Papa Francisco – Por Jayme José de Oliveira
Publicado por em 23/02/2015 as 8:57
Jayme José de Oliveira
A humanidade se caracteriza por ser constituída por uma maioria de seres de padrão médio. Padrão médio não significa medíocre, significa o meio termo entre os expoentes e os menos dotados.
Em todas as categorias refulgem os expoentes. No esporte: Pelé no futebol, Magic Johnson no basquete, Mark Spitz na natação, Maria Ester Bueno no tênis e assim por diante. Líderes militares como Leônidas nas Termópilas, Patton, Rommel… Líderes políticos como Vargas, Churchill, de Gaulle, Lincoln, Napoleão…
Quero ressaltar os expoentes que realmente desbravaram no passado e atualmente sinalizam para onde devemos nos direcionar. Cristo, Sidarta Gautama (Buda), Maomé, Lutero… embasaram as principais religiões vigentes e tiveram timoneiros que conduziram através do tempo e da história.
Eis que de repente, não mais que de repente, realizando a profecia de Morris West quando escreveu “A Eminência” em 1.999, é entronizado um papa argentino.
No dia 13 de março de 2.013 Jorge Mario Bergoglio foi eleito papa para suceder o Papa Bento XVI que renunciou ao cargo em 28 de fevereiro. Ele se tornou o primeiro papa latino-americano na História da Igreja Católica, assumindo o nome de Papa Francisco.
Ao aparecer pela primeira vez na janela utilizada para os pronunciamentos oficiais surpreende a todos, antes da bênção aos fiéis que se aglomeravam na Praça São Pedro:
-“E agora quero dar a Bênção, mas antes… antes, peço-vos um favor: antes do Bispo abençoar o povo, peço-vos que rezeis ao Senhor para que me abençoe; é a oração do povo, pedindo a Bênção para o seu Bispo. Façamos em silêncio esta oração vossa para mim”.
Foi a primeira quebra de hábitos arraigados há longo tempo, mas não o único. Desde a primeira aparição notabilizou-se por gestos que surpreenderam muitos e sedimentaram uma aura que o acompanha onde quer que vá. Pode-se dizer que o povo, não apenas os católicos, são sua preocupação principal e não deixa de demonstrá-lo. Procura congraçar com todos, principalmente com as crianças e os que sofrem. Mistura-se ao povo e interrompe o trajeto frequentemente, recusa o uso de carros blindados para desespero da segurança.
Sua primeira viajem ao exterior foi ao Brasil onde esbanjou simpatia e bom humor: “O Papa é argentino e Deus é brasileiro”.
Na peregrinação que fez a Palestina estreitou os laços com o Patriarca Bartolomeu de Constantinopla, assinaram em conjunto um documento que encerrou as hostilidades que perduravam desde 1.054. Durante a estada convidou o presidente de Israel e autoridades Palestinas para irem em conjunto ao Vaticano.
Ressaltamos que no afã de promover o ecumenismo e o congraçamento entre as religiões tornou-se amigo do biofísico e rabino Abraham Skolka desde 1.999, inclusive escreveram em conjunto um livro “Entre elcielo y latierra”, em 2.010.
A rainha Elizabeth II foi ao Vaticano um dia antes do 32º aniversário do início da Guerra das Malvinas. Desde 2.011 a rainha não viajava ao exterior.
O papa Francisco vai discursar no Congresso americano no dia 24 de setembro, anunciou o presidente da Câmara dos Representantes, o republicano John Boehner.
“Nesse dia, sua santidade será o primeiro papa na história a dirigir-se a uma sessão conjunta do Congresso”, afirmou Boehner. Estamos agradecidos que o santo padre tenha aceito o nosso convite, e certamente ansiosos para receber a sua mensagem em nome do povo americano”, acrescentou.
O papa Francisco confirmou a visita aos Estados Unidos em setembro deste ano para participar de um encontro mundial de famílias, Francisco será o quarto papa a visitar os Estados Unidos.
Já está programada uma viajem a Sarajevo, Bósnia Erzegovina para 06/06/2015.
A pedofilia, esta antiga chaga, mais deletéria que a lepra e a AIDS, finalmente encontrou quem a encare e, sem tergiversar, expõe publicamente os transgressores, os condena e expulsa, destituindo-os dos cargos que ocupam. Sob hipótese alguma contemporiza ou permite que se esquivem das consequências. Não importa sejam sacerdotes ou cardeais.
Ao Banco do Vaticano (IOR), notório em abrigar recursos não inteiramente comprováveis, assim se referiu: “É necessário que o IOR seja como um banco qualquer, precisa transparência e honestidade”. Passando das palavras aos atos determinou rigorosa auditoria.
Duranteo voo de retorno do Brasil concedeu uma entrevista na qual, inquirido sobre gays e divorciados assim se expressou:
“Se uma pessoa é gay, procura Jesus e tem boa vontade quem sou eu para julgá-lo”?
“Não é impossível admitir que a comunhão paradivorciados casados de novo possa e deva ser estudada no contexto duma nova Pastoral do Matrimônio. Os feridos da Igreja devem ser curados”.
Em declaração feita na Academia de Ciências Pontifícia diante de vários estudiosos e acadêmicos o Papa disse que a criação do mundo não era obra do acaso mas eivada dum princípio supremo de criação por amor e completou:
“O Big Bang, que hoje é considerado a origem do mundo, não contradiz a intervenção criativa divina, mas a confirma”.
Ele falou que as teorias do Universo e da Criação são corretas e fazem parte do plano divino, Criticou a interpretação de pessoas que leem a Bíblia e acham que Deus é um mago que criou o mundo apenas com uma varinha mágica.
“Foi o Concílio de Florença no século XV que rubricou definitivamente a doutrina de Santo Agostinho de um castigo e um inferno eternos. Pedia-se aos sacerdotes e bispos que defendessem essa doutrina “para que os fiéis , por temor ao castigo do inferno eterno, não pecassem”. Porém, já no século V, São Jerônimo estava convencido de que a doutrina do inferno não era conciliável com a misericórdia de Deus
Hoje, o papa Francisco deu um salto de séculos, colocou-se ao lado das primeiras comunidades cristãs ainda embebidas da doutrina do misericordioso profeta de Nazaré, que veio “PARA SALVAR E NÃO PARA CONDENAR”.
Os primeiros cristãos sabiam que Jesus havia sido duro e severo com a hipocrisia e com o poder tirano, enquanto abraçava os marginalizados pela sociedade bem como os que a Igreja oficial de seu tempo tachava de pecadores”. (Juan Arias – El Pais, 20/02/2.015)
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Jayme José de Oliveira
