“Por
mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.
FERNANDO GABEIRA –
DEMOCRACIA TROPICAL
Nas duas últimas décadas, após um breve interregno no
qual se vislumbrava uma luz no fim do túnel, ela vai se esvaindo
paulatinamente.
A inflação, dita como impossível de ser domada, foi rechaçada
pelo Plano Real dos presidentes Itamar Franco e FHC.
Em 2002 o Brasil possuía uma dívida interna no valor
de R$640 bilhões, já no ano de 2007 subiu para R$1,4 trilhão. A dívida pública
federal catapultou para R$5,75 trilhões em setembro de 2022. Estes dados foram
recolhidos no Google.
Fernando Gabeira, ex-guerrilheiro, ex-deputado
federal, atualmente jornalista de renome ilibado escreveu “Democracia Tropical”
em 2017, antes da última eleição e é desta obra que reproduzo alguns trechos:
“Mesmo ainda sem a caneta na mão, é preciso ter uma
ideia na cabeça. O país precisa se reconstruir como se tivesse seus alicerces
abalados por um bombardeio”.
“Tudo vai depender de uma sociedade que sabe mais
sobre o universo político. Sabe bastante para desprezá-lo de vez”. pg. 74
“Não é difícil o governo tratar manifestações públicas.
Não é complicado. Basta dizer que manifestações pacíficas são legítimas e as
violentas condenáveis”. pg. 80
“Quando a Polícia Federal anunciou o tamanho das
dívidas dos Fundos de Pensão, algo em torno de R$ 54 bilhões, a grande pergunta
ficou no ar: como foi possível um rombo dessa dimensão sem que o país se desse
conta? Congresso, oposição e autoridades que deviam controlar o processo
falharam”. pg. 80
“A tendência de procurar soluções fáceis para
problemas complexos continua sendo, na forma do populismo de direita ou de
esquerda, uma grande força eleitoral”. pg. 82
“Collor tinha projetos de manter o poder por meio de
eleições. Mas tudo indica que um dos dínamos da corrupção em seu governo era a
busca de um status de milionário, não apenas o financiamento eleitoral”. “A situação atual, apenas
mudando o nome do personagem não é diversa. Embora em raríssimos casos estejam
dissociados, dois componentes: fundos de campanha e pé-de-meia pessoal se
conluiam na corrupção brasileira”. “Se
no plano externo os bancos em paraísos fiscais se tornaram os atores nesse
processo, no plano interno foram os doleiros que ocuparam o papel-chave”. Pg.
60
“Sarney disse que a delação premiada da Odebrecht
seria uma verdadeira metralhadora giratória ponto 100. Se a metralhadora tiver
alguma pontaria, as rajadas mais potentes vão varrer mais profundamente o
partido que mais profundamente se ligou à Odebrecht”. Pg. 61
Itamar era bem mais político que Collor. Conseguiu, de
novo, reunir a ampla frente que lutou pela Diretas-Já. Acreditava num governo
decente. O Plano Real não teria existido sem a sua coragem. O PT se recusou a
fazer parte do governo de unidade nacional porque mirava as eleições, onde
queria ser “diferente” de tudo que está por aí”. Pg. 63
“A delação da Odebrecht demorou por causa de uma
tendência seletiva: salvar alguns, queimar outros “. Pg. 67
“De rostos para a parede, protegendo-se da Lava Jato,
os políticos de Brasília não almejam no futuro, nada mais que escapar do seu
passado”. Pg. 82
“Participei de todas as campanhas do regime
democrático. Nunca vi nada assim. Dinheiro mesmo não veio da cidade. Muito
provavelmente a parte mais pobre dela contribuiu com CPFs para dar um verniz de
legalidade às doações eleitorais”. Pg. 95
Em vista dos últimos acontecimentos, esperamos
ansiosamente o 2º volume. Certamente trará “informações de
cocheira” que não estão à disposição do leitor.
Aguardamos.
Jayme José
de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado
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