Há
uma diferença abissal que separa democratas dos que se rotulam como tais por
conveniência. Os primeiros honram suas convicções e mantém seus compromissos,
mesmo que tais atitudes venham de encontro aos seus interesses imediatos,
inclusive eleitorais.
Cito
como paradigma Paulo Brossard de Souza Pinto, manteve-se, mantem-se, inabalável
em suas convicções, mesmo contrariando correligionários. A verdade, a lei, a
justiça estão acima das conveniências. Essas pessoas são joias raras e
preciosas.
Os
segundos, incontáveis, transmutam-se, defendem ou atacam situações similares de
acordo com as circunstâncias.
Pedro
Ruas e Fernanda Melcchiona reapresentam projeto de lei para mudar o nome da Av.
Castelo Branco para Av. da Legalidade. Jamais pensariam em fazer o mesmo com os
logradouros que homenageiam Getúlio Vargas, ditador que protagonizou as maiores
atrocidades na década 1940. O escritor Jorge Amado, deputado pelo PCB, cassado,
escreveu no exílio em Paris a trilogia: “Os Ásperos tempos”, “A Agonia da
Noite” e “Os subterrâneos da Liberdade”, nos quais relata as perseguições
sofridas pelos comunistas.
O
deputado Vicente Cândido (PT-SP) apresentou projeto de lei que tem como escopo
proibir as transmissões de atos do Poder Judiciário ao vivo e mesmo sua edição.
Isso inviabiliza qualquer cobertura, inclusive os telejornais.
Em
vez de expulsar os condenados pelo STF como determina o Estatuto do PT em seu
capítulo III, art. 228 e 231, os líderes do partido batalham para que o
transcorrer dos processos seja oculto do público e, quando correligionários são
condenados em última instância, vociferam contra o STJ como se todo o
julgamento fosse uma farsa armada no intuito de erradicar da política e do
convívio social “vestais” puras e intocáveis. Na eventualidade de ser aprovado
o nefando projeto de lei, em 2014 não poderemos acompanhar o “Mensalão 2”, do
PSDB, nem os que se sucederem. Atentem, repito por primordial, até edições
serão vedadas e isso significa que os telejornais não poderão noticiar o
andamento do processo com imagens. Chegaremos ao nível do DIP (Departamento de
Imprensa e Propaganda do Estado Novo) e dos censores de 1964-1985 quando
jornais e revistas apareciam com espaços em branco. No Estado Novo até músicas
como “Bonde São Januário” tiveram suas letras alteradas. A seguir a letra
permitida e o verso vetado. O link permite ouvir a interpretação pelo autor,
Ataulfo Alves.
Quem trabalha
É quem tem razão
Eu digo
E não tenho medo de errar
Quem trabalha...
O bonde São Januário
Leva mais um sócio otário - censurado para - Leva mais um operário
Sou eu
Que vou trabalhar
O bonde São Januário...
Antigamente
Eu não tinha juízo
Mas hoje
Eu penso melhorar
No futuro
Graças a Deus
Sou feliz
Vivo muito bem
A boemia
Não dá camisa a ninguém
Nenhum comentário:
Postar um comentário