terça-feira, 14 de maio de 2013

CONFLITO SÍRIO


Resgatado do BLOG de Jurandir Soares - Rádio Guaíba
 
Porto Alegre, 14 de Maio de 2013

Israel e Irã no contexto da guerra síria

Postado por Jurandir Soares em 12 de maio de 2013 -
O ditador sírio Bashar Al Assad prometeu retaliar o que chamou de “declaração de guerra” por parte de Israel, referindo-se aos dois ataques aéreos a Damasco, realizados pelas forças israelenses. Passaram-se os dias desta semana e a resposta de Assad não aconteceu. Houve o caso de dois morteiros sírios que atingiram as colinas de Golã, território sírio, mas, desde 1967, sob o controle de Israel. Este fato, no entanto, é visto mais como tendo acontecido por um desvio nos combates entre os rivais que lutam na Síria, do que uma retaliação do governo sírio. O fato é que Assad está envolto numa guerra civil, que já dura dois anos e dois meses, e que já matou mais de 70 mil pessoas, e não tem condições de dar qualquer resposta a Israel. Não consegue sequer derrotar os rebeldes que lutam para depô-lo. Poderia, quem sabe, como tem feito muitos ditadores, promover uma união interna para enfrentar o inimigo externo. Mas isto é impossível no atual contexto de ódios e rivalidades que predominam na guerra civil síria.
O que ocorre é que a intenção de Israel não é atingir a Síria, mas, aproveitar o conflito para não deixar que armamentos enviados pelo Irã através do território sírio cheguem até o grupo extremista Hizbollah, que está radicado no sul do Líbano, de onde, em 2006, travou um forte confronto com as forças israelenses. O Hizbollah é um inimigo muito mais perigoso para Israel do que a Síria. Ressaltando, a Síria no atual contexto de Assad, porque depois que ele for apeado do poder não se sabe o que será. Corre-se o sério risco de o país ficar dividido e uma boa parte do território ficar em mãos de jihadistas, ou seja, os extremistas muçulmanos, o que seria bem pior para toda a região. Daí não entender o fato de o Ocidente estar dando apoio aos opositores que lutam para derrubar Assad. Entre esses opositores está, inclusive, a Al Qaeda. E o Irã, evidentemente, está influindo no que pode.
O presidente Barack Obama tem sido cobrado, especialmente pela oposição republicana, para intervir na guerra civil síria. Obama tem relutado. Conseguiu sair do Iraque, ainda não conseguiu sair do Afeganistão e participou de uma intervenção desastrosa na Líbia. Assim, estabeleceu que o limite para a Síria seria o uso de armas químicas. Estava se referindo ao uso pelas forças de Assad. Pois, veio a informação sobre o uso dessas armas letais. E logo a cobrança para o Obama. No entanto, veio também a informação por parte da observadora da ONU, a suíça Carla del Ponte, de que “há suspeitas concretas de que o gás sarin foi usado (…) não pelas autoridades governamentais”. Ou seja, foi usado pelos opositores. Para alívio de Obama. Para ele, já chega uma guerra feita em nome de armas de destruição em massa que não existiram, como foi a do Iraque. Com isto, Obama resolveu reforçar a diplomacia, enviando seu secretário de Estado, John Kerry, a Moscou, buscando um acerto com um ator importante, Vladimir Putin, e que tem dado apoio a Assad. Kerry voltou com poucas perspectivas, tanto que resolveu acertar mais uma ida a Israel, para tentar destravar as negociações entre israelenses e palestinos. Porém, pelo que se observa, nenhum e nem outro dos conflitos tem perspectiva de marchar para um acordo de paz.



 



  1. Jayme José de Oliveira disse:


    A priori temos que considerar que a região está convulsionada há mais de 4.000 anos, David e Golias estão no contexto. Mudam os personagens, permanece o fulcro. Complicador adicional são os interesses multifacetados em jogo, mesmo entre os que deveriam ser aliados por vezes há mais ódio separando facções que países. Como concilias xiitas, sunitas, Hamas, Irã, Hesbolah…? O próprio Israel, aparentemente um monobloco se digladia entre fanáticos religiosos e os que aspiram ares mais salubres. O futuro? Será que Alá, Jeová, Deus ou como o queiramos chamar sabe?
 

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