segunda-feira, 8 de abril de 2019

SEMPRE HAVERÁ UM AMANHÃ






PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

SEMPRE HAVERÁ UM AMANHÃ – 06/04/2019 

Nem Hannah Arendt com sua tese: “A Banalidade do mal” encontraria argumentos para um olhar minimamente complacente a tantos desvarios que nos impingem diuturnamente. Um mal com dimensões tais, mesmo compartilhado por uma classe inteira, nunca há de ser banal. É tão execrável que contraria os processos civilizatórios no seu âmago.  Como um cristal estilhaçado, mesmo que recolhidos e colados todos os fragmentos, as gretas permanecem visíveis até aos observadores mais tolerantes.                                                                                                            O estado democrático de direito não pode fazer tais concessões ao atraso ético de seus usurpadores, por mais influentes, poderosos e aparentemente inatingíveis que sejam.                          Enquanto a população vislumbrar uma luz no fim do túnel, acreditar que os desvarios que no momento regem os destinos da nação são transitórios lutará e tenderá crer que há um futuro diferente possível. Assim, aliás, ocorreu quando o PT levantou a bandeira da ética e a promessa que, ao ascender ao poder promoveria uma “faxina” e poderíamos reavivar a confiança nos detentores do poder. Em brevíssimo lapso de tempo desnudou seu lado dark, chafurdou na mesma lama que antes condenava e cometeu um crime maior que o dos antecessores. Extinguiu o que restava de esperança ao sinalizar:                                                                                                           SOMOS TODOS IGUAIS, NÃO TEM ANJINHO NA PARADA.
No último pleito eleitoral o Brasil resolveu redirecionar suas esperanças. Parece que, mais uma vez, a PAZ sonhada foi postergada... diferenças gritantes ressoam. Em vez de olhar para o futuro os empossados insistem em revolver o passado e... continuamos patinando.
Lembro as lutas travadas por árabes e israelitas que atravessam os séculos, decorrem milênios e não se vislumbra a PAZ! Incongruência total: O termo semita tem como principal conjunto uma família de vários povos, entre os quais se destacam os árabes e hebreus, que compartilham as mesmas origens culturais. A origem da palavra semita vem de uma expressão no Gênesis e referia-se a linhagem de descendentes de Sem, filho de Noé.
SOMOS TODOS IGUAIS, NÃO TEM ANJINHO NA PARADA.
Quando o povo se desespera reage de maneira impulsiva, incontrolável e não pode ser contido. Na Revolução Francesa a guilhotina simbolizou a catarse. Cabeças rolaram. Inclusive de líderes revolucionários. A semente da democracia germinou num mar de sangue e podemos dizer que gestou a sociedade em que vivemos. Mas, atente, o povo é mais sábio do que se supõe e como a Fênix renasce das cinzas. Assim não fosse há muito a humanidade teria se extinguido como marco civilizatório.
O mundo mudou, a mentalidade pode ter mudado, mas o que Voltaire já defendia: o direito de todo o homem expressar livremente suas opiniões e crenças continua tão atual como quando foi escrito há mais de 250 anos:
“Não é mais aos homens que eu me dirijo. É para Você, Deus de todos os seres, de todos os mundos, de todos os tempos: que os erros agarrados à nossa natureza não sejam motivo de nossas calamidades.
Você não nos deu coração para odiarmos, nem mãos para nos enforcar. Faça com que nos ajudemos mutuamente a suportar o fardo de uma vida penosa e passageira. 
Que as pequenas diferenças entre as vestimentas que cobrem nossos corpos, entre nossos costumes ridículos, entre nossas leis imperfeitas e nossas opiniões insensatas não sejam sinais de ódio e perseguição.
Que aqueles que acendem velas em pleno dia para Te celebrar, suportem os que se contentam com a luz do sol.
 Que os que cobrem suas roupas com um manto branco para dizer que é preciso Te amar, a mesma coisa não detestem os que dizem sob um manto negro.
Que aqueles que dominam uma pequena parte desse mundo e que possuem algum dinheiro, desfrutem sem orgulho do que chamam poder e riqueza e que os outros não os vejam com inveja, mesmo porque, Você sabe que não há nessas vaidades nem o que invejar nem do que se orgulhar.
Que eles tenham horror à tirania exercida sobre as almas, como também execrem os que exploram a força do trabalho. Se os flagelos da guerra são inevitáveis, não nos violentemos em nome da paz. Que possam todos os homens se lembrar que são irmãos!
E como fecho de ouro, seu maior pensamento, em minha opinião:
DISCORDO DO QUE VOCÊ DIZ, MAS DEFENDEREI ATÉ A MORTE O SEU DIREITO DE DIZÊ-LO.
Se o congraçamento universal aparenta ser um sonho inatingível, a curto prazo, sempre nos resta a possibilidade de apreciar outras performances que não se deixam conspurcar pelo nosso viés menos digno. A ARTE, assim mesmo em letras maiúsculas não se permite limites geográficos, sequer temporais, pois é ETERNA. Anexarei, a partir de hoje, para nosso enlevo, obras-primas. RENOIR abre o rol.
O BALANÇO – 1876 -  (RENOIR)



Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

Nenhum comentário:

Postar um comentário