Coluna publicada em "www.litoralm,ania.com.br", 20/09/2.016
http://www.litoralmania.com.br/basta-2-por-jayme-jose-de-oliveira/
“Por
mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.
BASTA – 2
Na
coluna anterior abordamos a indignação ante a avassaladora onda de violência
impune que grassa no Brasil. As autoridades têm mais pruridos em punir
criminosos que disposição para proteger a população. Hoje avançamos para o
nível dos malfeitos praticados pelos que deveriam ser ícones da moralidade ao
reger os destinos da nação.
Quando
se analisa a diversidade de opiniões emitidas em todos os níveis de informação
verifica-se que há um caos primando pela divergência absoluta. Defende-se,
ataca-se, confunde-se e não há acordo, por mínimo que seja. Uma verdadeira
Torre de Babel onde todos falam e ninguém se entende.
DELAÇÃO
PREMIADA
A
presidente Dilma Rousseff sancionou, em 02/08/2.013, a Lei nº 12.850 que
regulamenta a delação premiada. Em seu Art. 3º estipula: Em qualquer fase da
persecução penal, serão permitidos, sem prejuízo de outros já previstos em lei,
os seguintes meios de obtenção de prova: (destaco a alínea I – colaboração
premiada). Seguem outros que complementam.
Art. 4º - O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão
judicial, reduzir até 2/3 da pena privativa de liberdade ou substituí-la por
restritivas de direitos...
Há
quem não concorde com isso. Muitos por sinal. Antônio Mesquita Galvão, Doutor em Teologia
Moral afirma:
“O curioso é que o mesmo regime
jurídico que torna ilegais as escutas e invasão de domicílio sem respaldo,
julgue válida a associação com malfeitores, criminosos e corruptos, para
investigar crimes que eles mesmos cometeram. O cara é criminoso, corrupto ou calavera,
mas para ajudar a Justiça ele recebe aprovação e benefício como se testemunha
honesta fosse”.
Flávio
Tavares, jornalista e escritor, que conheceu as agruras do exílio, insuspeito
por certo, assim se expressou, apoiando o recurso: “As
delações auxiliaram na investigação de centenas de milhões de dólares desviados
pelo trio PT-PMDB-PP. Os US$ 110 milhões que Paulo Roberto Costa (nomeado
diretor da Petrobras pelo PP) guardava para si em bancos estrangeiros nos
proporciona uma pálida ideia do quanto foi desviado para uso e benefício
próprios de quem ocupava cargos na estatal”.
Em
contraponto, advogados de incriminados reagem contundentemente. O ex-presidente,
Luís Inácio Lula da Silva, em seu discurso de 15/09/2.016, afirmou: “A
profissão mais honesta do mundo é a de político, por quê? Porque todo o ano,
Por mais ladrão que seja, ele tem que ir para a rua, encarar o povo e pedir por
votos a cada quatro anos. O concursado não, se forma na universidade, faz um
concurso e tem emprego garantido por toda a vida”.
E
Eduardo Cunha? Estendeu por 11 meses um processo de sua cassação que, desde o
início, se configurava inevitável. Usou de todos os artifícios possíveis e imagináveis.
Ao perceber que estava na corda bamba deflagrou o processo de impeachment da
presidente Dilma. Consumado, chegou a sua vez . Seguindo roteiro usual, agora
ameaça o atual governo: “A guerra só está começando”. Preparemo-nos para nova
rodada de lavagem da roupa suja, e não haverá sabão suficiente. Pode-se admitir
que suas ações e manobras foram parte do estopim que deflagrou a declaração do
ministro do STF, Celso de Mello: “Por isso que se impõe proclamar, com absoluta
certeza moral, que os cidadãos desta República têm o direito de exigir que o
Estado seja dirigido por administradores íntegros, por legisladores probos e
por juízes incorruptíveis, pois, afinal, o direito ao governo honesto constitui
prerrogativa insuprimível da cidadania. E que deste Tribunal parta a
advertência, severa e impessoal, de que aqueles que transgredirem tais
mandamentos expor-se-ão, sem prejuízo de outros tipos de responsabilização -
não importando a sua posição estamental, se patrícios ou plebeus, se
governantes ou governados, à severidade das sanções criminais, devendo ser
punidos, exemplarmente, na forma da lei, esses infiéis da causa pública e esses
indignos do poder”.
Poderíamos
continuar “ad aeternum”, a discordância se manifestaria sempre mais acentuada.
Resta uma certeza, indubitável: honestos, corruptos, corruptores, os há em
todas as profissões, em todos os locais. Cabe aos lúcidos e não contaminados
pelo sectarismo que cega distinguir o joio do trigo. E não abraçar o joio.
Jayme José
de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado
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