quarta-feira, 26 de setembro de 2018

EDUQUE PARA SER FELIZ E NÃO PARA SER PERFEITO






EDUQUE PARA SER FELIZ NÃO PARA SER PERFEITO – 22/09/2018

Vivemos em uma sociedade que valoriza demais a perfeição - esquece que a perfeição simplesmente não existe. Quando se busca a perfeição a felicidade fica em segundo plano e não se aproveita a vida. Se uma criança é educada para ser perfeita, em vez de ser feliz ela irá se tornar uma pequena pessoa triste, frustrada e insegura, perdendo a oportunidade de aprender com os erros.

O admitir sermos imperfeitos nos permite o sentimento de sermos livres sem a compulsão de jamais errar. Paramos de perseguir uma quimera irrealizável. Somos humanos, imperfeitos e só dessa maneira podemos progredir cada dia na perseguição de um sonho realizável, este sim ao nosso alcance.
Uma  criança não deve ser estimulada a tirar dez em todas as provas, mas em se esforçar dentro de suas possibilidades e assim progredir, passo a passo, estudar para se aperfeiçoar e isso sempre será possível, sem traumas. Ao admitir o imperfeito os pais não castigam os filhos nas dificuldades, elogiam seus progressos sem compará-los com os outros. Sem rótulos. Com estímulos.                                                                                         Ressaltar, sempre, que precisam ser felizes agora, assim sendo transitam para um futuro em que viverão dentro de seus potenciais, sendo felizes e não minados pela ansiedade de sempre ultrapassar metas. Viver agora, amanhã e sempre.
A competição que nos acompanha durante a vida nos estimula a progredir na carreira em companhia e não em confronto permanente. Neste mundo há lugar e oportunidades para o convívio harmonioso. É assim que se conquista o sucesso.
A felicidade não é uma meta, é um caminho. Devemos usufruir a felicidade durante todos os momentos e não condicioná-la a metas. O sucesso é o coroamento do nosso labor e se consegue admitindo os percalços, eles no ensinam o caminho e devemos ser humildes em admiti-los. Ao final o sucesso será uma consequência da correção do rumo.
Educar para ser feliz significa viver num mundo onde as emoções são protagonistas, onde a convivência é fundamental e devemos andar de mãos dadas, só assim coabitaremos em ambientes harmoniosos, onde cada qual compartilha os espaços – suficientes para todos – contanto que saibamos respeitar e valorizar.
Vivemos em sociedade e a felicidade está umbilicalmente ligada ao bem-estar de todos. A disciplina positiva irá possibilitar tudo isso. Lembrando o lema dos Três Mosqueteiros, descrita por Alexandre Dumas: “Um por todos e todos por um”, axioma universal com um sentido ainda mais profundo, representa a união de todos num só objetivo, a união dos ideais coletivos e valores que devem ser defendidos porque eles são o esteio da vida em sociedade, com todas as forças e potencialidades. Abandonar a competitividade que grassa sem freios nem escrúpulos, esquecer a “lei de Gerson” – levar vantagem em tudo – que esta mesma sociedade tenta nos impingir. Em vez disso, permitir que nossos filhos decidam, que errem, chorem, aprendam, sintam frustrações e satisfações... porque para sermos felizes temos que ser imperfeitos.




Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

O IMPERFEITO SUBLIME









PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.
                                        
O IMPERFEITO SUBLIME – 14/09/2018
Thomas Morus (1478-1535) viveu na Inglaterra numa época em que camponeses eram expulsos de suas terras, bandos de ladrões proliferavam e uma justiça cega e cruel era imposta por uma realeza ávida de riquezas e poder. A revolta de Thomas Morus eclodiu na obra “UTOPIA” (do grego: lugar que não existe) apresentando uma sociedade alternativa, uma república onde a propriedade particular e o dinheiro são incompatíveis com a felicidade.
Inspirou os socialistas tendo Marx como teórico e Lenin seu discípulo. Revelaram-se tão utópicos quanto os predecessores, descambando em sociedades autoritárias. O erro crasso e fundamental foi considerar o homem um ser passível de ser regido por regras inflexíveis, como os animais que seguem inapelavelmente seus instintos. Os fundamentos basilares do homo sapiens sapiens é o livre-arbítrio e a individualidade. Não somos produzidos em série como máquinas nem adstritos a espaços e competências inalteráveis como abelhas numa colmeia. Cada um de nós é único e querer coagir a força jamais terá êxito em longo prazo. Uma consequência natural é o fato de, por sermos tão díspares, acumulamos qualidades e imperfeições. Estas, as imperfeições, não podem ser execradas e sim admitidas como parte inerente de nossa personalidade. Cumpre-nos administrá-las de tal modo que as tornemos integrantes do convívio social onde a família é o núcleo central.
Você tem uma família “perfeitamente imperfeita”? Então você está com sorte.                O pedagogo e professor de filosofia espanhola Gregorio Luri lembra o momento preciso em que examinou seu trabalho como pai e descobriu que, mesmo não sendo um pai modelo em todos os sentidos, ainda era um bom pai, isto é, um pai normal e imperfeito. A partir desse dia, começou a fazer as pazes com as imperfeições passadas.
A criança que cresce sabendo que pode ser amada apesar de suas imperfeições (não por causa delas) aprende a suavizar suas pequenas falhas para merecer o amor que recebe. Numa família imperfeita, mas saudável, a solidariedade não é negociável, permanece sólida enquanto tudo muda.
Se quisermos ajudar nossos filhos a pensar, vamos dialogar com eles, porque nada estimula tanto o cérebro quanto a boa conversa e, para completar, ensinar a desfrutar o silêncio e a interioridade. Se não podemos lidar com o silêncio, como vamos aprender a nos ouvir? O silêncio, a capacidade de desfrutar o silêncio é uma atividade, não é apenas ficar quieto. É uma atividade que nos ajuda a entrar em nós mesmos.                                                               Se quisermos ajudar nossos filhos a viver, vamos lhes dizer que nem sempre se consegue o que deseja, pois a vida também é imperfeita, assim como os pais. “Por favor”, “obrigado”, “desculpe”, “eu confio” são palavras mágicas, a estrutura básica da cordialidade.
As crianças são como barcos e é claro que elas encontram segurança no porto, mas precisamos insistir que elas não são feitas para ficarem ancoradas, mas para navegarem em águas mais profundas e enfrentarem a vida por conta própria.
Há muitas dificuldades, mas quando você, olhando para trás, descobre que sua vida familiar tem sentido, descobre a satisfação de que um dia você aceitou que ser um bom pai significava ensinar seus filhos a viver sem você e agora você descobre que eles conseguem devolver o amor que receberam. E para um pai imperfeito não há satisfação íntima maior.

Uma coisa que você precisa aprender na vida é amar a si próprio. Isso não significa egoísmo e sim apreciar o que é mérito nosso, nos permite amar os outros de igual modo. É nos perdoarmos quando cometemos erros, afinal somos humanos e não é crime colocar nossas necessidades em primeiro lugar, às vezes. Perdoe-se por erros no passado e que sirvam de alerta para não repeti-los no futuro. O Papa Francisco, na sua primeira homilia, pediu aos fieis que estavam na Praça do Vaticano: “Rezem por mim que sou um pecador”.
Não tenha medo de mudanças, mude o que precisa ser mudado, pode parecer difícil, porém é importante para encontrar satisfação na vida.
Faça algo que lhe traga felicidade todos os dias, todo o mundo precisa reservar “um tempo para si”, aquele momento em que dedicamos nosso tempo para algo que nos traz alegria. Não há egoísmo em cuidar das nossas próprias necessidades, isso nos fornece energia para pensar em outros no resto do tempo.
Não tenha medo de coisas e oportunidades novas, ouça a sua intuição e seja honesto consigo mesmo e assim poderás ouvir seu próprio conselho.
Acredite em si mesmo porque, se você não acreditar ninguém vai acreditar. Mantenha a cabeça erguida e não tenha vergonha de se sentir orgulhoso do sucesso, de perseguir o que quer, sem medo do fracasso. Na história da sua vida você é o escritor, não o leitor. Esteja sempre presente em sua vida, você não terá outra oportunidade.
Para concluir: SEMPRE FAÇA UM ESFORÇO PARA SER GENTIL E AMOROSO.
Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

sexta-feira, 7 de setembro de 2018

O FUTURO JÁ CHEGOU 1




Coluna publicada em "www.litoralmania.com.br", 07/09/2018.

http://www.litoralmania.com.br/o-futuro-ja-chegou-jayme-jose-de-oliveira/


PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

O FUTURO QUE JÁ CHEGOU (1)
A medicina já foi definida como “um conjunto de verdades provisórias”. Quando as doenças eram consideradas castigos que os deuses impunham à humanidade pelos seus pecados, os sacerdotes, curandeiros e charlatães se arrogavam o direito de curá-las ou interceder perante as divindades.                                                                                                                     Hipócrates é considerado o pai da medicina moderna e iniciador da observação científica. A evolução atravessou estágios até a prática hodierna.                                                                         ESTAMOS NO LIMIAR DO CONSIDERADO FICÇÃO. NÃO É. O FUTURO JÁ CHEGOU.
Em três colunas procurarei expor as últimas conquistas e algumas que estão por vir. O “Correio do Povo” (04/08/2018) me fornece alguns dos dados que seguem, outros foram obtidos em consultas ao Google.
“Novas técnicas e procedimentos até pouco tempo consideradas obras de ficção científica proporcionam um salto de qualidade na Medicina e muitos desses avanços já são utilizados em instituições de Porto Alegre”.
E se você conseguisse viver com seu o coração parado durante a recuperação de um problema gravíssimo de saúde? Neste período de atendimento, que pode variar de poucos dias a semanas, o paciente ficaria em coma induzido, o equipamento faria 100% da operação do coração. O médico faria uma impressão em 3D de seus órgãos e faria a cirurgia em um ambiente virtual podendo antever as possíveis complicações.                                                ISSO JÁ EXISTE E É REALIZADO OU ESTÁ EM FASE DE TESTES EM INSTITUIÇÕES DE PORTO ALEGRE.  
A MUDANÇA GENÉTICA                                                                                                                             
Estudos que beiram filmes de ficção científica estão em andamento no Centro de Pesquisa Experimental do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) envolvendo a edição genômica. Os primeiros resultados se mostram positivos. Na prática é feita a correção de uma alteração (ou mutação) genética. Isso evita o desenvolvimento de um tipo de doença. Há um longo caminho a percorrer até essa técnica ser aplicada em pacientes humanos. O mesmo caminho pode ser trilhado antes do nascimento para prevenir doenças genéticas hereditárias. No futuro poderão ter um caráter curativo além do preventivo.                         Quando empregado no tratamento do câncer atinge apenas as células doentes e não as demais, sadias, amenizando os efeitos colaterais, garantindo melhor resultado e recuperação do paciente.  A identificação e tratamento de um gene ou mudança na formação genética permite evitar o desenvolvimento de uma doença no futuro.                                                                                                                                                Estamos vencendo desafios da Medicina e tornamos possível o até agora impossível.
 MICROBIOTA – SUAS CÉLULAS NÃO HUMANAS
Por incrível que isso pareça, as células humanas perdem em número para as não humanas em nosso organismo. Um homem de 1m70 pesando 70 kg possui 30 trilhões de células próprias e 39 TRILHÕES DE BACTÉRIAS, a maioria localizadas no aparelho digestivo. Levam o nome de “microbiota”. Fossem todas inertes ou benéficas poderiam formar uma associação de simbiose, onde ambos se beneficiam mutuamente. Como uma parcela é patogênica, causa doenças, por vezes fatais, cumpre separar o joio do trigo. Vírus, fungos e outros micro-organismos se situam nesse lado. Outras são indispensáveis à vida. Auxiliam na digestão, algumas sintetizam a vitamina K2 essencial à coagulação do sangue. Há um terceiro grupo, e neste podemos citar a “Escherichia coli”, que são bactérias bacilares normalmente encontradas no trato gastrointestinal inferior. Podem tanto causar graves intoxicações alimentares como serem benéficas a seus hospedeiros ao produzirem a citada vitamina K2, inclusive, impedem a instalação de bactérias patogênicas.
Imagine só: Você tem mais bactérias dentro do seu corpo do que células humanas.
É isso mesmo. Não adianta fazer cara de nojo. Se você desmontar o corpo humano inteiro, célula por célula e separar o que é bactéria de um lado e homem do outro, os micróbios ganham de lavada.
A desproporção passa despercebida porque seu tamanho é muito menor, no conjunto elas podem pesar até 4 quilos!
A maior parte dos micróbios vive no sistema digestivo. O intestino grosso é uma verdadeira salsicha de bactérias - a chamada flora intestinal. E isso é ótimo, elas são essenciais para a nossa capacidade de digerir certos carboidratos complexos e para outros serviços metabólicos em geral, como a reabsorção da água e nutrientes pelo intestino.
Trata-se de uma relação benéfica para ambos os lados. As bactérias prestam seus vários serviços digestivos (sem elas não conseguiríamos digerir o amido, por exemplo, um importante carboidrato de batatas e cereais) e, em troca, recebem carta branca para viver dentro de nós sem serem importunadas. De alguma forma o sistema imunológico, que normalmente ataca qualquer coisa estranha que aparece pela frente, reconhece que essas bactérias são benéficas e permite que fiquem por lá. Os cientistas não sabem exatamente como isso funciona.
Estudos indicam que seria possível viver sem a ajuda dessas criaturinhas, mas nossa dieta precisaria ser bastante diferente.
Por meio de pesquisas os cientistas podem usar a biotecnologia e a modificação de genes para desenvolver produtos que auxiliem no combate a doenças (drogas) ou evita-las (vacinas), criando produtos transgênicos que, além de evitarem alergias, são mais baratos, obtidos em escala industrial e podem ter sua estrutura modificada para melhorar sua performance.
Um grande avanço da medicina foi a produção de insulina humana utilizando bactérias. A insulina é essencial para doentes de diabetes. Descoberta em 1.921 por Frederik Banlin. Produzida utilizando pâncreas de animais e seu efeito não era tão eficiente como a humana, além de, frequentemente provocar reações alérgicas. Com a transferência de genes também é possível produzir hormônios humanos como o do crescimento. Atualmente as vacinas produzidas por transgenia predominam, exemplo: a vacina H1N1 contra a gripe, distribuída gratuitamente para grupos de risco anualmente.
Cientistas da Universidade de Cork, na Irlanda, descobriram que bactérias da espécie “Lactobacillus ramnosus” eram capazes de alterar o comportamento de ratos melhorando sua capacidade em atravessar labirintos. Também ficaram com o nível de stress diminuído por reduzirem em 50% a produção de corticosterona, uma substância que o desencadeia. As bactérias mexeram com o “segundo cérebro”, que por sua vez influenciou o cérebro principal. Abre-se a possibilidade de, no futuro, produzir antidepressivos em forma de iogurte.
Estudos da interação das bactérias com o tratamento de diversas doenças continuam em andamento, porém, como explica Dan Waitzberg, professor de medicina da USP, é preciso aprofundar os estudos.
O jogo da humanidade com as bactérias pode, no máximo, terminar empatado. Não devemos ceder, mas também não podemos querer exterminá-las. Afinal elas são parte de nós. A maior parte.
Os dados que embasam esta coluna foram pesquisados na revista Superinteressante, edição 362 e no Google.








sábado, 1 de setembro de 2018

CIRURGIA ROBÓTICA







Coluna publicada em 01/09/2018

http://www.litoralmania.com.br/cirurgia-robotica-jayme-jose-de-oliveira/



PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

CIRURGIA ROBÓTICA
​​​​​​​A cirurgia robótic​a pode ser co​nsiderada uma evolução da cirurgia minimamente invasiva laparoscópica. Ou seja, o cirurgião estabelece os acessos e introduz a câmera e os instrumentos de trabalho no interior do corpo do paciente por meio de pequenas incisões feitas pelo robô. Com isso, o médico tem uma excelente visão para realizar a cirurgia, além de contar com movimentos precisos dos braços do robô.            

A cirurgia robótica iniciou efetivamente em 1999, quando foi criado o robô Da Vinci. Possui 3 componentes: o console, onde cirurgião comanda o robô, o robô propriamente dito, onde é conectado o paciente e o rack de imagem para visualização em 3 dimensões. Foi aprovado em 2000 pelo FDA (Food and Drug Administration). Como permite cirurgias a distância o cirurgião não precisa estar no local da cirurgia, pode, inclusive, estar em outro país e acessar o robô por controle remoto, com absoluta precisão. Este fator despertou a atenção das forças armadas norte-americanas, para aplicação em períodos de guerra. As faculdades de medicina também podem se beneficiar, os professores podem ministrar aulas com exibição de imagens transoperatórias, inclusive para diversos grupos de alunos simultaneamente. Usando a telemedicina, profissionais do Hospital Moinhos de Vento, Porto Alegre, vão treinar equipes de UTIs pediátricas em Sobral e Palmas, no Tocantins. (Zero Hora, 21/08/2018) .                                                                                                                       Esta técnica já chegou ao Brasil e, devido ao elevado preço da instalação são raros os hospitais que o disponibilizam.
Vantagens em relação à cirurgia convencional (aberta):                                   Menos invasiva – incisões menores.                                                                              Reduz sangramentos, dores e risco de infecção.                                                  Recuperação mais rápida do paciente.                                                                                Menor tempo de internação.                                                                              Vantagens em relação à cirurgia laparoscópica:                                                  Mais precisão nas cirurgias em locais de difícil acesso.                                        Melhor ergonomia – o cirurgião fica sentado em posição confortável, o que ajuda nas cirurgias longas.                                                                                                               O robô reproduz movimentos similares aos do cirurgião. Na laparoscopia convencional, o mecanismo de movimentação dos instrumentos cirúrgicos é inverso, como se fosse na frente de um espelho.                                                                              Visão tridimensional para os cirurgiões.                                                           Segurança. O robô não faz nada sozinho. Qualquer movimento realizado por ele foi feito pelo cirurgião no console. No entanto, diante de situações imprevistas pelo cirurgião, aciona um comando de segurança que trava provisoriamente a máquina, evitando danos ao paciente. Se o médico tirar o rosto da tela de controle, o robô também para automaticamente.                                                                                                                                            Por serem mais complexas, as cirurgias robóticas seguem também um protocolo de checagem de todos os itens de segurança a cada hora de cirurgia.                                     Apesar de um braço robótico ser responsável por segurar as pinças que são introduzidas no paciente, quem controla todo o aparelho é um ser humano.
Dr. Carlos Eduardo Domene, coordenador científico do Comitê de Cirurgia Robótica e Minimamente Invasiva da Associação Paulista de Medicina, explica que, antes, se cortava o paciente com um bisturi e expunha a região interna. Depois, a cirurgia laparoscópica possibilitou que apenas um orifício de meio ou um centímetro fosse feito na pessoa, para introdução de uma câmera e instrumentos para operar o paciente de forma minimamente invasiva.
Atualmente, a cirurgia robótica é o que há de mais indicado, principalmente nos casos de procedimentos muito delicados. Diferente da laparoscopia, não é o médico que segura as pinças que vão introduzir a câmera e os instrumentos, mas um braço robótico controlado pelo especialista por meio de um console.
Neste caso, a imagem fornecida pela câmera é tridimensional. “Você opera como se estivesse lá dentro. As pinças e os movimentos são muito delicados, os braços do robô são programados para não tremer – evitando o movimento natural das mãos do médico –, é tudo muito preciso”, garante o especialista. “Melhora o desempenho do cirurgião e o resultado das cirurgias, principalmente daquelas em que existe o risco de lesão em outras estruturas do corpo.”

Sistema de saúde público

O Instituto do Câncer de São Paulo (Incesp), o Inca (Instituto Nacional do Câncer), no Rio de Janeiro, e o Hospital de Clínicas de Porto Alegre foram os primeiros a receber a tecnologia pelo sistema único de saúde , informou Dr. Domene.
Apesar do custo da cirurgia com robô ser maior do que os outros tipos de procedimentos, estudos feitos na Suíça que avaliaram todo o processo, desde o pré-operatório até o tempo de recuperações pós-cirurgia, indicam que o custo geral é até menor quando utilizado o robô.
Como os resultados com este tipo procedimento estão sendo satisfatórios, principalmente no caso da cirurgia de próstata, Dr. Domene acredita que a cirurgia robótica só tende a crescer nos sistemas de saúde brasileiros, tanto o privado quanto o público.

Cirurgia da próstata

Dr. Rafael Coelho, urologista e cirurgião robótico do Hospital 9 de Julho, explica que o procedimento diminui o risco de sequelas como a incontinência urinária e a perda da ereção nos pacientes com câncer de próstata.                                                                         “A comparação entre a cirurgia robótica e a tradicional para o câncer de próstata mostra que o paciente que realiza o procedimento por meio da robótica, com um cirurgião experiente, tem 20% a mais de chance de recuperar a ereção e 5% a menos de risco de ter problemas com incontinência urinária, um ano após o procedimento.”   Assim como Dr. Domene, o especialista afirma que o tempo de recuperação do paciente é menor com a cirurgia robótica. Além disso, o procedimento menos invasivo faz com que o paciente sangre menos, o que diminui a necessidade de transfusão de sangue.
As cirurgias robóticas são tão precisas que, no vídeo que envolve um grão de uva, ela é descascada e suturada sem lesionar a parte interior e, para demonstrar como se pode interagir em locais de difícil acesso, se realiza no interior de uma garrafa.

Cirurgia robótica numa uva – 1 min48sg
Cirurgia robótica, benefícios -  2min46seg
Cirurgia robótica, o que é- 2min37seg




Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado