pénis do macho penetra na vagina da fêmea.
Dentre os animais que se reproduzem com fecundação interna, existem 3 formas diferentes do embrião se desenvolver, são elas:                                                                          
Vivíparos: quando os embriões permanecem dentro do corpo da fêmea sendo nutridos e protegidos pelo corpo materno, são chamados vivíparos. Exemplos: os mamíferos como o ser humano, o tamanduá, etc.             


Ovíparos: após o óvulo ser fecundado, o embrião se desenvolve dentro de um ovo, que a fêmea deposita no ambiente. O ovo garantirá os nutrientes e proteção para o embrião crescer. Exemplos: aves, como os pinguins e répteis como a tartaruga, entre outros.




Ovovivíparos: se após a fecundação o embrião se formar dentro de um ovo e for mantido dentro do corpo dos progenitores, será chamado ovovivíparo. Exemplo: cavalo-marinho.


Estas são, resumidamente, as diversas maneiras que a VIDA utiliza para se reproduzir. As formas ortodoxas. Outras, muitas, existem e serão explicitadas na próxima coluna. Antecipo que na natureza não existem apenas 2 sexos: masculino e feminino. Animais com 3, até 7 – heterodoxos – ocorrem excepcionalmente. Serão abordados.


sábado, 20 de outubro de 2018

NEM NAZISTAS, NEM BANDIDOS





Coluna publicada em "www.litoralmania.com.br" - 20/10/2018

http://www.litoralmania.com.br/nem-nazistas-nem-bandidos-por-jayme-jose-de-oliveira/




PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

NEM NAZISTAS, NEM BANDIDOS – 19/10/2018

Estamos às portas do segundo turno e o ambiente tenso que paira sobre nós é perturbador. Amizades se rompem, amores se desfazem, e até nas famílias – o reduto mais sagrado da convivência -, os diálogos são substituídos por amuos e, quando as discussões não ocorrem o silêncio é constrangedor.
O Papa Francisco, um dos homens mais lúcidos da terra e possuidor de um extraordinário poder de entender e analisar fenômenos do relacionamento humano, desolado com o que vislumbra declarou numa homilia: “Diante do tribunal de Deus, o ódio contra o irmão também é uma forma de assassinato, também o insulto e o desprezo. E nós estamos acostumados a insultar. Para aniquilar um homem basta ignorá-lo. A indiferença também mata”.
Para conhecer o sofrimento do teu próximo, há que adentrar no inferno. E o inferno já está ao nosso redor. O clima de ódio se alastrou como fogo em vegetação seca. A vegetação por falta de chuva, a coabitação fraterna por falta de amor, de solidariedade, de compreensão e por excesso de ódio, de cobiça, de orgulho – por que não dizer: de obtusidade -, por admitir apenas o próprio pensar e considerar fake todo o resto.
Nem nazistas, nem bandidos. O destempero generalizado a que se entregaram os brasileiros alcançou seu paroxismo nas qualificações de nazistas para os eleitores de Bolsonaro e bandidos para os de Haddad. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra. A violência contra adversários – não são inimigos, brasileiros é o que são – subtrai um dos esteios da democracia: a liberdade de expressão e de opinião.
Tentar impor “na marra” uma opinião é contraproducente, apenas agrada os já convictos e afasta ainda mais os que realmente se deseja convencer. Não agrega um voto sequer a candidato nenhum, ao contrário, enoja, entristece e provoca repúdio. Quem quiser trazer o outro para o seu lado pode começar respeitando suas opções atuais, procurar entender suas motivações e dialogar com argumentos lógicos, não com vociferações. O resto não passa de algaravia inconsequente.
Não podemos desdenhar o fato de que a população – até por autodefesa ante a avassaladora avalanche de crimes, roubos, malfeitos, etc. – é essencialmente conservadora e só num ambiente em que a força da lei suplanta a lei da força pode viver tranquila. Isso para os que trabalham honestamente a fim de prover os recursos que necessitam. Isso não aparece nas pesquisas porque a massa não tem voz, ela só aparece tonitruante nas urnas. Analisemos com frieza e serenidade propostas, por vezes antagônicas, e optemos pela qual estamos mais inclinados. O voto da razão deverá se sobrepor ao do sectarismo no segundo turno da eleição. Quem votar compelido pelo ódio poderá colher tempestades no futuro. E naufragar.
A HISTÓRIA nos dá exemplos de como não agir em coletividade:
Abraão foi o pai espiritual de três religiões monoteístas: judaísmo islamismo e cristianismo. Não foi apenas o pai espiritual de hebreus e árabes, carnal também. Em Gênesis 16: Abraão não podia ter filhos com a esposa Sara e esta pede que tenha um com sua escrava Agar. Nasce Ismael. Mais tarde Sara concebe Isaac e Abrão é forçado a expulsar Agar e Ismael que se refugiam no deserto e dão origem ao povo muçulmano. (Gênesis 21,18)
Iniciou a desavença que, no século passado, com a criação do Estado de Israel exacerbou.  E uma luta milenar que deveria servir de parâmetro a ser evitado iniciou e nunca teve fim.
Luta entre irmãos sempre é encarniçada e de difícil resolução. Oremos para que haja pacificação no Brasil em curto prazo. Se não...
Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

segunda-feira, 15 de outubro de 2018

democracia







PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

democracia – 15/10/2018

DEMOCRACIA – COM LETRAS MAIÚSCULAS – pressupõe a liberdade de expressão. E isso nós temos.
DEMOCRACIA pressupõe eleições nas quais escolhemos nossos líderes. E isso nós temos.
DEMOCRACIA pressupõe alternância de eleitos. E isso nós temos.
DEMOCRACIA pressupõe o acesso de todos à disputa de cargos eletivos. E isso nós temos.
democracia – COM LETRAS MINÚSCULAS – pressupõe argumentos de ódio em vez de debate e ideias. E isso nós temos.
democracia pressupõe a divulgação de fakes para denegrir o oponente – ou deveríamos dizer “inimigo”? - E isso nós temos.
democracia dicotomiza o povo de maneira irreconciliável. E isso nós temos.
democracia induz ao voto nulo ou à abstenção porque uma parcela da população não se sujeita a ser “cabresteada”. E isso nós temos.
democracia embreta os eleitores a optar entre dois extremos. E isso nós temos.
DEMOCRACIA apresenta opções tantas de modo que possamos encontrar uma com a qual diversas parcelas da população possam conviver pacificamente.  
DEMOCRACIA pressupõe que possamos embarcar no olhar do outro como se fôssemos numa carona pela vida, quem sabe para sempre e não ficar rosnando para o outro como dois cães separados por uma cerca, o único obstáculo que impede que se estraçalhem.
democracia é forçar uma escolha entre “fritar no óleo duma frigideira” ou “torrar na chama do fogão”. E isso sem admitir opções.
democracia é responder aos que não admitem a opção forçada: “Tem que escolher”, mesmo que seja entre o ruim e o péssimo.
democracia é apenas admitir os próprios conceitos, e qualquer ideia, mesmo que remotamente DIFERENTE – nem precisa ser discordante – é considerada impossível de ser aceita.
democracia é, depois da escolha feita, não ter possibilidade de rejeitar quem comprovadamente se comprovar indigno e ser forçado a conviver com o incompetente, ou pior, conivente com malfeitos. E isso nós temos.
DEMOCRACIA seria permitir, como em automóveis com defeitos de origem, executar “recall” corretivo. Nos organismos vivos substituir órgãos desgastados por meio de transplantes e até corrigir genes causadores de doenças ou fatores incapacitantes. E isso nós já temos. Seria o equivalente a uma “deseleição” a fim de permitir ajustes a posteriori. Com certeza orientaria os eleitos a se comportarem com eficiência e dignidade. Pensariam duas vezes antes de esquecerem as promessas de campanha e não implantariam hipocritamente o que não tiveram coragem de expor durante as campanhas eleitorais.   
Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado


sexta-feira, 12 de outubro de 2018

CATADOR DE LINDEZAS





Coluna publicada em "www.litoralmania.com.br", em 12/10/2018.

http://www.litoralmania.com.br/catador-de-lindezas-jayme-jose-de-oliveira/



PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

CATADOR DE LINDEZAS
Com profunda tristeza encaro o estado a que o Brasil foi lançado pelos maus brasileiros. Felizmente não todos. Os que não sucumbiram à hecatombe moral, à ganância desmesurada, ao “levar vantagem em tudo” podem se localizar em Mateus 5:13 – “Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora e ser pisado pelos homens”.
Com profunda alegria estou convicto da existência duma elite, ELITE, com letras maiúsculas. O Criador, no Gênesis 1: 27- “E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou”.                                                                Teria o Criador imaginado que os descaídos representassem Sua imagem e semelhança? Inadmissível. Ao nos conceder o livre-arbítrio abriu a possibilidade dos descaminhos, ao nos situar à Sua imagem vaticinou a sobrevivência do “sal da terra”.
Rita Maidana captou de maneira soberba esta verdade que remete à esperança e a expôs na magnífica poesia:
CATADOR DE LINDEZAS
Eu venho de lá, onde o bem é maior. De onde a maldade seca, não brota. De onde é sol, mesmo em dia de chuva e a chuva chega como benção.
Lá sempre tem uma asa, um abrigo para proteger do vento e das tempestades.
Eu venho de um lugar que tem cheiro de mato, água de rio logo ali e passarinho em todas as estações.
Eu venho de um lugar em que se divide o pão, se divide a dor e se multiplica o amor.
Eu venho de um lugar onde quem parte fica para sempre, porque só deixou boas lembranças.
Eu venho de um lugar onde criança é anjo, jovem é esperança e os mais velhos são confiança e sabedoria.
Eu venho de um lugar onde irmão é laço de amor e amigo é sempre abraço. Onde o lar acolhe para sempre, como o coração de mãe.
Eu venho de um lugar que é luz mesmo em noite escura. Que é paz, fé e carinho. Eu venho de lá e não estou sozinho.
"SOU CATADOR DE LINDEZAS", sobrevivo de encantamento, me alimento do que é bom, do bem.
Procuro bonitezas e bem-querer, sobrevivo do que tem clareza e só busco o que aprendi a gostar. Não esqueço de onde venho e vou sempre querer voltar.
Meu lugar se sustenta do bem que encontro pelo caminho, junto a maços de alfazema e alecrim. Assim, sou como passarinho carregando a bagagem de bondade, catando gravetos de cheiro, para esquentar e sustentar o ninho...
Talvez a vida tenha feito você acreditar que este lugar não existe. Digo: existe sim, é fácil encontrar.   Silencie, respire, desarme-se, perceba, é pertinho.
Este lugar que pulsa amor é dentro da gente, é essência, está em cada um de nós. Basta a gente buscar. 
                                                                                                                          (Texto de Rita Maidana) 





sábado, 6 de outubro de 2018

O RETROCESSO




Coluna publicada em "www.litoralmania.com.br" em 06/10/2018





O RETROCESSO
O Brasil, ao longo da história, na questão do tratamento a ser dado aos cidadãos que de uma maneira ou outra infringem as leis vigentes, comportou-se oscilando entre extremos: entre o 8 e o 80.                                                                                                      Na ditadura Vargas quem cometesse o “crime” de falar em alemão ou italiano durante o período da 2ª Guerra Mundial era preso sem julgamento. Jornalistas ligados ao Partido Comunista do Brasil (PCB) também e seus prelos empastelados. O escritor e deputado federal pelo PCB, Jorge Amado, teve que se exilar em Paris. O DIP reinava soberano e infundia terror sem limites (devido à importância de suas funções, o DIP acabou se transformando numa espécie de "superministério". Cabia-lhe exercer a censura às diversões públicas, antes de responsabilidade da Polícia Civil do Distrito Federal. Também os serviços de publicidade e propaganda dos ministérios, departamentos e órgãos da administração pública passaram à responsabilidade do DIP.  
Durante a ditadura militar, prendeu-se, torturou-se e prisioneiros políticos morreram nas masmorras do DOI-CODI (Destacamento de Operações de Informação - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI) foi um órgão subordinado ao Exército, de inteligência e repressão do governo brasileiro durante o regime inaugurado com o golpe militar de 1964).
 Com todo este passado como lastro, a Constituição de 1988 descambou para o outro extremo, tornou-se permissiva e a autoridade confundida com autoritarismo - deu no que deu -, o judiciário instituiu o “garantismo” como norma (a teoria do garantismo penal desenvolvida por Luigi Ferrajoli tem como objetivo limitar o poder punitivo estatal, reduzindo-o ao mínimo necessário protegendo assim a liberdade do cidadão).                                                                                                                 Quando o judiciário não homologa prisões de facínoras alegando falta de vagas nos presídios, quando os liberta pela lei da progressão de pena e a sociedade se protege atrás de grades ocorre uma situação estapafúrdia. As forças da lei passaram a ter escrúpulos em reagir contra os malfeitores e, quando o fazem... relato um caso paradigmático:
O agente da Polícia Federal (PRF) Renato Lucena Pereira foi denunciado pelo Ministério Público por homicídio doloso por atingir de maneira letal o delinquente Natanael dos Santos Silva (o Pica-Pau), que estava armado com um revólver Rossi .38. Em caso de condenação a pena varia de 6 a 20 anos de prisão. Natanael, durante a perseguição, acionou duas vezes a arma, que falhou, fato constatado pela perícia posterior. Para o procurador, para ser caracterizada a legítima defesa, a arma teria que ter funcionado. Atentem bem a alegação do Ministério Público: “UM AGENTE DA LEI APENAS PODE REAGIR QUANDO TIVER SIDO ALVEJADO ANTERIORMENTE. ISSO SE AINDA ESTIVER VIVO”.                                                                                                                               Detalhes no link que, simplesmente, ressalta o fato e grifa com absoluta autenticidade o processo movido contra o policial.                                                                                  http://www.mpf.mp.br/df/sala-de-imprensa/noticias-df/mpf-df-denuncia-policial-rodoviario-federal-por-homicidio-doloso
Como nos ensina a Física, cada ação provoca uma reação contrária que pode ser igual, de menor ou de maior potência.
Os candidatos a cargos eletivos na próxima eleição têm essas reações antagônicas. Há os que projetam tornar as leis mais lenientes e aplaudem os defensores extremados dos “direitos humanos” e os que, como Bolsonaro, prometem levar o combate ao crime às últimas consequências:                                                                                                       “Conosco não haverá politicagem de direitos humanos, esta bandidagem vai morrer porque não enviaremos recursos da União para eles”. (Correio do Povo, 24/08/2018)                                                                                                                                      Calma lá, nem tanto ao mar, nem tanto à terra.
O Procurador da Justiça Luiz Alberto Thompson Flores Lenz (Zero Hora, 24/08/2018) escreveu:                                                                                                        
“Surpreendeu a todos a decisão judicial no sentido de que alguns líderes de facção voltassem aos presídios locais. Semelhante deliberação, além de chocante, chega a ser hilária, afronta o bom senso, bem como desatende o interesse público, para dizer o mínimo.                                                                                                                              O fundamento seria o fato de estarem longe da família, bem como não desempenhariam mais o poder de mando em suas organizações. Repito: Como onde estão atualmente confinados não podem comandar suas quadrilhas, reconduzam os meliantes ao local onde possam exercer seu “legítimo” poder de dirigir seus comandados.                                                                                                      Evidencia, também, que o direito dos presos tem de ser preservado, ELE SE SOBREPÕE AOS ANSEIOS DE PAZ E ORDEM DA COLETIVIDADE, ideia primordial na concepção de qualquer sociedade”.
Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado