segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

DOAR É LEGAL

 


DOAR É LEGAL

Quando se aventa o termo “doação, imediatamente pensamos em doação de órgãos, assunto

que merece os maiores encômios e ”constantemente é solicitado que façamos, lembrando que

doamos parte de nós (não mais necessários) para salvar vidas que necessitam. Louvemos os que

o fazem em vida e roguemos aos familiares não se oporem.

Ampliemos o espectro das possibilidades várias e veremos o quanto isso pode representar em

benefício dos nossos contemporâneos necessitados.

Ater-me-ei apenas a algo que já nos meus tempos de universitário, nos anos 1950, foi intentado

no Rio Grande do Sul: hotéis, restaurantes, o povo em geral foram estimulados a doarem sobras

alimentares – SOBRAS, não restos – que de outra maneira seriam descartadas, para pessoas

que têm deficiências alimentares. Acabou não prosperando por diversos motivos, sendo o

principal a mecânica de distribuição sem riscos de contaminação. Lembro que a Associação

Leopoldina Juvenil pretendia doar os perus de Natal que não eram consumidos. Não se

concretizou pelos empecilhos apostos.

HOSANA! ALELUIA! Está sendo proposta, pelo Decreto Estadual nº 57.180, de 10 de setembro

de 2023, a doação de alimentos industrializados ou processados “in natura”. Poder-se-ia

comparar à parábola da Volta do Filho Pródigo, Lucas: 15-11-32, eternizada por Rembrandt na

tela exposta no Museu Hermitage, em São Petersburgo.

Que outras boas ideias, atualmente sejam revividas.     

Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

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quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

CUIDADOS PALIATIVOS

 


PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira

Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

 

CUIDADOS PALIATIVOS

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 56 milhões de pessoas em todo o mundo necessitem de cuidados paliativos, mas apenas 10% têm acesso a eles. Esclarecemos: cuidados paliativos se referem a uma abordagem multidisciplinar para tratar pacientes que estão passando por doenças que ameaçam a vida e requerem procedimentos no sentido de minimizar seu sofrimento e o dos familiares, embora não se destinem a tratar a doença em si. Muitas vezes, em casos de câncer, por exemplo, o paciente se encontra em estado terminal e o objetivo se destina a aliviar o sofrimento. É aplicado para quem não tem mais perspectivas de cura. Também é recomendado para terapias com expectativa de longa duração. Destinadas a oferecer melhor qualidade de vida, na verdade ajuda a viver com dignidade, inclusive proporcionando suporte emocional para o paciente e familiares. Não visam a cura da doença, mas ao cuidado a ser prestado ao enfermo no fito de melhorar a convivência com a doença.

Para melhor compreendermos o significado dos cuidados paliativos devemos levar em consideração que tanto os enfermos como seus familiares merecem que sejam executados todos os esforços possíveis no sentido de amenizar as agruras incontornáveis. Esses cuidados desempenham um papel fundamental na assistência moderna à saúde e implementar esta possibilidade é fundamental para que as pessoas possam enfrentar as agruras da maneira o mais suave possível.

No Brasil existe uma falta considerável de equipes e instituições especializadas o que ocasiona uma procura por vezes improfícua e frustrante impedindo um atendimento humanizado.

O Alzheimer, doença progressiva que destrói a memória e outras funções mentais importantes fazendo com que as conexões cerebrais degenerem requer um diagnóstico médico, não exige exames laboratoriais ou de imagem, é crônica, pode durar anos e não tem prognóstico favorável para uma recuperação, mesmo parcial.

Os lapsos de memória que prejudicam o dia a dia, como esquecimentos os mais triviais, esquecer compromissos e datas importantes, perda da memória recente e mesmo esquecer palavras simples do vocabulário podem se exacerbar durante anos. Causa um impacto na qualidade de vida e uma dificuldade crescente no convívio com os familiares. A internação em clínicas especializadas costuma ser a solução irrecorrível. Quando não existem mais expectativas de cura, permitir um declínio irrecorrível, porém que possibilite um término humanizado é, sem dúvida, uma opção digna.

Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado


segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

AUSTERICÍDIO

 

PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira

Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

 

AUSTERICÍDIO

Em entrevista ao jornal “O Globo”, Fernando Haddad reclamou que líderes do PT festejaram os bons resultados na economia em 2023 mas não corrigiram uma acusação que o contrariou, a de “austericida”. Explicou: austericida foi um termo usado em documento do PT no ano passado para definir um suicídio político por meio da prática da austeridade.

“Correntes petistas ainda não processaram a relação de causa e consequência entre o excesso de gastos do passado e a crise econômica que sucedeu. Economistas do mercado, por outro lado, criticam ter Haddad baseado o ajuste fiscal em aumento de receita em vez de aceitar maiores cortes nas despesas. Lula declarou peremptoriamente a desnecessidade de haver déficit zero em 2024” (Zero Hora, 4/1/24).

No final do ano de 2023, Lula vetou a desoneração da folha para retornar à tributação gradual da folha de pagamento das empresas, ato mal recebido pelo Congresso, que vetou por ampla maioria. Senadores estão propensos a resistir à nova MP que retoma a forma anterior de cobrança. Tomando como base a folha de pagamento. São grandes as possibilidades de mais uma derrota do governo.

Em dezembro de 2023 o Congresso derrubou o veto de Lula ao marco temporal para demarcação de terras indígenas tomando por base a situação estabelecida na época da aprovação da Constituição Federal 5 de outubro de 1988. Lula também vetou a obrigatoriedade do empenho de recursos para o pagamento de emendas impositivas até 30 dias da divulgação da proposta. Esse item foi duramente contestado por retirar do governo o poder de definir o fluxo de liberação de emendas e os beneficiários, independente de partidos, da base governamental ou da oposição. Ao longo de 2023 o Executivo usou as emendas como moeda de troca à véspera de votações importantes para o governo. Em 2024 haverá um número recorde de emendas, alcançarão um volume de R$53 bilhões. 

O presidente da Câmara de Deputados, Arthur Lira, reafirmou alto e bom som que cabe ao Congresso Nacional o papel de legislar no país. Lembremos os inúmeros qui-pro-quos que ocorreram no ano de 2023 devido às intervenções feitas pelo STF contrariando decisões do Congresso.

Geraldo Alkmin, o vice-presidente, negou que haja uma queda de braço entre o governo e o Congresso Nacional.

O relator da LDO da Câmara, deputado Danilo Forte (União-Brasil CE) está convencido que os vetos de Lula serão derrubados.

A situação lembra o “Samba do crioulo doido” (Stanislaw Ponte Preta) na interpretação dos Demônios da Garoa.

Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista