Discurso eleitoral – Por Jayme José de Oliveira
Em coluna anterior apresentei Mario Moreno
(Cantinflas), um humorista falando sério.
Hoje, Mariael Melo, um repentista
nordestino declama uma paródia. O link permite acesso à interpretação de
Mariael.
Um senador de estado passou dessa pra
melhor, ou pra outra bem pior, eu vou relatar o passado. Chegando, o pobre
coitado na porta do firmamento, São Pedro disse: “Um momento!
Tenha calma cidadão! Faça aqui sua opção e
assine o requerimento, pois aqui tem governia e tudo está em seu lugar e você
pode optar onde quer passar o dia. Depois, com democracia, me dará sua
resposta, fazendo sua proposta de ir para o céu ou para o inferno, viver de
túnica ou de terno, do jeito que você gosta…
E então o senador assinou a papelada
e descendo por uma escada entrou num elevador e desceu com um assessor para o
inferno conhecer, pra depois escolher onde queria morar e qual seria o lugar
que escolheria viver.
No inferno ele viu um campo todo gramado,
verdinho, bem arrumado, como os que tem no Brasil. Um homem grande e gentil lhe
disse:
“Eu sou o Cão! Muito prazer meu irmão!
Aqui é você que manda”! E deu ordens pra
que a banda tocasse outro baião!
Encaminhou a visita para uma mesa repleta,
numa assessoria completa num alpendre de palafita. Uma assistente bonita,
cerveja, whiskys, salgados, dinheiro, para os carteados, charutos dos bons e
cubanos. Foi relembrando dos anos e dos acordos fechados. Encontrou com os
amigos dos tempos áureos de glórias, relembrando as histórias
que já havia esquecido.
que já havia esquecido.
Whiskys envelhecidos não paravam de
chegar.
Parecia um marajá, jogando cartas e
fumando, mas já estava chegando a hora dele voltar!
E então no elevador ele voltou a
subir, para então decidir e finalmente propor.
E no céu o senador vê um cenário de paz
com um sereno assaz, anjinhos tocando lira… São Pedro disse: “Confira, escolhe
e não volte atrás”.
Era um silêncio danado, sem whisky, sem
cerveja, no máximo uma cereja e ele já agoniado, disse assim, ressaquiado:
“Já tomei minha decisão, quero morar com o
Cão, pois lá me sinto melhor. Não que aqui seja pior, é questão de opinião”.
São Pedro disse: “Pois bem, pode ir para o elevador que logo o assessor fará o
que lhe convém”. O senador disse “Amém”,
já pensando no sucesso que seria seu regresso para o quinto do inferno. Lá
também serei eterno e a tudo terei acesso.
E assim ele desceu, numa imensa alegria,
sentiu logo uma agonia, algo estranho percebeu. Atrás desapareceu a porta do
elevador e o pobre senador só via fogo e tortura. Deu-lhe logo uma amargura,
naquele cenário de horror.
Nisso ia passando o Cão e deu-lhe uma
chibatada, sorrindo em gargalhada e remexendo um caldeirão, empurrou-lhe um
ferrão deixando a testa ferida.
Puto da vida disse: “Rapaz, sou eu, o
senador! Se esqueceu? Cadê aquela acolhida?
Eu peguei o bonde errado ou o cabra se
atrapalhou e para cá me mandou, deve ter se enganado! Meu lugar é no gramado,
jogando carta e fumando. Eu não estou lhe cobrando, você me ofereceu whisky, se
esqueceu”?
Eu só posso estar delirando”…
E o diabo a sorrir lhe disse:
Seja bem-vindo, mas o que está pedindo eu
não vou poder cumprir…
Quando estiveste aqui, naquela ocasião,
não era outra coisa não,
TAMBÉM NÃO ME LEVE A MAL,
FOI CAMPANHA ELEITORAL
E EU GANHEI A ELEIÇÃO!
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