Coluna publicada em 29/12/2017 - www.litoralmania.com.br"
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“Por
mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.
VOTOS DE ANO
NOVO
Sérgio Jockymann (Palmeiras das
Missões, 29 de abril de 1.930 – 16 de fevereiro d 2.011) foi jornalista, poeta
e dramaturgo. Seu pai, um engenheiro agrônomo e farmacêutico, e sua mãe,
professora primária, tiveram uma forte influência para nele despertar o gosto
pela literatura. Em minha opinião, uma das mais fulgurantes penas que
abrilhantaram o jornalismo gaúcho. Merece a reprodução desta obra-prima, um
primor de concisão, bom senso e oportunidade.
Pois, desejo que você ame e que
amando, seja também amado, e quando não o for, seja breve em esquecer e
esquecendo não guarde mágoa.
Desejo depois que não seja só, mas se for,
seja sem desesperar.
Desejo também que tenha amigos e que,
mesmo maus e inconsequentes, sejam corajosos e fiéis e que em pelo menos um deles
possa confiar, que confiando, não duvide de sua confiança.
E porque a vida é assim, desejo que
tenha inimigos, nem muitos nem poucos, mas na medida exata para que, algumas
vezes, você se interpele a respeito de suas próprias certezas. E que entre eles
haja pelo menos um que seja justo, para que você não se sinta demasiado seguro.
Desejo depois, que você seja útil, não
insubstituivelmente útil, mas razoavelmente útil. E que nos maus momentos,
quando não restar mais nada, essa utilidade seja suficiente para manter você de
pé.
Desejo ainda que você seja tolerante,
mas não com os que erram pouco, porque isso é fácil, mas com aqueles que erram
muito e irremediavelmente, e que essa tolerância não se transforme em aplauso
nem em permissibilidade, para que assim fazendo um bom uso dela, você dê também
um exemplo para os outros.
Desejo que você, sendo jovem, não
amadureça cedo demais e que, sendo maduro não insista em rejuvenescer, e que
sendo velho, não se dedique a se desesperar. Porque cada idade tem o seu prazer
e a sua dor e é preciso deixar que eles escorram dentro de nós.
Desejo, por final, que você seja
triste, mas não o ano todo, nem um mês e muito menos uma semana, mas apenas por
um dia. Mas que nesse dia de tristeza, você descubra que o riso diário é bom, o
riso habitual é insosso e o riso constante é insano.
Desejo que você descubra com o máximo
de urgência, acima e a despeito de tudo, talvez agora mesmo, mas se isso for
impossível, amanhã de manhã, que existem oprimidos, injustiçados e infelizes, e
que estão à sua volta porque seu pai aceitou estar com eles. E que eles
continuarão à volta de seus filhos, se você achar a convivência inevitável.
Desejo ainda que você afague um gato,
que alimente um cão e ouça pelo menos um joão-de-barro erguer triunfante seu
canto matinal. Porque você assim se sentirá bem por nada.
Desejo também que você plante uma
semente, por mais ridícula que seja, e acompanhe seu crescimento dia-a-dia,
para que você saiba de quantas vidas é feita uma árvore.
Desejo outrossim que você tenha
dinheiro, porque é preciso ser prático. E que, pelo menos uma vez por ano, você
ponha uma porção dele na sua frente e diga: Isso é meu. Só para que fique bem
claro quem é o dono de quem.
Desejo ainda que você seja frugal, não
inteiramente frugal, não obcecadamente frugal. Mas que essa frugalidade não o
impeça de abusar quando esse abuso se impõe.
Desejo também que nenhum de seus
afetos morra, por ele e por você, mas que se ele morrer, você possa chorar sem
se lamentar, sofrer sem se culpar.
Desejo por fim, que sendo mulher você
tenha um bom homem, e que sendo homem tenha uma boa mulher. E que se amem hoje,
amanhã, depois, no dia seguinte, mais uma vez, e novamente, de agora até o
próximo ano acabar, e que quando estiverem exaustos e sorridentes, ainda tenham
amor para recomeçar. E se tudo isso acontecer, não tenho mais nada a desejar.
SHOW DE DANÇAS E LUZES – 3 min26seg
Jayme José
de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado
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Cirurgião-dentista aposentado