“Por
mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.
HÁ UMA LUZ
NO FIM DO TÚNEL – 23/10/2021
Uma onda de pessimismo está grassando no mundo. As
condições de vida estão piorando, a corrupção, a violência, o desrespeito às
minorias e a intolerância surfam nesta onda. Para tornar mais evidente, a
pobreza se espraia e atinge mais de 780 milhões de pessoas que vivem abaixo do
Limiar Internacional de Pobreza (com menos de 1,90 dólar por dia). Mais de 11%
da população mundial vive na pobreza extrema e luta para satisfazer as
necessidades mais básicas na esfera da saúde, educação e do acesso à água e ao
saneamento.
Pobreza sempre houve no mundo. Seis dias antes da
Páscoa, Jesus foi a Betânia, onde morava Lázaro, que tinha ressuscitado dos
mortos. Lá, ofereceram-lhe um jantar. Marta servia e Lázaro era um dos que
estavam à mesa com ele. Maria, então tomando meio litro de perfume de nardo
puro, muito caro, ungiu os pés de Jesus e os enxugou com os cabelos. A casa
inteira encheu-se com o aroma do perfume. Judas Iscariotes falou assim: “Por que este perfume não foi
vendido por trezentos denários para se dar aos pobres"? Ao que Jesus respondeu: “Os pobres tendes sempre convosco, mas a mim nem
sempre tendes”. (João 12.8)
Apesar dos pesares, o nível de vida tem se tornado
menos trágico no decorrer da História. Escravidão e punições extremamente
infamantes e dolorosas (crucificação, morte na fogueira, etc.) são coisas do
passado e a solidariedade avança. Nações e pessoas abonadas vão em auxílio dos
necessitados intensamente. Estamos ainda longe, muito longe de atingirmos a
meta de compartilhar as riquezas que produzimos.
Por outro lado sempre houve e na atualidade abundam
pessoas que se dedicam a minorar as agruras dos desvalidos. O próprio Jesus, o
homem mais importante da História, tão significativo que a própria se divide
entre antes de Cristo (a.C.) e depois de Cristo (d.C.). Mahatma Gandhi, Lutero, Maomé e tantos outros
mais nos deixaram lições admiráveis. Na atualidade, miríades, nos quatro cantos
do mundo, consagram a vida em tentar minorar os sofrimentos, a penúria dos
desvalidos e trazer para a realidade produtos que beneficiam a TODOS, inclusive
os ricos. Alexandre Fleming,
sua penicilina salvou milhões e continuam surgindo novos e mais eficientes
antibióticos. James
Sabin, junto com Jonas Salk, o primeiro, deram um chega-prá-lá na
poliomielite. Norman
Borlaug, o homem da revolução verde. Marie Curie, da descoberta do radio à radioterapia. Thomas
Alva Edison, inventor da lâmpada elétrica. Suas outras invenções ainda estão em
pleno uso. Nelson Mandela, impôs um freio ao apartheid.
Aos que contrapõem dizendo que os ricos são prioridade
e mais beneficiados retruco: como seria a vida dos desvalidos sem esses
produtos? Sem medicamentos (até do SUS), como viveriam?
Há milhares, citarei dois, um gaúcho: Adelino Colombo,
subiu, passo a passo da pobreza até se tornar um expoente no comércio. O outro
paulista: o padre Júlio Lancellotti, dedica a vida a melhorar a dos miseráveis.
Adelino Colombo (1930-2021) inicia a vida como
balconista de uma loja de Secos e Molhados em 1947 e na década de 1950 comprou
o armazém onde trabalhava. Inicia a epopeia do empresário que fundou, ampliou,
consolidou a marca Colombo com 250 lojas, 16 franquias, 2 centros de distribuição e 4.600
colaboradores, nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Em
1999 investe no interior de São Paulo e avançou o processo de nacionalização da
marca. É de pessoas assim que o Brasil precisa para evoluir e crescer.
Honestos, cumpridores da lei e que não enriquecem sonegando impostos e explorando
funcionários.
O padre Júlio Lancellotti conhecido pelo seu trabalho
com a população em situação de rua em São Paulo, merece nossa admiração e
respeito. Entre as ações realizadas pelo líder religioso está a distribuição de
comida para a população da cracolândia. Não nos esqueçamos que os
desencaminhados, drogados, a dita ralé da humanidade também necessita não
apenas de compreensão, amparo para poderem um dia saírem do lamaçal onde
chafurdam e se reintegrarem na sociedade. O padre Lancellotti e tantos outros
que assim procedem são uma importante ponte para atravessar um fosso que de
outra forma seria intransponível.
Este homem admirável foi agraciado com o prêmio Zilda
Arns de Direitos Humanos em 2021, criado para reconhecer pessoas e instituições
que trabalham ativamente em defesa das pessoas idosas. “Eu
não trabalho com moradores de rua. Eu convivo com eles. Porque dizer trabalhar
parece que são objetos. É preciso olhar para a vida de forma humana. Isso não é
tarefa só para religiosos. Eu não conseguiria
viver a dimensão religiosa sem humanizar a vida”.
A luz bruxuleante que se divisava no fim do túnel
aumentou sua intensidade, aqui no Brasil, no dia 21 de outubro. A Câmara
Federal rejeitou a PEC que previa mudanças na composição do Conselho Nacional
do Ministério Público (CNMP). A favor votaram 297 deputados, 182 contra e 4
abstenções, faltaram 11 votos. Afastou-se a ameaça de jungir o CNMP aos
interesses de políticos, que se sentiram ameaçados. Suas maracutaias não
passarão impunes como tem ocorrido até agora.
Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado