segunda-feira, 29 de agosto de 2016

OSONHO DE ÍCARO 1



Coluna publicada em 29/08/2.016

http://www.litoralmania.com.br/o-sonho-de-icaro-por-jayme-jose-de-oliveira/


PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

O SONHO DE ÍCARO 1

“Eu afirmo, categoricamente, que as máquinas voadoras mais pesadas que o ar são impossíveis”. (Lord Kelvin, pai da termodinâmica e um dos físicos mais prestigiados do século XIX)

Felizmente houve iconoclastas que reduziram a escombros esta teoria.                        

Dédalo, arquiteto e inventor ateniense construiu o labirinto de Creta para o rei Minos. Caiu em desgraça após Teseu matar o Minotauro e fugir seguindo o fio (fio de Ariadne) que desenrolara durante o trajeto. Enraivecido, Minos prendeu Dédalo e seu filho Ícaro no labirinto. Dédalo construíu asas para o filho com penas de aves, colando-as com cera. Desobedecendo as recomendações do pai, Ícaro alçou voo até chegar perto do sol, a cera derreteu, caiu no mar e pereceu afogado.


A lenda representa o sonho antigo da humanidade: dominar o espaço e, quiçá, alcançar as estrelas. 
O alemão Otto Lilienthal realizou diversos experimentos exitosos com planadores, entre 1.891 e 1.896.
Em 17 de dezembro de 1.903 os irmãos Wilbur e Orville Wright colocaram um motor no aparelho e, com o impulso duma catadupa, fizeram sua primeira decolagem bem sucedida.
Enquanto isso, Santos Dummont se tornou uma celebridade ao contornar a Torre Eiffel com seu balão dirigível nº 6 em 1.901. Em 12 de novembro de 1.906 realizou o primeiro voo público de uma máquina mais pesada que o ar, sem recorrer ao auxílio de catadupa, com seu 14-bis. Ao percorrer 220 metros sem tocar o chão por sobre o campo Bagatelle, na França, ele estabeleceu o primeiro recorde oficial da aviação. Em 1.909 Santos Dummont realizava seus voos mais expressivos com o pequeno Demoiselle, o precursor direto dos ultraleves modernos. Ele já tinha lemes na porção traseira da aeronave, diferentemente do 14-bis e dos aviões dos Wright e mantinha a tradição dum trem de pouso com rodas. Naquele mesmo ano Louis Blériot faria a travessia do Canal da Mancha de avião. Em 1.910 os irmãos Wright incorporaram as inovações europeias no seu Flyer Model B, que se tornava o primeiro avião a ser fabricado e vendido.
Não tardou para que diversas nações notassem suas possíveis aplicações em conflitos bélicos.
Charles Augustin Lindbergh foi um pioneiro da aviação estadunidense e ficou famoso por ter realizado o primeiro voo solitário sobre o Atlântico sem escalas com seu avião, o Spirit of St. Louis. Partiu do Condado de Nassau, Estado de Nova Iorque em direção a Paris, França, em 20 de maio de 1.927, tendo pousado na capital francesa no dia seguinte pós 33 horas e 31 minutos.
O AVIÃO NÃO TEVE UM ÚNICO “PAI”, MAS SIM DIVERSOS INVENTORES QUE AJUDARAM A AMADURECER TECNOLOGIA.
Esses foram os passos iniciais da epopeia que, supõe-se, culminará na conquista do espaço e, possivelmente, a expansão da raça humana pelo Universo.
Será o mote para próximas colunas.
Dados para esta coluna foram pesquisados na revista Superinteressante, edição 363-A e no Google.  

Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

terça-feira, 23 de agosto de 2016

CURIOSIDADE,,INSATISFAÇÃO E FÉ




Coluna publicada em 22/08/2.016
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                   PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

CURIOSIDADE, INSATISFAÇÃO E FÉ

O colunista Paulo Germano (Zero Hora, 20/08/16) relata um encontro que teve com o padre Fábio Melo:
 - “Padre, tenho uma dúvida que me acompanha desde criança. Como o senhor tem certeza que Deus existe”?
Ele soltou um meio sorriso e, embora não tenha muita cara de padre respondeu com uma cara de padre:
- “Se eu tivesse certeza, não precisaria ter fé”.
Ao ler, lembrei uma coluna que escrevi em 17/07/2.015, com o título: “Se Deus não tivesse criado o homem, o homem se veria compelido a criar Deus”. E, de certa forma, o fez”.
Em qualquer época, em qualquer recanto do mundo, mesmo em isolamento absoluto como na Ilha da Páscoa, nas profundezas da selva amazônica ou nos mais remotos rincões da mãe África, os pajés, sacerdotes, pastores, muftis... nos comprovam que se Deus não existisse, não poderíamos ter esta FÉ que nos impede de enlouquecer de frustração ante a ignorância, jamais admitida como definitiva. Não conseguimos entender um “mistério”? A curiosidade não nos permite desistir e a FÉ nos dá o alento necessário para prosseguir na busca.
O Criador nos brindou com dois atributos que, juntos, nos distinguem dos outros seres vivos: curiosidade e insatisfação. Ao presenciar, durante uma tempestade, a destruição duma frondosa árvore por um raio, em vez de fugir apavorado como todos os animais, perplexo, refletiu sobre o poder dessa força inimaginável e donde poderia ter surgido, quem a dominava. Que ente era esse, tão poderoso que, num átimo, provara seu poder de destruição?
A curiosidade era manifesta nesse raciocínio. A insatisfação que sucedeu quando não encontrou resposta levou-o a imaginar um “SER” acima de qualquer comparação. Criou o primeiro deus. Com o tempo a exigência do conhecimento cresceu, multiplicaram-se os deuses e o ápice ocorreu na mitologia grega. Não satisfeitos, ansiaram uma equiparação e surgiram os semideuses, conjunção dum deus com um humano. Heracles (Hércules), filho do deus Zeus e a humana Alcnema foi um dos mais célebres.
A ciência ao longo dos tempos foi deslindando mistérios e não parou jamais. Deuses caíram ao serem desmitificados. Ainda restam muitos e o homem não descansará até deslindar o último desconhecimento, verdadeira tarefa de Sísifo porque “Para cada resposta que obtemos surgem dez novas questões, mas o que nunca acabará é a procura do homem pelo conhecimento”. (Jayme J. de Oliveira) “Mesmo quando era jovem, não conseguia acreditar que, se o conhecimento oferecesse perigo, a solução seria a ignorância. Sempre me pareceu que a solução tinha que ser a sabedoria. Qualquer avanço tecnológico pode ser perigoso, mas, os humanos não seriam humanos sem eles”. (Isaac Asimov)
Cabe, como em tudo, separar o joio do trigo. Como afirmou Isaac Asimov, pode ser perigoso, não apenas no tecnológico como nos costumes. Ao descobrir a forma de forjar o aço, o homem pôde fazer um bisturi que salva ou um punhal que assassina. A ética distingue o correto do pérfido, o lado claro do obscuro da nossa mente. Os terroristas que se dizem inspirados num deus sanguinário são a escória da humanidade. Têm como contraponto portentoso os Médicos Sem Fronteiras. Edificante. A FÉ pode conduzir às maiores demonstrações de solidariedade.


segunda-feira, 15 de agosto de 2016

SEU SEGUNDO CÉREBRO





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PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

SEU SEGUNDO CÉREBRO – 15/08/2.016

Ele tem 9 metros de comprimento, 500 milhões de neurônios e trilhões de células que nem humanas são. Controla muito do que você faz, influencia em tudo o que você pensa – e fica dentro da sua barriga. Para funcionar corretamente o aparelho digestivo está ligado a uma vasta rede de neurônios distribuídos desde o esôfago até as últimas partes do intestino. Parece uma extensão do cérebro, que lá do crânio coordena todo o processo de absorção dos nutrientes. Parece, mas não é. Os neurônios de baixo são independentes dos de cima: uns poucos neurônios fazem a ponte entre os dois, mas eles agem de maneira autônoma. A descoberta foi anunciada no diário americano The New York Times pelo biólogo e anatomista Michael Gershon, do Centro Médico Columbia-Presbiteriano em Nova York. Os neurônios do ventre, conhecidos há muito tempo, têm sua própria memória, sentimentos e provavelmente podem aprender, informa o jornal. Alguns cientistas acham mesmo que o cérebro do ventre é mais antigo que o outro, pois os seres mais primitivos, como as medusas e águas-vivas, têm um organismo simplíssimo. São pouco mais que um intestino. É razoável pensar que tenham desenvolvido primeiro o cérebro da digestão, diz o gastroenterologista David Wingate da Universidade de Londres.



INTESTINO “O SEGUNDO CÉREBRO” -  O CÉREBRO DESCONHECIDO
O intestino fabrica muito mais serotonina que o cérebro. Mais exatamente, 95% da serotonina é fabricada e armazenada no intestino. Serotonina é um neurotransmissor – substância química fabricada pelos neurônios e que possui papel vital na transmissão e processamento das informações e estímulos sensoriais através dos neurônios.
Além da serotonina, o intestino fabrica e utiliza mais de 30 neurotransmissores – substâncias envolvidas na transmissão e processamento das informações pelos neurônios, tanto do intestino quanto do cérebro. Tudo isso para controlar uma função essencial do corpo: extrair energia dos alimentos. Sem energia não existe vida. Você precisa dela. E, ao contrário das plantas que se viram com luz solar, CO² e elementos extraídos do solo pelas raízes, os animais obtém energia comendo e digerindo outros seres. É um processo fundamental da nossa vida, porém, nada simples. Ao longo da evolução animais primitivos foram desenvolvendo uma rede de neurônios no sistema digestivo. Também desempenham outra função, essencial: detectar e expulsar substâncias tóxicas, evitando que o animal morra em consequência de comer algo venenoso. Se você ingerir algo deteriorado, vomita; se ultrapassar o estômago e adentrar no intestino, o resultado é aquela diarreia tão nossa conhecida. Quando sente que você comeu o suficiente o sistema nervoso entérico (SNE) para de gerar grelina, hormônio que regula a fome. Algumas horas depois ele avisa que está na hora de ir ao banheiro, tudo isso independe do cérebro de cima.
Pesquisas recentes estão revelando que não é só isso. Os neurônios da barriga podem interferir, sem que você perceba, com o cérebro de cima, o da cabeça – afetando o seu comportamento, as suas emoções e até o seu caráter. Quem na vida jamais sentiu os efeitos duma disfunção entérica crônica? Irritabilidade, depressão, ansiedade e até problemas dermatológicos, muitas vezes são decorrentes do mau funcionamento do intestino.
CHEGA DE PROZAC – COMA IOGURTE 
Não é à toa que o intestino vem sendo chamado por médicos e cientistas de nosso segundo cérebro. Em suas paredes há uma rede de 500 milhões de neurônios e os mesmos neurotransmissores que são encontrados na cabeça, como a serotonina, reguladora do humor. Essa imensa rede nervosa se comunica diretamente com nossa mente. Assim, cuidar bem de nosso intestino poderia ser bom para a cabeça, inclusive para o tratamento de doenças psíquicas. “Uma grande parte de nossas emoções é provavelmente influenciada pelos neurônios em nosso intestino” afirma Emeran Mayer, professor da escola de Medicina da Universidade da Califórnia. 
A grande aposta na área atualmente são os chamados probióticos, micro-organismos que inibem a proliferação de bactérias intestinais nocivas. Eles estão presentes em alguns leites fermentados e iogurtes — em geral com indicação no rótulo — e também são vendidos como suplementos alimentares em farmácias e lojas. Sua ingestão estimularia no cérebro a produção de neurotransmissores responsáveis pela sensação de bem-estar. Pesquisas vêm mostrando, ainda em cobaias, que esses bichinhos em nosso aparelho digestivo poderiam ajudar a dar fim a problemas que vão de ansiedade à depressão. Acaba com os sintomas de irritabilidade, depressão, ansiedade e problemas dermatológicos.
MICROBIOTA
Desde que o cientista holandês Anton van Leeuwenhoek descobriu as bactérias em 1.676 a humanidade sempre desprezou, odiou e temeu esses organismos, com razão, porque podem causar inúmeras infecções mortais. Mas nem todas são nocivas, a maior parte é fundamental para o organismo e o corpo humano abriga uma quantidade enorme delas. Um homem de 1m70 e 70 kg possui aproximadamente 30 trilhões de células humanas segundo um estudo publicado pelo Weizmann Institute of Science de Israel. E 39 trilhões de bactérias. Essa população de micro-organismos é chamada de microbiota, a maior parte vive no sistema digestivo onde existem 300 espécies de bactérias. Ou seja: o seu organismo contém mais células não humanas que humanas. E são indispensáveis à vida.
Será o tema para outra coluna.
Os dados que embasam esta coluna foram pesquisados na revista Superinteressante, edição 362 e no Google.


Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

terça-feira, 9 de agosto de 2016

US$ 100 TRILHÕES




Coluna postada em 09/06/2.016
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PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

US$ 100 TRILHÕES

É a perspectiva de gastos com o tratamento de infecções causadas por bactérias até a metade do século XXI, conforme estudo coordenado pelo economista Jim O’Neill, PhD em Economia pela Universidade de Surrey. Foi nomeado pelo Primeiro-Ministro britânico, David Cameron para chefiar uma comissão internacional para investigar a resistência antimicrobiana global.
Este dado de per si dá uma ideia da importância de:
1.     Preservar a eficácia dos meios que temos à disposição atualmente. Antibióticos formam a primeira e, neste momento, insubstituível linha de tratamento.
2.     Alavancar as pesquisas na descoberta de novas drogas que se tornarão de importância capital, com o veremos a seguir.
3.     É uma consequência da primeira: utilizar antibióticos apenas no momento certo, durante o tempo necessário e na dosagem correta. Não abdicar de seu uso quando necessários e, isso é fundamental, NÃO UTILIZÁ-LOS DESRESPEITANDO A DOSAGEM E O TEMPO NECESSÁRIO OU PARA COMBATER MOLÉSTIAS PARA AS QUAIS SÃO INOPERANTES. Micoses (causadas por fungos) e vírus, por exemplo. O uso indiscriminado e contraindicado de antibióticos representa um autêntico “tiro no pé”. Por vezes fatal, sempre desaconselhado. Muitas vezes contraproducente, em vez de proporcionar a cura, agrava o problema ao liberar o campo para micróbios resistentes.
Em 2.050 as bactérias podem matar 10 milhões de pessoas se não forem tomadas medidas extremas para barrar o aumento da resistência das bactérias aos antibióticos. Esse número é maior que o de mortes por câncer atualmente.
“A escassez de antibióticos para tratar infecções por bactérias muito resistentes têm ameaçado a medicina como um todo. Não adianta realizar cirurgias complexas ou transplantes caríssimos se, em seguida, o paciente adquire uma infecção por essas bactérias e morre”. (Marisa Zenaide Ribeiro Gomes, pesquisadora da FIOCRUZ)
Ao receber o Prêmio Nobel de Medicina em 1.945 pelo desenvolvimento da penicilina, Alexandre Fleming fez um alerta: “O uso equivocado do medicamento pode tornar os micróbios mais fortes”. Sete décadas após seu vaticínio se confirma e, se nada for feito, poderemos chegar à era pós-antibióticos, na qual eles se tornariam ineficazes.
As bactérias estão na Terra há 3,5 bilhões de anos e nesse lapso de tempo aprenderam a criar mecanismos de defesa. O uso inadequado de antibióticos estimula esses mecanismos. A descontinuidade e dosagem insuficiente são causas frequentes das resistências e, cada vez mais, são necessários novos antibióticos para curar doenças atualmente de fácil resolução. Frequentemente os antibióticos sozinhos não resolvem o problema, é necessário que sejam coadjuvados concomitantemente por outros agentes antimicrobianos. O mais elementar procedimento é a higienização criteriosa. Lavar as mãos é tão importante como medicar.
O uso de antibióticos na agricultura e na pecuária é preocupante, existem possibilidades de criação de animais sem o uso e o controle deve ser rígido.
Entre as infecções que mais frequentemente precisam de antibióticos são as respiratórias, MAS NEM SEMPRE ELAS SÃO CAUSADAS POR BACTÉRIAS e, nesses casos, são absolutamente contraindicados, principalmente em crianças.
Desde 2.010 só é possível comprar antibióticos nas farmácias com receita médica e essa regra foi reforçada pelo RDC 44/2010 que obriga os estabelecimentos que os comercializam manter à disposição das autoridades, por no mínimo 5 anos, toda a documentação relativa à movimentação de entradas, saídas, perdas e descartes dos com prazo vencido.
Concluindo: não apenas deve ser exigido dos profissionais que receitam, manipulam e comercializam antibióticos a estrita observância das regras mas, principalmente, À TODA A POPULAÇÃO. Afinal de contas, será cometido um crime contra a humanidade se, por mau uso os antibióticos PERDEREM A EFICÁCIA.


Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado


terça-feira, 2 de agosto de 2016

REFORMA POLÍTICA




Coluna publicada em !www.litoralmania.com.br" - 02/08/2.016
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PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

REFORMA POLÍTICA
A democracia brasileira está doente. Há muito tempo, com uma virulência extrema. Exige resposta vigorosa e urgente. Infelizmente o Congresso já demonstrou por diversas vezes que não fará uma que contrarie seus interesses mais ilegítimos. Está patente nas contínuas postergações e, quando promove mudanças, são pífias.
Por decisão do STF- uma bengala que ajuda a manter um equilíbrio precário às instituições políticas - aprovou duas mudanças estruturais positivas: A proibição do financiamento empresarial às campanhas e o limite de gastos.
Tragicamente, pode-se afirmar que o Parlamento está enveredando perigosamente para se tornar um lugar de traficâncias e negociatas, onde o espírito público e o bem-estar coletivo estão ausentes. Nasce aí o desprezo que se avoluma contra a casa que deveria... deveria ser o esteio das instituições, a salvaguarda dos direitos dos cidadãos, a luz no fim do túnel da desesperança.
Note-se que não são pessoas incultas, mas preparadas, muito, com alta capacidade argumentativa. Não utilizam a força bruta das ditaduras, apelam para a verborragia que tenta ocultar interesses subjacentes. Em muitos casos o currículo policial suplanta o político... e vão se eternizando por meio dos mais variados artifícios, muitos, aparentemente moralizadores. Analisemos o voto em lista:
Diante da pletora de partidos e das coligações espúrias que promovem, frequentemente depositamos nosso voto no João e acabamos elegendo o Joaquim ou a Maria. Isso seria evitado com o voto em legenda, lista previamente elaborada pelos partidos. Seria. Na realidade é a torpe armadilha que cerceará nossa escolha e eternizará os novéis “coronéis”. O Partido elabora a lista e, por conseguinte, determina os que serão eleitos. Adivinhem quais os nomes que encabeçarão o rol dos ungidos. Obviamente os detentores de mandatos e líderes partidários. Renovação? Conta outra. Piada é para programa humorístico.
Efeito colateral que beneficiará os “iluminados”. Suas campanhas terão custo zero, o Parido e erário se encarregarão disso e será com dinheiro oriundo do nosso labor.
O financiamento público já existe, é um Fundo Especial de Assistência Financeira aos Partidos Políticos que tenham seu estatuto registrado no Tribunal Superior Eleitoral e prestação de contas regular perante a Justiça Eleitoral. O Fundo Partidário é, atualmente, constituído por recursos públicos e particulares, conforme previsto no artigo 38 da lei nº 9.096/95. A liberação é dividida em duodécimos disponibilizados mensalmente. É evidente que, se forem vetadas as contribuições particulares, serão compensadas pelo aumento das públicas e... dê-lhe carrear mais dinheiro dos impostos.
Além disso, não nos esqueçamos que há a “propaganda gratuita no rádio e televisão”. Gratuita só no nome, as emissoras são ressarcidas mediante desconto nos impostos.
Pouco se fala e quando se ventila o assunto cláusula de barreira e, quando abordado, é apenas para condenar a instituição também conhecida como cláusula de exclusão ou de desempenho. É um dispositivo que restringe ou impede a atuação de um partido que não alcance um percentual de votos determinado. Por que essa ojeriza?  Vários motivos podem ser elencados:
 Ocasionaria a curto e médio prazo a extinção dos “partidos de aluguel”.
 Impediria ou dificultaria a criação de novos partidos sempre que fosse conveniente para alguém               inconforme com sua posição no que o elegeu.
 Dificultaria as alianças de conveniência e o aluguel de siglas em troca de tempo de rádio e televisão.
Em contrapartida, a médio e longo prazo a democracia seria aprimorada e a corrupção teria freios apostos. O vencedor do pleito não teria de se sujeitar a fazer acordos, geralmente onerosos, muitas vezes escusos, para garantir a governabilidade. Ministérios e cargos apenas justificados para acomodar acordos com os partidos que formam a “base aliada” poderiam ser extintos e polpudas verbas redirecionadas para fins mais produtivos.
JULHO DE 2.016: O recorde de candidaturas na eleição para a presidência da Câmara de Rodrigo Maia (DEM) fez o governo endossar um movimento para que PMDB e PSDB, os dois maiores partidos da base aliada do presidente em exercício Michel Temer, retomem no Congresso o debate sobre a imposição de uma cláusula de barreira para limitar a proliferação de legendas e conter a fragmentação partidária. A cláusula, aprovada pelo Congresso Nacional em 1.995, foi considerada inconstitucional pelo STF, sob o argumento que prejudicaria os pequenos partidos.
Os senadores Aécio Neves (PSDB-MG) e Ricardo Ferraço (PSDB-ES) protocolaram uma proposta de emenda à Constituição (PEC) com dispositivos para reforçar a fidelidade partidária de políticos eleitos, estabelecer uma cláusula de barreira para os partidos políticos e extinguir a possibilidade de coligações nas eleições legislativas. Aécio participou, nesta quinta-feira (14), de reunião com os presidentes do Senado, Renan Calheiros, e da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, quando apresentou o projeto.
A PEC 36/2016 estipula que os políticos que conquistarem mandatos nas eleições de 2016 e 2018 irão perdê-los caso se desfiliem dos partidos pelos quais disputaram o pleito. Da mesma forma, os vices e suplentes escolhidos nessas eleições não terão o direito de substituir os titulares se deixarem suas legendas.
Essa PEC representa o primeiro passo, muito mais há de se apresentar, discutir, lapidar, aprovar. Dificilmente haverá consenso, mas a democracia funciona obedecendo a vontade da maioria. Não confundir com a ditadura da maioria, o Brasil não é a Turquia. Mesmo quando ocorrem desmandos eventuais, como na Venezuela, é por tempo limitado. Logo, logo, na DEMOCRACIA  o bom-senso volta a dominar. 



Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado