terça-feira, 29 de dezembro de 2015

A SALA DE OPERAÇÕES DO FUTURO





A SALA DE OPERAÇÕES DO FUTURO – 29/12/2.015
ASSIM CAMINHA A HUMANIDADE XXII


PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.


A SALA DE OPERAÇÕES DO FUTURO
ASSIM CAMINHA A HUMANIDADE - XXII

Em coluna anterior expusemos as precárias e, atualmente, inadmissíveis condições de relacionamento entre médicos e pacientes nos hospitais. Hoje o que apesar de parecer utopia, sonho, já é realidade e prenuncia avanços ainda mais ousados, cirurgia sem bisturi, sangue e cicatrizes.
Dr. Kobi Jackob Vortman PhD – Presidente e Fundador da InSightec.
A forma como eu vejo o futuro é a construção duma sala de cirurgia da próxima geração, substituindo a tradicional por procedimento ambulatorial não-invasivo".
InSightec foi fundada em janeiro de 1.999. A empresa desenvolveu uma tecnologia inovadora que, em essência, permite o tratamento de seres humanos sem cortar o corpo. Nós desenvolvemos sistemas tecnológicos que permitem a destruição de alvos profundos dentro do corpo de forma completamente não-invasiva. A parte diferencial da InSightec é que todos esses procedimentos são feitos sob monitoramento em tempo real e controle dos resultados durante o tratamento, assim, o usuário é capaz de mudar parâmetros durante o procedimento para alcançar o resultado desejado.
A parte principal do sistema é o transdutor que transmite ondas de ultrassom. Para tanto tem milhares de elementos controlados eletronicamente, juntamente com mecânica e software que as suportam. Cada um desses elementos transmite as ondas de ultrassom com foco preciso no ponto de tratamento.
A tecnologia nos permite tratar quase qualquer tumor no interior do corpo. Começamos com miomas uterinos, um problema enorme para cerca de 25% das mulheres que sofrem efeitos sintomáticos significativos. Hoje, o padrão operacional é a histerectomia (remoção do útero). A paciente passa por uma histerectomia, em seguida será hospitalizada por 3-5 dias e enviada para casa se recuperar. Vai levar semanas. Em nosso tratamento no dia seguinte a paciente está de volta à sua vida, trabalho e família. É uma mudança promissora para as mulheres.
O segundo passo se volta para oncologia, nós selecionamos o tumor ósseo metastático. É um tratamento paliativo. O próximo é, em muitos aspectos, o santo graal desta tecnologia, são tratamentos no cérebro. Estamos tratando doenças do sistema nervoso central como Parkinson com tremor essencial. Nós temos visto pacientes que durante anos sofriam esta doença e que deixam a mesa imediatamente após o tratamento sem tremores.
Vamos olhar o próximo passo: câncer de próstata, tumores hepáticos, câncer de mama e assim por diante. Eventualmente, nós vislumbramos uma nova sala de cirurgia com serviço centralizado no hospital.
Eu fiz a minha licenciatura em física e matemática em Jerusalém e depois me mudei para o Technion onde fiz meu primeiro curso de engenharia elétrica e, em seguida, continuei diretamente para um PhD em eletro-ótica, paralelamente comecei a trabalhar no Rafael. Durante meus dias no Rafael tivemos uma colaboração muito ajustada com laboratórios e pesquisadores do Technion e, como uma equipe combinada, nós trabalhamos em programas de ponta que agora estão exercendo um papel importante na defesa de Israel.
Quando começamos a InSightec toda a equipe de P & D veio do Technion. Eu acho que, pelo menos, 80% da nossa equipe de P & D é proveniente do Technion.
Este é o novo sistema de terapêutica cerebral em desenvolvimento aqui na InSightec. O principal desafio é ser capaz de penetrar o crânio e ainda obter o ponto focal das ondas no ponto fulcral. Isto nunca foi feito antes por qualquer empresa e adicionar a ideia de ter todo o MRI guiado se torna muito complicado e envolve disciplinas de excelência em ciência e tecnologia.
Em muitos aspectos o sistema é um "Star Trek" porque a noção de que você pode operar um parkinsoniano usando ressonância magnética e três horas depois esse cara andar de bicicleta de volta para casa, livre dos tremores, é algo que, pelo menos na minha geração era percebida como utopia.
Na realidade, o sistema existe hoje. Temos uma quantidade ilimitada de sonhos. Em quase tudo que você toca há uma chance de fazer algo diferente.
Pense em um acidente vascular cerebral. Pense sobre a possibilidade de que essa tecnologia será capaz de liquefazer um coágulo no cérebro nas primeiras três a quatro horas, obter o refluxo de volta e salvar este cérebro.
Outra ideia diferente é direcionada à destruição de células em tumores malignos para que pudéssemos gerar toxicidade significativamente maior no alvo, SEM AFETAR AS CÉLULAS CIRCUNVIZINHAS NÃO AFETADAS.
Os dois links do rodapé descrevem, o primeiro o surgir e desenvolvimento da técnica, INÉDITA, que permite desde já uma intervenção isenta de incisões, anestesia, dor e demais desconfortos pré, trans e pós-operatórios. O outro permite acompanhar o processo executado num paciente de Parkinson há 15 anos. Não conseguia sequer ingerir um copo d’água sem auxílio, devido aos tremores. IMEDIATAMENTE após o procedimento os sintomas desapareceram como que por encanto.
Não é um experimento promissor, é uma técnica em pleno uso e que se alastrará sem demora para hospitais em todo o mundo. Cirurgias de diversas complexidades podem utilizá-la, inclusive tumores malignos que, pelas técnicas atuais são extremamente invasivas e com sequelas significativas, inclusive deformantes e passíveis de alta percentagem de recidivas.
Desde a década de 1.980 litotripsia extra corpórea tem sido utilizada para implodir e triturar cálculos renais e da vesícula biliar, que depois são expelidos pelas vias adequadas.





Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado



terça-feira, 22 de dezembro de 2015

NÃO TEM ANJINHO NA PARADA




NÃO TEM ANJINHO NA PARADA22/12/2.015


PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.


NÃO TEM ANJINHO NA PARADA
O homo sapiens é uma espécie singular no planeta Terra. Diferencia-se dos demais seres vivos por não estar restrito ao instinto impossível de ser contrariado. O livre arbítrio lhe permite a possibilidade de alçar voos às culminâncias da eticidade positiva ou ao báratro da concupiscência, egoísmo e, como uma vez disse Gerson, “levar vantagem em tudo”. O mais incompreensível, aparentemente, é que amiúde coexistam na mesma pessoa.
Líderes brasileiros podem ser listados nessa situação híbrida.
Getúlio Vargas, que nos legou a CLT, a Previdência Social e tantos outros benefícios apresentou um lado obscuro perfeitamente retratado pelo escritor Jorge Amado, deputado do PCB, cassado e exilado em Paris onde escreveu a trilogia “Os subterrâneos da liberdade”, retratando as diatribes do Estado Novo (posso disponibilizar em PDF, sem ônus, a quem estiver interessado, pelo e-mail cdjaymejo@gmail.com). Os nascidos pós 2ª Guerra Mundial nem podem imaginar o cerceamento que imperava na época. Podem crer, sequer era permitido falar em alemão ou italiano em público, as ondas curtas dos radiorreceptores  eram bloqueadas, livros confiscados. Pena para os recalcitrantes: prisão e encarceramento sem julgamento. Direito de defesa? O que é isso?
Luís Fernando Veríssimo retratou o “baixinho” como “O pai dos pobres e mãe dos ricos”.
Juscelino, Jânio, generais da ditadura, Sarney, Itamar, FHC, Lula e Dilma também podem ser arrolados como protagonistas de grandes feitos e lhes serem debitados malfeitos vários.
Na gestão FHC Geraldo Brindeiro ficou conhecido como o “Engavetador Geral da República”. Dos 626 inquéritos recebidos engavetou 242, arquivou 217 e somente 60 denúncias foram aceitas. Até a compra de votos da PEC que permitiu a reeleição é dessa época.
Na Ação Penal 470 foram julgadas e condenadas proeminentes figuras do alto escalão da república.
No momento a Lava-Jato se estende em sucessivas etapas e não parece estar perto do final. Inicialmente figuras ligadas ao PP e PMDB abriram o cortejo, logo seguidas por políticos de diversos partidos inclusive o tesoureiro do PT João Vaccari Neto, dirigentes da Petrobras e diretores das maiores empreiteiras que mantinham contratos bilionários com a estatal.
Antevendo severas penas, muitos aderiram à delação premiada, corruptos, corruptores e autoridades entraram no roldão generalizado.
No dia 25/11/2.015 ocorreu algo inusitado, o senador Delcídio do Amaral foi preso, acusado de tentar obstruir a justiça e promover a fuga para a Espanha de Nestor Cerveró, um dos prisioneiros dispostos a colaborar com delação premiada. Confrontados com uma gravação explicitando o fato os juízes do STF não titubearam em ordenar a prisão, avalizada posteriormente pelo senado, em voto aberto.
Estrugiu como uma bomba na cúpula do PT, que não deu suporte ao senador, ao contrário do que ocorrera nos episódios da Ação Penal 470.
- Foi uma burrada definiu Lula em almoço com dirigentes da CUT. O ex-presidente foi consultado pelo presidente do PT Rui Falcão antes de emitir uma nota oficial na qual o partido não se solidariza com o senador.
 A ministra Carmen Lúcia do STF assim se pronunciou:
"Na história recente da nossa pátria, houve um momento em que a maioria de nós, brasileiros, acreditou no mote segundo o qual uma esperança tinha vencido o medo. Depois, nos deparamos com a Ação Penal 470 e descobrimos que o cinismo tinha vencido aquela esperança. Agora parece se constatar que o escárnio venceu o cinismo. O crime não vencerá a Justiça. Aviso aos navegantes dessas águas turvas de corrupção e das iniquidades: criminosos não passarão a navalha da desfaçatez e da confusão entre imunidade, impunidade e corrupção. Não passarão sobre os juízes e as juízas do Brasil. Não passarão sobre novas esperanças do povo brasileiro, porque a decepção não pode estancar a vontade de acertar no espaço público. Não passarão sobre a Constituição do Brasil”.
Depois disso tudo e diante do contubérnio incestuoso do processo de impeachment onde as partes se digladiam para decidir quem mais prevarica, resta ao povo brasileiro, pacato, ordeiro, honesto e trabalhador esperar – sem muita convicção – que se invertam os polos e retomemos um caminho que nos leve à ORDEM E PROGRESSO. 



Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado







quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

UMA PESCARIA INESQUECÍVEL





UMA PESCARIA INESQUECÍVEL – 16/12/2.015


PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.



UMA PESCARIA INESQUECÍVEL
O autor é James P. Lenfestey, confira e reflita.
Ele tinha onze anos e, a cada oportunidade que surgia, ia pescar no cais próximo ao chalé da família, numa ilha que ficava em meio a um lago.
A temporada de pesca só começaria no dia seguinte, mas pai e filho saíram no fim da tarde para pegar apenas peixes cuja captura estava liberada.
O menino iscou e começou a praticar arremessos, provocando ondas coloridas na água, logo elas se tornaram prateadas pelo efeito da lua nascendo sobre o lago. Quando o caniço vergou, soube que havia algo enorme no outro lado da linha.
O pai olhava com admiração enquanto o garoto habilmente e com muito cuidado, erguia o peixe exausto da água. Era o maior peixe que já tinha visto, porém a pesca só era permitida na temporada. O garoto e o pai olharam para o peixe, tão bonito, as guelras movendo para trás e para frente.
O pai, então, acendeu um fósforo e olhou para o relógio. Pouco mais de dez da noite... Ainda faltavam quase duas horas para o início da temporada. Em seguida, olhou para o peixe e depois para o menino, dizendo:
- Você tem de devolvê-lo, filho!
- Mas, papai, reclamou o menino.
- Vai aparecer outro, insistiu o pai.
- Não tão grande como este, choramingou a criança.
O garoto olhou à volta do lago. Não havia outros pescadores ou embarcações à vista. Voltou novamente o olhar para o pai. Mesmo sem ninguém por perto, sabia, pela firmeza de sua voz, que a decisão era irrevogável. Devagar, tirou o anzol da boca do enorme peixe e o devolveu à água escura. O peixe movimentou rapidamente o corpo e desapareceu. Naquele momento, o menino teve certeza que jamais pescaria um peixe tão grande como aquele.
Isso aconteceu há trinta e quatro anos. Hoje o garoto é um arquiteto bem sucedido. O chalé continua lá, na ilha em meio ao lago e ele leva os filhos para pescar no mesmo cais. Sua intuição estava correta. Nunca mais conseguiu pescar um peixe tão maravilhoso como o daquela noite. Porém, sempre vê o mesmo peixe todas as vezes que se depara com uma questão de ética. Porque, como o pai lhe ensinou, a ética é simplesmente uma questão de CERTO e ERRADO.
Agir corretamente, quando se está sendo observado, é uma coisa. A ética, porém, está em agir corretamente quando ninguém nos está observando. Esta conduta só é possível quando, desde criança, se aprende a DEVOLVER O PEIXE À ÁGUA.


Ah! Se cada um de nós souber devolver seu peixe na hora da tentação, o mundo em geral, o Brasil em particular e, principalmente, cada um de nós será, não apenas melhor, mas poderá ao fim da noite repousar a cabeça no travesseiro. E ISSO É O MAIS IMPORTANTE NA VIDA!
Cada um de nós tem a oportunidade de, amiúde, ver-se na contingência de optar entre devolver ou recolher um peixe fisgado de maneira ilegal. Os que abdicam do proveito imoral e veem os circunlóquios que políticos utilizam para alcançar objetivos a qualquer preço estão estarrecidos com o que se escancara em Brasília. O pior, infelizmente verdadeiro, é que ambos os lados se esmeram em segurar o peixe sem o menor resquício de dúvida, hesitação. Remorso? Honorabilidade? Essas palavras não constam no dicionário deles.







Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado





quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

ASSIM AMINHA A HUMANIDADE XXI -Alzheimer, a esperança




ASSIM CAMINHA A HUMANIDADE XXI – Alzheimer, a esperança10/12/2.015


PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

ESPERANÇA PARA PACIENTES DE ALZHEIMER
ASSIM CAMINHA A HUMANIDADE - XXI
Coletamos ao longo da vida um imenso repertório de memórias em nossas mentes. Sabemos hoje que as memórias são captadas pela vasta rede de neurônios (aproximadamente 86 bilhões, cada qual com potencial de se interligar a outros 20.000 por meio de sinapses). Pode, à primeira vista parecer absurdo, mas o número de sinapses possíveis num único cérebro humano ultrapassa o das estrelas existentes no Universo. Impossível calcular sem o auxílio dum supercomputador, daqueles que realizam bilhões de cálculos por segundo. Como essas combinações são aleatórias, perfazem um número que, realmente, ultrapassa o das estrelas do Universo. Para termos uma pálida ideia, as combinações da megassena são originadas por 60 números, agregados de 6 em 6. Convém ressaltar que não há ligação física entre os neurônios, mas uma separação média de 20 nanômetros (20 milionésimos de milímetro), a transmissão é efetuada por meio de neurotransmissores. Quando o estímulo é repetido aumenta sua efetividade e origina a memória que será armazenada no hipocampo, estrutura situada profundamente no  cérebro.
Quando você memoriza algo – um endereço, por exemplo – aciona um conjunto de neurônios que formam conexões entre si. Se esses laços são desfeitos a informação é perdida e você não consegue se lembrar dela. O esquecimento é parte essencial da vida.
Neurologistas norte-americanos conseguiram recuperar memórias perdidas em animais muito simples: lesmas do gênero “Aplysia”, que vivem no mar. Aplicaram choques elétricos em nervos sensoriais que formaram conexões com nervos motores, que fazem a lesma se retrair. A lesma cria uma memória que dura alguns dias, mesmo na ausência do choque. A seguir elas receberam injeções de queleritina, uma substância que desfaz as ligações, eliminando as sinapses, destruindo a memória. Quando, posteriormente tomaram injeções de serotonina (neurotransmissor também presente nos seres humanos) as conexões se refizeram e a memória foi recuperada.
Além de provar que é possível recuperar a memória destruída, o estudo levanta uma hipótese instigante. Talvez as memórias não sejam armazenadas nas sinapses e sim dentro dos neurônios. Isso pode ser uma esperança para quem sofre de Alzheimer, uma doença que bloqueia as sinapses, levando à perda da memória. “Se encontrarmos uma maneira de restaurar as sinapses desses pacientes, suas memórias poderão retornar”, conjetura o neurocientista David Glanzman, líder do estudo.
Na hipótese de ficar comprovado que a memória pode ser deletada com a queleritina e readquirida com a serotonina – ou similar – poderemos antever, em prazo não demasiado longo, a concretização em definitivo da vitória sobre a Doença de Alzheimer. Quando isso for atingido poderemos, sim, falar no prolongamento da vida em condições saudáveis - física e intelectualmente - por um tempo cada vez mais dilatado. A imortalidade relativa abordada em colunas anteriores não será mais uma quimera.
Como todos os estudos relacionados às funções do organismo humano, entre o primeiro vislumbre e sua aplicação é necessário percorrer um longo caminho a fim de evitar danos posteriores, devido a efeitos colaterais de longo prazo. De qualquer modo, sempre que uma tênue luz aparece para iluminar um ponto obscuro refulge uma esperança de, cedo ou tarde, melhorar as condições de vida.
Há riscos? Há! Quando Louis Pasteur intuiu o princípio da vacina, não titubeou, seguiu em frente. Após os resultados desastrosos do uso da Talidomida em gestantes, no fim da década de 1.950 gerando teratologias irreversíveis, as autoridades redobraram os esforços no controle dos estudos pré-lançamento. Atualmente a Talidomida é indicada em mais de 60 tratamentos: lúpus, AIDS, transplantes de medula, artrite reumatoide entre outros. É terminantemente vedada a gestantes.

Aplysia: Aprendizagem e memória – 3min28seg
Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado




terça-feira, 8 de dezembro de 2015

ASSIM CAMINHA A HUMANIDADE XX - Alzheimer 1



ASSIM CAMINHA A HUMANIDADE XX - Alzheimer 1
http://www.litoralmania.com.br/alzheimer-por-jayme-jose-de-oliveira/

PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

ALZHEIMER 1
ASSIM CAMINHA A HUMANIDADE – XX
Como vimos nas colunas anteriores, o prolongamento da vida em vertebrados, inclusive o homem, tem uma perspectiva promissora. Entre os obstáculos a serem superados para que além da expansão tenhamos possibilidade de desfrutarmos saúde física e, principalmente intelectual, sobressai a doença de Alzheimer. Até o momento a degeneração consequente é irrefreável, mesmo com as terapêuticas mais avançadas. Encaminhamo-nos para um futuro soturno com inúmeros idosos fisicamente saudáveis, enclausurados num mundo desligado da realidade.
Espera-se para o futuro que novas drogas sejam mais seguras e capazes de interferir efetivamente no retardamento da evolução natural da doença. Dentro do conhecimento científico atual as linhas de pesquisa mais promissoras nesse sentido são:
  • Terapia antiamilóide
  •  Inibidores da hiperfosforilação da proteína TAU
  •  Fator de crescimento neuronal
Novas drogas estão saindo dos laboratórios de ciência básica e sendo investigadas em vários ensaios com seres humanos. Espera-se que novas drogas sejam mais seguras e capazes de interferir efetivamente no retardamento da evolução natural da doença.
A possibilidade de se fazer o diagnóstico antes que o processo demencial esteja instalado e que a intervenção farmacológica seja implantada de modo preventivo, evitando o agravamento do quadro neurodegenerativo de forma irreversível, é um objetivo que se vislumbra em médio prazo.
A Doença de Alzheimer é o tipo de demência mais comum e também é um termo geral usado para descrever as condições que ocorrem quando o cérebro não mais consegue funcionar corretamente. O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa  que provoca o declínio das funções intelectuais reduzindo as capacidades de trabalho e relação social, interferindo no comportamento e na personalidade. No início o paciente começa a perder sua memória mais recente, pode até lembrar com precisão fatos ocorridos há anos, mas esquecer que acabou de realizar uma refeição. Com a evolução do quadro o Alzheimer causa grande impacto no cotidiano da pessoa e afeta a capacidade do aprendizado, atenção, orientação, compreensão e linguagem. A pessoa fica cada vez mais dependente da ajuda dos outros até mesmo para rotinas básicas como a higiene pessoal e a alimentação. A taxa de progresso da doença é variável conforme a pessoa, contudo, portadores de Alzheimer vivem em média oito anos após o início dos sintomas.
Apesar de não haver atualmente tratamentos que impeçam o progresso da Doença de Alzheimer, há medicamentos para tratar os sintomas de demência. Nas últimas três décadas as pesquisas proporcionaram uma compreensão muito mais profunda sobre como o Alzheimer afeta o cérebro. Hoje em dia os pesquisadores continuam a buscar tratamentos mais eficientes e a cura, além de formas para impedir seu surgimento e melhorar a saúde cerebral.
No Brasil, existem cerca de 15 milhões de pessoas com mais de 60 anos de idade. Seis por cento delas sofrem do Mal de Alzheimer segundo dados da Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz). Em todo o mundo são 15 milhões. Nos Estados Unidos é a quarta causa de morte de idosos entre 75 e 80 anos, perde apenas para infarto, AVC e câncer. O Alzheimer não é uma parte normal do envelhecimento, embora o maior risco conhecido seja o aumento da idade, mas não é apenas uma doença da velhice. Até 5 por cento das pessoas com a doença tem início precoce, muitas vezes aparece quando alguém está na faixa dos 40 ou 50 anos.
Pessoas com perda de memória ou outros possíveis sinais da Doença de Alzheimer podem ter dificuldade para reconhecer que eles têm um problema. Os sinais de demência pode ser mais óbvio para os membros da família ou amigos. Qualquer um que experimenta sintomas de demência deve consultar um médico o mais rápido possível.

Em 1.995, aos 61 anos, William Utermohlen, um artista americano que vivia em Londres, recebeu um diagnóstico devastador, ele tinha a Doença de Alzheimer. Em resposta à doença ele começou a pintar autorretratos que se tornaram uma maneira para tentar entender a sua condição. Até ser internado em um lar de idosos em 2.000, Utermohlen pintou retratos regulares de si mesmo durante os primeiros anos de seu diagnóstico e o que vemos é um homem lutando para permanecer em contato com o mundo ao seu redor. Utermohlen faleceu em 2007 mas os seus autorretratos são um caminho para que possamos avaliar a devastação causada pela doença.
Antes de seu diagnóstico, era um artista de sucesso que passava todo o seu tempo desenhando e pintando. Alzheimer é uma doença terrível, confusa. Ela rouba os nossos entes queridos para longe de nós, mesmo antes de morrerem. Compartilhe os últimos trabalhos desse artista.
Acessem os vídeos, são realmente impactantes.


















FILHA CUIDA DA MÃE COM ALZHEIMER – 4min53seg
CARTA DE UM PORTADOR DE ALZHEIMER AO SEU CUIDADOR – 7min50seg
AS FASES DA DOENÇA DE ALZHEIMER – 3min10seg

Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

IMORTALIDADE IV - Henrietta Lacs, a mulher imortal 2





IMORTALIDADE IV – Henrietta Lacks, a mulher imortal 2 – 02/12/2.015

PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

IMORTALIDADE IV
ASSIM CAMINHA A HUMANIDADE XIX

A VIDA IMORTAL DE HENRIETTA LACKS - 2
Henrietta Lacks, cujo nome de batismo era Loretta Pleasant, nascida em 1920, desenvolveu um tumor cervical que mudaria o entendimento de muita coisa na biologia. As células extraídas de sua biópsia ainda estão vivas, e com certeza são muito mais numerosas hoje do que quando ela era viva, até 1951. Mas a história de Henrietta e sua família é muito mais rica do que suas células, e grande parte desta noção seria perdida sem o livro de Rebecca Skloot “A Vida Imortal de Henrietta Lacks.
Rebecca é uma escritora com formação em ciências, que queria contar a história de Henrietta desde que ouviu sobre células HeLa aos 16 anos. “A Vida Imortal” é seu primeiro livro, e consumiu 10 anos (e um casamento, nas palavras dela) para ser escrito, principalmente porque ela precisou contatar os familiares e fazer grande parte do levantamento de material com a filha mais nova de Henrietta, Deborah.
Para começar, nem Henrietta nem sua família autorizaram o uso nem souberam do destino de suas células. Seus filhos só foram informados do acontecido no começo da década de 1970, por puro interesse, quando se cogitou estudar o conteúdo genético da família Lacks por causa das células. E mesmo assim foram mal informados. O marido de Henrietta, David Lacks mal havia cursado o ensino fundamental, e ao ser informado sobre as células HeLa, sem fazer idéia do que era uma célula, entendeu que sua mulher havia sido mantida viva pelos últimos 20 e poucos anos, sendo utilizada como cobaia em diversos laboratórios para todo tipo de testes.
Rebecca conta em seu livro a dificuldade que foi conseguir encontrar os filhos de Henrietta, em grande parte pela forma com que foram sempre tratados pela mídia e por cientistas, muitas vezes ávidos por fazer perguntas, mas sem paciência nenhuma para explicar o que faziam com as células de sua mãe. Muito pobres e com pouca educação, nunca lucraram com todo o uso comercial que foi feito com as células HeLa. Milhões em vendas de células e reagentes, sem contar os produtos desenvolvidos graças aos testes que elas permitiram.

No hospital, uma amostra do colo do útero de Henrietta havia sido extraída sem o seu conhecimento, e fornecida à equipe de George Gey. Gey demonstrou que as células cancerígenas desse tecido possuíam uma característica até então inédita - mesmo fora do corpo de Henrietta, multiplicavam-se num curto intervalo, tornando-se virtualmente imortais num meio de cultura adequado. Por causa disso, as células 'HeLa', logo começaram a ser utilizadas nas pesquisas em universidades e centros de tecnologia. Como resultado, a vacina contra a poliomielite e contra o vírus HPV, vários medicamentos para o tratamento de câncer, de AIDS e do mal de Parkinson, por exemplo, foram obtidos com a linhagem 'HeLa'. Apesar disso, os responsáveis jamais deram informações adequadas à família da doadora ou ofereceram qualquer compensação moral ou financeira pela massiva utilização das células. “A vida imortal de Henrietta Lacks” reconstitui a vida e a morte desta personagem da história da medicina. O livro procura demonstrar como o progresso científico do século XX deveu-se em grande parte a essa mulher.
Henrietta, em uma das poucas fotos dela que se conhece.

A narrativa do livro segue duas frentes, uma descrevendo o rumo que as células de Henrietta percorreu, a doação para milhares de pesquisadores que obtiveram inúmeros achados, e tiveram até outras culturas contaminadas e dominadas pelas sempre crescentes HeLa. A outra, descrevendo a aventura da autora e de Deborah para descobrir mais sobre sua mãe e sua família, inclusive o destino de uma irmã com problemas mentais que havia desaparecido após a morte de Henrietta. Uma mistura fantástica de ciência e história pessoal, que com certeza contribuiu para o livro ser um dos mais vendidos nos EUA por semanas após seu lançamento. É uma leitura deliciosa para todo tipo de interesse, científico ou não.
Ao fim, uma ótima discussão sobre bioética, sobre o uso de material biológico derivado de pacientes, e as implicações filosóficas, jurídicas e comerciais. Um livro que levou dez anos para ser escrito, e foi concluído e publicado pouco depois da morte de Deborah. De blogueira e escritora para autora de um enorme best-seller, Rebecca com certeza merece a fama que alcançou, ainda mais impressionante por ser seu primeiro livro. 
Para mim, a melhor leitura “não ciência” do ano passado.
Desde então, tenho usado células HeLa em meus experimentos, basicamente para infectá-las com HIV sem que ele se replique, pois ele não encontra os receptores que precisa na superfície destas células. Não consigo evitar pensar na história do livro toda vez que vejo as iniciais no frasco de cultura, e pensar que muita gente deve cultivá-las sem nem saber o que se passou antes de elas estarem no frasco. Alguém aí conhece a história das células Ghost, que também uso?

Obs: Um documentário da BBC de 1997, The Way of All Flesh, por Adam Curtis, que nas palavras do Kentaro “Se é Adan Curtis, tem que ver. Vale não só pela história de Henrietta, mas também por toda a história da descoberta e do combate ao câncer que ele conta. 
autora criou uma fundação para onde parte dos proventos deste livro está sendo encaminhada.



















Rebecca Skloot
 





Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado