quarta-feira, 8 de julho de 2015

ENCÍCLICA LAUDATO SI'



Encíclica ‘Laudato si’ – Por Jayme José de Oliveira

Jayme José de Oliveira
Jayme José de Oliveira
O Vaticano divulgou na manhã de 18/06/2.015 a nova Encíclica do Papa Francisco, “Laudato si – sobre o cuidado da casa comum”. O texto trata da ecologia humana e o clima está no centro das preocupações apresentadas pelo pontífice.  Além disso, são apontadas as problemáticas e desafios de preservação e prevenção, como também aspectos da proteção à criação e questões como a fome no mundo, pobreza, globalização e escassez.
Este é o primeiro documento escrito integralmente pelo pontífice. Em 2013, no início do pontificado do Papa Francisco, o primeiro documento publicado foi “Lumen Fidei”, que já tinha sido iniciado pelo papa emérito Bento XVI.
Ao final da Audiência Geral do dia 17/06/2.015, o Papa Francisco disse que a Terra tem sido maltratada e saqueada. “Esta nossa casa está sendo arruinada e isso prejudica a todos, especialmente os mais pobres. Portanto, o meu apelo é à responsabilidade, com base na tarefa que Deus deu ao ser humano na criação: cultivar e preservar o jardim em que Ele o colocou. Convido todos a acolher com ânimo aberto este Documento, que está em sintonia com a Doutrina Social da Igreja”, exortou Francisco.
A nova Encíclica é composta por seis capítulos, são eles: “O que está a acontecer à nossa casa”, “O Evangelho da criação”, “A raiz humana da crise ecológica”, “Uma ecologia integral”, “Algumas linhas de orientação e ação” e “Educação e espiritualidade ecológicas”.
Ao longo do texto, o papa convida a ouvir os gemidos da criação, exortando todos a uma “conversão ecológica”, a “mudar de rumo”, assumindo a responsabilidade de um compromisso para o “cuidado da casa comum”.
À primeira vista a Encíclica se apresenta como um anátema aos esforços do homem em modificar a natureza com fim de agregar mais, melhores e mais lucrativos produtos para comercialização e consumo. Para tanto, seriam desconsideradas as mais comezinhas precauções em preservar o meio ambiente nas condições ideais tornando, a médio e longo prazos, a habitabilidade do planeta comprometida em definitivo.
Agricultura em larga escala, organismos geneticamente modificados, poluição por queima de combustíveis fósseis, degradação da terra, do ar e dos sistemas hídricos seriam um resultado inevitável.
Por outro lado, apenas as nações mais ricas e desenvolvidas usufruiriam as benesses desse “progresso”, enquanto os pobres seriam cada vez mais espezinhados e destinados a uma sobrevivência em condições sub-humanas.
Nada mais falso, o Papa Francisco que afirmou com a convicção oriunda do seu profundo conhecimento que o Big-Bang não contraria os cânones da Igreja e que ciência e religião não são antípodas mas complementares, jamais cometeria a heresia de condenar o progresso que, em última análise, desde já e cada vez mais, labora na melhoria das condições de vida de TODOS. Apenas para exemplificar, foi a ciência que nos trouxe os medicamentos mais diversos, desde os fitoterápicos até os transgênicos (vacina H1N1, insulina, etc.), os meios de locomoção, os alimentos abundantes para saciar a fome que o malthusianismo apregoava como irreversível, o lazer, etc.
Para possibilitar uma análise racional da encíclica destaco alguns tópicos e, no final, um link que permite o acesso na íntegra.
Lembro um pensamento do Papa Francisco: “SE O MAL É CONTAGIOSO, O BEM TAMBÉM O É. DEIXEMO-NOS CONTAGIAR PELO BEM”.
“Ajudar os pobres com o dinheiro deve ser sempre um remédio provisório para enfrentar emergências. O verdadeiro objetivo deveria ser consentir-lhes uma vida digna através do trabalho”.
“Com o suor do teu rosto comerás o teu pão, até que retornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó e em pó te tornarás”. (Genesis – 3.19)
  1. Finalmente reconhecemos, a propósito da situação e das possíveis soluções, que se desenvolveram diferentes perspectivas e linhas de pensamento. Num dos extremos, alguns defendem a todo o custo o mito do progresso, afirmando que os problemas ecológicos resolver-se-ão simplesmente com novas aplicações técnicas, sem considerações éticas nem mudanças de fundo. No extremo oposto, outros pensam que o ser humano, com qualquer uma das suas intervenções, só pode ameaçar e comprometer o ecossistema mundial, pelo que convém reduzir a sua presença no planeta e impedir-lhe todo o tipo de intervenção. Entre estes extremos, a reflexão deveria identificar possíveis cenários futuros, porque não existe só um caminho de solução. Isto deixaria espaço para uma variedade de contribuições que poderiam entrar em diálogo a fim de se chegar a respostas abrangentes.
  2. Não somos Deus. A terra existe antes de nós e nos foi dada. Isto permite responder a uma acusação lançada contra o pensamento judaico-cristão: foi dito que a narração do Génesis, que convida a “dominar” a terra (Genesis – 1.28), favoreceria a exploração selvagem da natureza, apresentando uma imagem do ser humano como dominador e devastador. Mas esta não é uma interpretação correta da Bíblia, como a entende a Igreja. Se é verdade que nós, cristãos, algumas vezes interpretamos de forma incorreta as Escrituras, hoje devemos decididamente rejeitar que, do fato de sermos criados à imagem de Deus e do mandato de dominar a terra, se deduza um domínio absoluto sobre as outras criaturas.
 A liberdade humana pode prestar a sua contribuição inteligente para uma evolução positiva, como pode também acrescentar novos males, novas causas de sofrimento e verdadeiros atrasos. Isto dá lugar à apaixonante e dramática história humana, capaz de transformar-se num desabrochar de libertação, engrandecimento, salvação e amor, ou, pelo contrário, num percurso de declínio e mútua destruição.
  1. Deus escreveu um livro estupendo, cujas letras são representadas pela multidão de criaturas presentes no universo. O sol e a lua, o cedro e a florzinha, a águia e o pardal. O espetáculo das suas incontáveis diversidades e desigualdades significa que nenhuma criatura se basta a si mesma. Elas só existem na dependência umas das outras, para se completarem mutuamente no serviço umas das outras.
  2. Cada camponês tem direito natural de possuir um lote razoável de terra onde possa estabelecer o seu lar, trabalhar para a subsistência da sua família e gozar de segurança existencial. Este direito deve ser de tal forma garantido que o seu exercício não seja ilusório mas real. Isto significa que, além do título de propriedade, o camponês deve contar com meios de formação técnica, empréstimos, seguros e acesso ao mercado.
É justo que nos alegremos com estes progressos e nos entusiasmemos à vista das amplas possibilidades que nos abrem estas novidades incessantes, porque “a ciência e a tecnologia são um produto estupendo da criatividade humana que Deus nos deu”. [81] A transformação da natureza para fins úteis é uma característica do gênero humano, desde os seus primórdios e assim a técnica “exprime a tensão do ânimo humano para uma gradual superação de certos condicionamentos materiais”. [82] A tecnologia deu remédio a inúmeros males que afligiam e limitavam o ser humano. Não podemos deixar de apreciar e agradecer os progressos alcançados especialmente na medicina, engenharia e comunicações. Como não havemos de reconhecer todos os esforços de tantos cientistas e técnicos que elaboraram alternativas para um desenvolvimento sustentável?
  1. É difícil emitir um juízo geral sobre o desenvolvimento de organismos modificados geneticamente (OMG), vegetais ou animais, para fins medicinais ou agropecuários, porque podem ser muito diferentes entre si e requererem distintas considerações. Além disso, os riscos nem sempre se devem atribuir à própria técnica, mas à sua aplicação inadequada ou excessiva. Na realidade, muitas vezes as mutações genéticas foram e continuam a ser produzidas pela própria natureza. E mesmo as provocadas pelo ser humano não são um fenômeno moderno. A domesticação de animais, o cruzamento de espécies e outras práticas antigas universalmente seguidas podem incluir estas considerações. É oportuno recordar que o início dos progressos científicos sobre cereais transgênicos foi a observação de bactérias que, de forma natural e espontânea, produziam uma modificação no genoma dum vegetal. Mas, na natureza estes processos têm um ritmo lento que não se compara com a velocidade imposta pelos avanços tecnológicos atuais, mesmo quando estes avanços se baseiam num desenvolvimento científico de vários séculos.
  2. Devido à quantidade e variedade de elementos a ter em conta na hora de determinar o impacto ambiental dum empreendimento concreto, torna-se indispensável dar aos pesquisadores um papel preponderante e facilitar a sua interação com uma ampla liberdade acadêmica.
  3. Sabemos que a tecnologia baseada nos combustíveis fósseis – altamente poluentes, sobretudo o carvão, mas também o petróleo e, em menor medida, o gás – deve ser, progressivamente e sem demora, substituída.
Observação do colunista: Desde 1.961,a partir dos estudos do físico russo Lev Andreevich Artsinovich visando a utilização da fusão nuclear não poluente, livre de resíduos radioativos e com capacidade infinita de produzir energia a partir dos isótopos do hidrogênio (deutério e trítio) os progressos tem sido acelerados e podemos dizer que estamos no limiar de resolver o problema da energia limpa e inesgotável. O desenvolvimento do “TOKAMAK” é uma realidade mais próxima que se possa imaginar tornará obsoletos todos os métodos dependentes da queima de combustíveis fósseis. O TOKAMAK utiliza o mesmo princípio do sol para transformar matéria em energia, seguindo a Lei da Relatividade descoberta por Albert Einstein.
Jayme José de Oliveira – cdjaymejo@gmail.com


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