quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

DE PERO VAZ DE CAMINHA AO PETROLÃO


De Pero Vaz de Caminha ao Petrolão

Jayme José de Oliveira
Jayme José de Oliveira
Na “Carta de achamento do Brasil” escrita por Pero Vaz de Caminha em Porto Seguro, entre 22 de abril e 2 de maio de 1.500, verificou-se o primeiro episódio de tentativa para influenciar autoridade em benefício próprio ou de familiares, correligionários, etc. Dirigida ao rei D. Manoel I solicitava:
“Eis pois que, Senhor, é certo que, assim neste cargo que levo, como em qualquer coisa que de vosso serviço for, Vossa Alteza há de ser muito bem servida, a Ela peço que, por me fazer singular mercê, mande vir da ilha de São Tomé a Jorge Osório, meu genro – o que d’Ela receberei com muita mercê”.
Como vemos, o problema é endêmico e iniciou já no primórdio da nossa História.
Getúlio Vargas se suicidou ao imergir num mar de lama, em 24/08/1.954.
Juscelino Kubitschek e a construção de Brasília merecem atenção especial.
No período ditatorial (1.964-1.985) a rígida censura obnubilou os descaminhos, a Comissão da Verdade tenta esclarecer.
Fernando Collor de Mello, como sabemos, sofreu impeachment e por sobradas razões.
No governo FHC o procurador geral da república, Geraldo Brindeiro, dos 624 inquéritos policiais que recebeu, engavetou 242 e arquivou 217. Somente 60 denúncias foram aceitas. Por conta disso recebeu o jocoso epíteto de “engavetador-geral da república”. Entre as denúncias que engavetou está a da compra de votos para a aprovação da PEC que instituiu a reeleição para presidente, governadores e prefeitos.
O presidente Lula reiterou ataques à atuação moralizadora do Tribunal de Contas da União (TCU). Após dizer que o Brasil “está travado”, ele defendeu a criação de uma câmara de nível superior, que possa decidir rapidamente sobre a liberação de obras suspensas por liminares da justiça.
“Não é fácil governar com a poderosa máquina de fiscalização e a pequena máquina de execução”.
Inconformado com a vigência da Lei nº 8.666/93, Lei de Licitações e Contratos, no dia 9 de maio de 2.008, em discurso no município de Salvador, Bahia, ressaltou a importância de alterá-la pois as regras nela insertas estariam atrasando o cronograma de obras do PAC, permite um controle excessivo nos procedimentos licitatórios e obriga a prestação de contas (SIC).
Em 2.009 o TCU sugeriu parar obras da PETROBRAS. O presidente Lula vetou dispositivos da lei orçamentária, aprovados pelo Congresso, que impediam os repasses e permitiu que fossem liberados R$ 13,1 bilhões, embora auditorias tenham detectado superfaturamento e outras irregularidades.
Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff renegociaram U$ 1,036 bilhão de países africanos, dos quais U$ 717 milhões foram perdoados. O mecanismo de perdão de dívidas é positivo para países endividados pois abre oportunidades de novos investimentos externos. É também para o país que alivia a dívida, que geralmente quer investir no país endividado (as empresas que executarão as obras agradecem).
O Brasil perdoou dívidas e emprestou dinheiro aos seguintes países: Cabo Verde, Cuba, Gabão, Venezuela, Bolívia e diversos países africanos. A irregularidade fica patente porque, de acordo com a legislação vigente, a concessão de benefícios a nações com dívidas atrasadas junto ao Brasil necessita aprovação pelo Senado.
Houve corrupção de tal monta que foi instaurada a Ação Penal 470 junto ao STF a qual resultou na condenação de agentes financeiros, além de proeminentes líderes políticos envolvidos. Quem não fugiu para o exterior cumpriu ou continua cumprindo penas de reclusão.
E VEM A PÚBLICO O TSUNAMIDA PETROBRAS!
Não se sabe ainda quanto e quantos estão envolvidos, o certo é que não se trata de “arraia-miúda”. Diretores da PETROBRAS, políticos de alto coturno – cujos nomes ainda não foram divulgados, dirigentes – inclusive em nível de presidência – das maiores empreiteiras do Brasil. CEOS que jamais supunham pudessem ser sequer citados, foram encarcerados. Desta vez, ao que parece, não apenas os corruptos merecem atenção, os que disponibilizam o numerário, finalmente, “entraram na roda”.
A presidente Dilma Rousseff, da Austrália onde o G20 se reuniu, reiterou seu pronunciamento por ocasião da divulgação do resultado das urnas, combater a chaga, custe o que custar, doa a quem doer.
“O escândalo mudará para sempre a relação entre a sociedade brasileira, o Estado brasileiro e a empresa privada. A investigação à corrupção da PETROBRAS vai abrir caminho para a apuração e encerramento de outros esquemas ilícitos no Brasil, jogará luz do sol sobre todos os processos de corrupção”.
Atribui-se a Auguste de Saint-Hilaire a frase: “Ou o Brasil acaba com a saúva, ou a saúva acaba com o Brasil”. Bem que poderia ser parodiada para: “Ou o Brasil acaba com a corrupção, ou a corrupção acaba com o Brasil”.
Ai que saudade…
do tijolinho de banana
do meu Autorama
do Cinerama
do Mário Quintana
e da Petrobras pré-lama. (Luís Fernando Veríssimo)
Jayme José de Oliveira
Capão da Canoa – RS – Brasil
(51)98462936 – (51)81186972
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