terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

FREUD E A LIBERDADE

 

 

 

PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira

“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”

FREUD E A LIBERDADE – 21/02/2021

“Para quem se agarra à palavra liberdade como um mastro cultural ou um farol, Freud pode ser uma ducha desagradável. Em “Mal-estar na Civilização” ele foi contundente: “A liberdade do indivíduo não constitui um dom da civilização. Liberdade total equivale à ausência da civilização”. A civilização exige normas regulatórias que limitam a liberdade para superar a barbárie. O Estado, ao impor leis que permitem a convivência pode se tornar bárbaro e opressor. Sem ele, porém, a barbárie é certa. Vivemos à volta do embate entre a liberdade e a segurança, por exemplo. Nem todo o comportamento é admissível, a liberdade individual não pode ultrapassar os limites impostos pela coletiva. Cada sociedade adota os freios para enfatizar os limites entre o válido e o inválido, entre o legal e o ilegal. Esta equação tem a elegância de uma fórmula de Einstein e a finalidade de reduzir a desigualdade”.

Constituição Federal: Art - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.

A qualquer pessoa que tenha demasiado apego às coisas materiais eu aconselharia: por favor, não se meta em política porque vai causar muitos danos a si mesmo e ao próximo.

Ante a tentação da corrupção, não há melhor antídoto que a austeridade e a austeridade é praticar com o exemplo. Peço-lhes que não subestimemos valor do exemplo porque tem mais força que mil palavras, que mil panfletos, que mil vídeos no YouTube. O exemplo de uma vida austera a serviço do próximo é a melhor maneira de promover o bem comum. (Papa Francisco)

Parecem duras as palavras de Sua santidade. E são.

Considerando que a Política significa algo relacionado com grupos sociais que integram a Polis (Cidade, Estado), que tem a ver com a organização, direção e administração das Nações e Estados, deveria ser o objetivo máximo dos cidadãos fazer parte influente do seleto grupo que dirige a vida da população.

No início o Patriarca geria o seu grupo e exercia o poder absoluto, inclusive sobre a vida e a morte (lembremos Abraão que estava em vias de sacrificar seu filho Isaac).

Gradualmente os aglomerados humanos foram se expandindo e se tornou impositiva a delegação de poderes a pessoas indicadas por consenso – na Grécia a Democracia teve o seu alvorecer -, por herança, nos regimes onde o Rei, Príncipe ou similar era sucedido pelos filhos (as) e exercia poder absoluto.

“A Democracia é a pior forma de governo, com exceção de todas as outras”. (Winston Churchill) Subentende-se que a Democracia necessita ser exercida com probidade ou se degenera e assume os piores contornos das ditaduras.

É neste conceito que se inserem as palavras do Papa Francisco.

O Brasil não está “imunizado” de arroubos detestáveis, inclusive nos períodos mais próximos e o que nos deixa mais desamparados é o fato de quando uma facção foi substituída pela oposta, trocamos seis por meia dúzia.

A maioria dos brasileiros não compactua com a corrupção e comprovou não reelegendo, em 2018, o grupo que dominava a política nos mandatos anteriores. O maior incentivador para defenestrar os que estavam assentados no poder foi o descalabro financeiro e econômico, que catapultou a dívida oficial de R$ 852 bilhões (acumulada em 180 anos, desde a Proclamação da Independência) para R$ 4,25 trilhões (em 16 anos).

E abateu-se sobre o planeta Terra a Covid-19.

No início não lhe foi dada a importância devida e a MORTE exibiu sua horrenda face com toda a sua desfaçatez. No Brasil já ultrapassamos 250 mil vítimas fatais, no planeta já passou de 2 milhões, segundo balanço da Universidade Johns Hopkins.

Laboratórios de toda a parte produzem vacinas – não interessa aqui a origem, nacionalidade ou o que mais seja – e a batalha contra a pandemia está declarada e a Esperança ressurge. VENCEREMOS.

O que não pode continuar, sob nenhuma hipótese, é continuarmos a deter a expansão desta peste com fármacos sabidamente ineficazes. Cloroquina, hidroxicloroquina e ivermectina devem ter seu destino redirecionado para o tratamento da maláris, amebíase hepática, lúpus. Sarcaidose, porfiria cutânea...

Chega de usar contra a Covid-19, onde, além de ser ineficaz tem efeitos colaterais graves, muitas vezes fatais.

VACINA JÁ!

Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado


MESSIAS

 


CIÊNCIA E CULTURA

Marília Gerhardt de Oliveira

 

26 – MESSIAS

Êxodo 20:7 – Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão.”

 

No dia 18 de novembro do ano de 1978, houve um misto de suicídio coletivo e assassinatos a tiros e facadas de 918 pessoas em Jonestown – Guiana. A maioria morreu ao beber, por ordem do Pastor Cristão Pentecostal Jim Jones, veneno misturado a um ponche de frutas.

Investigações de Agências Federais Estado-unidenses já haviam alertado sobre o caráter ditatorial e messiânico do tal Pastor.

Esta tragédia deu fim a um projeto de “curas” milagrosas iniciado em 1956 no estado de Indiana – USA.

Passadas quatro décadas, o Brasil elegeu, de forma democrática e com uso consagrado de urnas eletrônicas, Jair Bolsonaro, cujo histórico, nos tempos da Ditadura Militar, inclui condenação, por unanimidade, pelo Conselho de Justificação Militar, no dia 19 de abril do ano de 1988 (“declarada sua incompatibilidade para o oficialato e consequente perda do posto e da patente, nos termos do artigo 16, inciso I, da Lei nº 5836/72”).

Seus apoiadores mantém convicção no acerto de seus atos em plena Pandemia Covid-19 apesar de uma série de fatos incontestáveis.

Prescreveu, mesmo sem ter Diploma de Médico, Cloroquina e Hjdroxicloroquina (indicados para Malária, Artrite Reumatoide, Lúpus Eritematoso) e Ivermectina (indicado há mais de quatro décadas como vermífugo, para piolhos e ácaros).

Desqualificou a Ciência e a Cultura desde o primeiro dia de seu Governo e não manteve Médicos experientes como Ministros da Saúde no Brasil.

Jamais teve a imprescindível estatura de Estadista, não sendo exemplo a ser imitado numa Pandemia, pois não incentivou o uso de máscaras (sequer as utilizou rotineiramente) e, irresponsavelmente, promoveu aglomerações.

Inicialmente, deu pouca importância às Vacinas e, ainda hoje, não tem exigido de sua Equipe celeridade na aquisição, distribuição e aplicação desta que é a única ferramenta que o mundo já dispõe no efetivo combate a Covid-19.

Precisamos de Vacinas!

Precisamos de Oxigênio!

Precisamos de respeito aos que trabalham atendendo doentes!

Precisamos valorizar a vida e as orientações científicas pertinentes!

 

O verdadeiro Messias não teve preconceitos ignorantes, nem se utilizou de evasivas vergonhosas.

 

É desafortunadamente trágico um ser humano não demonstrar qualquer empatia, em momento algum, mesmo com o Brasil atingindo a triste marca de 250 mil mortos e, num momento tão grave, ter por preocupação egoísta, única e injustificável sua REELEIÇÃO.

 

 

gerhardtoliveira@gmail.com


sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

VACINE-SE, SIM!

 


PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira

“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

 

VACINE-SE, SIM! – 12/02/2021

A luta para sobreviver num mundo povoado por feras, ambiente hostil e doenças insidiosas foi uma epopeia fenomenal para o homo sapiens. Nada pode se comparar. NADA!

Fisicamente frágil, lento se comparado com outros seres, apenas o cérebro – maravilha ímpar – poderia permitir sua sobrevivência.

A comunicação, principalmente após a descoberta da escrita, permitiu aos nossos ancestrais transmitir conhecimentos sobre armas, abrigos, cultura, religião e também formas de enfrentar doenças. Não apenas para os contemporâneos, também as gerações subsequentes, dando início à medicina.

 

O tratamento é essencial, a prevenção representou o atalho ideal. Se conseguirmos evitar as doenças, desnecessário tratá-las.

 

Mitridates (132 a.C. – 63 a.C.), Rei do Ponto, temendo ser envenenado como seu pai o fora, passou a ingerir doses mínimas de venenos, aumentando gradualmente as doses até se tornar imune. Na medicina, o processo recebeu a denominação de MITRIDATISMO. É o princípio básico para a obtenção de vacinas.

 

O sistema reticulo-endotelial nos dá capacidade de, entre outras coisas, reconhecer e combater micro-organismos. As vacinas estimulam esta capacidade e nos protegem do ataque insidioso por períodos variáveis e, em alguns casos (varíola, tuberculose...), permanentemente. É A MAIS EFICIENTE ARMA QUE POSSUÍMOS.

 

Eduardo Jenner, naturalista e médico britânico, descobriu em 1796 a primeira vacina: contra a VARÍOLA. Sua eficácia se comprovou de maneira cabal em 1980, quando foi erradicada a doença. Atualmente se conhece a existência de frascos de vírus, lacrados, apenas nos Estados Unidos e Rússia.

O vírus é conhecido desde 10.000 anos a.C. e, inclusive, o Faraó Ramsés II foi uma das vítimas. Ao longo da História a raiva ceifou 300 milhões de pessoas, a letalidade era e aproximadamente 30% dos infectados. A Aids, com 100% de letalidade quando não tratada (ainda não existe vacina) e o Ebola, 68,4% de letalidade (há 6 anos existe vacina), são as mais perigosas dos tempos modernos.

Mais corriqueiros, os vírus H1N1 e similares são controlados com vacinas aplicadas anualmente. Sarampo, raiva, hepatite A, hepatite B, tuberculose, febre amarela... são vacinas de aplicação corrente, algumas obrigatórias para viagens internacionais.

 

Por incrível que possa parecer, há resistências esdrúxulas à aplicação de vacinas e este fato dificulta o controle de pandemias. E não apenas a partir de pessoas que ignoram o mecanismo, eficiência e importância das vacinas como, também de profissionais inconsequentes. Podemos classifica-los como criminosos.

Andrew Jeremy Wakefield, um pesquisador e ex-cirurgião britânico publicou um estudo com conclusões equivocadas, em 1998, associando vacinas com o autismo. Perdeu o registro após ter sido condenado por má conduta profissional. O Conselho Geral de Medicina (GMC) considerou que agiu de forma “desonesta”, “enganosa” e “irresponsável”.

A prestigiosa revista “The Lancet” publicou uma retratação formal após a comprovação de ter falseado dados sobre a pesquisa. Devido às irregularidades comprovadas, Wakefield não pode mais praticar a medicina na Grã-Bretanha.

 

 Gente, se até profissionais de ponta como o médico supracitado publicam fakes escandalosos, não é de se admirar que leigos “entrem na onda”. Os prejuízos para a saúde mundial são de tal monta que podem ser considerados genocídios.

 

Gente, as vacinas erradicaram a varíola, estão em vias de transformar a poliomielite, o sarampo e outras doenças em pesadelos do passado. E será em breve o sucesso, mas atentem: se a população não colaborar, se não se vacinar em massa, todo o esforço, toda a dedicação que cientistas e profissionais da saúde serão inúteis. E o resultado? Milhões de mortes devidas a fake-news criminosas e a divulgações esdrúxulas, criminosas de tratamentos ineficazes, em vez de curar o que pode ser prevenido, causam efeitos colaterais danosos.

 

Devemos, TODOS, nos vacinar quando chegar a nossa vez. Só assim a pandemia poderá ser controlada.

 

Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado


segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

OS MAIS IGUAIS



PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira

“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

 

OS MAIS IGUAIS – 08/02/2021

“Animal Farm” (A Revolução dos Bichos), romance satírico do escritor inglês George Orwell, publicado no Reino Unido em 1945 foi incluído pela revista americana Times na lista dos 100 melhores romances da língua inglesa e permanece com uma atualidade incrível até hoje. Reedições se sucedem e são avidamente disputadas por leitores à procura de entendimento do que se passa.

Os que se consideram “mais iguais” não se cansam de demonstrar a veracidade do axioma: “Todos são iguais perante a lei, mas alguns são mais iguais”.

O pedido enviado em 30 de novembro à Fiocruz pelo STF, para que sejam reservadas 7.000 das vacinas contra o coronavírus aos servidores do tribunal e do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) desencadeou uma série de pronunciamentos que se sucederam, uns contradizendo outros. O que se depreende é que foi um episódio beirando o nonsense.

Ao final prevaleceu o bom senso e o presidente do STF, Luiz Fux, no dia 27/12 encerrou o assunto, porém restaram sequelas.

“Nesses 11 anos no STF, nunca realizei nenhum ato administrativo sem a ciência e a anuência dos meus superiores hierárquicos”. (Mário Polo Dias Freitas, agora ex-secretário de Serviços Integrados de Saúde da Corte, demitido pelo presidente Luiz Fux).

Pode ser agregado como correlato um pronunciamento do repórter Marcelo Rech (Zero Hora, 2/1/2021):

 “Como repórter esquadrinhei Cuba e União Soviética, duas sociedades socialistas com razoável equidade social e elevado índice de educação, mas um grau de privilégios e corrupção impensável até para padrões brasileiros”.                                                                                                          Mais adiante:                                                                                                                                   “Não é exclusividade dos abonados, os pobres também apresentam sua faceta menos digna quando ignoram o motorista agonizante na cabina para saquear a carga do caminhão tombado. Completam a cadeia de maus espíritos que assombram o país há séculos”.

Incompreensível que a Inteligência Artificial (IA) em vez de ser saudada universalmente como a luz no fim do túnel que nos permite vislumbrar uma crescente melhoria no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) seja vilipendiada por muitos, inclusive de alto nível intelectual. Intelectuais “progressistas” despudoradamente afirmam que a História se encaminha para um aprofundamento que separa as elites da “plebe ignara”. Ignoram (ou fingem ignorar) que, no início, os melhor aquinhoados usufruem o progresso, porém, ao longo do tempo os benefícios se capilarizam e permitem aos pobres e distantes os benefícios inacessíveis sem a ciência.

Exemplos, como a Zipline, empresa americana que realiza entregas por drones levando vacinas, medicamentos e plasma congelado em Ruanda, trazendo vida e saúde para 12 milhões de habitantes e muitas empresas mais mundo afora asseguram que o nível de vida está num crescendo multilateral onde diversos países regulam trocas de produtos e serviços inexequíveis de outra forma.

Sim, a ciência melhora a vida de TODOS. Imagine uma população sem vacinas, medicamentos, transporte, empregos estáveis, lazer barato ao alcance? No Brasil, sem o acompanhamento médico-hospitalar proporcionado pelo SUS?

Sim, a sociedade apresenta aspectos diferenciados que nos permitem observar o quanto ainda nos resta avançar. Ideologias políticas e interesses eleitorais, porém, desnudam este “calcanhar de Aquiles”. O “toma-lá-dá-cá” useiro e vezeiro nas confabulações sempre que se tenta ajustar parâmetros ou distribuir cargos e benesses, deveriam envergonhar os partícipes. A última eleição para presidente da Câmara e do Senado foram exemplos execráveis dessa afronta.

Finalizando: o que precisamos, urgentemente, é eliminar a possibilidade de “os mais iguais” se considerarem merecedores de usufruir o que deve ser universal enquanto os outros... ora, pensam, os outros que se danem.

                                                                                                                                                                                                                                                                                                Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado


segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

ILUMINISMO

 


PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira

“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

 

ILUMINISMO

Alguém pode ser contra a razão, a ciência, o humanismo ou o progresso? Essas ideias precisam mesmo de defesa?

COM CERTEZA. A segunda década do século XXI viu a ascensão de movimentos populistas autoritários em vez de democráticos, desprezam especialistas que abrem os caminhos do conhecimento e têm saudade de um passado que supõem ter sido idílico (antigamente se vivia melhor) em vez de lutar por um futuro melhor. Afirmam que o destino da natureza humana não é o progresso, é o declínio.

“Intelectuais” odeiam o progresso. Intitulam-se “progressistas”, porém odeiam muito o progresso. NÃO OS FRUTOS DO PROGRESSO, usam computadores que representam o suprassumo do progresso, por que não recusam este progresso? Antibióticos, vacinas, anestesia, internet, etc. representam o progresso e são usados à farta.

Lembro que sapateavam sobre as mesas da Assembleia do RS contra a encampação da Telefônica. Na época não se conseguia adquirir um telefone fixo, muito menos um celular sem recorrer a um “pistolão” e pagar caro, muito caro pela intermediação. Contrassenso: observem fotos da época, todos exibiam na cintura, celulares. Nunca esquecendo o ágio, ao redor de dois mil e quinhentos dólares (adquiri um na época por necessidade) mais o preço da transferênci e, pasmem, era declarado no Imposto e Renda.

As dificuldades e maracutaias necessárias para adquirir um celular na época podem ser considerados um meio mais fácil, mais barato, que entrar numa loja e sair com o aparelho habilitado como ocorre na ATUALIDADE? Respondam os “intelectuais progressistas”.

A “Progressofobia” merece um capítulo especial na obra de Steven Pinker: O “Novo Iluminismo” de onde recolhi dados.

A pergunta que não quer calar:

- A quem interessa a desqualificação da ciência? Desconsiderando os parvos, que por sua pequenez em raciocinar regridem séculos no conhecimento, até o tempo em que o terraplanismo era considerado indiscutível. As religiões também terçam armas nesta luta perdida. E não deveriam, a ciência não se antagoniza com a religião, pelo contrário, a complementa.

Em 27/07/2015 escrevi uma coluna cujo título: “Se Deus não tivesse criado o homem”, na qual afirmo que “o homem se veria compelido a criar Deus”.                                                                Dotado de curiosidade observava o mundo, para ele incompreensível em muitos quesitos. Instado pela insatisfação não se conformava com a ignorância. Curiosidade+insatisfação = inconformidade. Como explicar um raio destruindo em segundos uma árvore frondosa? Que ser tão potente o conseguia? Sem resposta intuiu o primeiro deus, superpoderoso. Para cada mistério, um novo deus era criado e o problema resolvido.

Dan Brown em se livro “Origem” (traduzido para o português em 2017), na página 80 aborda de forma similar e cita a Grécia como a culminância do politeísmo. Zeus, Vulcano, Minerva, Eros, Marte... e sobreveio a ciência. Para cada mistério solucionado desaparecia um deus e, em seu lugar, o conhecimento resplandecia. E assim continuará até chegarmos ao CONHECIMENTO ABSOLUTO. A religião nos serve de arrimo, a ciência colabora e se alia. Juntas nos permitem seguir na trilha que os crentes nos afirmam apontada pelo Criador, os cientistas desbravam passo a passo e TODOS almejam a chegada ao conúbio final, quando a criatura se incorporará ao Criador, como Ele planejou desde o início. Quanto tempo levará? Irrelevante. Para um Ser Eterno o tempo não conta.

A religião quando comete erros os conserta. O Papa João Paulo II, em 31/10/1992 reconheceu o erro cometido Tribunal Eclesiástico ao condenar Galileu Galilei em 1633.

Em 13/03/2017 o Papa Francisco fez um dos seus pronunciamentos que ficarão marcados na sua trajetória já tão impactante:

“Não é necessário crer em Deus para ser uma pessoa boa.                                                              De certa forma, a ideia tradicional de Deus não está atualizada.                                               Alguém pode ser espiritual, porém não necessariamente religioso.                                                Não é necessário ir à igreja e dar dinheiro.                                                                                      Para muitos, a natureza pode ser uma igreja.                                                                           Algumas das melhores pessoas da história não criam em Deus, enquanto que muitos dos piores atos se praticaram em seu nome”.

Voltaire, pensador iluminista, anticlerical, poderia ser incluído no contexto do Papa Francisco.                   É de Voltaire o texto a seguir:                                                                                                               

PRECE PELA TOLERÂNCIA

“Não é mais aos homens que me dirijo.                                                                                               É a Você, Deus de todos os seres, de todos os mundos e de todos os tempos.                                       Que os erros agarrados à nossa natureza não sejam motivo de nossas calamidades.                                 Você não nos deu coração para nos odiarmos, nem mãos para nos enforcarmos.                                                  Faça com que nos ajudemos mutuamente a suportar o fardo de uma vida penosa e passageira.               Que as pequenas diferenças entre as vestimentas que cobrem nossos corpos, entre nossos costumes ridículos, entre nossas leis imperfeitas e nossas opiniões insensatas não sejam sinais de ódio e perseguição.                                                                                                                         Que aqueles que acendem velas em pleno dia para Te celebrar, suportem os que se contentam com a luz do sol.                                                                                                                                                 Que os que cobrem suas roupas com um manto branco para dizer que é preciso Te amar, não detestem os que dizem a mesma coisa sob um manto negro.                                                                              Que aqueles que dominam uma pequena parte desse mundo, e que possuem algum dinheiro, desfrutem sem orgulho do que chamam poder e riqueza e que os outros não os vejam com inveja, mesmo porque Você sabe que não há nessas vaidades nem o que invejar nem do que se orgulhar.                                       Que eles tenham horror à tirania exercida sobre as almas, como também execrem os que exploram a força do trabalho.                                                                                                                                 Se os flagelos da guerra são inevitáveis, não nos violentemos em nome da paz.                                                    Que todos os homens possam se lembrar que são irmãos”!  (Voltaire)

Abram a cabeça, reflitam, acordem os que resistem em reconhecer o valor da ciência para a humanidade. Os que temem a ciência por preconceito, reflitam: “Teria o Criador permitido o raciocínio humano se fosse contrário aos seus desígnios”?

No começo Deus criou os céus e a Terra. A Terra era um vazio, sem nenhum ser vivente...                    Então Deus disse:                                                                                                                                                 - Que a Terra produza todo o tipo de animais, cada um de acordo com a sua espécie. E Deus viu que o que havia feito era bom. Aí Ele disse:                                                                                                      - Agora vamos fazer os seres humanos, que serão à Nossa Imagem e Semelhança. Ele os criou homem e mulher e os abençoou dizendo:                                                                                                       - Tenham muitos filhos; espalhem-se por toda a Terra e a dominem. E tenham poder sobre os peixes do mar, sobre as aves no ar e sobre os animais que se arrastam no chão.                                           E assim aconteceu. E Deus viu que tudo o que havia feito era muito bom.

Esse trecho da Bíblia faz parte do Livro do Gênesis, Capítulo 1, versículos de 1 a 31.

Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado