Coluna publicada em "www.litoralmania.com.br" - 15/12/2018
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“Por
mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.
POLITIZAÇÃO
NO ENSINO
Se controlar a geração na qual os fatos ocorrem já é um
problema que sempre se manifestou preocupante para os soberanos, conseguir
doutrinar as gerações futuras uma cogitação fascinante. Pudera, além de
incrementar a tranquilidade contemporânea garantiria a paz e estabilidade
interna para os sucessores.
A
politização nas escolas é, portanto, um assunto recorrente e os primeiros dados
que possuo datam de 502 anos. Mais de cinco séculos. Sim! Aparecem
explicitamente em ”Utopia”.
Thomas Morus escreveu “Utopia” que foi publicada em
1516. Descreve uma sociedade perfeita onde o dinheiro e a propriedade privada
sequer existem e TODOS possuem os mesmos direitos. Para possibilitar a
existência desse regime faz-se necessário um mundo perfeito e uma das maneiras
de consegui-lo é estabelecer um regime educacional concebido e executado de
maneira rígida, com regras inflexíveis.
A educação utopiana visa, em primeiro lugar, criar bons cidadãos. Ela é
supervisionada por sacerdotes, vale lembrar que são poucos, nunca mais de
quatrocentos, que se dedicam a instilar na mente dos jovens “princípios que
beneficiam a vida da comunidade”, para tanto os mestres têm o dever de exortar,
advertir, conter os transgressores e excluir dos ritos sagrados os que
reconhecem como incorrigíveis. Esses terão sua impiedade punida pelo Senado. A
condição de perpetuidade duma república precisa ser diretamente absorvida e
esta atitude é incutida desde a mais tenra idade. Não será exagero afirmar que
a função dos “educadores” se baseia nos mais comezinhos preceitos da técnica
mais conhecida como “lavagem cerebral”.
Decorridos séculos agregou-se no Brasil um ingrediente
asqueroso: a xenofobia. Durante o período do Estado Novo (1937-1945), entre as
medidas tomadas por Vargas está a campanha de nacionalização, que tinha como
objetivo integrar os imigrantes e seus descendentes à cultura brasileira. Nas
escolas, os professores deveriam ser brasileiros natos ou naturalizados, as
aulas deveriam ser ministradas em português e era proibido o ensino de línguas
estrangeiras. Em 1939, medidas mais drásticas foram adotadas: houve a proibição
de falar uma língua estrangeira em público - inclusive durante celebrações
religiosas. Em 1942, com a entrada do
Brasil na Segunda Guerra Mundial, as repressões ficaram ainda mais violentas,
pessoas que não falassem português eram presas e parte da memória dos
imigrantes foi destruída (jornais, revistas, livros, documentos, etc.).
Em 1964, a “Revolução Redentora” para uns ou “Ditadura
Militar” para outros, incluiu a Organização
Social e Política Brasileira (OSPB), disciplina que, de acordo com o Decreto
Lei 869/68, tornou-se obrigatória no currículo escolar brasileiro a partir de
1969, juntamente com a disciplina de Educação Moral e Cívica (EMC). Ambas foram
adotadas em substituição às matérias de Filosofia e Sociologia e ficaram
caracterizadas pela transmissão da ideologia do regime autoritário ao exaltar o
nacionalismo e o civismo dos alunos e privilegiar o ensino de informações
factuais em detrimento da reflexão e da análise.
Até aqui nenhuma objeção foi levantada aos
fatos de per si incontestes por quem, na atualidade, não admite que as escolas
abdiquem de “politizar” os alunos.
Em 15 de março de 1985 encerrou o ciclo
revolucionário e a redemocratização evoluiu em etapas até hoje. Continua em
curso. Partidos foram criados, eleições ocorreram e presidentes foram
empossados e dois deles sofreram impeachment.
Os estabelecimentos de ensino, libertos
do jugo da OSPB gerenciaram seu estilo e, isto é indubitável, dividiram suas
tendências, professores tiveram liberdade para expor suas ideias e, junto com
elas seus vieses políticos. Direita e esquerda ocuparam espaços. Até hoje isto
ocorre.
Os órgãos estudantis, capitaneados pela
União Nacional dos Estudantes (UNE) desde o início teve dirigentes
universitários ligados aos partidos de esquerda. Após a eleição de Jair
Bolsonaro o Movimento Brasil Livre (MBL) pretende competir no pleito, na
próxima eleição pretende apresentar um candidato e este fato transforma o atual
panorama numa disputa real. Aguardemos o desfecho. Assim se exercita a
democracia.
Como foi acima exposto, desde 1516
existem escolas COM partido e foram, ao menos as brasileiras, criticadas
severamente pelos dirigentes. Em tempo, atualmente há, sim, partidarização em
muitos estabelecimentos de ensino e, de maneira esdrúxula, este fato é
defendido pelos que não aceitam “Escolas SEM Partido”. Ressaltamos com toda a
ênfase: professores podem, e devem ter convicções. Professores não podem, e não
devem defendê-las nas salas de aula. Vale para os de direita, vale para os de
esquerda. Quem se opõe a que se condene proselitismo no ensino, no mínimo não
mantém as convicções que alardeava contra o OSPB.
Jayme José
de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado
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