sexta-feira, 9 de julho de 2021

INESQUECÍVEL BIDU

 


PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira

“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

 

INESQUECÍVEL BIDU

Na coluna anterior (Evolução positiva) defendi a tese de que os humanos estão numa trajetória ascendente. Tanto técnica como eticamente estamos progredindo rumo a uma civilização em que as diferenças paulatinamente diminuirão e nos tornaremos irmãos na realidade, não na utopia impossível. Impossível porque não saímos de uma linha de montagem que produz indivíduos indistinguíveis. O livre arbítrio permite e conduz a uma diversificação que Cristo já admitia como irreversível: “Pois sempre tereis convosco pobres, mas a mim nem sempre tereis” (João, 12).

O livre arbítrio permitiu o surgimento de Mahatma Gandhi, o que foi um alento e, também, Stalin e Hitler, que protagonizaram o Gulag e o Holocausto, desastres de dimensões colossais.

No dia a dia ele também interage e afeta nossa vida. Sádicos sentem prazer em provocar dor e sofrimento. Animais indefesos são vítimas potenciais, a gata Bidu sucumbiu pela ação de um desses monstros. Morreu envenenada.

Em fevereiro de 2018, para fugir da sanha de quem não pode ser considerado humano refugiou-se debaixo de um carro estacionado na Avenida Rudá, em Capão da Canoa - RS. Quiseram os fados que uma alma caridosa a acolhesse e assim pudemos adotá-la e protegê-la no princípio. A Sra. Vera, Zeladora do Edifício Viña de Mar a acolheu posteriormente e mesmo após mudar de endereço continuou a dedicar-lhe amor e proteção... até o dia 2 de julho, seu último.

A pergunta que não quer calar: por que um energúmeno preparou e ofertou uma isca envenenada que ceifou a vida da Bidu? Que instinto endemoniado o levou a agir assim? Sadismo puro e simples? Repito: como classificar o gesto insano que privou as pessoas que amavam a Bidu do afeto que lhe dedicavam e eram retribuídas pelo meigo animalzinho, tanto assim que procurou abrigo e proteção assim que sentiu a dor, o sangramento bucal e a dificuldade de respirar que culminaram no seu fim. Merece ser considerado humano?

Resta-nos, que tínhamos uma afeição indescritível, a SAUDADE.



 

 

Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado


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