quinta-feira, 28 de março de 2019

UTOPIA 3






PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

UTOPIA – 30/03/2019

“A água é fundamental e mostra como é necessário que nós proponhamos e defendamos que este é um direito e muito mais, é um bem universal que deve estar à disposição de todos e que não pode ser apropriado por alguns, por empresas ou governos, e depois ser comercializado ou financiado. Não. É um bem universal que deve estar à disposição de todos, mesmo daqueles que não têm nenhum dinheiro”. (Cardeal Cláudio Hummes)
Assim como a água, os alimentos, a assistência médica, a educação, a moradia, a segurança e tantos outros itens essenciais à vida também são.
No século XVI Thomas Morus escreveu “Utopia”, descrevendo uma sociedade em que “todos trabalham para que todos possam trabalhar menos em vez de se esfalfarem enquanto outros ficam assistindo de camarote”.                                                                                                                                                                    “Todos devem ser tratados do mesmo modo, homens, mulheres e crianças e que ninguém passe necessidade. Que ninguém seja considerado superior por ter mais coisas. Que os mais competentes e honestos dirijam os negócios públicos. Que desapareça o dinheiro e a propriedade privada”.
O dicionário Houaiss assim define utopia:
1.      Lugar ou estado ideal, da completa felicidade e harmonia entre os indivíduos.
2.      Qualquer descrição imaginativa de uma sociedade ideal, fundamentada em leis justas e em instituições político-econômicas verdadeiramente comprometidas com o bem-estar da comunidade.
3.      Projeto de natureza irrealizável, quimera, fantasia.
Permito-me uma digressão:
Ao criar o mundo, segundo o Gênesis, resumidamente Deus deu ao homem o direito de dominar todos os seres vivos, povoar a terra e usufruir os bens que ela proporciona. Além do mais, foi o único ser vivo ao qual concedeu o livre-arbítrio. Todos os demais seguem, obrigatoriamente, as leis do instinto que continuam imutáveis ao longo dos tempos. Apenas fatores externos têm o poder e modificar a maneira de proceder, as mudanças, quer do meio-ambiente, quer as fortuitas que originam mutações e essas são transmitidas hereditariamente. Charles Darwin desvendou e divulgou as leis que regem a hereditariedade no seu livro “A Origem das Espécies”. Uma colmeia, por exemplo, segue os mesmos princípios e regras de convivência entre seus participantes ao longo do tempo.                                                                       É isso que a “Utopia” defende. Os homens deixariam de ser à semelhança do Criador e se transformariam em mais uma espécie entre miríades.                                                                                                                                    O que não se coaduna com a teoria é a diversidade intrínseca dos humanos. Alguns são laboriosos, outros cultuam a preguiça; uns são ambiciosos, outros conformados; uns são altruístas, outros sanguessugas. E assim por diante.                                                                                                                                                            Um animal não se apropria do que não necessita, só bebe a água suficiente para saciar a sede e deixa a fonte limpa para os que vierem depois.  Referimo-nos à água, podemos acrescer os demais itens indispensáveis.                                                                                                                                                                         O reverso da medalha: quando recebe gratuitamente os bens disponíveis, uma parcela dos humanos os usufrui sem cuidar da preservação. Se a conta da água não existe, para que se dar ao trabalho e despesa para consertar um vazamento? Se o alimento está à disposição, é só chegar e pegar, para que trabalhar para produzir? Cansa! E assim por diante.
A Utopia é como a estátua do gigante com pés de barro, não se sustenta pela fragilidade da base.
É comovente dizer como o cardeal Cláudio Hummes:
“A água é fundamental e mostra como é necessário que nós proponhamos e defendamos que este é um direito e muito mais, é um bem universal que deve estar à disposição de todos e que não pode ser apropriado por alguns, por empresas ou governos, e depois ser comercializado ou financiado. Não. É um bem universal que deve estar à disposição de todos, mesmo daqueles que não têm nenhum dinheiro”.  Alguém acredita que vendo o desperdício, o descompromisso com o recolhimento, purificação e distribuição, os que labutam para tanto serão estimulados a prosseguir para usufruto dos que “se atiram nas cordas”?                                                                                                                                                                    Sim, sejamos participativos e auxiliemos os que necessitam e não têm meios para prover as necessidades básicas, mas, TAMBÉM, exijamos cooperação universal dos aptos para tanto e economia no consumo para todos.                                                                                                                                                                           Jesus, ao ter seus cabelos perfumados com óleo de alto valor por uma mulher e ante as críticas dos circunstantes disse: “Ricos e pobres sempre tereis convosco e quando quiserdes, podeis lhes fazer o bem, mas a mim, nem sempre tereis”. (Mc. 14.7)
RETIREM O ESTÍMULO PARA PROGREDIR, PARA MELHORAR AS CONDIÇÕES DE VIDA, RETIREM AS EXIGÊNCIAS ÀS CONTRAPARTIDAS E A SOCIEDADE RUIRÁ QUAL CASTELO DE CARTAS. NÃOEXISTE ALMOÇO GRÁTIS, ALGUÉM PRECISA PAGAR.



Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

sábado, 23 de março de 2019

UTOPIA 2





http://www.litoralmania.com.br/utopia-2-jayme-jose-de-oliveira/


PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

UTOPIA 2 – 22/03/2019

Estou inclinado a crer que muitos dos que defendem com “unhas e dentes” uma sociedade utopiana sequer leram o livro. Custa-me crer que uma pessoa equilibrada e não contaminada por violenta ojeriza ao mundo em que vive possa considerar ideal coabitar com seres despidos de quaisquer resquícios de individualidade; vontade de progredir; ambição de deixar aos descendentes um mundo melhor; enfim, sair do marasmo vivido pelos utopianos.
Por outro lado, admitir justiça e equidade num país que prega o altruísmo; anuncia uma vida em que TODOS usufruem os mesmos direitos e não se diferenciam em nada mas convivem sem constrangimentos com escravos é um contrassenso inadmissível.
O próprio Morus relata uma crítica feita por alguém que não nomina: “Se Utopia é apresentada como verdadeira, posso enxergar nela vários absurdos; mas, se é inventada, considero que o juízo de Morus está falhando em vários pontos”.                                                                                          Contrapondo o autor declara: “Para possibilitar um regime descrito em Utopia é necessário um mundo perfeito, habitado por pessoas perfeitas e uma das maneiras para conseguir é estabelecer um sistema de ensino educacional concebido e executado de maneira rígida, com regras inflexíveis e na qual os transgressores são punidos pelo Senado, inclusive com a escravidão”.
Destacarei excertos extraídos do livro “Utopia” que deixam explícitos alguns detalhes criticados: “Quando alguém sente vontade de visitar amigos em outra cidade pode obter licença com facilidade, requerendo uma carta ao governador, que especifica a data do retorno. Providencia-se uma carroça, com um escravo público para guiar e cuidar dos bois”. Se alguém sai do distrito sem autorização é detido por desacato e reconduzido como fugitivo sofrendo punição severa. (pg.115) (E o direito de ir e vir ao qual estamos habituados no nosso mundo imperfeito?)                                                                 Como todos trabalham sem receber salário de qualquer espécie, após os excedentes das colheitas dum distrito serem distribuídos aos que sofram escassez, o restante é exportado em troca de ouro o qual para os utopianos não tem valor, tanto que  é fundido e com ele se fabricam urinóis e correntes para prender escravos. Não possuindo exército, recorrem a essas reservas para contratar, a alto preço, mercenários quando são compelidos a enfrentar tropas inimigas. (pg.118)
“Que prazer pode ser auferido em ouvir os ganidos e latidos de cães perseguindo uma lebrezinha frágil? Deveria inspirar piedade”. É por isso que consideram qualquer caçada imprópria para homens livres e passam essa atividade aos carniceiros e estes são escravos. (pg.129)
Os escravos provém de prisioneiros de guerra, condenados por alguma ação vergonhosa ou, o que é mais comum, estrangeiros que por algum motivo foram condenados à morte em sua cidade de origem. Os utopianos mantém esses escravos não só em trabalho perpétuo, mas também em grilhões. (pg. 136)
Uma guerra nunca é declarada por motivos de perdas materiais, mas, se se um cidadão utopiano é injustamente ferido ou morto, seja onde for, a menos que os culpados lhes sejam entregues, declararão guerra. Preparam proclamas para serem colocados em espaços públicos nos territórios inimigos. Ali prometem enormes recompensas a quem liquidar o príncipe; recompensas menores pelas cabeças dos indivíduos arrolados numa listagem. O suborno persuade com facilidade as pessoas a praticar qualquer crime, e os utopianos o utilizam de maneira irrestrita, sem constrangimento. Esta prática de ofertar recompensa e comprar o inimigo é condenada por outras nações, no entanto, os utopianos consideram admirável, visto que lhes permite saírem vitoriosos de grandes guerras sem sequer lutarem. Quando inevitável o combate, mandam à guerra mercenários que recrutam pagando alto preço em ouro. Excepcionalmente usam seus cidadãos, e destes apenas voluntários.
Em Utopia todos podem optar por qualquer religião. Se julga arrogante loucura impor aos outros aquilo que se crê verdadeiro por ameaças e violência. A verdade surgirá e se imporá por sua própria força intrínseca. Ninguém poderá coagir por meio da força para seu credo. A penalidade para tal fanatismo será o exílio ou escravidão. (pg. 157) Os utopianos creem que, após esta vida, os vícios são punidos e as virtudes recompensadas.
Se fosse possível um regime descrito em Utopia, os cidadãos livres usufruiriam a riqueza maior que pode esperar um homem. Além de viver livre de preocupações com espírito alegre e tranquilo, sem a preocupação como próprio sustento e dos seus familiares. Ademais, os que antes trabalhavam e agora estão fracos demais para isso, não são menos atendidos que aqueles que ainda trabalham. (pg. 168)
Consideremos que o livro foi escrito no ano 1516 d.C. e temos de entender como era a vida em sociedade naquela época: nobres ricos e manipuladores dum “Sistema Judiciário” subserviente e jungido por leis que de justas apenas tinham nome. Aos trabalhadores se impunha uma jornada de trabalho de 16 horas diárias; sem feriados nem domingos livres; sem férias; sem aposentadoria. Escravos? Uma mercadoria como qualquer outra.                                                                           Não causa espanto que Thomas Morus, escritor, diplomata, advogado e um dos grandes humanistas do Renascimento, impregnado de indignação extrema, elucubrasse um país utópico. Marx e Engels, no alvorecer do século XX, tentaram tornar Utopia uma realidade. O comunismo proclamava todos iguais, porém, como bem descreveu George Orwell em “A Revolução dos Bichos”, “todos são iguais perante a lei, mas alguns são mais iguais”. Esses “mais iguais” coexistem em todos os regimes, o Brasil que o diga, e lançam por terra os ideais de Utopia. Impossível a existência de uma sociedade utópica? Não! Observe uma colmeia ou um formigueiro, cada indivíduo sabe o seu papel e o cumpre à risca. Homens, porém, têm o livre-arbítrio , não se sujeitam  às amarras do não poder decidir o seu presente e muito menos o futuro dos seus descendentes.
Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

domingo, 17 de março de 2019

UTOPIA 1






PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

UTOPIA – 1

Thomas Morus (ou More) viveu num período em que a Europa tinha como conteúdo social uma nobreza que possuía todo o poder para se perpetuar na prosperidade faustosa, autoridade absoluta, prepotência extrema e nem sonhava em distribuir com justiça o existente – inclusive alimentos – à plebe que vivia em regime de semiescravidão.                                                                                                                                          Fome, miséria, peste, regime de trabalho (16 horas por dia sem férias, domingos livres, aposentadoria e que tais), intolerância e, de justiça, nem simulacro.                                 A revolta que sentia levou-o a escrever “UTOPIA” (do grego u-topos, não lugar), uma ilha imaginária onde vivia uma sociedade ideal, onde tudo era perfeito, harmônico e feliz.


Publicado em 1516, “UTOPIA” tinha por objetivo – e de certa forma o conseguiu – embasar o conceito humanista fundamental para explicar uma sociedade baseada em leis igualitárias, na qual não se admite a propriedade particular, não existe o dinheiro, tudo é comum e as pessoas vivem em harmonia, livres da violência e da intolerância.   
Com o passar do tempo tornou-se a teoria que consubstanciou o desejo dos adeptos em propiciar a todos os elementos que compõem a sociedade uma vida digna em que não prosperam os demasiadamente ricos, poderosos vivendo no fausto, no desperdício, enquanto a maioria é submetida a um regime de penúria.                                                                                                                       É um plano que se constata irrealizável porque exige para a sua existência que TODOS os humanos sejam honestos e trabalhem sem remuneração para o bem-estar da comunidade. Não admite, na realidade, que os indivíduos possam atingir posições de maior destaque graças a seus esforços e capacidade. Este fato inibe a mais entranhada característica humana: proporcionar a si e aos descendentes um padrão de vida progressivamente superior. Numa sociedade utópica perpassam gerações, séculos e milênios E TUDO PERMANECE IMUTÁVEL! Quem nasceu plebeu, assim vive, bem como seus filhos e os filhos dos seus filhos... Os “brâmanes” se eternizam sem sustos. E, suprema ironia – sem graça nenhuma – admitem escravos numa sociedade que pretende ser igualitária!!!

Sócrates, filósofo grego do século IV a.C. já ensinava a seus discípulos: “O sábio precisa escolher entre duas “cidades”: a real e a ideal, esta não se encontra em lugar nenhum na terra”.                                                                                                                        A utopia, para funcionar exige um mundo perfeito, como admit e o próprio Morus. “À falta de um mundo perfeito, é preciso adaptar às circunstâncias e evitar choques frontais, do contrário se corre o risco de cair no ridículo, ou coisa pior”.                                         Para os utopianos não pode haver propriedade privada, porque tudo em Utopia é comum. O único caminho para o bem-estar social é a IGUALDADE DE POSSES. Ora, isso retira a alavanca que soergue o progresso: o estímulo a progredir.

A educação utopiana visa, em primeiro lugar, criar bons cidadãos. Ela é supervisionada por sacerdotes, vale lembrar que são poucos, nunca mais de quatrocentos, que se dedicam a instilar na mente dos jovens “princípios que beneficiam a vida da comunidade”, para tanto os mestres têm o dever de exortar, advertir, conter os transgressores e excluir dos ritos sagrados os que reconhecem como incorrigíveis. Esses terão sua impiedade punida pelo Senado, para os recalcitrantes a punição poderá, inclusive, ser a escravidão, pois a condição de perpetuidade duma república precisa ser diretamente absorvida e esta atitude é incutida desde a mais tenra idade – Alguém relaciona com a “escola COM partido”?
A utopia sugere uma ordem social alternativa que às vezes parece atraentemente próxima, mas que, ao fim e ao cabo, é inacessível. Incongruência que chega a ser brutal: em Utopia, que se diz uma sociedade igualitária, existem escravos. Alguns condenados judicialmente e também inimigos derrotados. Ninguém aventa que seja uma forma de instituir uma força de mão de obra suplementar. Pode ser um paradoxo que após a sua acolhida inicial, em 1516, tivesse que esperar quatro séculos para assumir a importância atual. Marx e Engels incluíram o nome de Morus entre as figuras fundadoras do comunismo na Inglaterra. 

Os dados que embasam esta coluna e as que se sucederem fora extraídos do livro “UTOPIA” escrito por Dominic Baker-Smith, com tradução de Denise Bottmann.
Nesta primeira coluna garimpei na “Introdução” assinada pelo autor, nas demais serão priorizadas informações constantes na obra em si.

Comentário do colunista: Como o próprio autor admite, para existir uma sociedade utopiana faz-se necessária a existência de seres perfeitos e dispostos a seguir as regras vigentes. Ora os humanos são caracterizados por possuírem o livre-arbítrio e cada um é singular, diferente de qualquer outro da espécie. Uma sociedade descrita em Utopia floresce em nosso planeta apenas em alguns animais gregários, como as abelhas e formigas. Nas colmeias, por exemplo, existem apenas a abelha-rainha, as operárias e os zangões. Cumprem suas funções sem tergiversar há milhares de anos e assim continuarão. Eventuais mudanças são ocasionadas por alterações no meio-ambiente, quando se fazem necessárias adaptações. Fora disso, o instinto é o único fator que rege as comunidades.                                                                                                                                             “É a geração de riquezas que permitirá aprofundar valores democráticos de liberdade e justiça. Necessária, assim a contenção de sofismas sobre a perfeição humana. A vida corre num campo social desarmônico, repleto de virtudes e vícios. Requer-se estabelecer a autoridade “moral” pelo mérito e esforço individual da conquista de conhecimento e prudência”. (Alex Pipkin, professor, doutor e consultor empresarial – Zero Hora, 05/12/2018) 

Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

domingo, 10 de março de 2019

O FUTURO JÁ CHEGOU 3




Coluna publicada em "www.litoralmania.com.br" - 09/03/2019


PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira                                   
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura.

O FUTURO QUE JÁ CHEGOU (3)

Terapia genética
Engenharia Genética é o ramo da ciência que consegue reunir diversas técnicas para fins de manipulação dos genes de qualquer organismo a partir de experimentos artificiais. Esse processo de manipulação faz com que tais elementos sejam duplicados, transferidos ou mesmo isolados dos genes originais. Pode ser utilizada para modificar as características genéticas de qualquer ser vivo.    Organismos geneticamente modificados são conhecidos e utilizados tanto para a agricultura, pecuária, alimentação, como para a obtenção de vacinas e drogas farmacêuticas, amplamente usadas e com resultados extremamente eficazes. Vacinas como a H1N1, nossa conhecida e a insulina, indispensável para a sobrevida de diabéticos prescindem de quaisquer comentários quanto à sua eficácia e imprescindibilidade.
Um organismo é chamado de transgênico quando é feita uma alteração no seu DNA - que contém as características de um ser vivo. Por meio da engenharia genética genes são retirados de uma espécie animal ou vegetal e transferidos para outra. Esses novos genes introduzidos quebram a sequência de DNA que sofre uma espécie de reprogramação sendo capaz, por exemplo, de produzir um novo tipo de substância diferente da que era produzida pelo organismo original.

É importante saber que um dos grandes feitos da engenharia genética é a manipulação dos genes com o objetivo de curar doenças genéticas, conhecida como terapia gênica ou geneterapia. Essa terapia consiste no uso da engenharia genética para tratar as pessoas portadoras de doenças, deficiências ou danos, com o desejo de restaurá-las para o estado normal de saúde.
A terapia genética, ou gênica, é um tratamento inovador que utiliza modificações dos genes para tratar uma doença e pode, no futuro, ser a cura de diversas doenças genéticas e, até mesmo do câncer.
Este tipo de terapia consiste, principalmente, em provocar mudanças no DNA nas células afetadas pela doença e ativar as defesas do corpo para reconhecerem os tecidos danificados e conseguirem eliminá-los, o que é feito com a injeção, no organismo do paciente, de tecidos ou vírus geneticamente modificados.
As doenças que podem vir a ser tratadas desta forma são aquelas que envolvem alguma alteração no DNA, como o câncer, doenças autoimunes, diabetes, epilepsia, dentre outras doenças degenerativas ou genéticas, entretanto, em muitos casos ainda estão em fase de testes. 




A terapia genética consiste no uso de genes em vez de medicamentos para tratar doenças. Ela é feita alterando-se o material genético do tecido comprometido pela doença por outro que seja normal. A forma mais comum de se conseguir realizar esta alteração é através de um método chamado ex-vivo, que é feita seguindo os seguintes passos:
1.     Coleta-se uma amostra do tumor ou tecido do órgão afetado;
2.     Localiza-se o local do DNA que está alterado na doença;
3.     São obtidos fragmentos de DNA que contém a informação correta e são colocados dentro do material genético de um vetor, que pode ser um vírus;
4.     Injeta-se o novo vírus geneticamente modificado na amostra de tecido doente (o vírus também é alterado para não provocar doenças);
5.     O tecido com o novo material genético é introduzido no organismo, para que assim as células passem a se comportar de forma saudável, corrigindo o defeito genético.
Além disso, outra forma de terapia gênica, menos utilizada, é chamada de método in-vivo, é feita injetando-se o tecido com material genético modificado diretamente no organismo, sem necessidade de passar por uma amostra fora do corpo.
Doenças que a terapia gênica pode tratar
A terapia gênica é promissora para o tratamento de qualquer doença genética, entretanto, somente para algumas já pode ser realizada ou está em fase de testes. Alguns tratamentos disponíveis incluem:
·         Tratamento do câncer, principalmente leucemias, linfomas, melanomas e sarcomas.
·         Doenças causadas por mutações genéticas, como deficiência de adenosina deaminase, leucodistrofia metacromática ou síndrome de Wiskoff-Aldrich, por exemplo.
Este tipo de terapia também é promissora ao tratamento de outras doenças, como HIV, hemofilia, doença de Parkinson, além de diversas doenças auditivas ou visuais, entretanto, ainda não está disponível nos centros médicos do Brasil, pois é cara e necessita de uma tecnologia avançada.
Terapia genética contra o câncer
A terapia genética para tratamento do câncer já é realizada em alguns países, e pretende ser iniciada no Brasil. É particularmente indicada para casos específicos de leucemias, linfomas, melanomas ou sarcomas, por exemplo. 
Este tipo de terapia consiste, principalmente, em ativar as células de defesa do corpo para reconhecerem as células tumorais e conseguirem eliminá-las, o que é feito com a injeção de tecidos ou vírus geneticamente modificados no organismo do paciente.
Acredita-se que, futuramente, a terapia gênica se torne mais eficiente e substitua os tratamentos atuais para o câncer, entretanto, como ainda é cara e necessita de uma tecnologia avançada, é preferencialmente indicada em casos que não respondem ao tratamento com quimioterapia, radioterapia e cirurgia. 

Em três colunas me propus apresentar algumas das últimas descobertas da ciência médica utilizadas no abrandamento dos sofrimentos causados por moléstias que sempre existiram e outras derivadas do nosso modo de viver, dinâmico, agitado e, por vezes, descontrolado. Como complemento, a cura com retorno ao estado sadio. Algumas dessas terapias ainda estão em fase experimental enquanto outras, mais ousadas e complexas, pertencem ao futuro. Esperamos que próximo.
                                                           
Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

O FUTURO JÁ CHEGOU 2




Publicado em "www.litoralmania..com.br" -


PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

0 FUTURO QUE JÁ CHEGOU (2)
Tireoide
A tireoide é uma glândula que regula a função de órgãos importantes como o coração, o cérebro, o fígado e os rins. Ela produz os hormônios T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina). Dessa forma, garante o equilíbrio do organismo. A glândula possui forma de borboleta  e se localiza na parte anterior do pescoço, logo abaixo do Pomo de Adão. Ela atua diretamente no crescimento e desenvolvimento de crianças e de adolescentes, na regulação dos ciclos menstruais, na fertilidade, no peso, na memória, na concentração, no humor e no controle emocional.                                                                                                                                   Quando a tireoide não funciona corretamente, pode liberar hormônios em quantidade insuficiente (hipotireoidismo) ou em excesso (hipertireoidismo). Nos dois casos aumenta o volume da glândula, o que é conhecido como bócio. Esses problemas podem ocorrer em qualquer etapa da vida e são simples de se diagnosticar. Ter um bócio não significa necessariamente que sua glândula tireoide não está funcionando normalmente. Mesmo quando está ampliada, sua tireoide pode produzir quantidades normais de hormônios.
O iodo é indispensável para que a glândula tireoide possa sintetizar e liberar na circulação os seus hormônios. O consumo de sal iodado, instituído em 1995, através de um decreto-lei obrigou empresas que acrescentassem iodo ao sal para ajudar a evitar os males da tireoide. O Programa Nacional de sal iodado passou a funcionar muito bem, suprindo toda a população brasileira e praticamente erradicou o bócio” informa o médico Geraldo Medeiros, professor do Departamento de Clínica Médica (Endocrinologia) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e presidente do Instituto da Tireoide. "Sem o iodo a população pode passar a apresentar distúrbios como o bócio; o nascimento de crianças com deficiência de tireoide, que podem levar a surdo-mudez, e debilidade mental", explica.  




       
A introdução compulsória de iodo no sal comercializado teve um êxito que suplantou as mais otimistas expectativas. Pessoas portadoras de bócio, como a da fotografia, eram corriqueiras. No Brasil, a taxa de prevalência era de 20,7% em 1955, passou para 1,4% em 2000 e continua em franco declínio.                                                                                               No Brasil o sal de cozinha apresenta uma quantidade entre 15mg/kg e 45mg/kg, não deve ser aumentada porque em excesso o iodo causa danos à saúde.                                                                                                                 

Iodoterapia para Câncer de Tireoide


Parti
A glândula tireoide absorve praticamente todo o iodo presente no sangue. Quando uma dose de iodo radioativo, conhecida como I-131, é administrada, pode destruir células cancerígenas da tireoide, com pouco ou nenhum efeito colateral para o corpo. Este tratamento pode ser utilizado para a ablação de qualquer tecido de tireoide remanescente da cirurgia ou para tratar o câncer que se disseminou para os gânglios linfáticos ou outros órgãos.
A maioria dos médicos também recomenda que o paciente siga uma dieta pobre em iodo durante 1 ou 2 semanas antes do tratamento. Isso significa evitar os alimentos que contêm sal iodado e corante vermelho, assim como produtos lácteos, ovos, marisco, e soja.
Vírus no tratamento do câncer
Uma cepa de vírus da herpes modificado é inofensivo para células normais mas, quando injetado em tumores se replica e libera substâncias que ajudam a combater o câncer. Uma versão geneticamente modificada do vírus que causa herpes pode curar câncer de pele, de acordo com pesquisadores. "Quando o vírus da herpes infecta uma célula ele cresce dentro dela e a faz explodir, infectando as células ao redor. Por isso sobrevém uma ferida, são as células do câncer morrendo na sua pele", explica Richard Marais, do Cancer Research UK.
"Os vírus foram modificados de três maneiras: Primeiro, fizeram com que parasse de causar herpes. Segundo, fizeram com que crescesse apenas nas células cancerígenas. Por último, fizeram eles serrem atraentes para o sistema imunológico. Por isso, quando injetados em um tumor, eles matam o tumor e ativam o sistema imunológico, que caça outros tumores para matá-los", conclui.                                                                                                                                                A técnica poderá ser usada, no futuro, para combater outros tipos de câncer.                                                                                    O estudo é o maior teste aleatório de um vírus anticâncer e envolveu 436 pacientes de 64 centros nos Estados Unidos, Reino Unido, Canadá e África do Sul em melanomas malignos inoperáveis.                                                                                        "Há um crescente entusiasmo com o uso de tratamentos virais como T-Vec para o câncer, porque eles podem lançar um ataque duplo nos tumores - matando células cancerígenas diretamente e colocando o sistema imunológico contra elas", diz o coordenador dos testes no Reino Unido, Kevin Harrington, do Instituto de Pesquisa do Câncer, em Londres.
CIENTISTAS DA USP MOSTRAM QUE VÍRUS DA ZIKA PODE SER USADO PARA ELIMINAR CÂNCER CEREBRAL                                                                                                                      Conhecido por destruir células-tronco do cérebro em formação, provocando problemas neurológicos como a microcefalia, o vírus da zika também tem a capacidade de destruir de forma seletiva as células de tumores do sistema nervoso central.                                                                                                         Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) mostra que o vírus da zika é capaz de infectar e matar as células de tumores cerebrais com grande eficácia, sem causar danos às células saudáveis. De acordo com os autores da pesquisa, os resultados sugerem que, no futuro, vários tipos de tumores agressivos do sistema nervoso central poderiam ser tratados com algum tipo de abordagem envolvendo o uso do vírus da zika, conhecido por sua preferência por atacar células do cérebro em formação. Segundo eles, os mesmos mecanismos que dão ao vírus a capacidade de causar problemas neurológicos graves como a microcefalia também permitem que ele ataque seletivamente as células de câncer no cérebro.                                                                                           Realizada por cientistas do Centro de Estudos do Genoma Humano e Células-Tronco da USP, sob coordenação da geneticista Mayana Zatz, a pesquisa teve seus resultados publicados nesta quinta-feira, 26, na revista científica Cancer Research, da Associação Americana para a Pesquisa do Câncer.


Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado