sexta-feira, 12 de agosto de 2022

A BUCA DO CONHECIMENTO

 

PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira

“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

 

A BUSCA DO CONHECIMENTO

Stuart Firestein, neurocientista da Universidade de Colúmbia afirma, para espanto de muitos: “As lacunas do conhecimento fazem a ciência avançar. A ignorância de alta qualidade, ou seja, a consciência de que não se sabe algo é capaz de gerar boas perguntas”.

Numa das minhas colunas abordei algo similar: “Para cada resposta que obtemos nos surgem dez novas questões, mas o que nunca vai acabar é a busca do homem pelo conhecimento”.

Isaac Asimov, escritor e bioquímico norte-americano, um dos maiores escritores de ficção científica: “Mesmo quando era jovem, não conseguia acreditar que, se o conhecimento oferecesse perigo, a solução seria a ignorância. Sempre me pareceu que a solução tinha que ser a sabedoria. Qualquer avanço tecnológico pode ser perigoso, mas, os humanos não seriam humanos sem eles”.

Stephen Hawking, físico e cosmólogo britânico, um dos maiores cientistas de todos os tempos: “Inteligência é a capacidade de se adaptar às mudanças”.

Natália Pasternak, microbiologista e pesquisadora da Universidade de Colúmbia integra o rol dos que admitem o progresso da ciência a partir do que desconhecemos: A “verdade” para a ciência é uma verdade provisória, não absoluta. O que nos leva avante é a nossa capacidade de mudar de ideia diante de novas evidências e da crítica que recebemos e nos estimula a prosseguir mais um passo. À medida que temos acesso a novas ferramentas o processo se acelera e é um caminho sem volta. A era dos dogmas incontestáveis que levou à morte nas fogueiras os que os contestavam – Idade Média – pertence ao passado, embora alguns resquícios teimem em persistir. Os negacionistas teimam em desafiar a ciência e esta maneira de encarar as situações acaba causando mortes, o “Kit-Covid” é um exemplo escandalosamente trágico.

As críticas, quando bem fundamentadas podem apontar erros, levando-nos a rever nossos dados e mudar as conclusões.

Enquanto a ciência admite suas incertezas, os dogmas e a pseudociência nos apresentam certezas que encantam e conduzem a becos sem saída, a resultados falaciosos. Entravam o progresso e se não mudarmos nossa maneira de encarar os fatos admitiremos as falsas certezas tão atraentes, vendidas por charlatães, que farão mais adeptos que as dúvidas comunicadas com honestidade. Apresentar as nossas incertezas sem medo é continuar sem descanso na procura de respostas verdadeiras – que virão cedo ou tarde, como as vacinas contra a Covid – admitir as dúvidas será sempre a melhor estratégia para formar cidadãos mais racionais e eles não se deixarão enganar pelas ditas “verdades absolutas”.

O tempo é o melhor julgador, lembremos que houve uma época em que o geocentrismo era um dogma absoluto e indiscutível. Giordano Bruno, que apoiava a tese do heliocentrismo de Copérnico foi queimado vivo por não admitir uma retratação. Galileu Galilei cedeu e foi anistiado pelo Papa Urbano VIII. Em 1992, 350 anos após a sua morte, Galileu Galilei foi reabilitado pelo Papa João Paulo II.

Charles Darwin, pressionado pela Igreja Católica que, apenas admitia a vida com origem divina no Criacionismo, postergou por mais de 20 anos a publicação de sua teoria “A Origem das Espécies” na qual afirmava ser a seleção natural o caminho da evolução da vida na Terra.

Finalizando: Galileu, Darwin e milhares de cientistas sérios tiveram suas teorias confirmadas. A ciência triunfou.

A verdadeira ciência é aquela que pesquisa duvidando e acaba encontrando os atalhos que conduzem à VERDADE. O futuro da humanidade depende dela. Quando admitimos dúvidas abrimos novas perspectivas, quando brandimos certezas absolutas chegamos ao “fim da picada” e nos atolamos irremediavelmente.

 

 

Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado


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