domingo, 28 de novembro de 2021

ALEA JACTA EST

 

PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira

“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

 

ALEA JACTA EST

Em 10 de janeiro de 49 a. C., Júlio César, desafiando o Senado Romano, atravessou o rio Rubicão com sua legião. A lei proibia qualquer general atravessar esse rio com seu exército, a menos que expressamente autorizado pelo Senado. Ao transgredir violou a lei romana e declarou guerra ao Senado. Quando atravessou o Rubicão exclamou: “Alea jacta est” (A sorte está lançada). A partir desse momento ninguém mais seguraria Júlio César.

A frase “atravessar o Rubicão” passou a ser usada para se referir a qualquer pessoa que tome uma decisão arriscada, irrevogável.

Atenção, muita atenção: “Pode-se atravessar o Rubicão para realizar um sonho – como Júlio César” – ou para desgraçar um povo, como Hitler, Stalin, Fidel Castro e muitos outros no decorrer da História.

No Brasil, nos últimos anos, o Rubicão foi atravessado duas vezes, no mínimo.                                                                                                            A primeira quando Lula afundou a economia do país encarregando empreiteiras, a Odebrecht em primeiro plano, para realizar obras megalômanas mundo afora. Porto Mariel, em Cuba; ponte sobre o rio Orinoco na Venezuela; obras viárias na África, etc., tudo financiado pelo BNDeS, sem garantias de retorno e com juros subsidiados. Atentem, obras realizadas no exterior e que o Brasil acolheria de braços abertos porque nos fazem falta. Muita falta. Abram o link.                      https://raymundopassos.jusbrasil.com.br/noticias/177552720/a-bomba-do-bndes-esta-para-estourar-20-obras-e-3000-emprestimos-a-outros-paises                                                                                                                                                                                                      Quando Lula assumiu a presidência herdou uma dívida de R$ 852 bilhões, Fora acumulada durante 180 anos, desde a Proclamação da Independência, em 1822. Entregou para Dilma R$ 1,89 trilhão, em julho de 2021 catapultada para R$ 6,797 trilhões (dados do Banco Central). IMPAGÁVEL. Nós, os nossos filhos e os filhos dos nossos filhos teremos de conviver com ela.

Bolsonaro foi eleito na esteira da inconformidade. Qualquer um o seria, tamanha a revolta com a situação Até Tiririca, aquele que baseou a campanha para deputado federal com o bordão “Vote no Tiririca, pior que está não fica”.

E, como um raio, estrugiu a pandemia Covid. O mundo foi pego de surpresa, não tinha vacinas para prevenir, muito menos remédios para curar. Fazia-se necessário iniciar um processo a partir do nada. URGENTE, para ontem como se costuma dizer. Os laboratórios, no mundo inteiro, se mostraram dignos da confiança depositada. Elaboraram vacinas, várias, algumas com eficácia comprovada. Países com dirigentes dignos de tal nome se lançaram com afinco a VACINAR a população. Se não conseguiram a responsabilidade recai sobre a população negacionista.

E no Brasil? Bolsonaro iniciou uma solerte campanha anti vacina, anti distanciamento social, anti lockdown, anti procedimentos adotados nos países que minoraram as consequências.                                                                      O que preconizou adotar para enfrentar a hecatombe? O “kit-covid”. Azitromicina, ivermectina, cloroquina. Um tratamento estapafúrdio que, além de ser ineficaz tem efeitos colaterais que podem até levar a óbito. Foram gastos bilhões de reais na compra desses inúteis medicamentos e, pior, os hospitais foram estimulados a aplica-los como tratamento. VACINAS? Esforços contínuos para impedir a aprovação pela Anvisa e, absurdo dos absurdos, tentativas de adquirir, a preços superfaturados, a Covaxin, vacina produzida na Índia pelo laboratório Bharat Biotech.                     A população, quando havia oferta de vacinas aprovadas pela Anvisa acorreu em massa e os índices de vacinação só não foram os preconizados devido à falta de vacinas na quantidade suficiente.                       Fez-se o possível e o impossível para dificultar a única arma eficiente que combate a disseminação do vírus e, consequentemente as mortes.

Pela “Lei de Murphy “Se alguma coisa pode dar errado, dará. E mais, dará errado da pior maneira, no pior momento e de modo que cause o maior dano possível”.     

Quando já se cogitava num possível arrefecimento da pandemia, eis que surge, na África do Sul, uma variante de potencial avassalador. O coronavírus teve uma nova variante identificada “B.1.1.529”, que já causa temores globais devido às mutações genéticas. No total são 50 variações de vírus, sendo 30 na proteína “spike”, que o vírus utiliza para se prender às células humanas.

Qual a maneira mais racional para minimizar a propagação da nova variante? Restrição total do tráfego aéreo à África do Sul. No momento, além da Alemanha, Áustria, Itália, Israel e Reino Unido já impuseram restrições aos voos a partir da África do Sul.

E o Brasil, como reagiu? Incrivelmente, o governo federal autoriza a entrada de estrangeiros, de qualquer nacionalidade, em todos os aeroportos do Brasil. A medida foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União no dia 24 de novembro e prorroga, por 30 dias a restrição à entrada de estrangeiros.

Esta foi a segundas travessia do Rubicão. Se na primeira as consequências se contabilizaram em desperdício irresponsável de dinheiro, a mais recente provocou e continuará provocando a perda de vidas insubstituíveis. Perguntem aos familiares.

ÚLTIMA HORA – Estava digitando a coluna quando a televisão anunciou uma notícia alvissareira:

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou nota técnica nesta sexta-feira (26) recomendando que o governo brasileiro adote medidas de restrições para voos e viajantes vindos de parte da África, em decorrência da identificação de nova variante do SARS-CoV-2, identificada como B.1.1.529.                                                                                                    

 

Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

 


segunda-feira, 22 de novembro de 2021

TODOS SÃO IGUAIS?



PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira

“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

 

TODOS SÃO IGUAIS? – 22/11/2021

Thomas Jefferson, 2º presidente dos Estados Unidos (1801-1809), uma vez disse que todos os homens nascem iguais. Como seria diferente o mundo se esta frase fosse real e acatada em todos os setores que norteiam a sociedade.                                                                               Contrapondo, sabemos que nem todas as pessoas nascem com os mesmos potenciais. Algumas são mais inteligentes que outras; algumas têm mais oportunidades que outras, nascem privilegiadas; algumas ganham mais dinheiro; algumas são mais dotadas que a maioria. Mas há algo, ou deveria haver, onde todos são iguais. Há uma instituição que torna um pobre igual a um Rockefeller, um idiota igual a um Einstein e um ignorante igual a um reitor de universidade. Esta instituição é o Tribunal de Justiça. A deusa Themis, que representa a Justiça, empunha uma espada numa das mãos e uma balança na outra, para significar que o seu poder deve ser usado sem distinção. Tem os olhos vendados para não ver quem é julgado e não deve ser influenciada pela categoria do acusado.

Deveria ser um axioma: só existe um tipo de gente, gente. Agora, se só existe um tipo de gente, se são todos iguais por natureza, por que se esforçam tanto para desprezar uns aos outros?                                     É uma questão que atravessa os séculos e não foi ainda respondida. Para mim, é porque não somos produzidos em série como os automóveis, seguindo modelos rígidos e imutáveis. Somos indivíduos com personalidade e discernimento únicos. Algumas pessoas são bitoladas e apenas veem o que querem ver, nada mais penetra no estreito campo que suas viseiras abarcam. Politicamente este fator exacerba, mesmo que seu ídolo cometa as maiores diatribes há sempre uma explicação, pode até ser ilógica, falsa, mas é a única a ser aceita. Um adversário que cometa uma fração do mesmo malfeito é execrado.

Como qualquer instituição, os nossos tribunais têm falhas, mesmo assim são os maiores niveladores deste país. Para os tribunais todos os homens nasceram iguais, ao menos assim deveria ser. Não sou um idealista a ponto de acreditar piamente na imparcialidade dos nossos tribunais e do sistema judiciário, um tribunal é tão íntegro quanto seu júri e um júri é tão íntegro quanto os jurados que o compõem. Também é uma realidade incontestável que os tribunais, sejam quais forem, onde exercerem sua jurisdição, não são melhores que os membros componentes.

As injunções de cunho pessoal podem, e o fazem por vezes, usar dois pesos e duas medidas. No julgamento em que Lula e Moro eram protagonistas, Ricardo Lewandowski do STF, determinou que devem ser entregues à defesa de Lula as conversas que tenham relação com as investigações penais de Lula na 13ª Vara Criminal de Curitiba ou em qualquer outra jurisdição, ainda que estrangeira. As informações relativas a outras pessoas devem ser mantidas em sigilo.                     O ministro Lewandowski autorizou que diálogos entre procuradores da Operação Lava Jato, de Curitiba, roubados por hackers na Operação Spoofing sejam compartilhados para abrir uma investigação para apurar a conduta dos membros da força-tarefa.      Mensagens obtidas de forma ILEGAL, fato reconhecido pelo ministro.

O presidente da Associação Nacional de Procuradores da República (ANPR), Fábio Jorge Cruz da Nóbrega afirmou que o inquérito conduzido pelo STJ contra a Operação Lava Jato é um rosário de irregularidades. Diligências autorizadas com bases em provas ilícitas, com provas hackeadas serão questionadas na Justiça (Zero Hora, 27/03).

A Constituição Federal de 1988 determina claramente no inciso LVI do art. 5º que são inadmissíveis as provas obtidas no processo penal. No mesmo sentido, o Código Processo Penal (CPP), em seu art.157, com redação dada pela Lei 11.690/08 determina: “São ilícitas, devendo ser desentranhadas do processo as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a Normas Constitucionais ou Legais”.

Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

  

quarta-feira, 17 de novembro de 2021

HOMEOSTASE

 

PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira

“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

 

HOMEOSTASE

A palavra “homeostase” deriva dos radicais gregos “homeo” (o mesmo) e “stasis” (ficar) e foi cunhada pelo médico e fisiologista americano Walter Cannon. O termo é utilizado para indicar a propriedade de um organismo permanecer em equilíbrio, independente das alterações que ocorrem no meio externo. Se não tivéssemos essa capacidade, certamente, já teríamos sido extintos ou, no mínimo, estaríamos em uma posição muito inferior na escala.

Se as condições do ambiente externo sofrem variações, os mecanismos homeostáticos são o que garante que os efeitos sejam mínimos para o organismo. Controlam a temperatura corporal, PH (acidez), volume dos líquidos corporais, pressão arterial, batimentos cardíacos e concentração dos elementos no sangue.

A regulação da glicose no sangue é um exemplo, quando nos alimentamos a taxa de glicose aumenta, estimulando a produção de insulina. Nos diabéticos esse mecanismo não funciona adequadamente e as injeções de insulina (descoberta em 1921) permitem manter o equilíbrio indispensável à vida saudável. Esse hormônio garante que as células absorvam a glicose e armazenem o excesso na forma de glicogênio. Quando a redução dos níveis de glicose acontece, a insulina para de ser liberada e isto evita que ocorra uma hipoglicemia (fatal se não for controlada). A secreção de glucagon, hormônio de efeito contrário à insulina, age até que reestabeleça o equilíbrio. É um mecanismo que garante a existência de glicose na corrente sanguínea  no nível necessário. Nem excesso (hiperglicemia), nem carência (hipoglicemia), ambas fatais se não controladas.

A insulina foi descoberta em 1921 pelos cientistas Freerick Bantrig e John Mac Leod que, em 1923, foram agraciados com o Prêmio Nobel de Medicina.

Devemos considerar a importância da homeostasia psicológica, nossa psique sofre alternâncias no decorrer da existência que são equalizadas e assim se reconquista o equilíbrio entre as necessidades de um indivíduo e o suprimento dessas mesmas necessidades. Quando isso não ocorre acontece uma instabilidade interior, solucionada com alterações nos comportamentos, para culminar na satisfação dessas necessidades.

Para garantir a homeostase o nosso organismo conta com alguns recursos no sistema nervoso e no sistema endócrino. O sistema nervoso informa que algo de errado está acontecendo e produz uma resposta ao estímulo. O sistema endócrino, por sua vez, secreta mensageiros químicos para restabelecer o equilíbrio. A ativação da insulina ou do glucagon, alternadamente, garantem o equilíbrio essencial. Quando, por qualquer motivo, o pâncreas diminui ou para de produzir insulina, recorre-se à aplicação de injeções de insulina para contornar o problema e restabelecer o equilíbrio.

Há muitos tipos de homeostase além do que já foi referido e que ocorrem num organismo vivo, todo o planeta se equilibra com a homeostasia.

TIPOS DE HOMEOSTASIA

ECOLÓGICA: Refere-se ao equilíbrio em nível planetário.                  BIOLÓGICA:  Correspondente à manutenção do ambiente interno, ou seja, seus fluídos corporais.                                                                             HUMANO: Além dos fluídos inclui fatores como temperatura, salinidade, PH e concentrações nutrientes.

Esta constância de pesos e contrapesos que se verifica em todos os pontos do universo apenas nos faz reconhecer que tal harmonia até às mais recônditas minúcias nos leva a crer que não é concebível ser originária do acaso. Se é indubitável que a evolução é um fato inconteste, não devemos, nem podemos, duvidar que deve haver um fulcro, um início, um provedor, deem o nome que quiserem, mas não duvidem da Sua existência.

Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado


VELHICE É DOENÇA? 2

 

PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira

“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

 

VELHICE É DOENÇA? 2 – 06/11/2021

A VIDA é o maior espetáculo do Universo, pode-se até dizer que é a razão da sua existência. A vida é um processo dinâmico, o nascimento dá o “start” da viagem, infância, juventude, fase adulta, velhice e morte são as etapas. Cada uma tem a sua finalidade, seus picos de relevância e os escolhos que ameaçam o sucesso da jornada.

Desde sempre o tempo que medeia entre o nascimento e a morte foi uma preocupação fundamental, a imortalidade um sonho aparentemente inatingível. Os humanos sempre procuraram por todos os meios contestar o que parece ser irrecorrível.                                                                 Matusalém, um patriarca bíblico presente no judaísmo, no cristianismo e no islamismo teria vivido 969 anos.                                                 Aasverus, o Judeu Errante, empurrou e ofendeu Jesus quando o Salvador se dirigia ao Calvário para ser crucificado. Jesus, como resposta, teria lhe condenado à eterna penitência de esperar seu regresso vagando pelo mundo sem descanso, sem nunca morrer, até o fim dos tempos.            Ponce de Leon, em 1493, sai da Espanha rumo à América, acompanhando Colombo em sua segunda expedição. Procurou a Fonte da Juventude perseguindo uma lenda que se revelou irreal.                                                               Outras lendas e crenças houve, nenhuma comprovada.

A velhice, considerada universalmente como o declínio irreversível da existência será, caso não haja sucesso na empreitada dos que a contestam, classificada como “doença” na Classificação Internacional de Doenças (CID), em 1º de janeiro de 2022. Protestos retumbam em todos os cantos. Mas, afinal de contas, qual é o limite da vida humana para que possamos localizar a velhice?

Na época de Cristo, poucos ultrapassavam os 40 anos.

Em 1900, nos países mais ricos da Europa e nos Estados Unidos a perspectiva de vida era 50 anos.

Nos Estados Unidos, as mulheres passaram a viver 79 anos em 1995.

As francesas, 80 anos em 1987; as japonesas, 83 anos.

No Brasil e nos países em desenvolvimento, saltou de 40 para 70 anos.

Aqui vale ressaltar que o conceito de sexo frágil atribuído às mulheres não encontra justificativa biológica, o organismo feminino foi desenvolvido para durar mais, basta verificar que há um número maior de viúvas. Em todos os países a vida média dos homens é, pelo menos, dois ou três anos inferior ao das mulheres.

Em 2009, Elizabeth Blackburn, Carol Greider e Jack Szostak foram agraciados com o Prêmio Nobel de Medicina pela descoberta da enzima TELOMERASE que permite regenerar os TELÔMEROS encurtados nas divisões celulares por mitose. Qual a importância disso? Em cada divisão celular por mitose, as extremidades dos cromossomos que são protegidos por proteínas – como os cadarços dos tênis, por extremidades plásticas – perdem parte dessa estrutura. Após uma série de divisões os telômeros se esgotam, os cromossomos não podem mais se multiplicar e a célula morre. Antes disso passa por um processo de envelhecimento, facilmente verificável na pele das pessoas idosas.                                                              A telomerase repõe os telômeros perdidos e os cromossomos recuperam sua capacidade de multiplicação. Teoricamente este fato pode permitir a multiplicação infinita das células sem que envelheçam e... abre a possibilidade da vida eterna. Na prática espera-se estender a vida média dos humanos até 120-150 anos nas próximas décadas.

ISTO NÃO É FICÇÃO, é um primeiro passo, não podemos prever até onde chegaremos. “Uma jornada de mil milhas inicia com o primeiro passo”.

Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado


segunda-feira, 1 de novembro de 2021

VELHICE É DOENÇA? 1

 


PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira

“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

 

VELHICE É DOENÇA? 1

A Organização Mundial da Saúde (OMS) decidiu incluir, a partir de 1º de janeiro de 2022, o termo “velhice” na 11ª versão do Código Internacional de Doenças (CID). O CID é uma das principais ferramentas no dia-a-dia dos médicos. Classifica as doenças que existem, padroniza sua nomenclatura e cria um código para cada uma delas. Como é um código de validade internacional, os documentos assinados pelos médicos têm de usá-los em seus documentos oficiais, inclusive nos atestados de óbito.

Parlamentares e especialistas protestaram contra a inclusão de “velhice” pela OMS na mais recente atualização da CID. A avaliação é que o novo item pode relacionar velhice com doença, impedir o registro correto das causas das mortes e aumentar a discriminação contra a população em idade avançada. É longa a lista dos que protestaram, individualmente ou através de entidades. Citamos algumas.

Vânia Heredia, da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG); Ivete Berkenbrock, da Associação Médica Brasileira (AMB), destaca o cuidado que devemos ter para acrescentar um código novo no CID;           Dr. Frederico Patriota (MG), presidente da Comissão do Idoso vai formalizar pedido para que a OMS reveja a inclusão;                                         O geriatra Alexandre Kalache sugeriu a formação de um comitê com a participação d governo e da sociedade civil e lembrou que a morte recente do príncipe Philip, da Inglaterra, aos 99 anos, foi registrada como velhice no atestado de óbito assinado pelo médico da Família Real, sir Huw Thomas;                                                                                                                   O Conselho Nacional da Saúde é contrário.

É um assunto que certamente será alvo de múltiplos debates até a data da promulgação, 1º de janeiro de 2022.

Na próxima coluna abordaremos a velhice em diversos aspectos. Médicos, legislação, Previdência, religiosos, costumes. Daremos especial ênfase à eterna busca da vida eterna. Aasverus, o judeu errante, a Fonte da Juventude procurada por Ponce de Leon e outros registros. As religiões usam um atalho para incluir a imortalidade no imaginário dos fiéis. Como a vida é finita, agregaram ao corpo a alma, esta eterna e imortal. A ciência médica tem expandido o tempo médio de vida nos humanos. Graças à descoberta de medicamentos, VACINAS, técnicas apuradas de tratamentos, incluindo cirurgias, transplantes e muitos mais.

A velhice, passo-a-passo, foi se distanciando do anátema: “ser inútil, consumidor que não colabora mais, esperando a morte”, transformando esta fase em que a experiência adquirida permite voos amplos rumo a uma vida digna e produtiva. Quantos progressos, inclusive científicos foram protagonizados por vetustos personagens? Edison, o inventor da lâmpada elétrica e do fonógrafo, do microfone e do projetor de cinema, para citar apenas as de maior repercussão entre as literalmente mil – e – tantas utilidades que ele criou manteve-se ativo até os 84 anos.

Quantos de nós continuamos em pleno vigor após ultrapassar a “provecta idade”?

Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado