sexta-feira, 14 de outubro de 2022

UMA PESCARIA INESQUECÍVEL

 

 

 

PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira

“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura

 

 

UMA PESCARIA INESQUECÍVEL – 16/12/2.015

 

Reproduzo a coluna que publiquei em 16/12/2015. Não tenho o hábito de reprisar, porém, na atualidade brasileira ela se encaixa como uma luva. Preconizar atitudes consentâneas com a ética e o respeito às leis devem ser aplaudidas de pé

 

O autor é James P. Lenfestey, confira e reflita.

Ele tinha onze anos e, a cada oportunidade que surgia ia pescar no cais próximo ao chalé da família numa ilha que ficava em meio a um lago.

A temporada de pesca só começaria no dia seguinte, mas pai e filho saíram no fim da tarde para pegar apenas peixes cuja captura estava liberada.

O menino iscou e começou a praticar arremessos provocando ondas coloridas na água, logo elas se tornaram prateadas pelo efeito da lua nascendo sobre o lago. Quando o caniço vergou, soube que havia algo enorme no outro lado da linha.

O pai olhava com admiração enquanto o garoto habilmente e com muito cuidado erguia o peixe exausto da água. Era o maior peixe que já tinha visto, porém a pesca só era permitida na temporada. O garoto e o pai olharam para o peixe, tão bonito, as guelras movendo para trás e para frente.

O pai, então, acendeu um fósforo e olhou para o relógio. Pouco mais de dez da noite... Ainda faltavam quase duas horas para o início da temporada. Em seguida, olhou para o peixe e depois para o menino, dizendo:

- Você tem de devolvê-lo, filho!

- Mas, papai, reclamou o menino.

- Vai aparecer outro, insistiu o pai.

- Não tão grande como este, choramingou a criança.

O garoto olhou à volta do lago. Não havia outros pescadores ou embarcações à vista. Voltou novamente o olhar para o pai. Mesmo sem ninguém por perto sabia, pela firmeza de sua voz, que a decisão era irrevogável. Devagar, tirou o anzol da boca do enorme peixe e o devolveu à água escura. O peixe movimentou rapidamente o corpo e desapareceu. Naquele momento, o menino teve certeza que jamais pescaria um peixe tão grande como aquele.

Isso aconteceu há trinta e quatro anos. Hoje o garoto é um arquiteto bem sucedido. O chalé continua lá, na ilha em meio ao lago e ele leva os filhos para pescar no mesmo cais. Sua intuição estava correta. Nunca mais conseguiu pescar um peixe tão maravilhoso como o daquela noite. Porém, sempre vê o mesmo peixe todas as vezes que se depara com uma questão de ética. Porque, como o pai lhe ensinou, a ética é simplesmente uma questão de CERTO e ERRADO.

Agir corretamente, quando se está sendo observado, é uma coisa. A ética, porém, está em agir corretamente quando ninguém nos está observando. Esta conduta só é possível quando, desde criança, se aprende a DEVOLVER O PEIXE À ÁGUA.

 

Ah! Se cada um de nós souber devolver seu peixe na hora da tentação, o mundo em geral, o Brasil em particular e, principalmente, cada um de nós será, não apenas melhor, mas poderá ao fim da noite repousar a cabeça no travesseiro. E ISSO É O MAIS IMPORTANTE NA VIDA!

Cada um de nós tem a oportunidade de, amiúde ver-se na contingência de optar entre devolver ou recolher um peixe fisgado de maneira ilegal. Os que abdicam do proveito imoral e veem os circunlóquios que políticos utilizam para alcançar objetivos a qualquer preço estão estarrecidos com o que se escancara em Brasília. O pior, infelizmente verdadeiro, é que ambos os lados se esmeram em segurar o peixe sem o menor resquício de dúvida, hesitação. Remorso? Honorabilidade? Essas palavras não constam no dicionário deles.

 





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