quinta-feira, 1 de julho de 2021

EVOLUÇÃO POSITIVA

 


PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira

“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

 

EVOLUÇÃO POSITIVA

O processo civilizatório não segue uma trajetória retilínea e uniforme, desde o seu início assemelha-se mais a um gráfico da evolução de um conglomerado econômico. Tem períodos de progresso que podem exacerbar num “boom”, entremeados de períodos instáveis, inclusive sujeitos a debacles como o que atravessamos nesta pandemia. O que ao fim e ao cabo interessa é o resultado averiguado em períodos prolongados.

Os pessimistas se habituaram a afirmar que estamos regredindo, nosso padrão de vida vem num decrescendo: “A vida antigamente era mais tranquila, seguramente melhor e mais suave”. Perguntem a esses inconformados se optariam voltar aos padrões vividos pelos nossos avoengos. Sem antibióticos, sem anestesia, sem a disponibilidade dos medicamentos que nos mantém saudáveis ou, no mínimo, com possibilidades amplas de sobreviver com poucas sequelas, retornando ao dia a dia confortável e sadio ao qual estamos acostumados.

Têm saudades do tempo em que uma viagem representava desconforto em vez de um período em que se pode até descansar durante o deslocamento, mesmo enfrentando grandes distâncias?

Regridamos ao início da Era Cristã, Idade Média e prossigamos até os dias atuais.

Maravilha o tempo em que a crucificação era pena imposta a ladrões, escravidão aceitável como regime de trabalho, férias e descanso semanal um sonho quimérico, aposentadoria e direito trabalhistas uma utopia, DEMOCRACIA inimaginável.

Estamos, é bem verdade, longe do objetivo final, levará tempo, mas o tempo é coadjuvante, não empecilho. Chegaremos lá e então realizaremos a tarefa para a qual o Criador nos trouxe à existência.

Leandro Karnal, historiador, professor da Unicamp, escritor e conferencista, nos brinda com “As raposas altruístas”.

É muito raro deparar com um livro da área das ciências humanas, profundamente humanista. “O futuro é melhor que você imagina” de Peter Diamandis e Steven Rotler é uma exceção que refulge, aborda o mundo se direcionando para um futuro cada vez mais próspero, abundante e igualitário. Estamos habituados a considerar o verniz civilizatório frágil e que pode ser quebrado facilmente.  Exemplos como os bombardeios da IIª Guerra Mundial (o horror de Hiroshima e Nagasaki), os campos de extermínio que levaram ao Holocausto são tristes exemplos sempre citados. Resistimos à ideia de que em condições propícias o caminho é percorrido no sentido do aperfeiçoamento social, ético e intelectual.

Dimitri Belzayaev e a estudante Lyudmila Trot testaram a raposa-prateada, um animal que jamais fora domesticado e extremamente agressivo. Poderia originar “cachorrinhos dóceis”? Introduziam as mãos protegidas por grossas luvas nas gaiolas e selecionavam as menos agressivas. Após quatro gerações surgiram raposas mais “dóceis”, com filhotes que abanavam os rabos, felizes com a aproximação dos tratadores. Na sequência brincavam, mesmo quando adultas e atendiam por nomes.

Estudos posteriores de Brian Hore demonstraram a sobrevivência dos humanos mais amigáveis, tal como ocorria com as raposas. Brian foi a fazendas de raposas que já estavam na 45ª geração, fez testes e descobriu um desempenho superior no item inteligência. A docilidade estimulou o cérebro das raposas.                                                              No estudo de Brian, o mesmo ocorreu nos seres humanos e ajuda a explicar o porquê os agrupamentos mais violentos desapareceram enquanto os mais sociáveis prosperaram. Defende a teoria que no progresso, inclusive intelectual e ético nos desenvolvemos mais, comprovando a superioridade das pessoas negociadoras sobre as agressivas. Examinando a História e a Evolução que se processaram ao longo do tempo podemos nos inclinar para a convicção de sermos bons e não maus por natureza.

Analisemos: admitiríamos hoje que se realizassem sacrifícios humanos para agradar uma divindade? (Abrahão esteve prestes a imolar seu filho Isaac); a crucificação era pena admissível e aplicada inclusive para punir ladrões (Cristo foi crucificado entre dois ladrões); no Far-West ladrões de cavalos eram enforcados; feiticeiras eram queimadas vivas em fogueiras sob auspícios da Santa Inquisição; a escravidão foi um regime que penas recentemente foi abolido; armas químicas usadas na Iª Guerra Mundial:  gás de cloro, gás mostarda e gás fosgênio - os nazistas usaram o Zyklon B e o gás cianídrico no extermínio de judeus.

Haverá ainda alguém que duvide da evolução positiva, não apenas intelectual, também ética e social, rumo ao nosso destino final?

POSFÁCIO – O livre arbítrio, opção exclusiva do homo sapiens, permitiu a existência de líderes carismáticos que só enobreceram a espécie e alavancaram a civilização em contraponto a tiranos e déspotas sanguinários.

Quando retrocedemos ao passado, quem nos ilumina a mente e nos enche a alma de júbilo, orgulho e esperança?

Átila, o rei dos Hunos ou Mahatma Gandhi?                                                                                Calígula, o mais cruel imperador ou Cristo que nos legou a lição do amor ao próximo?                                                                                                                       Ibrahim Awwad Ibrahim al-Badri , líder do Exército Islâmico ou Nelson Mandela, que derrotou o apartheid?                                                                                                             Joseph-Ignace Guillotin , inventor da guilhotina, que encharcou de sangue a França ou Abraham Lincoln, que enfrentou a Guerra Civil Americana para libertar os escravos?

No meu discernimento, a escolha salta aos olhos.

Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

 


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