http://www.litoralmania.com.br/seu-segundo-cerebro-por-jayme-jose-de-oliveira/
“Por
mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.
SEU SEGUNDO
CÉREBRO – 15/08/2.016
Ele
tem 9 metros de comprimento, 500 milhões de neurônios e trilhões de células que
nem humanas são. Controla muito do que você faz, influencia em tudo o que você
pensa – e fica dentro da sua barriga. Para funcionar corretamente o aparelho
digestivo está ligado a uma vasta rede de neurônios distribuídos desde o
esôfago até as últimas partes do intestino. Parece uma extensão do cérebro, que
lá do crânio coordena todo o processo de absorção dos nutrientes. Parece, mas
não é. Os neurônios de baixo são independentes dos de cima: uns poucos
neurônios fazem a ponte entre os dois, mas eles agem de maneira autônoma. A descoberta
foi anunciada no diário americano The New York Times pelo biólogo e anatomista
Michael Gershon, do Centro Médico Columbia-Presbiteriano em Nova York. Os neurônios
do ventre, conhecidos há muito tempo, têm sua própria memória, sentimentos e provavelmente
podem aprender, informa o jornal. Alguns cientistas acham mesmo que o cérebro
do ventre é mais antigo que o outro, pois os seres mais primitivos, como as medusas
e águas-vivas, têm um organismo simplíssimo. São pouco mais que um intestino. É
razoável pensar que tenham desenvolvido primeiro o cérebro da digestão, diz o gastroenterologista
David Wingate da Universidade de Londres.
INTESTINO
“O SEGUNDO CÉREBRO” - O CÉREBRO
DESCONHECIDO
O intestino
fabrica muito mais serotonina que o cérebro. Mais exatamente, 95% da serotonina
é fabricada e armazenada no intestino. Serotonina é um neurotransmissor –
substância química fabricada pelos neurônios e que possui papel vital na transmissão
e processamento das informações e estímulos sensoriais através dos neurônios.
Além
da serotonina, o intestino fabrica e utiliza mais de 30 neurotransmissores –
substâncias envolvidas na transmissão e processamento das informações pelos neurônios,
tanto do intestino quanto do cérebro. Tudo isso para controlar uma função
essencial do corpo: extrair energia dos alimentos. Sem energia não existe vida.
Você precisa dela. E, ao contrário das plantas que se viram com luz solar, CO²
e elementos extraídos do solo pelas raízes, os animais obtém energia comendo e
digerindo outros seres. É um processo fundamental da nossa vida, porém, nada
simples. Ao longo da evolução animais primitivos foram desenvolvendo uma rede
de neurônios no sistema digestivo. Também desempenham outra função, essencial:
detectar e expulsar substâncias tóxicas, evitando que o animal morra em
consequência de comer algo venenoso. Se você ingerir algo deteriorado, vomita;
se ultrapassar o estômago e adentrar no intestino, o resultado é aquela
diarreia tão nossa conhecida. Quando sente que você comeu o suficiente o
sistema nervoso entérico (SNE) para de gerar grelina, hormônio que regula a
fome. Algumas horas depois ele avisa que está na hora de ir ao banheiro, tudo isso
independe do cérebro de cima.
Pesquisas
recentes estão revelando que não é só isso. Os neurônios da barriga podem interferir,
sem que você perceba, com o cérebro de cima, o da cabeça – afetando o seu comportamento,
as suas emoções e até o seu caráter. Quem na vida jamais sentiu os efeitos duma
disfunção entérica crônica? Irritabilidade, depressão, ansiedade e até problemas
dermatológicos, muitas vezes são decorrentes do mau funcionamento do intestino.
CHEGA
DE PROZAC – COMA IOGURTE
Não
é à toa que o intestino vem sendo chamado por médicos e cientistas de nosso segundo
cérebro. Em suas paredes há uma rede de 500 milhões de neurônios e os mesmos
neurotransmissores que são encontrados na cabeça, como a serotonina, reguladora
do humor. Essa imensa rede nervosa se comunica diretamente com nossa mente.
Assim, cuidar bem de nosso intestino poderia ser bom para a cabeça, inclusive para
o tratamento de doenças psíquicas. “Uma grande parte de nossas emoções é provavelmente
influenciada pelos neurônios em nosso intestino” afirma Emeran Mayer, professor
da escola de Medicina da Universidade da Califórnia.
A
grande aposta na área atualmente são os chamados probióticos, micro-organismos
que inibem a proliferação de bactérias intestinais nocivas. Eles estão
presentes em alguns leites fermentados e iogurtes — em geral com indicação no
rótulo — e também são vendidos como suplementos alimentares em farmácias e lojas.
Sua ingestão estimularia no cérebro a produção de neurotransmissores responsáveis
pela sensação de bem-estar. Pesquisas vêm mostrando, ainda em cobaias, que esses
bichinhos em nosso aparelho digestivo poderiam ajudar a dar fim a problemas que
vão de ansiedade à depressão. Acaba com os sintomas de irritabilidade,
depressão, ansiedade e problemas dermatológicos.
MICROBIOTA
Desde
que o cientista holandês Anton van Leeuwenhoek descobriu as bactérias em 1.676
a humanidade sempre desprezou, odiou e temeu esses organismos, com razão,
porque podem causar inúmeras infecções mortais. Mas nem todas são nocivas, a
maior parte é fundamental para o organismo e o corpo humano abriga uma
quantidade enorme delas. Um homem de 1m70 e 70 kg possui aproximadamente 30
trilhões de células humanas segundo um estudo publicado pelo Weizmann Institute
of Science de Israel. E 39 trilhões de bactérias. Essa população de micro-organismos
é chamada de microbiota, a maior parte vive no sistema digestivo onde existem
300 espécies de bactérias. Ou seja: o seu organismo contém mais células não
humanas que humanas. E são indispensáveis à vida.
Será
o tema para outra coluna.
Os
dados que embasam esta coluna foram pesquisados na revista Superinteressante, edição
362 e no Google.
Jayme José
de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado
Nenhum comentário:
Postar um comentário