sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

LAVA-JATO DESTRÓI EMPRESAS




PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

LAVA-JATO DESTRÓI EMPRESAS

No Brasil, quando alguém ou uma organização se atreve a enfrentar um gigante, empresas de porte financeiro e econômico exponencial atuando por todo o país e até no exterior, SABE que está ”cutucando onça com vara curta”. Foi o que aconteceu com a Lava-Jato, ousou investigar, comprovar, punir corruptores e corruptos do mais alto escalão. A partir dos resultados passou a ser bombardeada por todos que se sentiram atingidos ou simplesmente ameaçados. Políticos dos primeiros escalões – não preciso nomear, são muitos e notórios, abriram fogo contra os “excessos cometidos” e os prejuízos causados. Recentemente Dias Toffoli, presidente do STF entrou em cena:
“A Lava-Jato desvendou casos de corrupção, colocou pessoas influentes na cadeia, colocou o Brasil em outra dimensão do ponto de vista do combate à corrupção, não há dúvida. Mas destruiu empresas. Isso jamais aconteceria nos Estados Unidos”. (Dias Toffoli, presidente do STF – Zero Hora, 17/12/2019)                                                                                                                                                                É FAKE! Para comprovar minha assertiva, no início dos anos 2000, a ”Arthur Andersen” era uma das Big Five, grupo das cinco grandes empresas de auditoria do mundo. A tradição da Andersen, fundada em 1913, no entanto, não evitou sua ruína. A empresa foi tragada pelo escândalo financeiro da distribuidora de energia Enron, da qual ela era a auditora. O caso Enron foi o mais emblemático na série de escândalos financeiros que assolaram os EUA no começo da década. Sob a esteira desses episódios, foi criada a Lei Sarbanes-Oxley, nascida para coibir fraudes contábeis.
Augusto Aras, procurador-geral da república, Deltan Dallagnol, procurador do Ministério Público e Vera Chemim, advogada constitucionalista rebateram:
“É irresponsável a declaração do presidente do STF, Dias Toffoli, que culpa a Lava-Jato pela extinção de empresas. Inverteu a lógica. Foram as empresas que se destruíram ao mergulhar em esquemas milionários de corrupção”. (Augusto Aras, procurador-geral da República – Zero Hora, 17/12/2019.
“É irresponsabilidade afirmar que a Lava-Jato destruiu empresas e fechar os olhos para o fato que vem recuperando por meio de acordos mais de 14 bilhões de reais para os cofres públicos, o que é inédito na história do brasil. A Lava-Jato continuará aplicando a lei, que, em sua avaliação, ainda é pouco efetivo no Brasil. A Lava-Jato não destruiu empresa nenhuma, descobriu graves ilícitos praticado por empresas e as responsabilizou”. (Deltan Dallagnol, procurador do Ministério Público - Zero Hora, 17/12/2019)
“Para fazer uma omelete é necessário quebrar o ovos. O tratamento empregado pela lava-Jato precisava ser forte o suficiente para obtenção de resultados minimamente satisfatórios do ponto de vista penal e administrativo”. (Vera Chemim, advogada constitucionalista – Zero Hora, 17/12/2019)
Quando empresas corrompem políticos e dirigentes, fazem conluios para direcionar licitações e dividir os contratos de modo que todos ganham as partes desejadas pelos preços pré-estabelecidos e com direito a aditivos posteriores (contanto que sobre algum “por fora”)... tudo isso de maneira torpe e de comum acordo entre as partes. Tudo ao arrepio da lei e da ética.                                                                                                                                                   Tentar combater sem usar pressões à altura e conjugação de esforços dos que procuram estancar o vitupério continuado é tão ineficaz como querer deter o ataque de uma fera com um grito de “PARE”... e esperar que o obediente pit-bul estanque na corrida, suste a investida e venha lamber as mãos do alvo. Quimera! Ingenuidade! Corruptos e corruptores apenas serão detidos em sua ganância ao serem enfrentados com firmeza, tenacidade, não será acenando com...                     UM RAMALHETE DE ROSAS.
Impressionante como as mais esclarecidas autoridades por vezes emitem opiniões – e as defendem ferrenhamente – contraditórias que sejam, sem pejo, sem constrangimento.              


Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

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