segunda-feira, 27 de julho de 2015

SE DEUS NÃO TIVESSE CRIADO O HOMEM




Se Deus não tivesse criado o homem – Por Jayme José de Oliveira


Jayme José de Oliveira
Jayme José de Oliveira
ASSIM CAMINHA A HUMANIDADE – VIII
Se Deus não tivesse criado o homem, o homem seria compelido a criar Deus!
Por quê?
E disse Deus: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra. (Gênesis, 26)
Qual foi o fator que o diferenciou dos outros seres vivos? A liberdade de agir de acordo com sua vontade e discernimento, o livre-arbítrio, que tanto pode ser usado para o bem como para o mal. No episódio que descrevo adiante, tanto poderia fugir apavorado – não o fez – como usar a potencialidade que lhe fora conferida pelo Criador e se perguntar quem era este Ser tão poderoso – optou pela segunda alternativa – e intuiu Deus.
Na coluna “Comunicação” (27/02/2014) gizei que as duas molas propulsoras da humanidade foram, e são, a curiosidade e a insatisfação. A primeira o impele a procurar respostas para tudo que não compreende e a segunda o instiga a não desistir até alcançar o objetivo.
Há 200.000 anos quando surgiu, vivia num ambiente hostil e, não fora seu cérebro, esta frágil criatura não teria sobrevivido e prosperado. Seria mais uma das inúmeras espécies mal sucedidas da criação que se extinguiram. Graças às suas características singulares inventou e aperfeiçoou armas de defesa e ataque, moldou o meio ambiente à sua vontade, necessidades e conveniências, suplantou todas as demais e é, indubitavelmente, o píncaro da criação.
A jornada foi difícil, áspera e plena de obstáculos. Os animais foram domados ou deles se manteve a salvo pela astúcia, fuga ou construindo abrigos. Aprendeu a cultivar os vegetais ampliando suas fontes alimentares permitindo fixar residência e formar comunidades estáveis. Deixou de ser nômade.
Desde as priscas eras analisava os fatos à sua maneira. Um raio incendiando uma árvore afugentava os animais, por mais fortes e bravios que fossem e isso encerrava o episódio. O homem, não!  Conhecia todos os perigos naturais, feras, precipícios, cataratas… mas aquela luz incandescente seguida dum estrondo que tudo destruíam estava fora de sua compreensão. Que poderia ser? Pela vez primeira não atinava com a resposta e isso o inquietava, constrangia, ele não admitia o desconhecimento.
Não conseguindo explicação plausível, concluiu ser algo acima de tudo que podia captar com seus sentidos. Surgiu a ideia do primeiro Deus, na mente do primeiro homem vivendo num aglomerado de seres da mesma espécie. Foi o primeiro, mas não o único. Todas as tribos, de todas as partes do mundo que se seguiram, mesmo isoladas como as na ilha da Páscoa, nas florestas da África e em outros rincões cultuaram seus deuses e os sacerdotes eram seus porta-vozes.
O inexplicável obtinha explicação e a curiosidade satisfeita. Surgiram as religiões. O politeísmo era a regra. Como muitos eram os mistérios, outros tantos os deuses. Foi na Grécia antiga que a mitologia atingiu seu esplendor, se não elaborou respostas para todas as questões, seguramente é a mais rica, estudada e reverenciada de todas. Deuses, semideuses, heróis, sílfides, nereidas, faunos e tudo o mais que puderam imaginar… nada ficou descuidado. Concomitantemente, a  ciência e a arte floresceram.
O monoteísmo surgiu depois, mas, até mesmo a Igreja Católica sinaliza para a Santíssima Trindade, um Deus em três pessoas, o Pai, o Filho e o Espírito Santo. O Judaísmo, o Islamismo, bem como algumas denominações cristãs não aceitam a doutrina trinitária.
Até o presente as perguntas não foram todas respondidas. Jamais o serão a pleno.
“Para cada resposta que obtemos nos surgem dez novas questões, mas o que nunca vai acabar é a procura do ser humano pelo conhecimento”. (Jayme J. de Oliveira)
“Mesmo quando era jovem, não conseguia acreditar que, se o conhecimento humano oferecesse perigo, a solução seria a ignorância. Sempre me pareceu que a solução tinha que ser a sabedoria. Qualquer avanço tecnológico pode ser perigoso, mas, os humanos não seriam humanos sem eles. (Isaac Asimov)
Com a evolução e o tempo o homo sapiens desvendou os segredos do raio e do trovão, dos vulcões, dos terremotos e da maioria dos fenômenos da natureza. O desconhecimento se deslocou para outros campos, mais complexos, mais intrigantes, porém a curiosidade com sua companheira inseparável, a insatisfação, continuam tão incrustados na mente humana como por ocasião da primeira dúvida e não cessarão jamais. É o que impulsiona o homo sapiens cada vez mais para o domínio do desconhecido mas não incognoscível.
Jayme José de Oliveira – cdjaymejo@gmail.com

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quarta-feira, 22 de julho de 2015

INOVAÇÕES PARA O DIA A DIA




Inovações para o dia a dia – Por Jayme José de Oliveira

Jayme José de Oliveira
Jayme José de Oliveira
ASSIM CAMINHA A HUMANIDADE – VII
Os passos trilhados pela humanidade compreendem inovações transcendentes pela sua praticidade. Apesar de não causarem o impacto do Tokamak (coluna anterior), por exemplo. Pode parecer para nós que estamos, por enquanto, razoavelmente abastecidos por serviços que atendem nossas necessidades básicas, ser de importância menor. Atentem, contudo, uma região castigada pela crônica falta d’água e assolada por doenças causadas pela inexistência de tratamento dos dejetos, tanto humanos como animais. A instalação dum “omniprocessador” descrito a seguir elevará seu IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) para um nível jamais sonhado.
O ritmo de inovações em estudo, prestes a ser ou já lançadas no mercado causaria espanto até a um frade de pedra. Os três produtos que abordaremos são exemplos paradigmáticos.
Poderiam, realmente, causar espanto até num frade de pedra, seguramente, contudo, abririam um amplo sorriso de gáudio na face do Papa Francisco. Na sua encíclica “Laudato Si” clama para que os mais abastados dediquem parte de suas atenções para minorar as penas dos necessitados e não cultuem apenas Baal – deus cananeu, o mais poderoso e gerador da fertilidade – e se disponham a espargir parte do muito que possuem para os desprovidos de quase tudo.
Ao se defrontar com a caridade de Bill Gates, certamente, sua alma se regozija e fica convicto que ainda há os que muito possuem e se aprazem em distribuir parte aos muitos que quase nada tem.
OMNIPROCESSOR
IN1IN2Para demonstração, o bilionário Bill Gates bebeu líquido que minutos antes de ser processado era cocô. Gosto de água diz, afirmando que é tão bom quanto o encontrado em garrafas.
Nos últimos anos, o fundador da Microsoft Bill Gates tem buscado, por meio da fundação que leva o seu nome, incentivar o desenvolvimento de tecnologias que solucionem alguns dos problemas enfrentados pelos países mais pobres do mundo, entre eles, o acesso à água potável. Levando o vídeo publicado na segunda-feira em seu blog em consideração, essa meta pode estar bem próxima de ser alcançada.
O vídeo mostra o filantropo testando uma engenhosa e gigante máquina batizada de Omniprocessor, criada pela empresa JanickiBioenergy. Nas imagens é demonstrado como a criação consegue transformar dejetos humanos em água potável. Ao fim, o próprio Bill Gates testa a engenhoca, bebendo um copo de água que até cinco minutos antes era parte de fezes.
“Eu assisti a uma pilha de fezes entrar na esteira da máquina e ser jogada dentro de uma lata grande. As fezes fizeram seu caminho através da máquina, sendo fervidas e tratadas. Alguns minutos depois eu tive uma prova do resultado final: um copo delicioso de água potável”, escreveu o magnata em seu blog. “A água era tão boa quanto qualquer outra que eu bebi de uma garrafa. E tendo estudado a engenharia por trás do processo, eu a beberia feliz todos os dias. Ela é tão segura assim”, completou.
Gates explica em seu texto que a máquina resolve dois grandes problemas em países em desenvolvimento: destino das fezes e falta de água potável. Usando a máquina, comunidades carentes poderão evitar que dejetos humanos sejam jogados em rios e terão uma fonte de água confiável, além de poder usufruir da energia criada pelo Omniprocessor. De acordo com os criadores da máquina, ela é capaz de criar 86 mil litros de água por dia, além de 150 kw de eletricidade, a partir de dejetos de 100 mil pessoas.
Financiado pela fundação de Gates, o Omniprocessor será levado para Dakar, no Senegal, neste ano para um projeto piloto que oferecerá água potável para a população local.
Minhas considerações:
Pode, à primeira vista parecer estranho, repugnante e até mesmo inconcebível admitir o consumo de água obtiva através de fezes, humanas ou de animais.
Nada mais falso e incongruente. Estamos sendo bombardeados continuamente com maciça propaganda nos induzindo a consumir alimentos produzidos através de técnicas orgânicas livres de agrotóxicos e adubos industrializados. Transgênicos, nem pensar. Como esses produtos hortifrutigranjeiros são adubados? Com fezes e o resultado da decomposição de restos orgânicos de todas as origens.
A natureza recicla os produtos da decomposição orgânica por meio de bactérias e com isso enriquece o substrato e a vida se renova ad aeternum.
Em vez de torcermos o nariz, aplaudamos freneticamente este miliardário, o homem mais rico do mundo, que já foi pobre e que distribui de maneira significativa parte de sua imensa fortuna para fundações em auxílio às comunidades carentes de todo o mundo. Sem distinguir raças, ideologias, religiões ou convicções políticas. Apenas tenta minorar o sofrimento de seres humanos.
DESTINO DE ALIMENTOS VENCIDOS
Supermercado Será abastecido energeticamente por comida estragada.
Toda a energia necessária para abastecer um supermercado da rede Sainsbury, na Inglaterra, será gerada pela queima de gás metano. O gás será produzido pela decomposição, num tanque, de alimentos vencidos, que atualmente vão parar no lixo.
BACTÉRIA TRANSGÊNICA IMPEDE A OBESIDADE
Micro-organismo criado por cientistas dos EUA envia sinais para o cérebro, freando o apetite e evitando o ganho de peso. Estima-se que 30% da população mundial (2,1 bilhões) está acima do peso.
Cientistas americanos acrescentaram um gene à bactéria “Escherichia coli” que faz parte da flora intestinal e é inofensiva. Graças a isso ela ganhou o poder de produzir “N-acilfosfatidiletanol”. Este hormônio é produzido pelo organismo humano e tem como função indicar para o cérebro que a pessoa comeu o suficiente.
Um grupo de ratos de laboratório recebeu a bactéria e comida à vontade. Depois de oito semanas os níveis de obesidade caíram e os ratos até começaram a perder peso. O hormônio induziu os ratos a comer menos, sem efeitos colaterais. Agora os pesquisadores querem testar a descoberta em humanos. Se ela funcionar, será possível criar uma bebida probiótica (tipo Actívia ou Yakult) que as pessoas beberiam para emagrecer.
Jayme José de Oliveira – cdjaymejo@gmail.com

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quarta-feira, 15 de julho de 2015

TOKAMAK





Tokamak – Por Jayme José de Oliveira


Jayme José de Oliveira
Jayme José de Oliveira
ASSIM CAMINHA A HUMANIDADE– VI
Da encíclica “Laudato Si”, abordada na coluna anterior, recolho a convicção ferrenha de S. S. o Papa Francisco nos auspiciosos augúrios para a humanidade a partir do aperfeiçoamento da obtenção de energia por processos inovadores, A civilização não prescinde, pelo contrário, cada vez mais necessitará do emprego em escala crescente da energia abundante, menos poluente e barata.
Sabemos que a tecnologia baseada nos combustíveis fósseis – altamente poluentes, sobretudo o carvão, mas também o petróleo e, em menor medida, o gás – deve ser, progressivamente e sem demora, substituída.Passemos a dar destaque às invenções que nos permitirão usufruir benefícios cada vez mais amplos e, concomitantemente menos poluentes, nos prometendo um planeta mais limpo e habitável. O Tokamak, quando forem tangenciados os pequenos obstáculos e superados os maiores, nos fornecerá energia ilimitada. A mesma que há bilhões de anos o sol nos envia gratuitamente.
ENERGIA OBTIDA POR FUSÃO NUCLEAR
Desde o início dos tempos o homo sapiens tentou reforçar a capacidade dos músculos com estratagemas técnicos, a cooperação de outros indivíduos ou animais. Domesticou e atrelou quando não os utilizava como montarias.
O remo, as velas para propulsionar embarcações prenunciavam resultados cada vez mais potentes e criativos. James Fulton com sua máquina a vapor, Rudolf Diesel, Alberto Santos Dumont, Henry Ford I, Werner von Braun e tantos outros nos abriram horizontes para o transporte e locomoção.
No setor que abrange a criação de energia o progresso foi espantoso e se vislumbra o aproveitamento integral da transformação da matéria em energia. Segundo Albert Einstein o ápice será alcançado cedo ou tarde e então a humanidade será abastecida de energia ilimitada, barata e não poluente.
No momento em que se dá tanta importância à geração de energia limpa distanciando da combustão, surgiu a fissão atômica a partir do urânio enriquecido (U-235) a partir do isótopo U-238 que representa 99,284% do encontrado na natureza. A diferença entre os dois é representada pelo número de nêutrons existentes no núcleo, 143 no U-235, 146 no U-238. O perigo que representa a obtenção de energia elétrica a partir da fissão nuclear é a radioatividade, inclusive do lixo atômico resultante, isso devido ao enorme tempo de transformação – 913 milhões de anos . Devido a este fator as emanações, inclusive das bombas do tipo que arrasaram Hiroshima são tão deletérias, inclusive com sequelas genéticas e por provocaremdoenças, incluindo o câncer.
Acidentes como os ocorridos em Chernobyl e mais recentemente Fukushima são catastróficos e se perpetuam no tempo.
À bomba de U-235 sucedeu a bomba H, substancialmente mais potente. Enquanto a primeira tinha um poder de 25 quilotons (25 mil toneladas de TNT), a outra atingia 50 megatons (50 milhões de toneladas de TNT). Para se ter ideia da energia liberada, seriam necessárias 1 milhão de carretas carregadas com 50 toneladas de TNT cada uma para obter uma explosão de valor equivalente. A diferença primordial consiste no fato dos resíduos serem inofensivos, isentos de radioatividade. O hidrogênio se transforma em hélio assim como ocorre no âmago do sol.
Enquanto os reatores de fissão (urânio) atualmente disponíveis emitem radiações mortíferas – vejam-se os transtornos que causaram as usinas de Chernobyl e, mais recentemente de Fukushima – a fusão nuclear é totalmente isenta desses subprodutos indesejáveis.
A mais célebre equação científica do século XX foi desenvolvida por Albert Einstein. Ela estabelece a equivalência quantitativa da transformação da matéria em energia e vice-versa. Para termos uma ideia da grandeza da energia produzida, o cálculo indica que, com 10 kg de matéria poderíamos evaporar toda a água da Baía da Guanabara.
A fórmula E=mc2, sendo “E” a energia, “m” a massa e “c2” a velocidade da luz ao quadrado. Foi utilizada a velocidade da luz como parâmetro por ser a única constante inalterável do universo.
No dia que dominarmos a energia da fusão, como já o fizemos com a fissão – transformá-la em energia controlada – teremos resolvido o problema energético em definitivo e de maneira segura, sem resíduos perigosos, em quantidade ilimitada. O deutério e o trítio serão obtidos da água do mar e outra fontes naturais. O deutério existe na natureza na proporção de 1/7.000 de átomos de hidrogênio.
t1TOKAMAK
Desde 1.961,a partir dos estudos do físico russo Lev AndreevichArtsinovich visando a utilização da fusão nuclear não poluente, livre de resíduos radioativos e com capacidade infinita de produzir energia a partir dos isótopos do hidrogênio (deutério e trítio) os progressos tem sido acelerados e podemos dizer que estamos no limiar de resolver o problema da energia limpa e inesgotável. O desenvolvimento do “TOKAMAK” é uma realidade mais próxima que se possa imaginar tornará obsoletos todos os métodos dependentes da queima de combustíveis fósseis. O TOKAMAK utiliza o mesmo princípio do sol para transformar matéria em energia, seguindo a Lei da equivalência matéria-energia, descoberta por Albert Einstein.
O tokamak é o engenho mais promissor, até o momento, para a obtenção da fusão termonuclear. Consiste num toróide (formato de um pneu de carro) no qual uma câmara de vácuo contém um anel de plasma confinado por campos magnéticos retorcidos .
Nota – a palavra tokamak é um acrônimo das palavras russas toroidal’naya kamera magnitnoi katushki, que significam câmara toroidal e bobinas magnéticas.
Configuração de um tokamak – Uma corrente elétrica transitória que circula na bobina primária de um tokamak induz no anel de plasma uma corrente, que servirá tanto para aquecê-lo como para produzir um campo magnético poloidal. O outro componente importante do campo magnético corresponde ao campo magnético toroidal, gerado por correntes elétricas que circulam nas bobinas de campo toroidal ao redor do toróide. Além disso, correntes que circulam nas bobinas de controle de posição geram campos magnéticos auxiliares que modificam o campo poloidal, equilibrando o anel de plasma e controlando sua posição dentro da câmara. A combinação dos campos poloidal e toroidal conduz ao confinamento adequado do plasma em tokamaks.
Principais componentes de um sistema de confinamento magnético do tipo tokamak.
Aquecimento de plasma – A maneira mais eficiente de aquecer o plasma num tokamak é fazer com que circule através dele uma corrente induzida pela bobina primária. Esta bobina representa o circuito primário de um transformador no qual o anel de plasma constitui o circuito secundário. Funciona como um aquecedor elétrico onde o calor gerado depende da intensidade da corrente e da resistência elétrica. Entretanto, a resistividade do plasma diminui à medida que sua temperatura aumenta, tornando o processo de aquecimento menos eficiente. A temperatura máxima que pode ser atingida em tokamaks por aquecimento resistivo (aquecimento ôhmico) é de aproximadamente 3×107 K, duas vezes maior que a temperatura no centro do Sol, mas que é menor do que a necessária para fazer com que um reator funcione, aproximadamente 108 K. Em experimentos que utilizam máquinas do tipo tokamak, técnicas de aquecimento auxiliar tem sido utilizadas para atingir temperaturas de até 5×108 K (mais que 30 vezes a temperatura no centro do Sol). Os dois métodos principais de aquecimento adicional consistem na injeção de feixes de partículas neutras de alta energia e de ondas de radiofrequência de vários tipos.
t2Utilizando linguajar mais acessível, faz-se necessário obter uma temperatura de aproximadamente 150 milhões de graus célsius e mais: confinar o plasma resultante dentro de um campo magnético ESTÁVEL, uma vez que não existe nada no universo que suporte essa temperatura sem se transformar também em plasma. Quando Isaac Asimov escreveu o ensaio, estimava em 20 anos o tempo a aguardar. Já decorrem 30 e preveem-se outros 10… se não surgirem contratempos que podem ser técnicos, financeiros e mesmo políticos. O projeto resulta duma cooperação da Rússia, Estados Unidos, França, Inglaterra, China, Japão, e outros mais, fora os que se aliarão no futuro. O Brasil, no momento, não se mostra interessado.
Jayme José de Oliveira – cdjaymejo@gmail.com

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quarta-feira, 8 de julho de 2015

ENCÍCLICA LAUDATO SI'



Encíclica ‘Laudato si’ – Por Jayme José de Oliveira

Jayme José de Oliveira
Jayme José de Oliveira
O Vaticano divulgou na manhã de 18/06/2.015 a nova Encíclica do Papa Francisco, “Laudato si – sobre o cuidado da casa comum”. O texto trata da ecologia humana e o clima está no centro das preocupações apresentadas pelo pontífice.  Além disso, são apontadas as problemáticas e desafios de preservação e prevenção, como também aspectos da proteção à criação e questões como a fome no mundo, pobreza, globalização e escassez.
Este é o primeiro documento escrito integralmente pelo pontífice. Em 2013, no início do pontificado do Papa Francisco, o primeiro documento publicado foi “Lumen Fidei”, que já tinha sido iniciado pelo papa emérito Bento XVI.
Ao final da Audiência Geral do dia 17/06/2.015, o Papa Francisco disse que a Terra tem sido maltratada e saqueada. “Esta nossa casa está sendo arruinada e isso prejudica a todos, especialmente os mais pobres. Portanto, o meu apelo é à responsabilidade, com base na tarefa que Deus deu ao ser humano na criação: cultivar e preservar o jardim em que Ele o colocou. Convido todos a acolher com ânimo aberto este Documento, que está em sintonia com a Doutrina Social da Igreja”, exortou Francisco.
A nova Encíclica é composta por seis capítulos, são eles: “O que está a acontecer à nossa casa”, “O Evangelho da criação”, “A raiz humana da crise ecológica”, “Uma ecologia integral”, “Algumas linhas de orientação e ação” e “Educação e espiritualidade ecológicas”.
Ao longo do texto, o papa convida a ouvir os gemidos da criação, exortando todos a uma “conversão ecológica”, a “mudar de rumo”, assumindo a responsabilidade de um compromisso para o “cuidado da casa comum”.
À primeira vista a Encíclica se apresenta como um anátema aos esforços do homem em modificar a natureza com fim de agregar mais, melhores e mais lucrativos produtos para comercialização e consumo. Para tanto, seriam desconsideradas as mais comezinhas precauções em preservar o meio ambiente nas condições ideais tornando, a médio e longo prazos, a habitabilidade do planeta comprometida em definitivo.
Agricultura em larga escala, organismos geneticamente modificados, poluição por queima de combustíveis fósseis, degradação da terra, do ar e dos sistemas hídricos seriam um resultado inevitável.
Por outro lado, apenas as nações mais ricas e desenvolvidas usufruiriam as benesses desse “progresso”, enquanto os pobres seriam cada vez mais espezinhados e destinados a uma sobrevivência em condições sub-humanas.
Nada mais falso, o Papa Francisco que afirmou com a convicção oriunda do seu profundo conhecimento que o Big-Bang não contraria os cânones da Igreja e que ciência e religião não são antípodas mas complementares, jamais cometeria a heresia de condenar o progresso que, em última análise, desde já e cada vez mais, labora na melhoria das condições de vida de TODOS. Apenas para exemplificar, foi a ciência que nos trouxe os medicamentos mais diversos, desde os fitoterápicos até os transgênicos (vacina H1N1, insulina, etc.), os meios de locomoção, os alimentos abundantes para saciar a fome que o malthusianismo apregoava como irreversível, o lazer, etc.
Para possibilitar uma análise racional da encíclica destaco alguns tópicos e, no final, um link que permite o acesso na íntegra.
Lembro um pensamento do Papa Francisco: “SE O MAL É CONTAGIOSO, O BEM TAMBÉM O É. DEIXEMO-NOS CONTAGIAR PELO BEM”.
“Ajudar os pobres com o dinheiro deve ser sempre um remédio provisório para enfrentar emergências. O verdadeiro objetivo deveria ser consentir-lhes uma vida digna através do trabalho”.
“Com o suor do teu rosto comerás o teu pão, até que retornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó e em pó te tornarás”. (Genesis – 3.19)
  1. Finalmente reconhecemos, a propósito da situação e das possíveis soluções, que se desenvolveram diferentes perspectivas e linhas de pensamento. Num dos extremos, alguns defendem a todo o custo o mito do progresso, afirmando que os problemas ecológicos resolver-se-ão simplesmente com novas aplicações técnicas, sem considerações éticas nem mudanças de fundo. No extremo oposto, outros pensam que o ser humano, com qualquer uma das suas intervenções, só pode ameaçar e comprometer o ecossistema mundial, pelo que convém reduzir a sua presença no planeta e impedir-lhe todo o tipo de intervenção. Entre estes extremos, a reflexão deveria identificar possíveis cenários futuros, porque não existe só um caminho de solução. Isto deixaria espaço para uma variedade de contribuições que poderiam entrar em diálogo a fim de se chegar a respostas abrangentes.
  2. Não somos Deus. A terra existe antes de nós e nos foi dada. Isto permite responder a uma acusação lançada contra o pensamento judaico-cristão: foi dito que a narração do Génesis, que convida a “dominar” a terra (Genesis – 1.28), favoreceria a exploração selvagem da natureza, apresentando uma imagem do ser humano como dominador e devastador. Mas esta não é uma interpretação correta da Bíblia, como a entende a Igreja. Se é verdade que nós, cristãos, algumas vezes interpretamos de forma incorreta as Escrituras, hoje devemos decididamente rejeitar que, do fato de sermos criados à imagem de Deus e do mandato de dominar a terra, se deduza um domínio absoluto sobre as outras criaturas.
 A liberdade humana pode prestar a sua contribuição inteligente para uma evolução positiva, como pode também acrescentar novos males, novas causas de sofrimento e verdadeiros atrasos. Isto dá lugar à apaixonante e dramática história humana, capaz de transformar-se num desabrochar de libertação, engrandecimento, salvação e amor, ou, pelo contrário, num percurso de declínio e mútua destruição.
  1. Deus escreveu um livro estupendo, cujas letras são representadas pela multidão de criaturas presentes no universo. O sol e a lua, o cedro e a florzinha, a águia e o pardal. O espetáculo das suas incontáveis diversidades e desigualdades significa que nenhuma criatura se basta a si mesma. Elas só existem na dependência umas das outras, para se completarem mutuamente no serviço umas das outras.
  2. Cada camponês tem direito natural de possuir um lote razoável de terra onde possa estabelecer o seu lar, trabalhar para a subsistência da sua família e gozar de segurança existencial. Este direito deve ser de tal forma garantido que o seu exercício não seja ilusório mas real. Isto significa que, além do título de propriedade, o camponês deve contar com meios de formação técnica, empréstimos, seguros e acesso ao mercado.
É justo que nos alegremos com estes progressos e nos entusiasmemos à vista das amplas possibilidades que nos abrem estas novidades incessantes, porque “a ciência e a tecnologia são um produto estupendo da criatividade humana que Deus nos deu”. [81] A transformação da natureza para fins úteis é uma característica do gênero humano, desde os seus primórdios e assim a técnica “exprime a tensão do ânimo humano para uma gradual superação de certos condicionamentos materiais”. [82] A tecnologia deu remédio a inúmeros males que afligiam e limitavam o ser humano. Não podemos deixar de apreciar e agradecer os progressos alcançados especialmente na medicina, engenharia e comunicações. Como não havemos de reconhecer todos os esforços de tantos cientistas e técnicos que elaboraram alternativas para um desenvolvimento sustentável?
  1. É difícil emitir um juízo geral sobre o desenvolvimento de organismos modificados geneticamente (OMG), vegetais ou animais, para fins medicinais ou agropecuários, porque podem ser muito diferentes entre si e requererem distintas considerações. Além disso, os riscos nem sempre se devem atribuir à própria técnica, mas à sua aplicação inadequada ou excessiva. Na realidade, muitas vezes as mutações genéticas foram e continuam a ser produzidas pela própria natureza. E mesmo as provocadas pelo ser humano não são um fenômeno moderno. A domesticação de animais, o cruzamento de espécies e outras práticas antigas universalmente seguidas podem incluir estas considerações. É oportuno recordar que o início dos progressos científicos sobre cereais transgênicos foi a observação de bactérias que, de forma natural e espontânea, produziam uma modificação no genoma dum vegetal. Mas, na natureza estes processos têm um ritmo lento que não se compara com a velocidade imposta pelos avanços tecnológicos atuais, mesmo quando estes avanços se baseiam num desenvolvimento científico de vários séculos.
  2. Devido à quantidade e variedade de elementos a ter em conta na hora de determinar o impacto ambiental dum empreendimento concreto, torna-se indispensável dar aos pesquisadores um papel preponderante e facilitar a sua interação com uma ampla liberdade acadêmica.
  3. Sabemos que a tecnologia baseada nos combustíveis fósseis – altamente poluentes, sobretudo o carvão, mas também o petróleo e, em menor medida, o gás – deve ser, progressivamente e sem demora, substituída.
Observação do colunista: Desde 1.961,a partir dos estudos do físico russo Lev Andreevich Artsinovich visando a utilização da fusão nuclear não poluente, livre de resíduos radioativos e com capacidade infinita de produzir energia a partir dos isótopos do hidrogênio (deutério e trítio) os progressos tem sido acelerados e podemos dizer que estamos no limiar de resolver o problema da energia limpa e inesgotável. O desenvolvimento do “TOKAMAK” é uma realidade mais próxima que se possa imaginar tornará obsoletos todos os métodos dependentes da queima de combustíveis fósseis. O TOKAMAK utiliza o mesmo princípio do sol para transformar matéria em energia, seguindo a Lei da Relatividade descoberta por Albert Einstein.
Jayme José de Oliveira – cdjaymejo@gmail.com