domingo, 21 de abril de 2013

DOIS PESOS, DUAS MEDIDAS



"Outra coisa seria mostrar como a mutilação do estado de direito. do Congresso, do Judiciário, bem como da censura, o fim do habeas corpus e os estímulos dados pelos hierarcas do regime ao aparelho repressivo, transformaram policiais delinquentes em heróis e oficiais das Força Armadas em assassinos. Expondo-se esse processo, previne-se a sua repetição".
(Elio Gaspari, Correio do Povo, 21/04/2013)
Concordo em número, gênero e grau, porém apenso um complemento indispensável para equilibrar os pratos da balança. Assassinos (capitão Lamarca) assaltantes e sequestradores foram não apenas anistiados como merecedores de polpudas indenizações, promoções e indicações para nomes de logradouros públicos.
"O que dá prá rir, dá prá chorar" (Jair Rodrigues)
Não é razoável argumentar que já foram punidos quando locupletaram no final.
 
 
Os assassinos
Sob fogo de fuzis FAL e metralhadoras por todos os lados, o tenente Mendes precisava tomar uma decisão: ou ordenava o cessar fogo e entregava-se sozinho, ou morreriam todos. Como autêntico líder, propôs aos gritos que ficaria como refém em troca da vida dos comandados.
No dia seguinte à captura do tenente, dois terroristas perderam-se pelo caminho. O grupo ficou reduzido a cinco elementos e Lamarca considerou os desaparecidos como mortos. Ordenou que o refém pagasse a "traição" com a vida.
Enquanto Ariston Oliveira Lucena e Gilberto Faria Lima vigiavam o prisioneiro, Lamarca, Yoshitane Fujimore e Diógenes Sobrosa de Souza afastaram-se. Constituíram o que chamaram de "tribunal revolucionário" e condenaram o tenente à morte.
Em seguida, Yoshitane Fujimore desferiu-lhe coronhadas de fuzil pelas costas. Caído e com a base do crânio partida, o tenente Mendes gemia e contorcia-se de dor. Diógenes Sobrosa de Souza desferiu-lhe os golpes finais, esfacelando-lhe a cabeça. Ali mesmo, numa pequena vala e com os coturnos ao lado da face ensangüentada, o corpo foi enterrado.
Estes fatos só foram esclarecidos após a prisão do terrorista Ariston Oliveira Lucena, que apontou o local onde os despojos estavam enterrados. As fotografias tiradas do crânio atestam a violência desmedida. Ao saber do que acontecera, a mãe da vítima entrou em estado de choque e ficou paralítica por quase três anos.
Morte inglória
Descoberto o crime, a VPR – organização baseada na ideologia comunista – emitiu um comunicado "Ao Povo Brasileiro", onde tenta justificar o covarde e frio assassinato.
Dele consta o seguinte trecho:
 


"A sentença de morte de um Tribunal Revolucionário deve ser cumprida por fuzilamento. No entanto, nos encontrávamos próximos ao inimigo, dentro de um cerco que pôde ser executado em virtude da existência de muitas estradas na região. O tenente Mendes foi condenado e morreu a coronhadas de fuzil, e assim o foi, sendo depois enterrado."

 

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