Ponto e contrapontopor Jayme José de Oliveira“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.
24/08/1954 - O dia trágico
20/08/2014
Era uma típica manhã de fim de inverno já prenunciando a primavera, um tímido sol varava as nuvens esparsas e a temperatura amena não prenunciava o caos que estava por se instalar na capital dos pampas. Vinte quatro de agosto de mil, novecentos e cinquenta e quatro e a pacata Rua Jerônimo Coelho estava calma até que...
Quase inaudível a princípio, em crescendo lento e ritmado veio se aproximando um grupo dumas quarenta a cinquenta pessoas. Precedendo o grupo, dois portavam pôsteres, um de Getúlio Vargas e o outro de Flores da Cunha. Rumavam para a Praça da Matriz e se posicionaram frente ao Palácio do Governo entoando slogans e lamentos.
- Mataram o Getúlio!
- Abaixo os ianques!
Alguns choravam, outros vociferavam, todos acabrunhados e furibundos. Parecia ainda não terem absorvido a magnitude da tragédia que se abatera sobre o país, esperavam a presença e o consolo do governador.
E o general Ernesto Dornelles não apareceu na sacada...
O agrupamento cresceu como sói acontecer nessas ocasiões.
E o governador não apareceu...
Em dado momento alguém bradou:
-A Farroupilha – Rádio Farroupilha, localizada na esquina da Rua Duque de Caxias com a avenida Borges de Medeiros, sobre o viaduto, - vamos tocar fogo nela!!! E foram.
Desesperado, um dos funcionários se jogou duma janela do prédio em chamas, foi a primeira vítima do dia, fraturou a coluna vertebral.
Ululando desceram a Borges e na Rua dos Andradas se subdividiram.
Os que foram à esquerda, na passagem empastelaram o Diário de Notícias e vandalizaram o que vinha pela frente. Só pararam na altura do QG do 3º Exército, por motivos óbvios.
A outra parte dobrou à direita e foram arrasando tudo o que, mesmo remotamente, lembrasse os Estados Unidos. O consulado americano (Ed. Bragança, 4º andar) foi literalmente destruído. Comentou-se posteriormente que até as meias de seda da secretária do cônsul foram indenizadas.
Desceram a Vig. José Inácio onde os aproveitadores de plantão saquearam a Importadora Americana (loja de eletrodomésticos). Na Rua Voluntários da Pátria a American Boate foi acordada, invadida e as "mulheres de vida fácil" não a tiveram tão fácil naquele momento.
Como um rastilho de pólvora o caos se espalhou pela cidade toda.
Nos dias que se seguiram o bom senso, lentamente, voltou a reinar. Os prejuízos foram incalculáveis, o número de mortos e feridos imitou o Caixa 2... não foi contabilizado.
Quase inaudível a princípio, em crescendo lento e ritmado veio se aproximando um grupo dumas quarenta a cinquenta pessoas. Precedendo o grupo, dois portavam pôsteres, um de Getúlio Vargas e o outro de Flores da Cunha. Rumavam para a Praça da Matriz e se posicionaram frente ao Palácio do Governo entoando slogans e lamentos.
- Mataram o Getúlio!
- Abaixo os ianques!
Alguns choravam, outros vociferavam, todos acabrunhados e furibundos. Parecia ainda não terem absorvido a magnitude da tragédia que se abatera sobre o país, esperavam a presença e o consolo do governador.
E o general Ernesto Dornelles não apareceu na sacada...
O agrupamento cresceu como sói acontecer nessas ocasiões.
E o governador não apareceu...
Em dado momento alguém bradou:
-A Farroupilha – Rádio Farroupilha, localizada na esquina da Rua Duque de Caxias com a avenida Borges de Medeiros, sobre o viaduto, - vamos tocar fogo nela!!! E foram.
Desesperado, um dos funcionários se jogou duma janela do prédio em chamas, foi a primeira vítima do dia, fraturou a coluna vertebral.
Ululando desceram a Borges e na Rua dos Andradas se subdividiram.
Os que foram à esquerda, na passagem empastelaram o Diário de Notícias e vandalizaram o que vinha pela frente. Só pararam na altura do QG do 3º Exército, por motivos óbvios.
A outra parte dobrou à direita e foram arrasando tudo o que, mesmo remotamente, lembrasse os Estados Unidos. O consulado americano (Ed. Bragança, 4º andar) foi literalmente destruído. Comentou-se posteriormente que até as meias de seda da secretária do cônsul foram indenizadas.
Desceram a Vig. José Inácio onde os aproveitadores de plantão saquearam a Importadora Americana (loja de eletrodomésticos). Na Rua Voluntários da Pátria a American Boate foi acordada, invadida e as "mulheres de vida fácil" não a tiveram tão fácil naquele momento.
Como um rastilho de pólvora o caos se espalhou pela cidade toda.
Nos dias que se seguiram o bom senso, lentamente, voltou a reinar. Os prejuízos foram incalculáveis, o número de mortos e feridos imitou o Caixa 2... não foi contabilizado.
Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado