sábado, 1 de dezembro de 2018

RESQUÍCIOS DA PRÉ-HISTÓRIA





Coluna publicada em "litoralmania.com.br" - 01/12/2018.

http://www.litoralmania.com.br/resquicios-da-pre-historia-jayme-jose-de-oliveira/

PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

RESQUÍCIOS DA PRÉ-HISTÓRIA
“A evolução nos conduziu para a vida tribal. Entenda “tribal” não como primitivo, mas como uma família estendida. Fomos programados para conviver em grupos pequenos, com indivíduos que encaram a vida de uma forma parecida com a nossa – que comungam das mesmas crenças, hábitos e valores. Quem não comungasse era considerado um inimigo, um predador humano, alguém pronto para roubar a sua comida e matar você ao longo do processo”. (Joshua Greene, professor de Harvard)
Foi dessa forma que organizamos nossa vida coletiva por centenas de milhares de anos. O cérebro criou mecanismos para proteger os laços tribais. Somos recompensados com pequenas doses de dopamina, o neurotransmissor do prazer cada vez que alguém repetir crenças e valores iguais aos nossos e isso indica que irá nos proteger. Na realidade nosso cérebro ainda não saiu da caverna e raciocina como na pré-história em alguns setores. E REAGE DE ACORDO.                                                                                                 Por isso temos INIMIGOS e não ADVERSÁRIOS (bolsomínions-fascistas; petralhas-comunistas).
Nós não estamos apenas ouvindo cada vez menos uns aos outros, estamos também acirrando os ânimos contra os que pensam de maneira diferente e reforçando os preconceitos. Ambas as partes.                                                                                      Esta situação aumenta a possibilidade de sermos engolidos pela histeria e na hora do voto colocarmos o maniqueísmo no centro de nossas escolhas, radicalizando a crença que opositores políticos representam um clã selvagem inimigo capaz de desestabilizar legal e economicamente a nossa tribo. E, se observarmos atentamente, os que assim pensam são seres absolutamente normais que encontramos diuturnamente em cada esquina.
Persiste, e é incontornável, um movimento no sentido de rotular quem vota em certos partidos ou candidatos como os “outros”; quem acompanha a minha opção pertence à turma dos “meus”. O incrível é que os “outros” sempre são preconceituosos, corruptos, alienados e merecedores de adjetivos igualmente degradantes. Eu e os “meus”, por outro lado, somos o símbolo do equilíbrio e da aceitação plena – menos dos “outros”, é claro – pois esses não podem ser aceitos por ninguém. Se alguém dos “meus” comete a heresia de aceitar os “outros”, logo se transforma num deles e deixa de fazer parte do grupo seleto dos “meus”. (Renata Brasil Araujo, psicóloga – Zero Hora, 27/11/201l8).                                                                                                              É a dicotomia entre o “bem” e o “mal”. E o mal sempre é representado pelos “outros”. Devem ser execrados. Para todo o sempre.
Quem se expressou magnificamente sobre o assunto foi um humorista brilhante, Millôr Fernandes: “Democracia é quando eu mando em você, ditadura é quando você manda em mim”. 

Aos que consideram uma falácia o acima exposto, lembro os ásperos encontros protagonizados a todo o momento pelos nossos edis, tanto nos municípios, nos estados, na Câmara Federal, no Senado e, inclusive, nos meandros dos poderes Executivo e Judiciário. São escrachadamente divulgados pela mídia.
Esta repetição monocórdia me faz lembrar o Ministro da Propaganda na Alemanha Nazista, Paul Joseph Goebbels: “Uma mentira contada mil vezes, torna-se realidade”. Substituindo a palavra mentira por conduta teremos a situação vigente.
Para vislumbrar um futuro em que possamos viver uma verdadeira DEMOCRACIA devemos dar uma guinada no viés que serviu de mote para esta coluna e dar um salto de qualidade e redirecionar nosso cérebro para o pan-humanismo, meta final do ciclo civilizatório.
Concluo com dois pensamentos de Chico Xavier, médium e o maior psicógrafo brasileiro:
“A caridade começa dentro da nossa casa, com nossa família, respeitando cada um que está perto de mim... depois disso estamos preparados para fazer caridade fora”.
“Sua luta só pode terminar quando seus sonhos se realizam”.
Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado



Nenhum comentário:

Postar um comentário