“Por
mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.
ALVÍSSARAS
Este grenalismo extremado que, neste século,
caracteriza a política brasileira precisa ser exorcizado pois age como areia
numa engrenagem. Emperra e corrói as peças que movimentam não apenas a economia
como a relação entre as pessoas. Não nos consideramos adversários, tornamo-nos
inimigos figadais.
Com júbilo me refiro a duas notícias que nos dão um
vislumbre de esperança nas fímbrias do horizonte:
1.- Marcele Decothé da Silva, assessora especial de
assuntos estratégicos do Ministério da Igualdade Social, foi demitida da pasta.
Qual o motivo da decisão extrema tomada pela ministra Anielle Franco? Marcele
Decothé da Silva debochou e ofendeu a torcida do São Paulo de Futebol. “Torcida
branca, que não canta, descendente de europeu safade... pior de tudo,
paulista”. Escreveu esta diatribe nas redes sociais, usando inclusive adjetivos em
linguagem neutra.
A ministra telefonou para os presidentes do São
Paulo e da Torcida Independente para pedir desculpas. Em nota disse: “As
manifestações públicas da servidora em suas redes estão em evidente desacordo
com as políticas e objetivos do ministério”.
2.- Depois de meses de árduo trabalho de mediadores
e um ponto percentual de juros a menos, o presidente Lula aceitou receber
Roberto Campos Neto, que preside o Banco Central desde 2018 e tem mandato até o
fim do ano. O encontro ocorreu no dia 27 de setembro e serão o primeiro entre
os dois no Palácio do Planalto desde que Lula assumiu a presidência da
República.
Dois dias antes de tomar posse Lula se reuniu com
Campos Neto e, segundo assessores, não foi um bom encontro. Discordando
frontalmente da taxa de juros alta e desgostoso com a impossibilidade legal de
demitir o presidente do Banco Central, a conversa foi seca.
Nos meses seguintes atacou Campos Neto, rotulou-o
como “tinhoso”
e “teimoso” pelo fato de não permitir
uma queda substancial na taxa Selic.
Campos Neto chegou a mandar sinais para ser
recebido por Lula e reclamou pelo fato de tomar conhecimento dos nomes cotados
para a diretoria do BC pela imprensa. O principal intermediário do encontro do
dia 27 de setembro foi o ministro da Fazenda Fernando Haddad, que em muitos
momentos atuou como bombeiro.
O principal sinal que se pode tirar da reunião é o
da maturidade política. Aponta para um porvir com menos aspereza. O futuro se
vislumbra mais ameno nas relações e, também, mais produtivo nos resultados.
Convenhamos, quem melhor pode planejar os ásperos caminhos da Economia são os
economistas que se abrigam no Banco Central e isto é reconhecido
universalmente. Não podemos crer que haja brasileiros dispostos a levar a
economia nacional para a derrocada por
picuinhas políticas, nem que executivos, por motivos de convicções pessoais se
recusem a constatar o óbvio: “Ao Legislativo cabe a tarefa de legislar, ao
Judiciário dirimir disputas, ao Executivo comandar a nação e aos técnicos, de
todas as áreas, indicarem as melhores soluções”. Com TODOS exercendo
suas funções com seriedade, ombro a ombro, teremos os resultados possíveis e um
futuro promissor.
Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado
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