quinta-feira, 31 de março de 2022

MATAR O CÃO PARA ACABAR COM AS PULGAS

 


PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira

“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

 

MATAR O CÃO PARA ACABAR COM AS PULGAS- 30/03/2022

Agressões a jogadores de futebol das equipes adversárias; brigas de torcedores antes, durante e após os jogos; vandalismo de torcedores às instalações do clube para o qual torcem em represália a resultados desfavoráveis; ameaças via redes sociais ou, pior, agressões a atletas das cores pelas quais afirmamos ter preferência, amor e dedicação; provocar tumultos; etc. São atos criminosos, vis, injustificáveis, estúpidos, para dizer pouco. Os fatos se sucedem em catadupas e a tendência é que recrudesçam.

Jogadores do Bahia, que está na zona de rebaixamento no Brasileirão, são agredidos em protesto no aeroporto, na véspera do jogo com o Vitória.

Clássico Coritiba x Athlético é interrompido pela arbitragem devido a tumulto causado pelas torcidas. A polícia teve de usar bombas de efeito moral.

Villasanti levou pedrada na face, arremessada contra o ônibus do Grêmio. O agressor foi identificado, preso e... solto. Ocorreu antes do Gre-Nal adiado pelo fato. Sofreu traumatismo craniano.

Lucas Silva foi atingido no rosto por um telefone celular durante a comemoração do 3º gol gremista no Gre-Nal 437, em 10/3/2022. O presidente do Grêmio, Romildo Bolzan lembra a pedrada em Villasanti e deixa a agressão de Lucas Silva nas mãos da FGF e do TJD. “Eles estão com as ações”.

Um dia após o fato o torcedor, já identificado, um processo criminal foi instaurado.

Comentarista estabelecido na Inglaterra, numa declaração à Rádio Gaúcha, sugeriu que para interromper a série de atos criminosos os jogadores, em todo o país, deveriam deflagrar uma greve e interromper os campeonatos. Brilhante ideia, comparável a MATAR O CÃO PARA ELIMINAR AS PULGAS.

Mas, o que poderia ser feito                                                                          CUMPRIR A LEI!                                                                                     Processar os criminosos por dolo eventual, agressão com lesões corporais.

Procedimento com excesso de rigorismo? Querem esperar até que atletas sejam inutilizados, até mortos? Lembremos os hooligans no futebol inglês.

Atualmente a Premier League é uma das cinco melhores do mundo. Muito antes deste patamar, lá na década de 1980, a Inglaterra vivia o seu pior momento no futebol. Violência extrema com grande influência dos hooligans, estádios deteriorados e a queda do nível do futebol marcaram esse momento histórico.

Um grupo brutal apareceu no Reino Unido: os hooligans. Eles marcaram negativamente a história do futebol inglês. Atos de vandalismo severo mataram centenas de pessoas e mancharam a bela história do país que jogou as primeiras partidas deste esporte que tantas pessoas amam.

A violência dos torcedores ingleses mais inconsequentes, conhecidos como hooligans, provocou a exclusão das equipes do país das competições europeias por cinco anos. Os hooligans causavam terror nas ruas e nos campos, promoviam o caos com sessões de pancadaria e invasão de gramados.

A então primeira-ministra britânica, Margaret Thatcher, tratou de lidar com os problemas à sua maneira: forte repressão policial e isolamento dos hooligans. Foram instaladas grades pontiagudas eletrificadas e com arame farpado no topo.

Após a morte de 96 pessoas que foram esmagadas nos distúrbios de um jogo pela semifinal da Copa da Inglaterra, o magistrado Murray Taylor foi encarregado de tomar as providências necessárias.

Todos os estádios ingleses tiveram de instalar sistemas de monitoramento por câmeras. Os torcedores brigões eram retirados dos estádios. Na temporada de 2012-2013, houve 2.456 prisões de torcedores. A maioria dessas detenções resultou em Ordens de Banimento do Futebol.

Países que seguiram o exemplo inglês, como a Alemanha e a Espanha também conseguiram controlar os hooligans.

O exemplo inglês foi decisivo para todo o Futebol Europeu.

A violência nos estádios é parte da violência da sociedade. Para que ambas sejam enfrentadas são necessários os mesmos instrumentos:     LEIS DURAS E SEU CUMPRIMENTO EFETIVO. Como fizeram os ingleses.   O resto é blá-blá-blá. Não se resolve interrompendo campeonatos como NÃO SE ELIMINAM PULGAS MATANDO OS CÃES.

Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado


NOVA ROTA DA SEDA?

 


PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira

“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

 

NOVA ROTA DA SEDA? – 23/03/2022

“As guerras dizem que ocorrem por nobres razões: a segurança internacional, a dignidade nacional, a democracia, a liberdade, a ordem, o mandato da civilização ou a vontade de Deus. Ninguém tem a dignidade de confessar: Eu mato para roubar”. (Eduardo Galeano, autor de ‘As Veias Abertas da América Latina’).  O escritor, ao ser entrevistado por Cynara Menezes surpreendeu ao afirmar: “Eu não seria capaz de ler novamente As Veias Abertas da América Latina..., cairia desmaiado”.

Esta declaração, repudiando sua mais impactante obra, pode servir de parâmetro para tentarmos entender as incongruências nas relações internacionais. Aliás, Ramón de Campoamor, autor do famoso poema que diz: “Nada hay de verdad ni mentira, todo es segun el color del cristal com que se mira”, bate na mesma tecla.

Embrenhemo-nos nas nuances mais recônditas desta invasão que a Rússia perpetrou na Ucrânia:                                                                     Quando Putin planejou a agressão que relembra o episódio bíblico de Golias contra Davi, selou um acordo com Xi-Jinping, presidente da República Popular da China, aparentemente com a finalidade subjacente de alterar o sistema internacional da estrutura do PODER. Ledo engano, a China tende a se manter afastada do conflito. Elucubra-se que Taiwan possa ser a Ucrânia de amanhã.

Interesses comerciais falam alto, cada um pensa em auferir vantagens num mundo futuro em que os Estados Unidos não terão o protagonismo atual. Para a China é vantajoso que haja um desfecho pacífico.

As sanções econômicas impostas à Rússia são um alerta vermelho para Xi-Jinping. Por outro lado, uma Rússia em dissonância com o resto do mundo ficará ainda mais dependente da China.

Não devemos esquecer que a China nunca pensou em política internacional a curto ou médio prazo. Como diria o jornalista, professor e deputado federal Jorge Alberto Beck Mendes Ribeiro: “Aponta muito baixo quem mira as estrelas”.

A legendária “Rota da Seda”, milenar, que conectou o mundo antigo, estendia-se de Chang’na, na China, até Antióquia, na Ásia Menor, Coreia e Japão, a maior rede comercial do mundo antigo. Caravanas, embarcações oceânicas faziam ligação entre o Oriente, Coreia, Japão, inúmeros países e regiões, chegando até a Suécia.

No volume “Marco Polo e a Rota da Seda”, da coleção “Descobertas”, Jean-Pierre Drège, especialista em história da China, narra a saga desse personagem numa abordagem original, inspirada no relato da viagem do jovem veneziano em 1271.

Decorridos éculos, alguém duvida que a China tenha os olhos voltados para refazer uma nova rota, não da seda, mas do comércio internacional, em que manejaria os cordéis, tendo o mundo no papel de marionete? Os Estados Unidos aparentemente não dispõem mais do poder que ostentavam, incontestes, nas últimas décadas. O campo está aberto para ser explorado por quem tenha competência para tanto.

Ao longo da História os impérios surgem, chegam ao clímax, estagnam e cedem o lugar aos mais afoitos, impetuosos e perseverantes.

Estará chegando a vez da China?

Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado


domingo, 13 de março de 2022

CEEE EQUATORIAL

 


PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira

“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

 

CEEE EQUATORIAL

“Milhares de moradores de Porto Alegre e da Região Metropolitana chegaram, na sexta-feira, ao quinto dia sem luz em razão dos temporais que ocorreram no Estado”. (Zero Hora, 11/3/2022)

Uma reunião entre representantes da Defensoria Pública e advogados da CEEE Equatorial ocorreu com a finalidade de, não apenas lavrar um enérgico protesto pela possível inércia dos responsáveis, mas, principalmente, elaborar um plano factível para que não se repitam as morosidades inadmissíveis na resolução dos consertos.

A ocorrência de três temporais consecutivos agravou as dificuldades, porém, devemos convir que a população, não pode ser submetida a tamanho sofrimento. A empresa que venceu a concorrência de privatização sabia das possibilidades de interrupção no fornecimento de energia e tinha a obrigação, inclusive expressa em contrato, de providenciar nos consertos necessários. COM URGÊNCIA.

O dirigente do Núcleo de Defesa do Consumidor, Rafael Magagnin, exigiu a formatação de um plano estruturado – de curto, médio e longo prazos – para atender as legítimas reclamações dos usuários.

Para a Defensoria, a empresa comunicou que, desde julho de 2021, R$ 100 milhões já foram aplicados e R$ 432 milhões estão previstos para 2022, em projetos de novas subestações, expansão e melhoria da rede, manutenção e combate às perdas de energia.

Se bem que a empresa deve se preparar melhor para enfrentar futuras ocorrências, estamos cientes que a privatização da CEEE era de relevante necessidade, a estatal prestava um serviço ruim e tinha uma dívida impagável, superior a R$ 7 bilhões. Dos quais mais de R$ 4 bilhões eram de ICMS que o Estado deixou de receber. Em consequência pairava o risco de a empresa estatal perder a concessão, seu único ativo de valor.

O Grupo Equatorial é uma empresa que possui cabedal de conhecimentos para enfrentar os ônus do serviço e se espera que nas próximas ocorrências as repostas sejam prontas e eficazes, minimizando os prejuízos e transtornos para os consumidores.

O lado mais transparente dos prejuízos se reflete na perda de bens perecíveis, atingem milhões de reais, contudo, esses podem e devem ser ressarcidos monetariamente. Existe um fator mais preponderante, e este não tem como ser compensado: medicamentos de uso contínuo, insulina para diabéticos, por exemplo, necessitam refrigeração permanente para não perderem a eficácia. Milhares de diabéticos insulinadependentes não sobrevivem na falta da medicação. Falo de cadeira, me incluo neste grupo. A pergunta que não pode ser calada: para o consumidor comum, que não tem acesso a placas solares, onde encontrar refrigeração para a sua insulina insubstituível, da qual depende a sua vida? HIPERGLICEMIA é um fator de morte. É fatal. SIM.

Finalmente, o argumento de que muitas falhas ocorrem em locais ermos, quase inacessíveis, não s sustenta. Eram atendidas, bem ou mal e solucionadas pela CEEE Estatal, se exige que a Equatorial assuma as suas responsabilidades como se comprometeu ao assinar o contrato de privatização.

SEM LERO-LERO.

Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado


quinta-feira, 3 de março de 2022

DURMA-SE COM UM BARULHO DESSES

 


PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira

“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

 

DURMA-SE COM UM BARULHO DESSES

A agressão da Rússia à Ucrânia tomou rumos inesperados pelo agressor. A comunidade internacional, quase por unanimidade, reprovou e o Conselho de Segurança da ONU, reunido no dia 25 de fevereiro votou a resolução que condenou a invasão. A Rússia, que tem o poder de veto, votou contra e foi o único país a fazê-lo. O Brasil votou a favor assim como os Estados Unidos e outros nove países. China, Emirados Árabes e Índia se abstiveram. Dos 15 membros, 11 foram votos condenatórios.

“O apoio a russos ou ucranianos provoca debates em meios conservadores, liberais e esquerdistas”. (Zero Hora, 3/2/2022)                                     Blocos aparentemente monolíticos, tanto da direita como da esquerda sofreram rupturas jamais imaginadas.

Quem, antes da infausta agressão poderia supor que elementos da extrema direita, anticomunistas de carteirinha defenderiam o descalabro praticado por um país comunista? Quem, mesmo em seus mais desvairados devaneios poderia admitir que grupos esquerdistas de quatro costados ousariam se insurgir contra o ataque militar russo à Ucrânia e à prisão de pacifistas russos?

Lembro os Demônios da Garoa entoando o “Samba do Crioulo Doido”, letra do jornalista Sérgio Porto (Stanislaw da Ponte Preta). Parecia ser o paroxismo do “non-sense”, do absurdo levado ao extremo. Imaginar a “Princesa Leopoldina casando com Tiradentes, 0h-oh-oh, e que Silva Xavier queria ser o dono do mundo e se elegeu Pedro Segundo” e por aí vai... Absurdos maiores que os desses versos: convictos da esquerda condenando e defensores da extrema direita, nazistas, apoiando o comunista Putin? Pois aconteceu, não estou delirando.

O vice-presidente Hamilton Mourão, no primeiro dia da invasão comentou que sanções econômicas não são o suficiente para punir a Rússia e defendeu uma atuação mais decisiva contra o Kremlin. Ele foi imediatamente desautorizado por Jair Bolsonaro. Em live, no mesmo dia, o presidente retrucou que o art. 84 da Constituição diz que quem fala sobre este assunto é o presidente, E o presidente se chama Jair Bolsonaro. “Queremos paz”. E para não deixar dúvidas: “Fizemos um contato excepcional com o presidente Putin”.

Vira a página, apresentamos uma quase unanimidade das esquerdas defendendo a invasão:

No PCdoB. A Secretária de Relações Internacionais, a cientista política Ana Prestes (neta do legendário comunista Luís Carlos Prestes) repete que “existe um ator que foi fundamental para minar qualquer possibilidade de chegar a um acordo diplomático: os Estados Unidos que preferem instigar e investir na beligerância via expansão da OTAN”.                                                      No mesmo sentido o historiador e professor Jonas Manoel, do PCB, coloca a culpa da invasão da Ucrânia no Ocidente.                                               O PCO, outro partido comunista brasileiro, sentenciou em seu jornal Causa Operária: “A Rússia é a maior vítima. O governo Putin está apenas se defendendo da agressão imperialista e por isso deve ser apoiado em sua ação. A Rússia, ao realizar a invasão à Ucrânia está libertando o país do jugo imperialista”.

Aparentemente, um bloco monolítico defendendo o direito da Rússia em INVADIR a Ucrânia para se DEFENDER da continuada AGRESSÃO ucraniana.

Porém, não há unanimidade no posicionamento das esquerdas brasileiras pró-Putin. Mais uma vez o PSOL – que deve sua existência a divergências com o PT – se rebela contra o bridão que tentaram lhe impor em tempos pretéritos -. O PSOL nunca se sujeitou a ser domado, sempre manteve sua identidade e consciência crítica, sempre, quando a razão indicava que algumas “ordens superiores” eram contrárias ao seu discernimento. Mais uma vez, altaneiro, manteve sua coerência.

A Executiva Nacional do PSOL condenou o ataque russo à Ucrânia e às prisões de pacifistas russos, inclusive em território soviético. “O partido se posiciona pela retirada imediata das tropas russas”.

O dinheiro também fala alto, mesmo dentro da Rússia. Bilionários, vendo se escoarem entre os dedos suas fortunas, esbravejam. Comunistas também apreciam o vil metal.

A bancada do PT no Senado Federal divulgou uma nota oficial em que aponta os Estados Unidos como responsáveis pela crise que culminou com o ataque da Rússia à Ucrânia. Trechos da nota também foram publicados no perfil do Twitter, mas por volta das 13 horas de 24/2/2022 tudo foi apagado ante a repercussão negativa que provocou.

O senador Humberto Costa (PT-PE) defendeu uma proposição mais branda, a solução do conflito deveria se obtida através do diálogo.

E DURMA-SE COM UM BARULHO DESSES!



 Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado