terça-feira, 7 de janeiro de 2014

DEMOCRATAS E "DEMOCRATAS"




Há uma diferença abissal que separa democratas dos que se rotulam como tais por conveniência. Os primeiros honram suas convicções e mantém seus compromissos, mesmo que tais atitudes venham de encontro aos seus interesses imediatos, inclusive eleitorais.

Cito como paradigma Paulo Brossard de Souza Pinto, manteve-se, mantem-se, inabalável em suas convicções, mesmo contrariando correligionários. A verdade, a lei, a justiça estão acima das conveniências. Essas pessoas são joias raras e preciosas.

Os segundos, incontáveis, transmutam-se, defendem ou atacam situações similares de acordo com as circunstâncias.

Pedro Ruas e Fernanda Melcchiona reapresentam projeto de lei para mudar o nome da Av. Castelo Branco para Av. da Legalidade. Jamais pensariam em fazer o mesmo com os logradouros que homenageiam Getúlio Vargas, ditador que protagonizou as maiores atrocidades na década 1940. O escritor Jorge Amado, deputado pelo PCB, cassado, escreveu no exílio em Paris a trilogia: “Os Ásperos tempos”, “A Agonia da Noite” e “Os subterrâneos da Liberdade”, nos quais relata as perseguições sofridas pelos comunistas.

O deputado Vicente Cândido (PT-SP) apresentou projeto de lei que tem como escopo proibir as transmissões de atos do Poder Judiciário ao vivo e mesmo sua edição. Isso inviabiliza qualquer cobertura, inclusive os telejornais.

Em vez de expulsar os condenados pelo STF como determina o Estatuto do PT em seu capítulo III, art. 228 e 231, os líderes do partido batalham para que o transcorrer dos processos seja oculto do público e, quando correligionários são condenados em última instância, vociferam contra o STJ como se todo o julgamento fosse uma farsa armada no intuito de erradicar da política e do convívio social “vestais” puras e intocáveis. Na eventualidade de ser aprovado o nefando projeto de lei, em 2014 não poderemos acompanhar o “Mensalão 2”, do PSDB, nem os que se sucederem. Atentem, repito por primordial, até edições serão vedadas e isso significa que os telejornais não poderão noticiar o andamento do processo com imagens. Chegaremos ao nível do DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda do Estado Novo) e dos censores de 1964-1985 quando jornais e revistas apareciam com espaços em branco. No Estado Novo até músicas como “Bonde São Januário” tiveram suas letras alteradas. A seguir a letra permitida e o verso vetado. O link permite ouvir a interpretação pelo autor, Ataulfo Alves.

 



 


Quem trabalha

É quem tem razão

Eu digo

E não tenho medo de errar

Quem trabalha...

O bonde São Januário

Leva mais um sócio otário - censurado para - Leva mais um operário

Sou eu

Que vou trabalhar

O bonde São Januário...

Antigamente

Eu não tinha juízo

Mas hoje

Eu penso melhorar

No futuro

Graças a Deus

Sou feliz

Vivo muito bem

A boemia

Não dá camisa a ninguém

Passe bem!

 

 

 

 

 

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