quinta-feira, 28 de março de 2019

UTOPIA 3






PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

UTOPIA – 30/03/2019

“A água é fundamental e mostra como é necessário que nós proponhamos e defendamos que este é um direito e muito mais, é um bem universal que deve estar à disposição de todos e que não pode ser apropriado por alguns, por empresas ou governos, e depois ser comercializado ou financiado. Não. É um bem universal que deve estar à disposição de todos, mesmo daqueles que não têm nenhum dinheiro”. (Cardeal Cláudio Hummes)
Assim como a água, os alimentos, a assistência médica, a educação, a moradia, a segurança e tantos outros itens essenciais à vida também são.
No século XVI Thomas Morus escreveu “Utopia”, descrevendo uma sociedade em que “todos trabalham para que todos possam trabalhar menos em vez de se esfalfarem enquanto outros ficam assistindo de camarote”.                                                                                                                                                                    “Todos devem ser tratados do mesmo modo, homens, mulheres e crianças e que ninguém passe necessidade. Que ninguém seja considerado superior por ter mais coisas. Que os mais competentes e honestos dirijam os negócios públicos. Que desapareça o dinheiro e a propriedade privada”.
O dicionário Houaiss assim define utopia:
1.      Lugar ou estado ideal, da completa felicidade e harmonia entre os indivíduos.
2.      Qualquer descrição imaginativa de uma sociedade ideal, fundamentada em leis justas e em instituições político-econômicas verdadeiramente comprometidas com o bem-estar da comunidade.
3.      Projeto de natureza irrealizável, quimera, fantasia.
Permito-me uma digressão:
Ao criar o mundo, segundo o Gênesis, resumidamente Deus deu ao homem o direito de dominar todos os seres vivos, povoar a terra e usufruir os bens que ela proporciona. Além do mais, foi o único ser vivo ao qual concedeu o livre-arbítrio. Todos os demais seguem, obrigatoriamente, as leis do instinto que continuam imutáveis ao longo dos tempos. Apenas fatores externos têm o poder e modificar a maneira de proceder, as mudanças, quer do meio-ambiente, quer as fortuitas que originam mutações e essas são transmitidas hereditariamente. Charles Darwin desvendou e divulgou as leis que regem a hereditariedade no seu livro “A Origem das Espécies”. Uma colmeia, por exemplo, segue os mesmos princípios e regras de convivência entre seus participantes ao longo do tempo.                                                                       É isso que a “Utopia” defende. Os homens deixariam de ser à semelhança do Criador e se transformariam em mais uma espécie entre miríades.                                                                                                                                    O que não se coaduna com a teoria é a diversidade intrínseca dos humanos. Alguns são laboriosos, outros cultuam a preguiça; uns são ambiciosos, outros conformados; uns são altruístas, outros sanguessugas. E assim por diante.                                                                                                                                                            Um animal não se apropria do que não necessita, só bebe a água suficiente para saciar a sede e deixa a fonte limpa para os que vierem depois.  Referimo-nos à água, podemos acrescer os demais itens indispensáveis.                                                                                                                                                                         O reverso da medalha: quando recebe gratuitamente os bens disponíveis, uma parcela dos humanos os usufrui sem cuidar da preservação. Se a conta da água não existe, para que se dar ao trabalho e despesa para consertar um vazamento? Se o alimento está à disposição, é só chegar e pegar, para que trabalhar para produzir? Cansa! E assim por diante.
A Utopia é como a estátua do gigante com pés de barro, não se sustenta pela fragilidade da base.
É comovente dizer como o cardeal Cláudio Hummes:
“A água é fundamental e mostra como é necessário que nós proponhamos e defendamos que este é um direito e muito mais, é um bem universal que deve estar à disposição de todos e que não pode ser apropriado por alguns, por empresas ou governos, e depois ser comercializado ou financiado. Não. É um bem universal que deve estar à disposição de todos, mesmo daqueles que não têm nenhum dinheiro”.  Alguém acredita que vendo o desperdício, o descompromisso com o recolhimento, purificação e distribuição, os que labutam para tanto serão estimulados a prosseguir para usufruto dos que “se atiram nas cordas”?                                                                                                                                                                    Sim, sejamos participativos e auxiliemos os que necessitam e não têm meios para prover as necessidades básicas, mas, TAMBÉM, exijamos cooperação universal dos aptos para tanto e economia no consumo para todos.                                                                                                                                                                           Jesus, ao ter seus cabelos perfumados com óleo de alto valor por uma mulher e ante as críticas dos circunstantes disse: “Ricos e pobres sempre tereis convosco e quando quiserdes, podeis lhes fazer o bem, mas a mim, nem sempre tereis”. (Mc. 14.7)
RETIREM O ESTÍMULO PARA PROGREDIR, PARA MELHORAR AS CONDIÇÕES DE VIDA, RETIREM AS EXIGÊNCIAS ÀS CONTRAPARTIDAS E A SOCIEDADE RUIRÁ QUAL CASTELO DE CARTAS. NÃOEXISTE ALMOÇO GRÁTIS, ALGUÉM PRECISA PAGAR.



Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

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