segunda-feira, 16 de maio de 2016

A SUPERMÁQUINA



A SUPERMÁQUINA – 14/05/2.016


PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

A SUPERMÁQUINA
Suponhamos nos defrontarmos com uma supermáquina capaz de feitos incríveis, beirando o mirabolante, o inconcebível. Se fosse um computador, os que conhecemos seriam tão primitivos quanto o ábaco – aquela máquina de calcular composta por contas (dez) enfileiradas em fieiras (dez), permitindo efetuar operações aritméticas – comparando-a com um notebook.
Esta máquina existe, não é ficção. É você, sou eu, somos todos nós. Desdobremos as potencialidades:
Locomove-se autonomamente; executa tarefas que conhece; aprende outras necessárias, convenientes ou prazerosas; comunica-se com as demais; inventa para progredir; armazena a energia necessária, se recarrega facilmente e o faz espontaneamente; decide entre várias opções pela mais conveniente; trabalha isolada, em conjunto ou com emprego de ferramentas que produziu; etc.
É muito? É só o início.
Quando lesionada tem a capacidade de se autorregenerar.
Quando atacada por agentes patológicos seu sistema imunológico providencia defesas contra o agressor e ao fazê-lo aprende a identificá-los, para numa próxima ocasião reagir com rapidez e eficiência. Chamamos de mitridatismo. Seu processador (o cérebro) descobre maneiras de fabricar medicamentos que auxiliam na cura e cirurgias que substituem, reparam ou descartam; vacinas que previnem doenças e soros que curam. Resumindo, desenvolveu a ciência médica.
Louis Pasteur descobriu a vacina; Joseph Lister a antissepsia para prevenir as infecções pós-cirúrgicas; Ignez Semmelweis dedicou a vida para difundir a ideia de higienizar as mãos a fim de evitar a infecção cruzada em parturientes, a temida e fatal febre puerperal – se hoje as maternidades são uma segurança, naquela época eram a antecâmara da morte; Christian Barnard nos levou aos transplantes do coração. Estes e tantos outros compõem uma plêiade que nos abriu os olhos aos mistérios da vida, sua gênese, conservação e cura.
Tudo isso se referia ao produto final, o ser vivo.
Mendel, Lamark e Darwin incursionaram na genética, a vida antes de ser vida. James D. Watson decifrou o genoma e deu o impulso definitivo ao decodificar o DNA.
O clímax da supermáquina: se reproduz, e com prazer.
A ciência é dinâmica. Até então os estudos se circunscreviam ao ser vivo pós-parto. Agora, a equipe de pesquisa Mercedes Gomez de Aguero, da Universidade de Berna (Suíça), descobriu e publicou na revista científica americana Science:
MICRÓBIOS DA MÃE AJUDAM IMUNIDADE DO BEBÊ NO ÚTERO
“Mães e pais tentam proteger seus filhos de micróbios assim que eles nascem, mas uma nova pesquisa mostra que o cuidado maternal contra os micro-organismos é ainda mais precoce: surge antes do parto, embora seja inconsciente. Os micróbios do corpo da gestante ajudam a moldar o sistema de defesa da futura criança ainda no útero. O estudo foi feito em camundongos.
Mamíferos costumam ter no organismo, especialmente no intestino, comunidades de micróbios variados, chamados microbiótica. São micróbios em geral benéficos que ajudam prevenir infecções.
Bebês logo adquirem sua própria microbiótica. Mas só com esse novo estudo se notou que a microbiota materna já tinha começado a moldar o sistema de defesa do filho bem antes do nascimento.
O principal experimento do estudo envolveu infectar temporariamente fêmeas prenhes de camundongo com uma bactéria modificada geneticamente, uma linhagem da comum “Escherichia coli”, que não permaneceria todo o tempo no intestino.

Demonstrou-se que o sistema de defesa dos filhotes foi afetado pela bactéria, mesmo sem ter tido contato direto com ela. Os autores concluíram que não foram os micróbios, mas sim os anticorpos das mães que os atacaram, e restos das moléculas desses anticorpos ativam o sistema de defesa do feto”.


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