“Por
mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.
NÃO AGUENTO MAIS
Quando, em 26 de fevereiro de 2020, surgiu de inopino
esta pandemia que não distingue classe social, fortuna, pobreza, religião ou
qualquer outro parâmetro que se queira usar, apregoava-se que após três meses
chegaria ao ápice e iniciaria a volta à normalidade. Tomava-se como parâmetro a
gripe H1N1, as pesquisas forneciam a vacina específica e no ano seguinte, para
compensar as mutações do vírus, um ajuste resolvia o problema. E assim
sucessivamente.
A Covid-19 se
revelou muito, muito mais resistente, até agora a solução se vislumbra
distante, na fímbria do horizonte e não dá sinais de poder ser resolvida em
curto prazo.
Recomenda-se, e quem tiver a cabeça no lugar segue à
risca: distanciamento social, o uso de máscara, higienização compulsória, etc.
Para os recalcitrantes as autoridades podem aplicar penalidades tanto mais
severas quanto maior for a resistência às normas. A segurança e a proteção à
sociedade se sobrepõe ao direito individual. É um fato que não pode ser
contestado. Agravando a situação, a incerteza de resultados remete a uma
inconformidade natural, mas não admissível. Nem mesmo a perda de vidas em ritmo
crescente – há muito ultrapassou a cifra de cem mil óbitos – convence os mais
rebeldes que persistem em repudiar o regime de rigor ao qual não estavam habituados.
Ressurge esporadicamente, no início ajuntamentos em bares, ruas, praias e
parques; as máscaras, incômodas, são relegadas, a desobediência civil toma
corpo e é difícil senão impossível sua contenção.
E quando autoridades que deveriam zelar pela obediência
são vistas desobedecendo acintosamente, e pior, recomendando que todos o façam,
que se abracem e socializem, é o início do fim do bom senso e “a vaca vai para
o brejo”.
Como suportar o desconforto por longo período se nem o
líder máximo o faz? E se for requerido um comportamento restritivo por toda a
vida? Como suportar uma mudança tão radical?
IMPOSSÍVEL!
SERÁ?
José Carlos Calich, psicanalista, presidente da
Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre e coordenador do Programa de
Atendimento Solidário à Saúde Mental do RS nos dá sua palavra abalizada e
indica a saída:
“Como fazem as pessoas que têm uma
doença crônica, que impõe limitações à “vida normal”? Como fazem os diabéticos,
pessoas com insuficiência renal ou cardíaca grave? Os que têm paralisias, os
que perderam a visão, a audição, entre um sem número de outras condições que
tornam a vida muito difícil? Se “não aguento mais” fosse solução, nenhum faria
tratamento dando continuidade a suas vidas e contribuindo com suas famílias e a
sociedade. Nenhum poderia ser feliz e muitos conseguem ser. Aceitação passiva?
Conformidade? Resignação? Talvez não seja por aí. Talvez baste tolerar um pouco
de dor e de tristeza, alguma humildade e continuar com esperança, lutando a
favor de si e de todos.”
Mas nem tudo está perdido, o governador do RS, Eduardo
Leite, encaminhou à Assembleia um projeto de lei para descontar do salário o
auxílio emergencial recebido irregularmente por servidores. A proposta,
protocolada no dia 7 de outubro, prevê ainda que o valor descontado seja
restituído à União. De acordo com a Controladoria–Geral da União, cerca de 3,5
mil funcionários, aposentados e pensionistas, civis e militares do Estado
teriam recebido o auxílio emergencial de maneira irregular. O valor de R$
600,00, é pago para trabalhadores informais, microempreendedores, autônomos e
desempregados, em razão da crise provocada pela pandemia do novo coronavírus. O
governador Eduardo Leite justificou a decisão de encaminhar o projeto e
ressaltou que a corrupção também começa pela prática ilícita de pequenos
delitos.
E quem admite pequenos delitos não tem autoridade
moral para reclamar dos grandes, pensem nisso os deputados a quem cabe decidir
pela aprovação ou não da lei moralizadora.
Aumenta o apreço que sinto pelo nosso governador ao
comparar sua atitude com:
"É um orgulho, uma satisfação que eu tenho de
dizer a essa imprensa maravilhosa nossa, que eu não quero acabar com a Lava
Jato... Eu acabei com a Lava Jato, porque não tem mais corrupção no
governo", disse o presidente Jair Bolsonaro, sendo aplaudido por
autoridades presentes no local. "Eu sei que isso não é virtude, é
obrigação. Para nós, fazemos um governo de peito aberto", acrescentou, em
seguida.
Jayme José
de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado
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