sábado, 24 de dezembro de 2022

NATAL E COLUNA NÚMERO 500

 


PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira

“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

 

NATAL E COLUNA NÚMERO 500

Por vezes ocorrem coincidências que nos proporcionam satisfações ímpares. Estamos em época de NATAL e esta é a cinco centésima coluna que publico em LITORALMANIA.

A minha primeira coluna em Litoralmania foi publicada no dia 17/02/2014, hoje apresento a de nº 500. Durante todo este tempo me esmerei em abordar assuntos os mais diversos, sempre honrando a verdade dos fatos e evitando extremismos que tanto contribuem para espalhar a cizânia entre os brasileiros.

Hoje prestarei homenagem a uma mulher que merece nossa admiração e reconhecimento: Marie Sklodowoska Curie.

A história está repleta de mulheres grandiosas que contribuíram para o avanço em muitos campos: política, arte, educação, direitos humanos, só para citar alguns. No campo da ciência, um nome de grande destaque é o de Marie Curie. Esta cientista polonesa naturalizada na França tem o seu nome associado às suas descobertas no campo da radioatividade. A pesquisa revolucionária de Marie Skłodowska Curie (1867-1934) estabeleceu as bases para a nossa compreensão da física e da química, com grandes avanços em oncologia, tecnologia, medicina e física nuclear. Foi a primeira mulher a receber o Prêmio Nobel, assim como recebeu o prêmio duas vezes. Ela foi realmente um gênio, e é importante entender o seu sacrifício pelo bem do mundo, já que sua morte foi ocasionada justamente por estar em contato com materiais radioativos.

Em 1895, quando preparava sua tese de doutorado, Marie conheceu Pierre Curie que trabalhava em pesquisas elétricas e magnéticas e em pouco tempo estavam casados.

No início de suas pesquisas constataram que os sais de “tório”, eram capazes de emitir raios semelhantes aos dos sais de “urânio”. Trabalhando em um porão cedido pela mais importante universidade francesa, a Sorbonne, verificaram que certos minerais de urânio, especialmente a “pechblenda”, procedente das minas de Joachimstal, na Boêmia, tinham radiações mais intensas que o correspondente teor em urânio, devido à presença de elementos ainda desconhecidos.

Os Curie começaram a purificar o minério, que era fervido em grandes recipientes sobre um fogão de ferro fundido. Em julho de 1898, conseguiram isolar um elemento 300 vezes mais ativo que o urânio.

Em homenagem à sua pátria, Maria batizou-o de “POLÔNIO”. Porém, os Curie não estavam satisfeitos porque o resto do material, depois de extraído o polônio, era ainda mais potente.

Continuaram a purificação e cristalização e encontraram um novo elemento, 900 vezes mais "radioativo" (termo criado por Marie) que o urânio. Estava descoberto o “RÁDIO”.

Em 1903, Marie Curie se tornou a primeira mulher da França a defender uma tese de doutorado. No mesmo ano o casal ganhou o “Prêmio Nobel de Física”, por suas descobertas no campo ainda novo da radioatividade.

Em 19 de abril de 1906 Pierre Curie morreu tragicamente, vitimado por um atropelamento. No dia 13 de maio, pouco antes de completar um mês da morte do marido, Marie foi indicada para substituí-lo, tornando-se a primeira professora (mulher) de Física Geral.

Em 1910, finalmente, auxiliada pelo químico francês André Debierne, Marie Curie conseguiu obter o rádio em estado metálico. Em 1911, Marie Curie foi agraciada com o segundo "Prêmio Nobel", desta vez de Química, por suas investigações sobre as propriedades e potencial terapêutico do rádio.

A cientista tornou-se a primeira personalidade a receber duas vezes o Prêmio Nobel.

A partir de 1918 sua filha mais velha, Irène, que mais tarde se casaria com o físico Frédéric Joliot, começou a colaborar na cátedra da mãe e, posteriormente junto com o marido, descobriu a radioatividade artificial. Isso valeu ao casal Joliot-Curie o Prêmio Nobel de Química em 1935.

Toda a dedicação de Marie Curie à ciência teve um preço: após anos trabalhando com materiais radioativos, sem nenhuma proteção, ela foi acometida por uma grave e rara doença hematológica, conhecida hoje como leucemia.

O rádio (geralmente na forma de cloreto de rádio) é usado em medicina para produzir o gás radônio, usado para o tratamento do câncer. Uma unidade da radioatividade, curie, se baseia na radioatividade do        rádio-226. Hoje a grande maioria das pessoas que tem câncer necessitam do medicamento à base desse metal. Já houvesse este conhecimento em 1934, Marie Curie teria vivido mais alguns profícuos anos, não podemos imaginar quantos conhecimentos teriam sido agregados à nossa civilização.

O rádio é o mais pesado dos metais alcalinoterrosos, com número atômico 88. É um elemento radioativo que, na sua forma metálica, apresenta uma coloração branca e brilhante, mas que logo se torna mais escura por ser oxidado em contato com o ar, formando, provavelmente, o nitreto de rádio (Ra3N2). O rádio e seus sais apresentam luminescência, ou seja, emitem luz ao serem instigados por algum estímulo, como uma radiação eletromagnética.

O rádio é capaz de reagir com a água, formando o hidróxido de rádio, Ra(OH)2, com produção de H2. Seus sais — RaSO4, RaCl2, RaBr2 e Ra(NO3)2 — são os menos solúveis entre os metais alcalinoterrosos. Contudo, o hidróxido é o mais solúvel e de maior alcalinidade dentro do grupo. Quando posto em uma chama, o rádio e seus compostos produzem uma luz vermelha, similar aos compostos de estrôncio.

Em termos de radioatividade, o rádio comumente emite partículas alfa, beta e raios gama e, quando misturado ao berílio, produz nêutrons. A quantidade de 1,0 g de rádio é capaz de produzir 3,7 x 1010 desintegrações por segundo. A antiga unidade Curie (Ci) — hoje substituída pela Becquerel (Bq) — é definida, inclusive, como a quantidade de radioatividade que possui a mesma taxa de desintegração desse grama de rádio. O gás nobre radônio é produzido também de um grama de rádio. Nesse processo, 0,00001 ml do gás é liberado."

Veja mais sobre "Rádio (Ra)" em: https://brasilescola.uol.com.br/quimica/elemento-radio.htm

Marie Curie faleceu perto de Sallanches, França, no dia 4 de julho de 1934.

Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado


quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

PROTEÍNAS ARTIFICIAIS

 


PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira

“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

 

PROTEÍNAS ATIFICIAIS

Uma empresa americana prepara o lançamento do primeiro peito de frango sintético, elaborado a partir de células-tronco.

Células-tronco têm a capacidade de se transformarem em qualquer tipo de células no organismo e se reproduzirem ad infinitum. Usando uma metáfora, são como tijolos com os quais se pode construir uma casa, um hospital, um templo ou mesmo um lupanar. Existem em grande quantidade no organismo e estão disponíveis, inclusive, para regenerar agressões sofridas por órgãos.

O cultivo da “carne celular” pode revolucionar a produção de alimentos e acabar com o sofrimento e sacrifício de milhões de animais.

A empresa norte-americana Upside Foods inaugurou na região de São Francisco, Califórnia, uma unidade construída para fabricar e comercializar carne de frango produzida a partir de células-tronco. Carne bovina, de pato e lagosta a seguir. A empresa, fundada em 2015, utiliza a mesma tecnologia usada para cultivar células-tronco com fins medicinais, inclusive para reparar danos no coração.

Inicialmente o investimento pode alcançar U$ 25 bilhões até 2030, pouco se considerarmos que o setor carne movimenta U$ 1,4 trilhão. A inciativa representa apenas o início, o futuro se apresenta promissor.                                     O primeiro hambúrger elaborado a partir de células-tronco foi produzido pela Universidade de Maastrich, na Holanda.

Os opositores alegam que o consumo em massa pode trazer riscos à saúde, criando alérgenos ou causar outros malefícios. Considerado um grande avanço na época da introdução, a gordura vegetal hidrogenada (margarina) revelou, décadas após a implantação, ser causadora de vários problemas à saúde.

A consultora norte-americana DWH lembra que há ainda um longo caminho a percorrer antes de produzir a preços competitivos, considerando o custo atual de U$ 37 por quilo de carne bovina. Mesmo quando esse problema for resolvido será difícil produzir carne celular em grande escala. Uma mega fábrica, capaz de produzir 10 mil toneladas/ano exigiria 430 tanques de 2.500 litros, 130 biorreatores (com 12 mil litros cada um), 15 tanques de armazenamento e vários elementos acessórios. A carne celular é cultivada em tanques cheios de aminoácidos e nutrientes, os biorreatores.

A empresa extrai, sob anestesia local, um pedacinho de carne do animal doador. Este fragmento contém células-tronco musculares que são capazes de se transformarem em fibras. A amostra é dissolvida em enzimas nos tanques em que se reproduzem por 7 a 8 semanas. As células continuam a se multiplicar e são colocadas em tanques maiores,10 mil litros de capacidade, os biorreatores. Dentro deles há moldes feitos de colágeno onde elas aderem. Após 3 semanas são retiradas dos tanques, secas e processadas, ficando com aparência de carne moída. Podem ser prensadas para adquirirem as formas desejadas pelos consumidores.

É um pequeno passo, a caminhada é longa... a meta será atingida como aconteceu com todas as realizações humanas. Iniciam rudimentares, evoluem constantemente.

Desde o primórdio da civilização o cérebro humano procurou alternativas para sobrepujar as dificuldades que o meio ambiente hostil criava. Um corpo frágil, lento, indefeso, parecia ser destinado à extinção, como inúmeros outros o foram e continuam sendo. Mas, felizmente houve um mas que o catapultou ao píncaro da criação e permitiu que sobrepujasse todos os obstáculos e vicissitudes: o cérebro.

É comum que, para depreciá-lo, se compare a capacidade do nosso cérebro com a velocidade de processamento dos modernos computadores. O SX-9 da NEC tem a capacidade de efetuar 839 trilhões de cálculos/segundo.

O cérebro humano, 1.200 gramas, é o coordenador de todas as atividades do organismo, Desde a percepção da dor, as funções autônomas como a digestão, a reprodução celular (cada fio de cabelo necessita um estímulo constante para crescer, por exemplo), movimentação dos músculos, visão, audição, tato... são inúmeras e constantes as atividades gerenciadas, a cada segundo.

Pensam que 839 trilhões/segundo é uma quantia insuperável? O cérebro executa 10 quatrilhões/segundo. Para complementar, os computadores foram criados por humanos, não são autônomos, exigem para funcionar o comando de um cérebro.

 

Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado


INSTINTOS

 


PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira

“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

 

INSTINTOS

O homo sapiens e os animais são regidos pelos instintos, não sobreviveriam caso não seguissem seus ditames. Uma característica fundamental, que nos diferencia dos animais é que, além dos instintos, nosso cérebro – a maravilha do universo conhecido – tem a capacidade de ultrapassar os limites impostos pela natureza. Assim não fora, este ser praticamente indefeso (não tem força física, agilidade, couraça epidérmica e outros tantos que tais) não sobreviveria no ambiente diverso que o rodeava.

Nossa capacidade de inventar armas – defensivas para enfrentar seres mais bem dotados fisicamente e ofensivas para caçar brutamontes fornecedores de proteínas – representa um fator importante. Também construímos abrigos seguros para, isoladamente ou em agrupamentos, garantir uma sobrevivência relativamente tranquila.

Herbívoros dependem dos alimentos que a natureza lhes fornece e quando o meio ambiente desanda, perecem pela falta. Os carnívoros, dependentes de outras espécies para predar, também têm sua sobrevivência jungida às condições favoráveis do meio ambiente.

Este é o instinto de alimentação e sobrevivência, outros, o da propagação da espécie no topo, completam o conjunto.

Referi-me acima à dependência absoluta ao meio ambiente que os animais não podem evitar, a migração é o único meio de que dispõem para sobreviverem na ocorrência de desastres climáticos ou catástrofes. O homo sapiens tem capacidade para modificar condições ambientais a seu talante, por vezes o faz abusivamente e com falta de regulamentação adequada aos limites, como, por exemplo, na excessiva produção e dispersão de gás carbônico (C02) ameaça própria existência da vida como a conhecemos.

Coletador de vegetais foi o primeiro estágio, conjugado à caça, nômades não podiam agir de outra forma.

Paulatinamente, com o aumento substancial da população, surgiram problemas a serem resolvidos. Constatou-se a necessidade de uma liderança (alguns animais, gregários, também a tem) para harmonizar o trabalho e contornar as divergências. Pode ser laico ou um líder religioso assumindo as duas funções. Surgiram os primeiros profissionais encarregados de garantir a defesa, inclusive contra grupos rivais. Aldeias, prenúncio das futuras cidades estabeleceram a derrocada do nomadismo.

Pastoreio e agricultura vieram concomitantemente para garantir a subsistência alimentar.

Especialização nas atividades levou ao comércio, inicialmente através do escambo (troca de produtos), posteriormente o dinheiro facilitou tudo.

Animais foram domesticados para pastoreio, transporte, alimentação e convivência. A roda civilizatória adquiriu velocidade crescente e hoje somos o que somos.

No decorrer do tempo experiências com cruzamentos entre espécies compatíveis – transgênicos mais recentemente – para obter resultados melhores, mais acessíveis e de melhor rendimento. Vegetais seguiram a mesma rota, as colheitas se tornaram mais abundantes e resistentes às pragas, inclusive com a adoção de defensivos agrícolas e adubos.

A necessidade de armazenamento para enfrentar os “anos de vacas magras” teve como corolário a indústria de conservação dos alimentos, evitando a perda por deterioração.

E a roda do tempo girou inclinando sua direção para a criação de alimentos sintéticos e, agora, timidamente, mas com futuro promissor, PROTEÍNAS SINTÉTICAS, A CARNE DE LABORATÓRIO, que eliminará o perigo do desabastecimento e o sacrifício de incontáveis vidas animais.

Será o mote da nossa próxima coluna.

Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado