“Por
mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.
A FALÁCIA DO DÉFICIT
ZERO
É uma falácia afirmar que o “mercado” quer o ajuste
fiscal, equilíbrio entre a receita e despesa, com a finalidade de lucrar mais.
É justamente o contrário, os bancos alavancam seus lucros quando há déficit
porque o governo se obriga a pagar mais com os juros em ascensão. Quanto maior
for a “gastança” incontrolada, melhor para o sistema bancário.
Durante a entrevista que o ministro Haddad concedeu no
dia 30 de outubro de 2023 podia-se ver nitidamente o seu semblante contrafeito.
Imprensado entre o seu compromisso com o ajuste das contas federais e a puxada
de tapete que a afirmação, com um ano de antecedência, do presidente Lula ao
afirmar peremptoriamente que o “déficit zero” não seria alcançado em 2024.
O presidente Lula sabe muito bem que anunciar investimentos,
reajustes salariais, aumento de gastos em educação e saúde são música para o
ambiente sindical, principal base de seu eleitorado. O problema é que quando
efetuado sem caber no orçamento geram déficit e, com isso, a elevação dos juros
não tem como ser evitada e a inflação estruge. Outro fato que não pode ser
esquecido, foi o governo quem propôs o déficit zero para 2024 e ao afirmar, já
em 2023, que esta é uma meta irrealizável, como Haddad e Simone Tebet terão
argumentos para encarar o Congresso e pedir aprovação de medidas necessárias
para manter a Economia nos trilhos sem descarrilhar?
O ministro Haddad enfrentou sérias resistências ao ser
anunciado, mas conseguiu paulatinamente projetar uma confiança crescente com
suas atitudes coerentes em vários setores e sua permanência é estimulada em
consenso. Hoje, se for substituído apesar dos seus acertos, provocará desalento
em pessoas e organizações que vislumbram um futuro risonho se esboroando passo
a passo devido às declarações inadequadas do presidente Lula.
Em entrevista Haddad quando questionado, quatro vezes,
sobre a incongruência verificada entre o equilíbrio econômico e financeiro
prometidos – ajuste fiscal – e as declarações do presidente Lula, que deixou
transparecer não concordar com as restrições que seriam impostas aos gastos do
governo, emparedado, o ministro não garantiu a manutenção das metas adredemente
anunciadas – buscar o equilíbrio fiscal com medidas coerentes – mas reafirmou
que manterá suas convicções seguindo uma linha econômica ortodoxa na qual
acredita para promover o equilíbrio das contas públicas. “Continuo acreditando
na importância de promover o equilíbrio financeiro das contas públicas porque
este é o caminho a ser seguido para obter os resultados desejados. Preciso do
apoio político do Congresso e do Judiciário que até agora tenho obtido”.
Manter o nível o nível de investimentos públicos em
obras é uma prioridade absoluta do presidente Lula e isso não combina com a
exigência de déficit zero em 2024. Considerando ser objetivo essencial formar
uma base eleitoral ampla, não se cogita falar em contingenciamento de gastos.
Porém, como diz o provérbio popular: “Não dá para assobiar e chupar cana”.
Jayme José
de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado
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