NÃO TEM ANJINHO NA PARADA – 22/12/2.015
“Por
mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.
NÃO TEM ANJINHO NA PARADA
O homo sapiens é uma espécie singular no planeta
Terra. Diferencia-se dos demais seres vivos por não estar restrito ao instinto
impossível de ser contrariado. O livre arbítrio lhe permite a possibilidade de
alçar voos às culminâncias da eticidade positiva ou ao báratro da
concupiscência, egoísmo e, como uma vez disse Gerson, “levar vantagem em tudo”.
O mais incompreensível, aparentemente, é que amiúde coexistam na mesma pessoa.
Líderes brasileiros podem ser listados nessa
situação híbrida.
Getúlio Vargas, que nos legou a CLT, a Previdência
Social e tantos outros benefícios apresentou um lado obscuro perfeitamente
retratado pelo escritor Jorge Amado, deputado do PCB, cassado e exilado em
Paris onde escreveu a trilogia “Os subterrâneos da liberdade”, retratando as
diatribes do Estado Novo (posso disponibilizar em PDF, sem ônus, a quem estiver
interessado, pelo e-mail cdjaymejo@gmail.com). Os
nascidos pós 2ª Guerra Mundial nem podem imaginar o cerceamento que imperava na
época. Podem crer, sequer era permitido falar em alemão ou italiano em público,
as ondas curtas dos radiorreceptores
eram bloqueadas, livros confiscados. Pena para os recalcitrantes: prisão
e encarceramento sem julgamento. Direito de defesa? O que é isso?
Luís Fernando Veríssimo retratou o “baixinho” como
“O pai dos pobres e mãe dos ricos”.
Juscelino, Jânio, generais da ditadura, Sarney,
Itamar, FHC, Lula e Dilma também podem ser arrolados como protagonistas de
grandes feitos e lhes serem debitados malfeitos vários.
Na gestão FHC Geraldo Brindeiro ficou conhecido
como o “Engavetador Geral da República”. Dos 626 inquéritos recebidos engavetou
242, arquivou 217 e somente 60 denúncias foram aceitas. Até a compra de votos
da PEC que permitiu a reeleição é dessa época.
Na Ação Penal 470 foram julgadas e condenadas
proeminentes figuras do alto escalão da república.
No momento a Lava-Jato se estende em sucessivas
etapas e não parece estar perto do final. Inicialmente figuras ligadas ao PP e
PMDB abriram o cortejo, logo seguidas por políticos de diversos partidos
inclusive o tesoureiro do PT João Vaccari Neto, dirigentes da Petrobras e
diretores das maiores empreiteiras que mantinham contratos bilionários com a
estatal.
Antevendo severas penas, muitos aderiram à delação
premiada, corruptos, corruptores e autoridades entraram no roldão generalizado.
No dia 25/11/2.015 ocorreu algo inusitado, o
senador Delcídio do Amaral foi preso, acusado de tentar obstruir a justiça e
promover a fuga para a Espanha de Nestor Cerveró, um dos prisioneiros dispostos
a colaborar com delação premiada. Confrontados com uma gravação explicitando o
fato os juízes do STF não titubearam em ordenar a prisão, avalizada
posteriormente pelo senado, em voto aberto.
Estrugiu como uma bomba na cúpula do PT, que não
deu suporte ao senador, ao contrário do que ocorrera nos episódios da Ação
Penal 470.
- Foi uma burrada definiu Lula em almoço com
dirigentes da CUT. O ex-presidente foi consultado pelo presidente do PT Rui
Falcão antes de emitir uma nota oficial na qual o partido não se solidariza com
o senador.
A ministra Carmen Lúcia do STF assim se pronunciou:
"Na história recente da nossa pátria, houve um momento em que a maioria de nós, brasileiros, acreditou no mote segundo o qual uma esperança tinha vencido o medo. Depois, nos deparamos com a Ação Penal 470 e descobrimos que o cinismo tinha vencido aquela esperança. Agora parece se constatar que o escárnio venceu o cinismo. O crime não vencerá a Justiça. Aviso aos navegantes dessas águas turvas de corrupção e das iniquidades: criminosos não passarão a navalha da desfaçatez e da confusão entre imunidade, impunidade e corrupção. Não passarão sobre os juízes e as juízas do Brasil. Não passarão sobre novas esperanças do povo brasileiro, porque a decepção não pode estancar a vontade de acertar no espaço público. Não passarão sobre a Constituição do Brasil”.
"Na história recente da nossa pátria, houve um momento em que a maioria de nós, brasileiros, acreditou no mote segundo o qual uma esperança tinha vencido o medo. Depois, nos deparamos com a Ação Penal 470 e descobrimos que o cinismo tinha vencido aquela esperança. Agora parece se constatar que o escárnio venceu o cinismo. O crime não vencerá a Justiça. Aviso aos navegantes dessas águas turvas de corrupção e das iniquidades: criminosos não passarão a navalha da desfaçatez e da confusão entre imunidade, impunidade e corrupção. Não passarão sobre os juízes e as juízas do Brasil. Não passarão sobre novas esperanças do povo brasileiro, porque a decepção não pode estancar a vontade de acertar no espaço público. Não passarão sobre a Constituição do Brasil”.
Depois disso tudo e diante do contubérnio incestuoso do processo de
impeachment onde as partes se digladiam para decidir quem mais prevarica, resta
ao povo brasileiro, pacato, ordeiro, honesto e trabalhador esperar – sem muita
convicção – que se invertam os polos e retomemos um caminho que nos leve à
ORDEM E PROGRESSO.
Jayme José
de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado
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