Coluna publicada em "www.litoralmania.com.br" - 28/03/2018.
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“Por
mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.
ASSASSINATOS
A vereadora do PSOL-RJ, Marielle Franco, brutalmente
assassinada causa espanto, horror e inconformidade. Lutava contra a impunidade
de assassinos travestidos de justiceiros. Descubram-se os executores e,
principalmente os mandantes, são mais responsáveis que os esbirros que
acionaram os gatilhos.
Um caso similar ocorreu em 8 de agosto de 1990. Por
volta das 11,30 horas, na esquina da Av. Borges de Medeiros com Andradas, em Porto Alegre, o soldado Valdeci de
Abreu Lopes, então com 27 anos, foi degolado a golpe de foice por integrantes
do MST que provocavam arruaças e vandalismos desde a Praça da Matriz. Após o
ato os assassinos se homiziaram na Prefeitura onde, segundo o vereador João
Dib, se esconderam
colonos, entre os quais os assassinos, onde "cortaram os cabelos e
trocaram de roupas" para evitar a identificação pela Brigada Militar
quando saíssem do prédio, que estava cercado pela polícia.
Celso
Daniel, aos cinquenta anos de idade, quando ocupava o cargo de prefeito de Santo André pela terceira vez, foi sequestrado na noite de 18 de janeiro de 2002, quando saía de uma churrascaria localizada na
região dos Jardins, em São Paulo. Segundo a
imprensa, o prefeito estava num Mitsubishi Pajero blindado, na companhia do empresário Sérgio
Gomes da Silva, conhecido também como o "Sombra". O carro teria sido
perseguido por outros três veículos: um Santana, um Tempra e uma Blazer.
Na rua Antônio Bezerra, perto do número 393, no bairro do Sacomã, Zona Sul da capital, os criminosos fecharam o carro do prefeito.
Dispararam contra os pneus e vidros traseiro e dianteiro de seu carro. Gomes da
Silva, que era o motorista, disse que na hora a trava e o câmbio da Pajero não
funcionaram. Os bandidos armados então abriram a porta do carro, arrancaram o
prefeito de lá e o levaram embora. Sérgio Gomes da Silva ficou no local e nada
aconteceu com ele. Na manhã de 20 de janeiro de 2002, domingo, o corpo do prefeito Celso Daniel, com
onze tiros, foi encontrado na Estrada das Cachoeiras, no Bairro do Carmo, na
altura do quilômetro 328 da rodovia
Régis Bittencourt (BR-116), em Juquitiba. Durante o julgamento, o promotor Márcio Augusto Friggi de
Carvalho sustentou que o ex-prefeito foi morto por ter descoberto que o esquema
de corrupção instalado na prefeitura estava sendo utilizado para enriquecimento
pessoal. Segundo Carvalho, inicialmente o desvio de verbas era usado, com o
conhecimento de Daniel, para abastecer o caixa 2 da campanha eleitoral do PT. Após o júri decidir
pela condenação, o juiz Antônio Augusto Hristov estipulou pena de 24 anos de
prisão para Ivan Rodrigues da Silva, 20 anos para José Edison da Silva e 18
anos para Rodolfo Rodrigues da Silva, que teve a pena atenuada por ser menor de
18 anos à época do crime. Uma série recursos e demandas
judiciais ocorreram após esse julgamento e realimentam a trama que já rendeu
livros e centenas de reportagens sobre o caso Celso Daniel.
Esperamos que não se repitam acobertamentos
no caso da vereadora Marielle Franco e que os autores sejam punidos. Não
podemos permitir a impunidade de facínoras, independente de sua identidade e
posição.
No Rio de Janeiro agentes da lei são assassinados quase que diariamente.
O subtenente Vanderlei Ribeiro, presidente da ASPRA (Associação de Praças da
Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros) classifica de total vulnerabilidade a
atual situação dos policiais. “A comunidade adere à determinação do tráfico e
diz que a polícia só chega para importunar”.
Paulo Sborani, antropólogo, afirma: “quando você precisa da polícia você
a quer do seu lado, quando não precisa quer o mais longe possível”.
Para o assessor dos direitos humanos da Anistia Internacional, Alexandre
Ciconello, ”As declarações são irresponsáveis porque alimentam uma polarização,
levando ao confronto, à guerra. Quando um policial é morto em serviço, de quem
é a responsabilidade por ter colocado a vida desse profissional em risco? Quem
tem que ser cobrado é o Estado”.
EUREKA! O Estado não deveria por a vida dos policiais em risco, não
deveria ordenar o policiamento. Pelo mesmo raciocínio os pais são culpados pela
morte dos filhos nas escolas, não deveriam manda-los estudar para evitar o
risco. GENIAL!!!
É uma triste estatística que coloca 2017 entre um dos anos com maior
número de policiais assassinados no Rio de Janeiro desde 2007. Foram 134 mortos
entre janeiro e dezembro e 2018 não emite sinais que a situação seja
diferente. “Não existe absolutamente
nada que nos faça acreditar que teremos um ano 2018 melhor que 2017”. (Iris
Silva Pereira, ex-comandante -geral da Polícia Militar do RS)
Pessoas comuns, sem qualquer identificação com a política e a repressão
são assassinadas no Brasil. Em 2017 foram mais d 61.000, de acordo com o
Anuário Brasileiro de Segurança Pública. O número contabiliza latrocínios,
homicídios e lesões seguidas de morte.
Em Porto Alegre, Cristine Fonseca Fagundes, de 44 anos, foi morta dentro
do carro quando esperava o filho ao final da aula. Preso, o autor do dispor
afirmou que “atirou sem querer”.
A médica Graziela Müller Leirias, de 32 anos, foi morta de forma
parecida em um semáforo na Zona Norte. Os criminosos levaram o carro.
Um homem identificado como Fabiano Lemos foi executado dentro da
recepção do Hospital São Lucas da PUC/RS.
Após 12 dias de angústia, o desaparecimento de Naiara Soares Gomes, de
apenas 7 anos de idade teve um desfecho triste no dia 21/03/2018. A polícia
Civil encontrou o corpo da criança às margens da Represa Faxinal, no distrito
de Ana Rech, no município de Caxias do Sul. A polícia chegou ao local depois
que o criminoso, cuja identidade não foi divulgada, confirmou que sequestrou,
estuprou matou a menina indicando o
local onde a deixou. O
pedófilo já havia estuprado outra menina, em 2017. Nesse caso foi liberada viva
duas horas depois do ato lidibinoso.
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São dados parciais que comprovam a leniência com que são tratados crimes
contra a vida em nosso país. Quando se clama por repressão mais severa, os
eternos defensores da teoria que a criminalidade é fruto do contexto social
sofrem pruridos de indignação e clamam por uma política de conscientização, diminuição
das desigualdades, educação. Certo, isso traz resultados ao longo do tempo,
10-20 anos. E NESSE ÍNTERIM? Seguiremos assistindo passivamente o morticínio?
Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado