Coluna publicada em "www.litoralmania.com.br" - 07/06/2018
http://www.litoralmania.com.br/justica-e-misericordia-2-jayme-jose-de-oliveira/
“Por
mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.
JUSTIÇA&MISERICÓRDIA
– 2
Justiça sem misericórdia não é justiça plena,
justiça sem discernimento é a antecâmara do caos. Na
coluna anterior baseei os conceitos no livro “O Nome de Deus é Misericórdia”
escrito por Angela Tornelli que, por sua vez, foi inspirada nos encontros
protagonizados pelo papa Francisco. Sua Santidade se notabiliza pela nobreza de caráter e a infinita
tendência em entender – e perdoar – os humanos que, mesmo agindo “fora da
curva”, o fazem por princípios inerentes à sua formação, fisiologia, conceitos,
desde que se vislumbre um átimo de determinação para corrigir deslizes
porventura cometidos. Características individuais que fogem ao domínio pessoal
são consideradas como direito, PORÉM, e nisso é INTRANSIGENTE, não compactua
com atos inadmissíveis sob qualquer ângulo que se observe. Autoridades
eclesiásticas que nunca haviam sido execradas, sequer expostas o FORAM, e de
maneira peremptória. A usual transferência de paróquia ou posto, por mais alto
que fosse, foi varrida definitivamente.
O número
três do Vaticano, o cardeal George Pell, acusado de pedofilia, com seu retorno
à Austrália provocou tormento na Santa Sé. Provavelmente não retornará a Roma.
Era um dos mais próximos colaboradores do papa Francisco, que defende a “tolerância
zero” e recomendou aos bispos que protegeram pedófilos que renunciassem. O
presidente da Conferência Episcopal da França, país manchado por escândalos,
ressaltou recentemente que NADA poderia isentar a Igreja de AJUDAR A JUSTIÇA na
luta contra o abuso sexual. No dia 18/5/2018, 34 bispos chilenos ofereceram suas
renúncias ao papa Francisco em consequência dos escândalos recentes de abuso
sexual e acobertamento dos crimes pela Igreja Católica chilena. O grupo
anunciou a decisão ao final de uma reunião emergencial com o pontífice. O ato
marca a primeira vez em toda a história que uma conferência nacional de bispos
oferece renúncia coletiva. A questão revela a devastação que os abusos sexuais
causaram à Igreja Católica no Chile. As demissões foram solicitadas após a
divulgação dos detalhes de um relatório de 2.3000 páginas, produzido pelo
Vaticano sobre os casos. Nas conclusões do papa sobre o documento, ele acusa os
bispos de destruir provas dos crimes, pressionar os investigadores para
minimizar as acusações e de cometer “graves negligências” na proteção das
crianças contra padres pedófilos. Afirma ainda que toda a hierarquia católica chilena é
coletivamente responsável por “defeitos graves” no tratamento dos casos e que,
por conta disso, a Igreja Católica sofreu as consequências. “Ninguém pode se
eximir e colocar o problema sobre os ombros dos outros”, disse o pontífice no
documento, que foi divulgado pelo canal chileno T13 e confirmado como
verdadeiro pelo Vaticano.
Outro setor que não encontra abrigo no
guarda-chuva da misericórdia é o dos corruptos. Corruptos não têm
arrependimento, sempre reincidem e em o fazendo, não merecem leniência, muito
menos perdão. A
misericórdia de Deus, contudo, não desconsidera o perdão daqueles que, sincera
e plenamente se arrependam e abandonem sua trilha infame. Madre Teresa de
Calcutá afirmou: “Vencedor não é aquele que sempre vence, mas aquele que nunca
pára de lutar”. Acresço: também o que retorna ao caminho certo e nele
permanece. Jesus disse que não veio para os justos, mas para os pecadores, esses
são os que necessitam resgate e cada pecador que reingressa no convívio da
sociedade é um passo em direção ao destino que Deus nos destinou.
A grande virtude de Jesus era escutar a voz
das ruas. As pessoas procuram, sobretudo, alguém que as escute; alguém disposto
em dar seu tempo para ouvir seus dramas, suas dificuldades. Psicólogos,
confessores, psiquiatras, pais, mestres são procurados e QUANDO NÃO OS
ENCONTRAM, escutam vigaristas e trapaceiros. Políticos demagogos sabem
aproveitar essa necessidade para proveito próprio. QUANDO NÃO TEM ACESSO A OUVIDOS HONESTOS,
PESSOAS DÃO OUVIDOS AOS DESONESTOS.
O confessionário, porém, e seus congêneres
laicos, não deve ser uma lavanderia. Os que acreditam que para resgatar o
pecado – e símiles - basta ir à “lavanderia” para lavar a seco e tudo limpa são
hipócritas. Mas o pecado é mais que uma nódoa, é uma ferida que tem de ser
tratada e medicada. E isso demanda tempo, vontade, causa desconforto e dor, mas
é necessário. Você chega a pensar: “Não suporto mais”, mas tem de prosseguir,
retomar o caminho. Para
que se possa redimir é necessário, antes de tudo, reconhecer que errou, sem
isso não é possível reabilitação. Corruptos e psicopatas não reconhecem seus
erros, julgam sempre que desvios são atalhos permissíveis e até necessários. Se
houver fracasso, a culpa é SEMPRE dos outros, NUNCA própria.
A recente greve dos caminhoneiros trouxe à
baila os limites admissíveis do direito à greve. A Igreja Católica não é, em
princípio, contrária à greve, desde que ocorra dentro do princípio da moral e
respeito à legislação vigente. É preciso ponderar muito os benefícios e os
prejuízos ao bem comum. Como será a vida da comunidade durante e depois da
greve? É reivindicação pura de uma categoria de trabalhadores ou estes são mera
massa de manobra de líderes perversos e, portanto, inescrupulosos com interesses
escusos? Quem realmente lucra com a confusão causada por uma greve de grandes
proporções? A partir do momento em que se usa coação física e o outro fica
impedido de agir livremente ou há sabotagem e depredação de bens públicos e/ou
privados, a greve perde sua legitimidade e se torna pecado.
Como fecho, Martin Luther King: “Aprendemos a
voar como os pássaros e nadar como os peixes, mas não aprendemos a conviver
como irmãos”.
Jayme José
de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado
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