AUTOSSABOTAGEM
Por Jayme José de Oliveira
Publicado por Rogério
Reinheimer Bernardes em 11/08/2015 as 11:38
Os 851 bilhões da dívida – interna
mais externa, acumulados em 180 anos, desde a Proclamação da Independência,
ultrapassando 2 guerras mundiais, a construção de Brasília e uma hiperinflação
– em escassos 8 anos catapultaram para 1,89 trilhão e, agora, seis anos adiante
ruma para 2,5 trilhões. A taxa Selic em 14,25% representa um dispêndio de
365,25 bilhões/ano em juros, 1 bilhão de reais diários, sem amortização do
principal. Conseguiremos sobreviver ou nos encaminhamos para uma nova Grécia?
Presenciamos no Brasil atual um
pronunciado déficit de lideranças políticas e as que se apresentam, ou
demonstram falta de discernimento, leniência e até comprometimento com os
malfeitos ou, partindo da oposição, não surgem como indubitavelmente capazes
de, ao assumirem as rédeas, corrigir a rota que ruma ao desastre. O iceberg nem
está tão oculto pelo nevoeiro e o Titanic ruma inconsequentemente ao seu
encontro, que será fatal.
Nações só descem realmente ao
inferno quando elites complacentes operam no vácuo da falência múltipla das
instituições”. (Marcos Troyjo, diretor do BRIC Lab da Universidade de
Colúmbia).
“O inferno são os outros” dizia
Sartre, o Brasil não pode afirmar o mesmo. Suas agruras são majoritariamente
frutos dos próprios pecados. O Brasil tem de por fim à autossabotagem.
Ocorreram e são do domínio público,
malfeitos cuja responsabilização amodorrou-se nos inúmeros recursos disponíveis
a quem pode contratar advogados capazes e dispostos a utilizar todos os
artifícios pródigos nos meandros da legislação vigente, inclusive a renúncia de
cargos eletivos com o intuito de retroagir às primeiras instâncias. Tudo com a
finalidade de postergar o julgamento ou caducar por decurso de prazo. O dito
“mensalão mineiro” é um exemplo. Outros, quando julgados pelo STF após anos de
tramitação, recebem penas de curta duração e logo, logo, estão livres, lépidos
e fagueiros. A Ação Penal 470 resultou nisso.
Agora, o Petrolão amalgama
dirigentes da estatal, doleiros, empreiteiras – com seus mais altos
representantes -, paraísos fiscais e políticos dos mais diversos partidos e
graduações.
Já são 17 etapas da Lava-Jato e na
última, reincidente volta a ser indiciado e preso. Pasmem! Lucubra-se que não
vai parar por aqui e o que se vislumbra causa calafrios.
Ressalto que, desta vez, não
restringindo a origem dos indiciados se comprova o quanto está disseminado o
despautério.
Jayme José de Oliveira – cdjaymejo@gmail.com
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