quarta-feira, 25 de março de 2020

DO BRASIL À RÚSSIA, REFLEXÕES






06 – CIÊNCIA E CULTURA
Marília Gerhardt de Oliveira

DO BRASIL À RÚSSIA – REFLEXÕES

Desde muito jovem, um alerta do meu pai, Cirurgião-dentista Jayme José de Oliveira, ecoa em minha mente: “se quiseres verdadeiramente muita segurança, terás que ser privada de parte da tua liberdade”.                                                                         Explico!                                                                                                                               Não deixar de ser livre, mas sim aceitar haver regras impostas a cumprir, acima de individualidades, priorizando o respeito ao bem-estar da maioria dos cidadãos.
Exemplos recentes são as reações da polícia britânica aos ataques com facas nas ruas de Londres. As forças de segurança, bem treinadas e equipadas, acorrem com presteza aos locais dos crimes e executam sumariamente os terroristas em ação delituosa contra vida de cidadãos e turistas.
Nada a ver com os elogios descabidos e eticamente injustificáveis de alguns governantes a psicopatas que utilizaram tortura como método de violação a adversários ideológicos de qualquer natureza.
Mas como se entende SEGURANÇA – do Brasil à Rússia?
Há três anos viajei pela Dinamarca, Noruega, Suécia e Finlândia, exemplos de bem sucedida política social-democrática em benefício da qualidade de vida no mundo de hoje.
No interior da Noruega, entre Oslo e Bergen, encontrei, na margem de estradas vicinais, abrigos de madeira para venda de frutas colhidas nos pomares vizinhos. Era só parar, desembarcar do veículo, escolher as frutas e pagá-las, pois havia preço e uma caixinha com dinheiro e moedas para o troco.                                  Lembrei do interior de Estrela (RS), na minha infância, com o leite ordenhado pelos meus avós maternos, nas madrugadas, podendo ser coletado e pago com segurança e confiança, inclusive na qualidade do produto in natura fornecido.
Em tempo: no interior da Noruega, visualizei, ao longo do caminho, veículos abordados por policiais locais que, portando radares móveis e posicionados em lugares estratégicos e surpreendentes, controlavam com rigor o cumprimento de velocidade e leis de trânsito.
Já na Finlândia, desde Helsinque, viajei de trem até São Petersburgo, cruzando a fronteira seca com a Rússia.  A partir desta fronteira, passa-se a perceber com muita clareza o que significa segurança para o povo e o governo russos: pessoal atento a cada detalhe, método e disciplina, regras a serem cumpridas (prévia e detalhadamente esclarecidas).
São Petersburgo (no verão) é um lugar magnífico, com sua história, arquitetura, igrejas e museus (onde se destaca o Hermitage).
De lá, também de trem, fui a Moscou, cidade totalmente diversa, com seu povo aparentemente distante e silencioso.   
Imponente o Metrô moscovita, onde cada estação é uma obra e arte, além de ser bem arejado, limpo, seguro e funcional, transportando milhões de pessoas com qualidade.
Imperdível uma visita guiada ao Kremlin e observar a cidade do alto, desde a área do Campus da Universidade.
À noite, um episódio me fez compreender definitivamente o alerta do meu pai.
Sendo Moscou uma cidade de largas avenidas, com amplas passagens subterrâneas para pedestres (que devem obrigatoriamente utilizá-las para atravessar de uma calçada a outra) e querendo ir a um restaurante próximo para jantar, preocupada com minha segurança, solicitei informações sobre este necessário modo de deslocamento ao funcionário da Portaria do Hotel.
Inesquecível o seu olhar de estupefação! O que escancarou, na prática, o abismo cultural entre Brasil e Rússia no que se refere ao item SEGURANÇA.

Marília Gerhardt de Oliveira
gerhardtoliveira@gmail.com

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