sexta-feira, 22 de agosto de 2014

24/08/1.954 - O DIA TRÁGICO




Jayme José de OliveiraPonto e contrapontopor Jayme José de Oliveira“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

24/08/1954 - O dia trágico

20/08/2014
Era uma típica manhã de fim de inverno já prenunciando a primavera, um tímido sol varava as nuvens esparsas e a temperatura amena não prenunciava o caos que estava por se instalar na capital dos pampas. Vinte quatro de agosto de mil, novecentos e cinquenta e quatro e a pacata Rua Jerônimo Coelho estava calma até que...

Quase inaudível a princípio, em crescendo lento e ritmado veio se aproximando um grupo dumas quarenta a cinquenta pessoas. Precedendo o grupo, dois portavam pôsteres, um de Getúlio Vargas e o outro de Flores da Cunha. Rumavam para a Praça da Matriz e se posicionaram frente ao Palácio do Governo entoando slogans e lamentos.

- Mataram o Getúlio!

- Abaixo os ianques!

Alguns choravam, outros vociferavam, todos acabrunhados e furibundos. Parecia ainda não terem absorvido a magnitude da tragédia que se abatera sobre o país, esperavam a presença e o consolo do governador.

E o general Ernesto Dornelles não apareceu na sacada...

O agrupamento cresceu como sói acontecer nessas ocasiões.

E o governador não apareceu...

Em dado momento alguém bradou:

-A Farroupilha – Rádio Farroupilha, localizada na esquina da Rua Duque de Caxias com a avenida Borges de Medeiros, sobre o viaduto, - vamos tocar fogo nela!!! E foram.

Desesperado, um dos funcionários se jogou duma janela do prédio em chamas, foi a primeira vítima do dia, fraturou a coluna vertebral.

Ululando desceram a Borges e na Rua dos Andradas se subdividiram.

Os que foram à esquerda, na passagem empastelaram o Diário de Notícias e vandalizaram o que vinha pela frente. Só pararam na altura do QG do 3º Exército, por motivos óbvios.

A outra parte dobrou à direita e foram arrasando tudo o que, mesmo remotamente, lembrasse os Estados Unidos. O consulado americano (Ed. Bragança, 4º andar) foi literalmente destruído. Comentou-se posteriormente que até as meias de seda da secretária do cônsul foram indenizadas.

Desceram a Vig. José Inácio onde os aproveitadores de plantão saquearam a Importadora Americana (loja de eletrodomésticos). Na Rua Voluntários da Pátria a American Boate foi acordada, invadida e as "mulheres de vida fácil" não a tiveram tão fácil naquele momento.

Como um rastilho de pólvora o caos se espalhou pela cidade toda.

Nos dias que se seguiram o bom senso, lentamente, voltou a reinar. Os prejuízos foram incalculáveis, o número de mortos e feridos imitou o Caixa 2... não foi contabilizado. 
Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

O VALOR DOS INÚTEIS



Jayme José de OliveiraPonto e contrapontopor Jayme José de Oliveira“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

O valor dos inúteis

14/08/2014
Os animais, por instinto, defendem suas crias mesmo com o sacrifício da própria vida, se necessário. Os humanos, por vezes, rejeitam os filhos. Recém-nascidos são abandonados por suas mães até no lixo ou,ao crescerem podem ser considerados estorvos (menino Bernardo, Três Passos). Felizmente são exceções execradas pela sociedade.

Já no ocaso da vida ocorre o inverso, é norma corrente abrigar os ascendentes que já não podem mais prover suas necessidades básicas. Contudo, neste mundo onde impera o egoísmo, onde amiúde se olha apenas para o próprio umbigo, onde eventualmente fechamos os olhos para o outro por mais próximo que por vezes seja, as palavras do padre Fábio Melo que transcreverei podem soar piegas e destituídas de sentido mas, perscrute seu íntimo e apreenda o quão profundas são e, creia, se fossem auscultadas e não apenas isso mas também introjetadas,  o mundo seria um lugar bem mais aprazível e os conflitos exceções, não regras vigentes.

“A utilidade é uma coisa muito cansativa. Você ter utilidade para alguém é uma coisa muito cansativa. Está certo, realiza, humanamente é interessante você saber fazer coisas, mas eu acredito que a utilidade é um território muito perigoso porque muitas vezes a gente acha que o outro gosta da gente, mas não, ele está interessado nas coisas que a gente faz por ele.

E por isso a velhice é esse tempo em que passa a utilidade e só fica o seu significado como pessoa. Eu acho que este é  o momento em que a gente se purifica. É o momento em que a gente vai saber quem nos ama de verdade, porque só vai ficar conosco até o fim aquele que depois da utilidade descobre o nosso significado, por  isso peço a Deus que me permita envelhecer ao lado de pessoas que possam me proporcionar a oportunidade de ser inútil mas, ao mesmo tempo,  sem perder o valor.

Quando eu viver aquela fase da vida: “Põe o padre Fábio no sol, tire o padre Fábio do sol”, peço a Deus que tenha sempre alguém que me coloque no sol mas, sobretudo, que venha alguém me tirar depois. Alguém que saiba acolher a minha inutilidade, alguém que olhe para mim assim, que saiba que eu possa não mais servir para muita coisa mas continuo tendo o meu valor. A vida é assim minha gente, se quiseres saber que o outro te ama de verdade é só verificar se ele saberia tolerar a sua inutilidade.

Queres saber se amas alguém? Pergunte a si mesmo quem nesta vida pode ficar inútil para você sem que você sinta o desejo de jogá-lo fora. É assim que descobrimos o significado do amor. Só o amor nos dá condições de cuidar do outro até o fim. Por isso eu digo: Feliz aquele que tem ao final da vida a graça de ser olhado nos olhos e ouvir a fala que diz:

-Você não serve para nada, mas eu não posso viver sem você”
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Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

POLÊMICA NA FÍMBRIA DO HORIZONTE



Jayme José de OliveiraPonto e contrapontopor Jayme José de Oliveira“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

Polêmica na fímbria do horizonte

05/08/2014
Está se configurando uma norma no Conselho Estadual de Educação que se prestará a muitas polêmicas. A proibição que escolas, inclusive as particulares, reprimam a indisciplina com afastamento ou transferência. A proposta, que ainda está sendo estudada e debatida pelo órgão defende que o direito do aluno estudar não pode ser revogada por nenhuma instituição de ensino. Tal resolução seria aplicada em todos os casos, independentemente de o estudante ter histórico violento. Em casos extremos, quando ele é considerado violento, por exemplo, não cabe à escola puni-lo, mas resolver seus problemas ou encaminhá-lo a outras esferas, ainda que sejam a policial ou criminal.

“Querem tirar o último resquício de autoridade da escola: se você tem algum aluno que coloca os outros em risco, perde a liberdade de definir o afastamento” (OsvinoToillier – vice-presidente do Sinepe/RS)

“O mais importante é a preocupação do Conselho para que a escola invista no aluno, que consiga, como instituição educadora, modificar a postura dele.” (Cecília Maria Martins Ferreira – presidente do Conselho Estadual de Educação, diretora do Simpro/RS).  Cecília defende que a escola não pode ser uma instituição punitiva, mas deve investir na solução dos problemas dos alunos para mantê-los na escola. (Zero Hora, 04/08/2014)

Esta filosofia é incongruente e não se coaduna com a posição por ela assumida em abril de 2.008: “A postura de colocar embaixo do tapete as situações violentas é um desserviço à educação, fato confirmado pelo recorrente relato de professores submetidos a situações de constrangimento”. (Artigo publicado no jornal Correio do Povo, em 11 de abril de 2.008, pag. 4 – Editoria de Opinião)

A discordância sobre o assunto dentro do órgão, principalmente a respeito da possibilidade de punir alunos tem adiado a votação das normas há mais de um ano.

No contexto atual, ainda sofrendo o rescaldo dos vandalismos praticados pelos black-blocs por ocasião das reivindicações de regulamentação do preço das passagens de ônibus e do fora-Copa, dificilmente a opinião pública aprovará mais este indicativo de impunidade. O espectro da anomia é vislumbrado ameaçadoramente na fímbria do horizonte.
Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado



ELEIÇÕES GUERRAS E CAÇADAS



Jayme José de OliveiraPonto e contrapontopor Jayme José de Oliveira“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

Eleições, guerras e caçadas

31/07/2014
Estamos em época similar à que inspirou Otto von Bismarck a dizer:

“Nunca se mente tanto como antes das eleições, durante as guerras e depois das caçadas”.

Preparemo-nos para filtrar, com extremo cuidado, o que os marqueteiros políticos tentarão nos impingir. Quais boxeadores que não respeitam regras, os golpes baixos serão a tônica das campanhas. TODAS! Hoje ouvi e não sabia se devia rir considerando piada, ou chorar por me considerarem néscio:

“Comparem a inflação recebida de FHC – 12,5% - com a atual”.

Convenientemente foi desconsiderado que Itamar e FHC domaram o “dragão da inflação” com o Plano Real, que teve sua trajetória possibilitada pela URV. De 1.262,69% (IGP-M) antes, para 9,24% depois (ver gráfico anexo). Em 1.992 a inflação era de 1.119,096%, calculada pelo IPC (ver gráfico comparativo com outros países).

Não podemos sequer imaginar a que altura ela estaria atualmente não fosse o fato do plano vingar, ao contrário dos anteriores. Possivelmente lembraríamos a inflação alemã de dezembro de 1.923, que chegou a 1 bilhão% anual. O dólar americano valia 4,2 trilhões de marcos e o Reischbank já havia emitido 496,5 quintilhões de marcos fazendo com que cada cédula valesse 1trilionésimo do que valia em ouro em 1914. Como pôde uma nação europeia que se orgulhava do seu alto nível de educação e cultura sofre tão vasta, completa e abrangente destruição do seu dinheiro?

“O argumento enganoso de negar a presença da inflação em termos de poder de compra ainda não foi levantado. Espera-se que ele surja em momentos posteriores, quando as autoridades estarão desesperadas por qualquer justificativa que prometa lhes livrar a cara”.

Extraído do livro “The Age ofInflation” escrito por Hans Sennholz, em 1979. Mas, seria fácil acreditar que ele tivesse sido escrito nos dias atuais. A incompetência dos políticos na gerência de questões monetárias é tamanha que o assunto inflação se tornou atemporal, não importa o texto, ele será sempre atual.
Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado










terça-feira, 19 de agosto de 2014

TERRA - UMA PEQUENA HISTÓRIA



Atualmente é consenso que a Terra surgiu há 4 bilhões e 600 milhões de anos, o Universo já existia a 11 bilhões e 100 milhões. O professor Clóvis Atico nos apresenta uma retrospectiva da trajetória, desde o início até a primeira incursão ao espaço sideral, a odisseia da APOLO XI propelida por um foguete SATURNO V. Ao orbitar a Lua, enquanto Michael Collins permanecia no módulo de comando COLUMBIA, Neil Armstrong - o primeiro homem a pisar o solo lunar - e Edwin "Buzz" Aldrin alunissaram no módulo lunar EAGLE, realizaram um passeio e coletaram 45 quilos de pedras do nosso satélite.
Era o dia 20 de julho de 1.969.