segunda-feira, 29 de março de 2021

INFERNO VAZIO DE DEMÔNIOS

 


PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira

“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

 

INFERNO VAZIO DE DEMÔNIOS – 26/03/2021

O inferno está vazio de demônios porque eles invadiram a Terra com suas obras malignas: pandemia, negacionismo, racismo, terrorismo, corrupção, sede de poder, de fortuna, etc.

Nos níveis mais profundos do inferno Dante Alighieri (Divina Comédia) identifica os hipócritas e os ladrões no 8º nível e os traidores da pátria e dos amigos no 9º. Escanteiam os amigos, os que os ajudaram a se eleger e evitam medidas para salvar a população. Só o que lhes interessa é inflar o próprio ego (e a bolsa).

Vale a pena lembrar que o demônio sempre se disfarça de anjo, sua primeira natureza.

Este detalhe fundamental pode ser um ponto de partida para qualquer debate sobre as peculiaridades dos humanos. Quem se julga dono da razão peca por orgulho e erra por excesso de confiança. NINGUÉM está de posse da razão absoluta, não haveria mais possibilidade de progresso, teríamos chegado ao pináculo.

Não é assim que os fatos acontecem no percurso da História, a própria Religião queimava vivas as bruxas em fogueiras e o Papa Urbano VIII, num dos maiores equívocos já registrados pelo Vaticano condenou, em 1633, Galileu Galilei ao silêncio que perdurou até 1992, quando o Papa João Paulo II o reabilitou, reconciliando a Igreja com a Ciência. Não são incompatíveis mas coadjuvantes, desde que se acoplem.

“In médio stat virtus” não significa que um lado está certo em detrimento do outro, ao contrário, unidos se aproximam da VERDADE.

Não nos faltam oportunidades, quando aparecem, contudo, é corriqueiro que o “cavalo passe encilhado” e se perca a oportunidade.

Após 180 anos, desde a Proclamação da Independência até 2002, a dívida do Brasil atingiu R$ 852 bilhões, foi o que Lula herdou após Itamar-FHC dominarem a inflação, que em 1993 atingira o catastrófico índice de 3.752% anual.  Tinha a faca e o queijo na mão para deslanchar o Brasil e sedimentar uma hegemonia duradoura.

Em 16 anos, resultado de uma desastrosa série de obras executadas no exterior, entre as quais o Porto Mariel (Cuba), financiadas pelo BRDE com juros subsidiados, catapultou para R$ 4,25 trilhões. Nós, nossos filhos e netos pagaremos vertendo sangue, suor e lágrimas.

O desgaste do PT foi de tal monta que Bolsonaro foi eleito mais devido ao sentimento anti-PT que qualquer outro motivo.

E caiu no colo do novo presidente a pandemia Covid-19. Um empenho em combatê-la com investimento maciço em vacinas, máscaras, distanciamento social e outras atitudes baseadas na ciência impediriam grande parte das 300 mil mortes ocorridas. Em vez disso, cloroquina e outras terapia inócuas precipitaram o caos e o desespero toma conta da nação que, em filas imensas buscam desesperadamente a única chance de sobreviver: a VACINA.

Qual será o mote da próxima campanha?
ADIVINHEM!

O ex-presidente Lula lançou mão da pandemia do novo coronavírus, que provoca a covid-19 para atacar o governo Bolsonaro. "Ainda bem que a natureza, contra a vontade da humanidade, criou esse monstro chamado coronavírus porque esse monstro está permitindo que os cegos enxerguem e que os cegos comecem a enxergar que apenas o Estado é capaz de dar solução a determinadas crises. Essa crise do coronavírus... somente o Estado pode resolver isso", afirmou.

https://noticias.r7.com/brasil/videos/em-video-lula-disparou-ainda-bem-que-natureza-criou-coronavirus-20052020

"Tem idiota que a gente vê nas redes sociais, na imprensa, [dizendo] 'vai comprar vacina'. Só se for na casa da tua mãe. Não tem [vacina] para vender no mundo". (Bolsonaro, 04/03/20210)

https://www.youtube.com/watch?v=8mt7F6mLwBI


POSFÁCIO 

Esta coluna sugere um estado de espíritoderrotista, um desânimo onipresente? Pelo contrário, o primeiro passo para sair do atoleiro é abrir os olhos para a realidade e se revoltar (no bom sentido) contra o que fizeram, estão fazendo e pretendem continuar fazendo.

Os brasileiros não merecem continuar como joguetes de interesses espúrios que visam alavancar objetivos escusos e egoístas. Não merecem servir de massa de manobra para que “iluminados” joguem uma macabra disputa de poder, um embate de “nós” contra “eles” no qual os perdedores são sempre os mesmos, os cidadãos honestos, enquanto “ELES” se locupletam alternadamente.

BASTA!

Basta de sermos “bucha de canhão” numa luta que não nos leva a nada. Aliás, leva, sim! Ao caos, à desesperança, ao túmulo. Desta vez, devido à pandemia mal administrada, LITERALMENTE.

Está na hora de reagir, de parar de sermos usados como bucha de canhão, repito.

Que passemos a ter altivez, que nos sobre paciência, que não nos falte EPERANÇA.  

Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

 


quarta-feira, 17 de março de 2021

CIDADANIA E NEGACIONISMO

 


 

CIÊNCIA E CULTURA

Marília Gerhardt de Oliveira

 

27 – CIDADANIA x NEGACIONISMO

No Brasil, em Março de 2021, menos de 5% da população recebeu UMA dose de vacina (Covid-19) e menos de 2% da população recebeu DUAS doses.

Há pelo menos 6 meses, o Ministério da Saúde (sob inspiração expressa da Presidência da República) declara inúmeras dificuldades para COMPRAR vacinas (plural) e garantir um bom lugar na imensa fila mundial para receber as doses minimamente necessárias para vacinar brasileiros ainda em 2021 e reduzir os efeitos econômicos consequentes do mau gerenciamento da gravíssima crise sanitária.

Que o Governo Federal passe a se inspirar em bons exemplos de muitos governadores estaduais.

Incentive o uso de máscaras (e as use).

Condene aglomerações (e não as promova).

Reitere a importância do distanciamento social (e o pratique).

COMPRE VACINAS (e não mais postergue com argumentos pífios a assinatura emergencial de contratos para tal).

Chega de maus exemplos!

Que passemos a nos espelhar em quem governa seu povo com base na CIÊNCIA com respeito à VIDA. Seja de DIREITA como em Israel, seja de ESQUERDA  como a Nova Zelândia.

O vírus não tem ideologia; simplesmente MATA!

Quem ousa apropriar-se da NOSSA (de TODAS e TODOS brasileiros) maravilhosa bandeira nacional para promover espetáculos dantescos contra medidas IMPERATIVAS e IMPORTANTES para conter danos do contágio maciço e trágico, DESRESPEITA a cidadania e a vida, as famílias dos quase 280 mil mortos, o pessoal (motoristas de ambulâncias, faxineiros de unidades hospitalares, pessoal administrativo da recepção de pacientes, enfermagem, fisioterapia, medicina e tantos outros profissionais diretamente envolvidos no atendimento de doentes e no enterro dos corpos).

Nossa homenagem àqueles que trabalham tele entrega de alimentos, medicamentos, itens de higiene e limpeza; àqueles que trabalham na produção de alimentos, no transporte de pessoas e cargas, no abastecimento de combustíveis e gás, nos consertos emergenciais (Borracheiros, eletricistas e, especialistas hidráulicos); aos lixeiros e aos recicladores.

Recomendo a leitura do livro MUNDO SEM FIM (2 volumes) de Ken Follet, onde a personagem Caris torna-se religiosa para escapar de morte infame tramada por pessoas de má índole e passa a implementar mudanças radicais na forma de lidar com doentes da Peste Negra, em oposição aos métodos apoiados pelos líderes religiosos da época.

Tratar doentes era tarefa masculina com uso de cataplasmas, emplastros e sangrias, sendo consenso que monges fossem Médicos competentes, capazes de realizar milagres, enquanto freiras deveriam apenas alimentá-los e recolher sujidades.

Incrivelmente, as roupas dos mortos da época eram doados a vizinhos e pobres (o que ampliava o grupo de contágio).

Mudanças de Paradigma foram impostos sob coordenação da personagem Caris desta obra ficcional, para, horror dos Negacionistas da época com o arejamento de ambientes, mesmo no inverno europeu, limpeza do chão e troca diária da palha sobre a qual deitavam os doentes no piso das igrejas.

Introduziu também o registro (hora a hora; dia a dia) do que se passava com cada paciente (como se fosse um Prontuário dos dias de hoje).

Preconizava enterros rápidos e com pouco contato com familiares e amigos (para evitar contágio).

Qualquer semelhança com episódios recentes pode vir a ser mera coincidência.

Para finalizar, quero expressar que não creio em teorias conspiratórias nem questões de gênero para a não nomeação da competente Médica indicada pelo atual presidente da Câmara de Deputados como nova Ministra da Saúde do Brasil, pois sempre haverá a hipótese da Ministra Damaris vir a aceitar mais este desafio e levar consigo uma goiabeira para o novo Ministério sob seu comando,

OREMOS!

gerhardtoliveira@gmail.com


ATINGINDO O CLÍMAX

 


PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira

“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

 

ATINGINDO O CLÍMAX – 14/03/2021

Nas democracias consolidadas, um parâmetro para nos guiar pode ser a análise das opiniões expandidas por jornalistas idôneos. Quando editoriais de jornais diversos e díspares - alguns até antagônicos – convergem sem maiores discrepâncias, exalam confiabilidade. Quando, ao analisarem situações de extrema relevância, concordam em tese e cerram fileiras, podemos crer que a verdade está implícita.

O trabalho executado pela Lava-Jato está sendo solapado, em breve será coisa do passado e não haverá mais nenhum delinquente atrás das grades. Aliás, era de se esperar uma solerte campanha de descrédito quando figurões passaram a ver o sol quadrado, eram muitos e oriundos de várias procedências.

A técnica de “melar” para tudo voltar à estaca zero se revelou eficiente quando delinquentes que antes eram inimigos figadais se uniram para salvar a pele.

A anulação de julgamentos que se vislumbra ao dobrar da esquina será a pá de cal na esperança de que o Brasil poderia, finalmente mudar e a Justiça venceria o infindável arsenal de recursos e filigranas jurídicos para reverter condenações e abortar futuras.

A possível reabilitação de corruptores condenados, muitos ladrões confessos dispostos a devolver parte do surrupiado a fim de se livrar das penas, é desanimadora.

“A Odebrecht comprometia-se a pagar, em valores corrigidos por baixo, mais de oito bilhões de reais”. (Juremir Machado da Silva - Correio do Povo, 19/02)                                                                        Se comprometia a pagar? Ipso facto admitia ter havido o crime de corrupção. Para quem? A única dúvida a ser caracterizada.

“Não surpreende o desânimo d quem confiou que o Brasil havia mudado. A impunidade e o jeitinho são brasileiros e não desistem jamais”. (Marcelo Rech – Zero Hora, 20/02)

Após citar esses dois jornalistas de credibilidade ilibada, impolutos a toda prova, alicerço meu arrazoado em um nome acima de qualquer dúvida, que não pode ser contestado por políticos de nenhuma facção. Os de esquerda lembram Flávio Tavares que, nos “anos de chumbo” foi militante da esquerda partidária da luta armada contra a ditadura. Foi um dos presos políticos trocados pelo embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick e exilado no México. Após a Anistia Geral e Irrestrita passou a fazer parte de Zero Hora, onde refulge com suas colunas, independentes de ranços ideológicos, representam o que há de melhor na imprensa brasileira. São dele os excertos que reproduzo:

“A expansão da pandemia é tão alarmante que, agora, inunda a política. De um lado, regredimos à eleição de 2018, quando a maioria confiou, de boa-fé, nas palavras de Bolsonaro que hoje se revelam reles fantasias”.

“O mais daninho, porém, é desacreditar – ou exterminar – a operação Lava-Jato, tal qual propõe o ministro Gilmar Mendes, do STF, relator do pedido dos advogados de Lula da Silva de declarar “suspeição” do então juiz Sérgio Moro. Aceitar essa tese é destruir a investigação que revelou como grandes empresários e políticos se juntaram num sórdido conluio cujo único fim era a rapina”.

“O efeito colateral da “suspeição” de Moro leva a pandemia à política e ao sistema judicial. O juiz não cerceou a defesa do réu, só quis ir ao cerne da trapaça. Mas, agora, o Supremo Tribunal pode, talvez, transformar o juiz em réu, invertendo a ordem natural da Justiça!”.

OREMOS!

Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

 


sábado, 13 de março de 2021

TODO ES VERDAD - TODO ES MENTIRA

 


PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira

“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

 

TODO ES VERDAD – TODO ES MENTIRA – 13/03/2021

O editor de Litoralmania, Rogério Reinheimer Bernardes, postou no Faceboock:

“O crime compensa? Nem preciso falar nada...”

É uma pergunta intrigante, ouso responder.

- Depende.

Depende de vários fatores, interligados ou não. Depende da legislação, dos órgãos investigadores, do judiciário e, principalmente, do quanto a legislação precípua é respeitada.

Na década de 1930, nos Estados Unidos, Al Capone oficialmente era vendedor de antiguidades, faturava mais de três milhões de dólares ao ano mas não pagava impostos. Os investigadores reviraram a contabilidade do gângster para, em 1931, chegarem à conclusão de que Al Capone devia mais de 200 mil dólares ao fisco. Em 24 de outubro de 1931, foi condenado a 11 anos de prisão e multa de 50 mil dólares. Foi levado à prisão de segurança máxima de Alcatraz.

Por que, no Brasil, não se investiga a origem de fortunas suspeitas via Imposto de Renda?

Por quê?

A operação Lava Jato foi um conjunto de investigações, algumas controversas, realizadas pela Polícia Federal do Brasil, que cumpriu mais de mil mandados de busca e apreensão, de prisão temporária, de prisão preventiva e de condução coercitiva, visando um esquema de lavagem de dinheiro que movimentou bilhões de reais.

Estavam envolvidos em corrupção membros administrativos da empresa estatal Petrobras, políticos dos maiores partidos do país, inclusive presidentes da República, presidentes da Câmara de Deputados, do Senado Federal e governadores de estados, além de empresários de grandes empresas brasileiras. A Polícia Federal considera a maior investigação por corrupção da história do Brasil.

A operação Lava Jato resultou na prisão de altas figuras brasileiras, de todos os setores e não ”pegou leve” em figurões ilustres, como era de hábito até então. Também se distinguiu por não priorizar os três “pês”: pobres, pretos e prostitutas, apesar da grande lacuna entre os que podem pagar bons advogados e os mais desfavorecidos econômica e socialmente. Ocorreu o inimaginável, intolerável, dirigiu seus holofotes aos “mais iguais”, os até então intocáveis.

A operação Lava Jato teve no início o apoio dos que passaram incólumes pela primeira onda e execrada pelos atingidos. Paulatinamente, quando se tornou evidente que não haveria uma dicotomia de objetivos, se amalgamou uma união espúria de adversários figadais lutando ombro a ombro para eliminar o inimigo comum. Na atualidade, a Lava Jato conseguiu uma unanimidade: todos os delinquentes lutam – e estão conseguindo – para destruí-la e, desta maneira, se livrarem do escolho mais que inconveniente, INSUPORTÁVEL.

Em 8 de março de 2021, o ministro do STF Luiz Edson Fachin, decidiu que a 13ª Vara Federal de Curitiba, que tinha o juiz Sérgio Moro como titular, é incompetente para julgar o ex-presidente Lula em casos como os do tríplex de Guarujá e do sítio de Atibaia. Com isso as condenações do petista foram anuladas e ele volta a ter todos os seus direitos políticos.

“Não se combate crime cometendo outro”. (Gilmar Mendes, ministro do STF) Obviamente, quem afirma isso admite, ipso facto, a existência de crimes.

“Escutas de hackers são ilegais juridicamente, mas podem ser usadas para favorecer o réu, nunca para prejudicar”. (Ricardo Lewandowski, ministro do STF) As escutas do Intercept, disponibilizadas pelo ministro estão sendo usadas no processo que envolve a suspeição de parcialidade do juiz Sérgio Moro que resultou na condenação do ex-presidente Lula, anuladas pelo ministro Luiz Edson Fachin. Se concordarmos com o apregoado pelo ministro Ricardo Lewandowski, isso é ilegal porque vem em prejuízo do réu. Se vale para Lula, tem de valer para Moro.

Contra-argumento com um fato irretorquível: Autoridades policiais amiúde disponibilizam um telefone para receber pistas ou provas que passam a ser utilizadas nas investigações. Importante, garantem ANONIMATO ao(s) informante(s) a fim de preservá-lo(s) de possíveis retaliações, inclusive risco de vida. Entre os possíveis informantes, hackers podem ser arrolados, por conseguinte informações oriundas de hackers (ilegais?) podem ser utilizadas em desfavor do(s) réu(s), ao contrário do que entende o ministro Lewandowski. Repito: se vale para proteger “A”, a proibição do uso de informações de origem ilegal não pode ser utilizada para desfavorecer “B”.

SINUCA DE BICO, como se diz no jogo de bilhar.

Hoje, bombardeados pelos meios de comunicação vinculados a ideologias, estamos vivendo a polarização de oposições extremas. Briga-se por qualquer declaração nas redes sociais ou em casa, na escola ou no trabalho, na rua ou no bar, e, até no STF.

E todos nos julgamos na posição correta.

Reportando ao título da coluna, lembro Ramón de Campoamor (1817-1901), poeta espanhol que viveu num mundo conturbado por guerras e escreveu:

“Y es que em el mundo traidor, no hay verdade ni mentira                                                         Todo es según el color del cristal com que se mira”.

Posfácio – Depois de séculos em que os “mais iguais” flanaram lépidos e fagueiros escudados na impunidade, a Lava Jato surgiu como uma luz no fim do túnel. Se, como se antevê na fímbria do horizonte ela for soterrada por força de desígnios escabrosos – para usar um termo palatável – não será um facho de esperança, será o farol de um trem estrondando em sentido contrário e...

Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado


segunda-feira, 8 de março de 2021

A LUZ NO FIM DO TÚNEL

 


PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira

“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

 

A LUZ NO FIM DO TÚNEL

Desde a mais remota antiguidade a ciência médica se dedica a combater as doenças e o faz de diversas maneiras. Um dos esteios consiste em aparelhar o organismo para resistir aos ataques patogênicos, sejam quais forem, de maneira que recupere a saúde.

Mitrídates VI, rei do Ponto, Anatólia (120 a.C. – 63 a.C.) viu seu pai ser envenenado num banquete. Temeroso de ser a próxima vítima procurou se imunizar tomando doses crescentes (mas nunca letais) dos venenos conhecidos, até ser capaz de tolerar doses mortais.

Na medicina este procedimento é conhecido como mitridatismo, base das vacinas e soros. Ressaltemos: vacinas e soros combatem agressões de micro-organismos e patógenos, partindo do mesmo princípio, porém, são distintos tanto no efeito como na época de aplicação.

VACINAS - Para provocar a imunização os micro-organismos são atenuados (há diversas técnicas para tanto) de maneira a não provocarem doenças e ensinarem o organismo a resistir através do mitridatismo. As vacinas são aplicadas no organismo ANTES de ser exposto ao patógeno e leva algum tempo para produzir os anticorpos (ao redor de 20-30 dias) e se tornar efetivo. NÃO SÃO USADAS PARA TRATAMENTO, apenas como preventivo específico.

SOROS – O princípio é similar, porém, o antígeno que provoca a reação orgânica, é aplicado em doses crescentes num animal intermediário (geralmente um cavalo) até que se torne imune e resistente. Soros não possuem poder de prevenção, apenas esperança de cura. O produto a ser aplicado em nosso organismo contém anticorpos, não sendo necessária a produção pelo infectado, o que demandaria um tempo excessivo. Em virtude dessa característica, dizemos que se trata de uma imunização passiva.

Para a produção de soro é necessária a intermediação de outro animal, sendo o cavalo o preferido. Inocula-se o antígeno no animal, após alguns dias são retirados alguns litros de sangue e separa-se o plasma que será purificado. Esse plasma contém os anticorpos. Depois do processo o material é levado para o controle de qualidade e, depois de certificado pela Anvisa, está pronto para o uso. As hemácias não utilizadas são devolvidas ao animal.

Os soros tanto podem ser usados para combater os efeitos de venenos e peçonhas (como o soro antiofídico, contra os efeitos das peçonhas de serpentes) como para uso contra micro-organismos (tétano, gripe, tuberculose, etc.).

Este prolegômeno para reverberar o título da coluna: A LUZ NO FIM DO TÚNEL. Nos traz alento e escorraça o turbilhão que nos atinge há um ano. Ressaltamos enfaticamente que podemos enfrentar calamidades com soros e vacinas. Vacinas como prevenção e soros como terapêutica, após instalada a doença. Cloroquina tinha a pretensão de atuas nos dois setores, como preventiva e como curativa. CÁSPITE!

A ciência vem em socorro, é confiável, ao contrário dos fármacos inadequados, benzeduras e água-benta.

Nossos cientistas conseguem mais um feito que, se aprovado, nos projetará mundialmente:

BUTANTAN ENVIA À ANVISA PEDIDO PARA TESTAR SORO ANTI-COVID EM HUMANOS

 

Soro deve amenizar sintomas

Instituto tem 3 mil frascos prontos

Estima autorização na próxima semana

 

 


 

 

rno do Estado de São Paulo

O Instituto Butantan enviou à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) pedido de autorização para realizar um estudo clínico (testes em humanos) de soro desenvolvido pelo instituto para o tratamento da covid-19.                                                                                                                         

A Anvisa recebeu o pedido na 3ª feira, 2 de março. Segundo a agência, os documentos já estão em análiseParte superior do formulário, a expectativa é de que os testes sejam autorizados pela agência na próxima semana. O objetivo da pesquisa é verificar a segurança e a eficácia do soro em pacientes infectados com o novo coronavírus. O Butantan já produziu 3.000 frascos do material, que estão prontos para ser usados.Parte inferior do formulário O soro tem grande potencial para evitar o agravamento dos sintomas e curar os contaminados pela covid-19.

Feito em parceira com a Universidade de São Paulo, os estudos clínicos do soro estão sendo conduzidos pelo infectologista Esper Kallás, da USP, e pelo nefrologista José Medina, integrantes do Centro de Contingência do Coronavírus do governo estadual.

Em teste com ratos infectados pelo vírus vivo, o soro conseguiu diminuir a carga viral e a inflamação, os animais também apresentaram preservação da estrutura pulmonar.

 Após a aprovação da Anvisa para o início dos testes em humanos, caso apresente a eficácia esperada, o soro poderá ser usado para tratar pacientes infectados com sintomas, visando bloquear o avanço da doença. O soro é feito a partir de um vírus inativado por radiação, em colaboração com o IPEN (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares) e aplicado em cavalos que produzem anticorpos do tipo IgG, extraídos do sangue e purificados com uma técnica usada há décadas no Butantan.

Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado


AUXÍLIO COVID