sexta-feira, 13 de setembro de 2019

VACINAS






PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

VACINAS

A medicina surgiu “pari passu” com o homo sapiens sapiens. Nas tribos, antes no patriarcado, um iluminado exercia a função de curar ou, quando não podia, consolar os enfermos. Do pajé invocando os espíritos aos médicos atuais amparados pela ciência, um longo caminho foi percorrido e o final se situa além do horizonte. O certo é que, como disse Júlio Verne: “Tudo o que um homem pode imaginar, outro homem realizará”. Ponce de Leon procurou a “Fonte da juventude” que levaria à imortalidade.                                                                                                    Em 2009, três pesquisadores: Elizabeth Blackburn, Carol Greider e Jack Szostak obtiveram o prêmio Nobel de medicina pesquisando telômeros e a enzima telomerase, permitem prolongar a vida das células. Até onde? Até a imortalidade?                                                                                                                           As etapas do conhecimento, como os degraus de uma escada rumo ao infinito tiveram um impulso transcendental com Louis Pasteur. 


Louis Pasteur ficou conhecido pela técnica de pausterização que revolucionou a ciência do século XIX. Em 1880, o cientista francês iniciou os seus estudos sobre a raiva e em 1885 aplicou pela primeira vez a vacina em um ser humano. No dia 6 de julho de 1885 foi levado ao laboratório de Pasteur um menino de 9 anos, Joseph Meister, que havia sido mordido mais de quinze vezes por um cão raivoso. Depois de ouvir o médico, Pasteur convenceu-se de que a qualquer momento o menino ia contrair a doença e decidiu aplicar-lhe o tratamento. Durante dez dias, certamente os dez mais longos dias da vida de Pasteur, pontuados de angústia, insônia e até febre, Meister recebeu treze aplicações de soro antirrábico no abdômen. Várias semanas se passaram sem que a doença se manifestasse. ESTAVA CURADO. 
SORO ANTIRRÁBICO É INDICADO EM CASOS DE EXPOSIÇÃO GRAVE (MORDEDURA OU LAMBEDURA) AO VÍRUS RÁBICO, PROVOCADA POR UM ANIMAL SUSPEITO. Os anticorpos (imunoglobulinas específicas) contidos no soro ligam-se especificamente aos vírus ainda não fixados nas células dos tecidos eletivos, neutralizando-os.                                                                 VACINA CONTRA A RAIVA É UMA VACINA USADA PARA PREVENIR A RAIVA.                               Indicações da vacina: A profilaxia pré-exposição deve ser indicada para pessoas com risco de exposição permanente ao vírus da raiva, durante atividades ocupacionais, como: médicos veterinários; biólogos; auxiliares e demais funcionários de laboratório de virologia e anatomopatologia para raiva.
ANIMAIS DOMÉSTICOS (CÃES e GATOS) – OBRIGATÓRIO, para evitar contaminar humanos.
                                                                                                                                                                             O primeiro humano salvo pelo soro antirrábico representou UM MARCO NA HISTÓRIA DA MEDICINA.                

Pensamentos de Louis Pasteur:                                                                                                           “Nenhuma pesquisa já foi feita sem oposição”.                                                                             “Não fiquem bravos com seus adversários”.                                                                                           “Um pouco de ciência nos afasta de Deus. Muito, nos aproxima”.

Apesar das evidências, apesar das estatísticas, apesar de tudo isso e muito mais, o atávico viés de procurar no sobrenatural e crer naquilo que as evidências desnudam impiedosamente, atualmente, fake news divulgam despudoradamente engodos e mentiras tomam alento, se espalham como penas ao vento. Impossíveis de recolher.
“Triste o povo que se acostuma com a existência de fake news no seu cotidiano. A situação se agrava ainda mais em um tema extremamente sensível: a saúde das crianças. Nesse caso, a desinformação realmente mata”. (Pedro Westphalen médico e deputado federal)
As estatísticas do Ministério da Saúde são incontestáveis. A queda da cobertura vacinal caiu a níveis alarmantes. A aplicação da tríplice viral se situa abaixo do nível recomendado internacionalmente. Estamos diante de um grave crime contra a saúde pública.                              AS DOENÇAS, COMO O SARAMPO, ESTÃO VOLTANDO.
Contraditoriamente, a eficiência das vacinas relaxa a preocupação dos pais e eles imaginam não haver mais riscos. Movimentos antivacina vêm num crescendo assustador e prestam um desserviço à sociedade.
Um estudo apresentado em 1998 atribuía à vacina tríplice viral uma possível relação com o autismo. COMPROVOU-SE QUE ERA FAKE, MAS... O ESTRAGO JÁ FORA FEITO. Outros surgem e se propagam. Não acreditem, por exemplo, que a vacina contra a gripe contém excesso de mercúrio.
Essas medidas - para não pegar pesado – deveriam ter origem averiguada com rigor e seus autores punidos por CRIME HEDIONDO.
Os malefícios desses irresponsáveis – mais uma vez uso palavras amenas – provocam um índice vacinal infantil, também no RS, abaixo da meta aconselhada. O Rio Grande do Sul não atingiu nas oito principais vacinas. A cobertura com o sarampo é a que mais preocupa, com 10 mil casos e 12 óbitos no Brasil em 2018. O país perdeu em consequência o reconhecimento de livre da doença. A poliomielite poderá retornar, a porcentagem de crianças vacinadas caiu para 77% em Porto Alegre.
Concluindo, as campanhas antivacina, comuns na Europa, embora não sejam tão presentes no Brasil, acendem uma alarmante luz vermelha.

NÃO PODEMOS PERMITIR QUE APÓS TERMOS ERRADICADO O SARAMPO, A POLIOMIELITE, A VARÍOLA, A RUBÉOLA E A DIFTERIA essas doenças voltem a ameaçar nossas crianças.

Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

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