“Por
mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.
DEMOCRACIA
Vimos em coluna anterior que a rota seguida pelo homo sapiens na busca pelo regime ideal
transitou por muitos atalhos, o patriarcado unipessoal, diversas forma de
governo plural e percorre no momento a senda que nos conduz à DEMOCRACIA.
Segundo Winston Churchill, “Democracia é
a pior forma de governo, à exceção de todas as demais”. Entendamos, Churchill quis afirmar que, apesar dos
seus percalços, é a menos imperfeita e ruma a passos firmes para atingir o
pináculo.
Atualmente o consenso aceita que a Democracia é um
regime político em que os cidadãos, no aspecto dos direitos políticos
participam igualmente – diretamente ou através de seus representantes – na
proposta, no desenvolvimento e na criação de leis, exercendo o poder da
governança através do sufrágio universal.
Desde a proclamação da República o Brasil tem sido
governado por três poderes: o Executivo, o Judiciário e o Legislativo, em que o
chefe é o presidente da República eleito diretamente a cada quatro anos.
Historiadores e arqueólogos defendem a teoria de não
ser Atenas a origem da Democracia. Estudos consistentes apontam diversas partes
do mundo onde existiram, antes, durante e depois de Atenas regimes que podem e
devem ser considerados democracias. Abordemos alguns:
Por volta de 300 d.C. um movimento revolucionário
tomou conta da metrópole de Teotihuacan, a 40 quilômetros da atual cidade do
México. O Grande Templo da Serpente Emplumada foi saqueado e destruído. Nas
Pirâmides do Sol e da Lua os sacrifícios humanos pararam. Os recursos que
poderiam ser usados para reconstruir o templo foram investidos em conjuntos
habitacionais. Dados arqueológicos indicam que 100,000 habitantes passaram a
viver em grandes construções de um único andar. A forma escrita que então
existia ainda não foi decifrada e não sabemos qual a língua falada pelos seus
habitantes. Os dados arqueológicos sugerem que uma reforma política com
conotações democráticas ocorreu.
O livro “O
Despertar de Tudo”, do antropólogo americano David Graeber e do arqueólogo
britânico David Wengrow identificaram que centros de agricultura planeta afora
desenvolveram antídotos culturais contra governos despóticos, tal como ocorria
no caso dos caçadores-coletores.
A transição de uma subsistência baseada em recursos
silvestres para a produção de alimentos levou cerca de 3.000 anos e, embora a
agricultura permitisse a possibilidade de concentração de riquezas, isso só
começou a acontecer muito depois. Grandes populações não podem prosperar sem a
existência de líderes que tomem decisões, burocratas que as ponham em prática e
as administrem.
O brasileiro Eduardo Góes Neves, um dos maiores
especialistas na pré-história da Amazônia afirma que evolução das sociedades
humanas foi mais complicada e interessante do que dizem os relatos sobre o
tema. Mesmo quando surgiram grandes aldeias na Amazônia não há indicações que
isso tenha levado ao surgimento de impérios como os dos Incas, nos Andes.
Por todo o planeta pipocaram culturas que podem ser
relacionadas com dispositivos que indicam a coparticipação do povo nas decisões
mais cruciais da vida comunitária. O homo
sapiens é intrinsecamente afeito ao cooperativismo e apenas quando a força
bruta impera se sujeita à escravatura e ao servilismo vil. Thomas Morus, em
1516, escreveu Utopia o país em que
todos eram iguais e sequer existia o dinheiro. Não era uma ideia perfeita,
admitia a escravidão e outros contrassensos, mas agitava a bandeira da
coparticipação ativa no labor e na repartição econômica.
E, passo a passo, numa escalada contínua e ascendente
a civilização ruma em direção da verdadeira DEMOCRACIA UNIVERSAL. Chegaremos,
sim, ao apogeu, todos irmanados no planeta Terra, com um regime no qual todos
terão direito de viver com um mínimo de conforto e onde a JUSTIÇA irá imperar
para permitir à maioria uma vida com segurança. Desordeiros e criminosos não
terão as regalias que hoje ainda usufruem, infelizmente. A deusa Themis terá
como paradigma de julgamento os atos praticados e não quem os pratica. George
Orwell, na sua obra “A Revolução dos
Bichos” destaca a lei em que “todos o
bichos são iguais perante a lei, mas alguns são mais iguais”. Isso será
parte de um passado, viveremos num regime realmente igualitário onde poderemos
usufruir aquilo que nossas potencialidades permitem.
Jayme José
de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado